_ Disfarça essa cara Calebe. - diz Aurélio lhe dando um cutucão.
_ Lamento chefe, mas não posso, estou com saudades. - admite ele desviando o olhar de seu chefe.
_ Filho da mãe! Vivi para ver meu soldado sanguinário corar. - diz ele caindo na risada.
Aurélio ficava feliz, ele gostava de saber que Calebe estava construindo uma boa relação com Dandara, ele desejava o ver feliz.
Quando entram na casa ouvem a risada animada de Dandara vindo da cozinha, já era tarde e eles não esperavam encontrá-la acordada.
Assim que eles passam pela porta a risada para, Dandara se vira para Calebe e abre um grande sorriso. Ela larga a vasilha que estava em suas mãos e corre em sua direção se jogando em seus braços.
_ Ei! Eu também existo. - diz Aurélio.
_ É por isso que estou aqui, menino. - diz a babá vindo e lhe dando um abraço.
_ Essa é minha garota! - diz Aurélio enchendo o rosto dela se beijo.
A velha o olhava com carinho enquanto ria, Aurélio gostava daquilo, ele se sentia verdadeiramente em casa.
Calebe se separa de Dandara e dá um beijo rápido em seus lábios, ele sorri quando a vê corar.
_ Senti saudades. - diz ele acariciando o rosto dela.
_ Podem parar! Eu não aguento essa melação na minha cozinha. - diz Aurélio indo até eles e os separando.
_ Senti sua falta padrinho. - diz ela o abraçando.
_ Também, querida. - responde dando um beijo em sua testa.
_ Fizemos o jantar para vocês. - diz ela animada. Calebe passa os braços por sua cintura a puxando para si.
_ Possessivo! - diz Aurélio puxando Dandara de novo e lhe abraçando apertado antes de a soltar, a risada dela enchia o ambiente.
_ Então era esse o motivo da animação que ouvimos? - pergunta Aurélio.
_ Sim, a menina estava animada por conseguir fazer um dos pratos. - responde a babá animada.
_ Então vamos comer, estamos mortos de fome. - diz Aurélio se sentando em uma banqueta.
_ Nem pense nisso, vá tomar um banho primeiro. - diz ela já o puxando da banqueta.
_ Babá! - reclama ele rindo.
_ Nada de reclamar, vá se lavar. - diz ela.
Aurélio passa pela porta rindo da insistência dela.
_ Você também. - diz ela apontando Calebe.
_ Não sou louco de te desobedecer babá. - diz ele dando um beijo em sua bochecha antes de pegar Dandara pela mão e sair.
Calebe gostava daquilo, ele tinha orgulho da mulher que tinha escolhido para ser sua, e sair pelas ruas da vila segurando em sua mão era um recado para os soldados à volta, ela lhe pertencia.
As mãos de Dandara tinham um toque meio áspero, mas ele gostava, pois sabia o quanto ela estava se esforçando para aprender a cuidar da casa e cozinhar.
Os olhos de Calebe brilham com uma ideia de como compensá-la por seu trabalho árduo. Ele iria lhe dar uma jóia, ele não era rico, mas ganhava um bom salário e poderia lhe dar aquele mimo.
Assim que ele abre a porta da casa, puxa Dandara para seus braços a prendendo contra a porta, ver os olhos dela arregalados lhe dava um enorme prazer.
_ Não acha que me deve um beijo adequado? - pergunta ele com a sobrancelha arqueada.
Dandara engole em seco ao ver o brilho nos olhos de Calebe, um formigamento se espalha por seu corpo em antecipação ao que ele faria.
_ Você me deu um beijo. - diz ela desviando o olhar e corando.
Calebe ergue a mão e segura seu queixo a fazendo olhar em seus olhos, ele gostava de ver a forma que ela reagia a ele.
_ Não considero aquilo um beijo, e na casa do chefe não posso te ter como desejo. - uma de suas mãos envolvem a cintura dela a colando mais a ele, Dandara arfa de forma audível.
A mão de Calebe que estava no queixo de Dandara sobe por sua bochecha se enterrando em seus cabelos, ela respira ofegante, seu corpo se aquecendo com aquele contato.
_ Você deseja isso Dandara, - diz ele se inclinando um pouco em sua direção. - Posso ver em seus olhos.
Ela não negaria, seu corpo estava em chamas com as palavras de Calebe, era como se ele tivesse acessado uma parte de seu corpo que ela não tinha controle e que só reagia a ele.
_ Amo a forma que treme em minhas mãos, - diz ele deslizando o nariz por seu rosto.
As mãos de Dandara se agarram à camisa dele com força, seu coração batia tão forte que ela duvida que Calebe não estivesse ouvindo.
_ Quero prová-la, saber se seu gosto é tão bom quanto seus beijos. - diz ele deslizando a língua pelo pescoço dela.
A intensidade dos sentimentos que a tomavam a assustam, e o medo toma seu corpo, Dandara empurra Calebe e corre se trancando no escritório.
Calebe olhava ela partir sem entender o que tinha acontecido, ele tinha visto em seus olhos o quanto ela o desejava, então não havia entendido por que ela tinha fugido dele daquela forma.
O sentimento de rejeição toma seu corpo o fazendo queimar. Aquilo doía, bem mais do que ele queria admitir, mas não deixaria as coisas daquela forma, precisava saber o que tinha feito para ela reagir daquela maneira.
_ Dandara! Abra. - pede ele batendo na porta. - Sabe que jamais te machucaria querida.
Ele suspira se encontrando ao lado da porta, não queria que ela o temesse.
_ Precisa me dizer o que fiz de errado, não quero que você tenha medo de mim. - diz ele em um fio de voz.
Encolhida no sofá do escritório, Dandara ouvia as palavras de Calebe com pesar, o problema não era ele, era ela.
Um tanto quanto envergonhada, ela vai até a porta e abre lentamente, quando seus olhos se fixam em Calebe ela trava.