O tempo parecia arrastar-se entre o dia dos namorados e o fim das minhas aulas, a rotina, cada vez mais entediante de aulas com pouco conteúdo e cada vez menos alunos me enlouqueciam as vezes, em contrapartida, minhas tardes no escritório eram proveitosas e eu já tinha um grande acumulado de "anotações úteis" que eu fazia depois de minhas conversas com Mackenzie.
Os meus compromissos sociais resumiam-se a cinemas com Lindsey, Justin e Noah, jantares com Mia e os Ivanov, visitas ao East Garden para ver meu pai e a família Morrinson, minhas sessões de terapia com Mark algumas visitas à Prince House para ficar o máximo de tempo possível com a minha avó. Minhas tias e tios estavam fingindo orgulho com minha aprovação para Harvard, mas repetiam várias vezes na minha ausência que eu era presunçosa, que me achava boa demais para estudar na Universidade da Califórnia, e bem, acredito que isso tinha algo a ver com meus primos não terem nem mesmo prestado os exames.
À medida que o tempo passava eu ficava mais preocupada com o fato de que não tinha onde morar, ainda mais quando os prazos de solicitação de vagas nos alojamentos chegaram ao fim, no primeiro fim de semana de março, minha mãe insistiu que eu não me inscrevesse e e todas as manhãs eu questionava se eu não deveria ter me inscrito.
Para a minha alegria, a penúltima semana março trouxe a melhor notícia que eu poderia ter: Morgan, meu consultor imobiliário em Boston telefonou na manhã de terça feira, dizendo ter encontrado o local perfeito: um estúdio, no último andar de um prédio que outrora fora comercial, duas suítes, sala e cozinha conjugadas, banheiro social, lavanderia, despensa, vaga de estacionamento em pátio fechado, o preço era abaixo da média, mas exigia p*******o à vista.
Minha mãe pareceu empolgada com a descrição quando falei com ela por telefone, mas decidimos, antes de qualquer coisa, esperar pelas fotos que Morgan ficara de enviar no fim do dia. Contei para os meus amigos no intervalo do almoço sobre a possibilidade de ter encontrado o meu “lugar para chamar de lar” e todos pareciam contentes por mim com isso.
- Parece bom – disse Noah após eu ter lido em voz alta a descrição que Morgan havia enviado – vai ter espaço para as visitas – ele riu.
- Com certeza – eu respondi – vou ter espaço para receber todos vocês...
- Ainda não acredito que vamos nos separar – Lindsey disse chorosa – parece que tudo aconteceu tão rápido.
- Mas foi uma eternidade – Justin apareceu e largou a mochila ao lado de Lindsey – passamos por tantas coisas.
- Verdade – suspirei e pensei em tudo o que tinha acontecido comigo nos anos de high school – precisamos de um encerramento épico...
- Isso me lembra que não definimos ainda o nosso último encontro – disse Noah – dia na praia?
- Acho que sim – suspirei – vamos falar com o Sanderson.
Aquele papo de despedida não era legal, eu detestava despedidas. Tive outra tarde sozinha no escritório, Mackenzie apareceu somente no fim do expediente, e eu acabei fazendo uma hora extra para colocar ele a par do que tinha acontecido na ausência dele, não que tivesse acontecido muita coisa, mas enfim...
Quando por fim estava livre, em plena sexta-feira a noite, resolvi que iria para o East Garden, passei pela loja e papai ainda estava lá, aproveite para conversar com ele um pouco, sabendo que ao chegar em casa, seria monopolizada pela minha irmã mais nova, eu já tinha carregado quase todas as coisas da casa do papai, mas ainda tinha umas caixas.
- E deu tudo certo em Boston? – perguntou meu pai depois de estarmos na sala de estar: ele no sofá e eu no chão brincando de blocos de montar com Guadalupe.
- Foi bom – respondi – de verdade, eu fui realmente bem na entrevista.
- Sua mãe me disse que, já que eu pagaria boa parte dos seus estudos, compraria um apartamento. Resolvido?
- Sim – eu disse – ninguém conseguiu convencer ela do contrário, ela tinha juntado grana pra bancar a faculdade.
- Eu acho que está certa – meu pai disse – vai ficar um bom tempo lá, é melhor ter seu canto, os alojamentos...
- Eu sei – eu ri – não são os lugares mais tranquilos do mundo.
- E nem os mais limpos – Lorena apareceu com umas cervejas rindo – péssimas lembranças
- Encontrou alguma coisa? – papai perguntou.
- Pode ser que sim, mas ainda não recebi fotos – eu ri – acho que o contato da mamãe vai enviar amanhã de manhã.
