Capítulo 4

1074 Words
Simone olhava para os homens a sua frente com apreensão, ela sabia o quanto eles podiam ser voláteis, o fato de Calebe quase a ter estrangulado até a morte provava isso. Ela dá uma pequena olhada para ver se a menina ainda estava tomando banho e volta até eles. _ Vou ser rápida para não assustá-la. - diz ela em voz baixa. _ Por favor, doutora. - diz Aurélio. _ Ela aparenta ter cerca de uns vinte anos, não é uma menina como vocês podem perceber. - Aurélio olha chocado para a médica, qualquer um que olhasse para a garota não diria que ela tinha mais que uns catorze anos. - Ela está com uma séria desnutrição e vários hematomas pelo corpo, o que me leva a pensar que ela era provavelmente agredida com frequência. Aurélio olha para Calebe e vê a forma que ele fechava as mãos em punhos se segurando no seu lugar. _ O que mais você descobriu? - pergunta Aurélio e vê o rosto da médica escurecer. _ Ela tem várias lacerações na suas partes íntimas Don, característico de quem sofre abuso s****l. - diz a médica mais baixo. Na mesma hora Aurélio se vira para Calebe temendo que ele fizesse alguma besteira com quem não devia. _ Merda! - diz ele agarrando Calebe e o arrastando para fora da enfermaria antes que assustasse a garota. Assim que Aurélio solta Calebe ele o vê partir em direção à saída da mansão com passos largos, assim que ele chega no pátio e tenta entrar em um dos carros, Aurélio o arranca de lá o pressionando contra o carro. _ Escuta bem o que vou te dizer, - diz ele com olhos sombrios encarando Calebe. - Odeio o que aquele canalha fez com ela tanto quanto você, mas sair por aí atrás de vingança sem nem ao menos saber quem são os responsáveis não é a solução, Calebe! _ Ela é só uma menina chefe! - diz ele respirando pesadamente. _ Eu sei, mas não podemos agir de forma precipitada, precisamos ter paciência e investigar com calma, ai sem podemos pegar todos os filhos da p**a responsáveis pelo que ouve com ela. - Aurélio se perguntava quando tinha se tornado um filósofo, ele se sentia como Ricardo naquele momento tentando evitar uma tragédia. _ Tudo bem Don. - diz ele mais tranquilo. _ Ótimo! Porque não sirvo para essa merda! - diz ele puxando um cigarro e o acendendo. Calebe olhava com surpresa para seu chefe, mas ele entendia o comportamento dele, o homem amava um bom caos e naquele momento estava tentando justamente evitar aquilo. Ele não diz nada quando Aurélio se vira e entra novamente para dentro da mansão. Aurélio entra na enfermaria e encontra a médica penteando os cabelos da garota, ela vira-se assim que ele entra. _ Pode cuidar dela essa noite Simone? Se quiser pode usar um dos quartos da mansão. - pede Aurélio. _ Claro Don. - diz ela rapidamente. _ Fique a vontade para usar o que precisar, amanhã conversamos melhor a respeito dela. - Aurélio não queria discutir o que fazer com a garota na frente dela, ela já tinha passado por muito e não seria ele a lhe causar mais problemas naquele momento. Assim que chega ao seu quarto Aurélio se deixa cair na sua cama, ele sentia o seu peito doer sem nem ao menos saber do motivo, mas bastou uma olhada para a foto na sua cabeceira para ele entender. Ele pega a foto e sorri ao olhá-la, ele estava com os gémeos de Síria no colo e eles riam para uma gracinha que Nico tinha feito, era uma foto perfeita e ele desejava aquilo, desejava uma família, ter um lugar para onde voltar todos os dias. Com um suspiro ele pega a foto e coloca de volta na mesinha, indo até a sua mesa ele pega o seu computador e liga, assim que ele está funcionando ele faz uma chamada de vídeo para Síria. _ Alguém sentiu saudades. - diz ela sorrindo. Apenas as palavras dela faziam o peito de Aurélio se acalmar, Síria sempre seria uma grande parte da sua vida. _ Como está baixinha? - pergunta ele sorrindo. _ Trabalhando. - diz ela. _ Então o Klaus está de babá de novo. - diz rindo, eles gostavam de provocar o ex-agente que sempre tinha um dos filhos nos braços enquanto Síria trabalhava. _ Para! Você sabe que ele ama estar com as crianças. _ Cara de sorte. - responde ele. _ Você também vai ter a sua família um dia Aurélio, e vou ser madrinha dos seus filhos. - diz ela vendo o semblante triste que ele tinha. _ Sei disso, mas as vezes eu penso que estou cansado de esperar. - responde. _ Não pense assim, é melhor esperar e arranjar a pessoa certa que se envolver com uma pessoa que não te mereça. _ Devo imaginar que você defenderá a minha honra então. - diz ele rindo da piada. _ Com toda certeza, ninguém vai levar o meu irmão tão fácil. - diz ela com brilhos nos olhos. _ Sabe que te amo ainda mais por isso. - diz ele. _ Também te amo, você sempre terá um espaço enorme no meu coração. - responde ela com um largo sorriso. - Em breve será o aniversário dos seus afilhados, não se esqueça que te esperamos aqui. _ Jamais perderia isso, é a oportunidade perfeita para meu novo presente. - diz ele com um novo brilho nos olhos. _ Nem vem, ninguém aguenta mais essa disputa de presente de vocês. - diz ela seria. _ Não sei do que você está falando. - diz ele desconversando. _ Você deu uma boate para eles da última vez, eles nem tem idade para isso Aurélio! - diz ela em tom de repreensão. _ Só estou cuidando do futuro deles, pense na boate como uma poupança. - diz ele. _ Você nunca aprende mesmo, - diz ela balançando a cabeça. _ Eu estarei ai como sempre Sí, não se preocupe. - responde ele. _ Sei que sim, se cuida irmão, e não se esqueça que você tem uma família que te ama aqui. - as palavras de Síria enchem o peito de Aurélio de paz, ele amava os seus amigos com tudo que tinha, e o que fazia tudo ser mais incrível, era poder receber de volta o mesmo amor.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD