Saindo da casa ela se senta na área dos fundos sozinha, seus olhos vasculhava a paisagem a sua volta como se pudesse esquecer o que tinha acontecido minutos atrás.
Oksana sente quando outra pessoa se senta ao seu lado com um copo de chocolate quente nas mãos, apesar de ser cedo o dia estava um pouco frio.
_ Obrigada. - diz ela a Dandara enquanto pegava o copo de suas mãos.
_ Vou ser sincera senhorita, não gosto que bata no padrinho. - diz ela olhando para Oksana com determinação.
Oksana era bem maior que Dandara, a menina media apenas um metro e meio, já ela tinha mais de um e setenta o que contrastava bastante com a mulher a sua frente.
_ Foi um m*l entendido. - responde ela desviando os olhos.
_ Eu também não gosto da cicatriz, ela me traz muitas lembranças ruins quando me olho no espelho. - diz ela com a voz suave, mas Oksana podia sentir a dor em sua voz da mesma forma.
_ O que ouve? - pergunta sem olhá-la.
_ Quando minha mãe morreu meu padastro me trancou no porão da casa deles, ele levava seus amigos para... - ela para um pouco, sua voz tremendo, não gostava de relembrar aquelas coisas, mas a mulher a sua frente precisava conhecer um pouco do seu passado para não machucar seu padrinho novamente. - Eles abusavam de mim, e em uma das vezes quando me recusei um dos homens me cortou com uma faca.
Oksana olhava para os olhos marejados de Dandara, ela via tanta dor estampada em seu rosto que aquilo quebrava seu coração, ninguém deveria passa por aquilo.
_ Eu lamento menina, se me disser quem são, eu faço justiça por você. - diz ela com determinação. Oksana odiava pessoas que faziam aquele tipo de coisa, e era um dos seus passa tempos mandar pedófilos e e**********s para o inferno.
_ O padrinho já cuidou disso, ele e Calebe caçaram todos eles, só fico triste dele ter se machucado quando foi atras do último. - diz com pesar, Oksana se assusta e olha fixamente para ela.
_ O que ouve? - pergunta ela.
_ Ele levou um tiro na perna, por sorte não foi nada de mais. - o corpo de Oksana se tenciona com as palavras dela, a realidade do que tinha feito tomando conta de seu rosto.
Os pensamentos dela viajam até aquele dia onde tinha encontrado Aurélio no mesmo lugar que ela, se ela soubesse de tudo aquilo não tinha matado o homem tão rapidamente como tinha feito.
_ É por isso que gosta tanto dele? - pergunta Oksana.
_ Ele e Calebe foram as primeiras pessoas que cuidaram de mim, ele se tornou meu padrinho e cuida muito bem de mim, isso é, quando o Calebe deixa. - diz ela sorrindo.
_ Calebe?
_ Meu marido, - diz ela corando. - O padrinho me casou com ele para que pudesse ficar segura, e o Calebe é bom para mim. - responde ela de forma honesta.
Olhando nos seus pequenos olhos castanhos, Oksana sabia que ela falava a verdade, havia uma inocência na forma que Dandara falava que encantava Oksana.
_ E você está bem com isso? - ela sabia que vítimas de abusos muitas das vezes nunca se recuperavam do que tinha passado, e se casar significava ter i********e, algo que deveria incomodar bastante ela.
_ Sim, ele me prometeu que nunca me tocará se eu não quiser, - diz ela para a surpresa de Oksana. - Ele me protege, e sempre me acompanha quando eu vou no psicologo ao na doutora, eu nunca estou sozinha com ele por perto.
Oksana suspira aliviada ao ver o carinho que Dandara tinha pelo marido, e aquilo a leva pensar em Aurélio, ele tinha feito algo pela mulher a sua frente que muitos não fariam, lhe deu um lar, uma família, e a proteção que ela tanto precisava. Oksana começa a pensar que talvez tivesse julgado Aurélio de forma errada todo aquele tempo, a pessoa que Dandara lhe contava era bem diferente da que ela sempre ouvia falar.
_ Fico feliz que esteja recomeçando menina. - diz Oksana com um sorriso de canto.
_ Eu também. Calebe me prometeu que poderia tentar remover a cicatriz e estou ansiosa para me livrar disso. - diz animada.
_ Ele se incomoda com ela? - pergunta Oksana já imaginando que ela poderia estar sendo pressionada a fazer aquilo.
_ Não, Calebe sempre me diz que não se importa, mas eu não quero mais olhar para ela, me traz lembranças ruins. - diz com um fio de voz.
Oksana suspira, ela estava se deixando levar pelas aparências e confundindo as coisas.
_ O padrinho é bom senhorita, se você pudesse ver como ele gosta dos afilhados, nunca pensei que ele gostasse de crianças. - diz ela.
Oksana se lembra da conversa com Aurélio, onde ele dizia que agora ela tinha afilhados, os gêmeos da mulher que estava lá dentro, ela suspira em frustração, com toda certeza tinha conhecido Síria da forma errada.
_ Não fique assim, Síria é uma boa pessoa, vai entender você. - diz Dandara de forma tranquila. Ela tinha convivido pouco com Síria, mas podia ver nos olhos dela o amor que tinha pela família, e como Oksana estava com Aurélio, Dandara imaginava que ela deixaria aquele incidente para trás.
_ Espero que sim, não quiz lhe causar problemas. - responde ela com pesar.
_ Converse com ela depois, sei que tudo vai se ajeitar. - diz Dandara se levantando.
_ Obrigado pelo chocolate menina. - diz Oksana com um sorriso.
_ Meu nome é Dandara senhorita, e não me agradeça por isso, é a noiva do padrinho, quero que se sinta bem vinda. - responde ela antes de entrar novamente.
Oksana suspira olhando Dandara partir, ela poderia ser jovem, mas tinha uma perspicácia que deixava Oksana surpresa. No seu coração ela desejou com força que a menina fosse feliz com o soldado assustador que ela tinha visto mais cedo.