Aurélio olhava chocado Síria derrubar um por um as figuras que se mexiam, ele já imaginava as piadas depois. Ele havia tentado jogar contra Síria, mas a danada era boa no que fazia, e mais uma vez ele tinha perdido para ela.
_ Você é uma piada. - diz Yuri fuzilando Aurélio com o olhar.
_ É mesmo! Então por que não aposta com ela? - pergunta com a sobrancelha arqueada sem cair na provocação dele.
_ Isso é sobre os meninos e não sobre nós. - diz ele dando de ombros, mas no fundo Aurélio sabia que o russo estava se remoendo de vontade de participar.
_ Vem russo, vamos conversar. - diz Aurélio o encarando sério.
Yuri olhava fixamente para Aurélio e ali nos seus olhos não havia nenhum sinal dele estar brincando, pelo contrário, ele estava serio esperando uma resposta dele.
_ Que seja. - diz caminhando na frente.
Eles caminham em silêncio por um bom tempo, apenas observando as várias barracas e brinquedos do parque.
_ Pôr que não quer que eu case com a sua irmã? - pergunta Aurélio depois de um tempo.
_ É serio que eu preciso te dizer! Não fode Aurélio! Você não vai se envolver com ela! - diz Yuri, a raiva fervendo no seu peito.
_ Por que não? Eu sou da máfia, ela é da máfia, daria certo. - diz ele sorrindo ignorando o m*l humor de Yuri.
_ Eu não quero Aurélio! - grita ele sem paciência.
_ Ao menos me diga por quê? - pergunta ele serio.
_ Por que você é um i****a! É apenas um palhaço que vive de chamar atenção! Acha que quero a minha irmã com alguém como você! - Yuri joga tudo para fora, se Aurélio queria a verdade ele daria.
_ Então é isso que pensa de mim? - a pergunta de Aurélio chama atenção de Yuri, e quando ele volta a encará-lo o arrependimento bate forte no seu peito.
Dor.
Era isso que Yuri via nos olhos de Aurélio. Ele o tinha magoado, e naquele momento que estava apenas os dois ali ele não se preocupava que ele visse o que realmente estava sentindo. Yuri queria poder voltar no tempo e retirar o que tinha dito, mas não podia.
_ Olha Aurélio...
_ Você não me conhece Yuri, - diz ele olhando fixamente nos olhos dele, o seu rosto serio sem nenhum traço de humor. - Nenhum de vocês me conhecem. Nunca desejei que vocês participassem da minha triste vida, ou das merdas que tenho que fazer.
Yuri podia entender o que ele estava falando. Aurélio nunca pedia ajuda, nunca contava os seus problemas, sempre resolvia os seus problemas de forma silenciosa sem que qualquer um partilhasse das suas dificuldades.
_ Eu não quis dizer isso, eu...
_ Não importa! Eu entendi perfeitamente o que você quis dizer, mas você está errado. - Aurélio vira as costas e parte, sem permitir que Yuri dissesse mais alguma coisa. No seu peito a dor familiar que o atormentava havia retornado e com ela a sua velha companheira, a solidão.
***
Calebe observava atento cada passo de Dandara, apesar de ter apenas ele ali os seus olhos não se desgrudavam da pequena que caminhava animada ao seu lado. Depois que Aurélio tinha perdido para Síria novamente ele tinha saído com Dandara para explorar o parque, e pela forma que o rosto dela brilhava ele sabia que ela estava muito feliz.
Tudo estava correndo bem, Calebe estava grato pelas mulheres da Fênix ter recebido tão bem a sua mulher, e ele percebia que elas tinham feito o máximo que podia para deixá-la à vontade, o que tinha sido muito bom. Calebe podia ver o quanto as cores das barracas chamavam a atenção de Dandara, ela por várias vezes parava e ficava apenas ouvindo a som da melodia que tocava pelos alto falantes.
Era tudo novo para ela, cada som, cada doce que ela experimentava, naquele momento Dandara era apenas uma criança que não tinha aproveitado nada daquilo durante a sua infância. Com esse pensamento Calebe pega na sua mão e sai a puxando até onde ficavam os carinhos de bate bate.
_ O que vamos fazer? - pergunta ela um tanto apreensiva.
_ Nos divertir, foi para isso que viemos aqui. - diz ele pegando um capacete que um dos trabalhadores do parque lhe oferecia, ele ajusta o capacete na cabeça de Dandara e observa ela entrar em um dos carinhos.
_ O que eu faço? - pergunta ela segurando o volante de forma hesitante.
_ Você bate em quem está na pista e desvia de quem for bater em você, experimente. - diz ele entrando num carinho.
Só havia os dois na pista e Calebe circulava o carinho de Dandara com um sorriso de canto, quando ele dá a primeira batida ele ouve o gritinho que ela dá.
_ Calebe!
_ Tem que se movimentar Dandara, experimente, você vai gostar.
Com dificuldade ela consegue sair do lugar com o seu carinho e quando pega o jeito ela e Calebe entram numa pequena disputa. Dandara ria e gritava quando o carinho de Calebe batia no seu, e para ele aquilo era o melhor som que ele poderia ouvir, lhe provava que ele estava cumprindo o seu papel de a fazer feliz.
Dar a Dandara parte da sua infância para ele era uma questão de honra, por mais que soubesse que aquele tempo que ela perdeu jamais voltaria ele desejava que ela substituísse aquelas lembranças ruins por boas, e de preferência que ele pudesse fazer parte delas.
_ Isso foi muito divertido. - diz ele animada quando desse do carrinho.
_ Que bom que gostou. - responde ele observando maravilhado a forma que o seu rosto estava corado.
_ Vem, vamos na roda gigante. - diz ela pegando a sua mão e o puxando.
Calebe observa surpreso aquele gesto dela e percebe que Dandara nem havia percebido o que tinha feito, normalmente ela evitava qualquer tipo de contato com ele, e saber que ela estava mais confortável na sua presença lhe dava mais tranquilidade.
Com um pequeno sorriso no rosto Calebe a segue até a roda gigante, a esperança enchendo o seu coração.