- Bem localizado? – perguntou Lorena – Boston tem umas regiões complicadas, mas se for perto da ponte e tiver estacionamento fechado...
- Sim – respondi – tem um pátio fechado, com portão eletrônico e portaria 24 horas.
- Parece bom – disse meu pai – está ansiosa?
- Um pouco – ronronei – é complicado isso de ir embora, de sair, de deixar tudo para trás...
- Não está deixando tudo para trás – meu pai interrompeu.
- Claro que eu estou – eu ri – minha casa, minha outra casa, minha escola, meus amigos...
- Ao menos tem para onde voltar – meu pai disse, mas eu não tinha, e eu sabia: mamãe venderia a casa de praia e no East Garden eu não tinha mais espaço.
- Verdade – me conformei em dizer.
Acabei ficando para o jantar e depois dele, aproveitei o banho da minha irmã para ir para casa sem que ela fizesse um escândalo. Eu a amava, mas papai e Lorena a mimavam demais as vezes. Cheguei na casa escura e vazia, tomei meu próprio banho, falei com Spencer que não pareceu muito empolgado com a possibilidade de ter sido encontrado um imóvel no meu perfil e então, fui dormir.
Quando o sábado chegou, foi complicado sair da cama, mas lembrei que eu tinha combinado de ir até a casa de Mia e Peter para passar um tempo com ela, fazia dias que não conversávamos. Minha sessão de terapia tinha sido cancelada por algum motivo que eu desconhecia, então meu dia seria esperar por fotos de imóveis e conversar com minha irmãzinha.
- Oi – Mia atendeu a porta empolgada assim que eu toquei a campainha – tudo bem?
- Tudo – respondi beijando o rosto dela – e vocês?
- Estamos bem – ela disse – Amélie ainda está dormindo – eram dez da manhã – ontem ela ficou até tarde incomodando – ela riu – as vezes parece que ela quer testar minha paciência.
- Isso só piora com o tempo – eu ri – e o Peter?
- Atendendo um cliente, acho que em Hidden Hills – ela sorriu – eu gostava daquele lugar.
- Eu também – sorri – tenho ótimas lembranças.
- Às vezes me culpo por não termos aproveitado mais... – ela disse chorosa.
- Não se culpe, aconteceu tudo como era para acontecer – eu respondo.
- E Boston? – ela perguntou – Conseguiu encontrar algo?
- Ai, não me fala – suspirei – estou esperando o corretor de lá me enviar fotos de um estúdio, próximo à ponte...
- Não me disse nada – ela riu – não conheço Boston.
- Enfim, é bom, uns quinze minutos do campus - expliquei.
- Perfeito – ela sorriu.
- Então, ele ligou ontem falando do lugar, minha mãe achou boa a proposta e estamos esperando.
- Que bom – ela sorriu – fico tão feliz de ver que você conseguiu, vai dar tudo certo.
- Obrigada – eu agradeci – e o Peter? Como estão as coisas?
- Deu certo a admissão dele – ela disse empolgada – ontem mesmo ele já estava procurando algumas coisas do curso, parece que tem uns livros que ele já pode acessar...
- Ai que bom! – não contive minha empolgação.
- Sim – ela sorriu – com sorte estarão se formando praticamente juntos.
Continuamos conversando sobre a faculdade, Mia aproveitou para dizer que tinha se inscrito em um programa universitário particular, e que estava esperançosa de ser aceita, queria fazer algo por ela e eu a entendia:
- Eu não me vejo a mãe tempo integral – ela suspirou – acho que eu vou enlouquecer qualquer hora dessas.
- Deve ser difícil – eu imaginava que fosse.
- O complicado é que como estamos aparentemente bem, todos pensam que eu devo simplesmente ficar assim – ela deu ombros – menos o Peter e o Daniel, eles concordam que eu devo seguir estudando, que eu devo trabalhar quando a Amélie crescer um pouco mais, essas coisas, que eu tenha uma vida além de ser mãe, agora o resto da família...
- Nossa – eu estava surpresa.
- Não me entenda m*l – ela riu – eles são incríveis, a melhor família possível, mas essa mania acomodada me incomoda um pouco.
Eu entendia bem: mamãe sempre dizia isso do meu pai, que ele acomodara-se e que não tinha grandes aspirações, se Mia fosse um pouquinho ambiciosa, não aceitaria ser apenas “a mãe” para sempre. Peter juntou-se a nós para o almoço, e era sempre bom conversar com os dois. Logo na primeira hora da tarde, fui surpreendia com uma mensagem do meu corretor Morgan, em Boston: fotos do estúdio.
- Nossa – eu disse logo que comecei a abrir as fotos: lembrava muito o apartamento de Spencer em NYC, tijolos à vista, janelas grandes e estruturas de ferro, mas era mais arejado e tinha uma vista mais bonita.
- Deixa eu ver – Mia inclinou-se sobre mim – é lindo, Mariah – ela bateu palmas – achei um máximo, de verdade.
- Eu também – sorri e quase consegui me imaginar vivendo naquele lugar.
Despedi-me de Mia e Amélie ainda cedo da tarde, enviei as fotos para mamãe e ela telefonou no mesmo minuto:
- O que achou? – ela perguntou.
- Adorei – respondo com sinceridade – passei por esse lugar com o Spence, tem umas feiras livres, cafeterias, drogarias, supermercados e fica perto do metrô.
- Eu achei incrível – minha mãe disse – claro, maior do que eu havia pensado, mas o preço é excelente, vale o investimento – aquilo me incomodava, eu falava em um lar e ela em um investimento.
- Pois é, mas tem a vaga de estacionamento fechado, pela rua lateral – eu disse.
- Sim – ela concorda – parece bem seguro – ela faz uma pausa – o que acha de voar para Boston na semana que vem para vermos?
- Sério? – eu questiono – De novo?
- Sim – ela ri – você está procurando um lugar para chamar de lar, acho que precisa ver de perto, querida.
- Certo – eu precisei concordar – vou ver o que eu posso fazer.
Enviei as fotos para Spencer que achou que o lugar tinha a minha cara e esperei ansiosamente pela manhã de segunda-feira, onde eu pediria dispensa de dois dias no trabalho, quinta e sexta, para poder voltar à Boston e conseguir resolver a questão da compra do imóvel. Mamãe organizou-se para ir comigo e embarcamos na noite de quarta feira. Eu achava aquela coisa de voar de um lado para o outro um tanto assustadora, mas para a minha mãe parecia tão natural quanto uma ligação telefônica.
Assim que chegamos, passamos pelo hotel para um banho e algumas horas de descanso: combinamos de encontrar Morgan às nove horas, diretamente no estúdio, e minha mãe elogiou diversas vezes a localização, atentando para o fato de que tinha tudo perto, de que eu estava perto da ponte e tudo mais, quando Morgan chegou, ela ainda ficou encantada com o hall de entrada, com o elevador estilo industrial, com a amplitude dos corredores e principalmente, com o espaço do estúdio em si: o último andar, ou seja, a cobertura, tinha apenas dois grandes apartamentos e um terraço que era dividido por uma cerca com trepadeiras. Da janela da sala e de todo o terraço, via-se o rio e boa parte da cidade - essa parte ela não deu atenção - mas estava atenta para o fato de que o encanamento e a rede elétrica eram novos e que os equipamentos de cozinha - que era bem completa - estavam novos, e ainda tinham um tempo de garantia.
Ela questionou a Morgan sobre a vizinhança, ele comentou algo sobre os moradores da outra cobertura serem um casal que viajava bastante e os demais moradores serem, em sua grande maioria, jovens e sem crianças, aquilo era "animador" segundo minha mãe, que dizia que estudar com crianças aos gritos não era adequado.
Eu andei pelo estúdio, encarei as paredes e sem fazer muito esforço, me encaixei ali: encontrei o lugar onde colocaria minha rede, espaço para algumas plantas, imaginei como eu decoraria os banheiros, pensei que queria lavandas nas floreiras embutidas nas janelas... Estava feliz, aquele era definitivamente um bom lugar para chamar de lar, e para minha alegria, ainda contava com um pequeno sótão onde eu poderia guardar coisas que usava pouco.
Mamãe fez questão de conferir a vaga de estacionamento, os cronogramas de retirada de lixos, como funcionavam as regras do condomínio e se tinha boa conexão de internet disponível naquela zona da cidade, sanadas todas as preocupações da mamãe, eu estava oficialmente decidida: aquela seria a minha nova casa.
Minha mãe e Morgan encontraram-se à tarde novamente para dar segmento ao processo de compra, eu me ative a ficar no estúdio - que já estava desocupado pelo proprietário - e tirar mais um monte de fotos, imaginar como seria minha vida ali e sonhar com cada canto daquele lugar organizado e decorado do meu jeito, minha mãe apareceu no fim da tarde com lanches e nós curtimos o primeiro pôr do sol no meu novo lar, e sim, foi incrível.
Voltaríamos para Los Angeles apenas no domingo, então, depois de muita conversa e a transferência do valor do imóvel para a conta do antigo proprietário, eu já tinha as chaves em mãos na tarde de sexta-feira, e mamãe e eu saímos para fazer algumas compras - como cortinas e papéis de parede - durante o sábado. O Sr. Howard, o zelador do prédio, que cobra a folga dos porteiros nos fins de semana, disse que poderíamos agendar a reforma mesmo estando ausentes, que ele poderia supervisionar, e foi o que decidimos. Na tarde de sábado recebemos o nosso "gerente de obras" que era encarregado de colocar os profissionais adequados para os serviços, que eram basicamente pintura e limpeza, principalmente da lareira e das louças dos banheiros.
Tinha uma estranha sensação de plenitude e dever cumprido quando voltei para Los Angeles, a verdade era que eu realmente sentia-me leve sem toda a pressão da dúvida sobre onde eu viveria e como organizaria minha rotina. Na segunda feira depois do expediente, eu resolvi visitar Donna, queria contar para ela sobre meu novo lar:
- Fico muito feliz - ela disse sorrindo - sinceramente, é bom que você encontre um lugar para chamar de seu - ela dá ombros - não sei como se sente com toda essa coisa do seu pai e a Lorena...
- Estranha - eu respondo - às vezes tenho a sensação de que eu deixei de ser importante, outras vezes eu apenas lembro que não sou mais prioridade na vida dele, nem na vida da minha mãe...
- Por isso - ela abraçou-me - está na hora de ser prioridade em sua própria vida: fazer as suas escolhas, de pensar no seu futuro, menos nos outros e mais em você.
- Eu acho que sim - suspirei - não sei se eu sei lidar com isso.
- Sabe sim - Donna me abraçou - você é muito, muito mais forte do que acredita, vai ver, logo você estará toda adaptada à sua nova vida, empoderada e feliz.
Eu amava conversar com Donna porque ela tinha um pensamento muito positivo, uma mania adorável de acreditar nas coisas, fazia eu me sentir bem. Mamãe era muito pés no chão e o papai, bem, ele não era muito de conversar, por sorte eu tinha a Donna na minha vida, e ali, sentada no balcão da pizzaria que eu mais amava no mundo, eu percebi o quanto eu sentiria falta da minha vida todinha.
Na sexta feira, eu comentei que Noah estava demasiadamente empolgado com o último encontro da turma, que aconteceria em duas semanas, e seria um dia na praia. De repente ele estava ocupado demais e dizia apenas que eu não precisava me preocupar com nada.
- Ele está te evitando - Lindsey me disse no intervalo do almoço.
- Eu acredito que sim - suspirei - me sinto m*l por isso.
- Não - ela sorriu - ele só não descobriu ainda como te contar.
- Me contar o que? - pergunto.
- Que a namorada dele da Noruega, a Éllinor, ela foi aprovada para o intercâmbio - Lindsey disse - não diz que eu te contei, ontem ele falou comigo à tarde no hospital e disse que estava confuso, acho que precisam conversar à sós.
- Tudo bem - suspirei - obrigada por me contar - pelo menos eu estaria preparada, não sei porque, mas a noticia foi como um soco no estômago, acho que eu estava sensível demais nos últimos dias.
No fim das aulas, Noah correu para encontrar-me porque eu mesma estava correndo para não me atrasar para o trabalho:
- Hey, Mariah - ele gritou.
- Noah - eu parei e esperei por ele.
- Tem tempo para um sorvete depois do trabalho hoje? - ele pergunta.
- Claro - respondo, eu conversaria com ele conforme Lindsey havia sugerido - me encontra no trabalho?
- Sim - ele disse sorrindo e logo aproximou-se beijando o meu rosto - até mais.
Meu expediente foi um pouco mais agitado do que o normal, Mackenzie estava alterado e com prazos apertados, falou por horas enquanto eu digitava freneticamente e no fim, levei trabalho para casa, porque precisava revisar tudo o que eu tinha digitado.
Noah estava parado ao lado do Impala assim que eu desci com um pequeno atraso:
- Sinto muito por te fazer esperar - eu disse - meu chefe estava um pouco descontrolado hoje.
- Sem problemas - ele responde sorrindo - conheço um lugar aqui perto, podemos ir a pé.
- Perfeito - eu respondi e logo caminhávamos para uma sorveteria artesanal pequena em uma rua lateral, assim que entramos, Noah fez questão de sugerir alguns dos seus sabores favoritos e em poucos minutos estávamos sentados em uma mesa na calçada.
- Te chamei pra esse sorvete por dois motivos - ele disse sem muita cerimônia.
- Estava com saudades da minha companhia e adora doces? - perguntei em tom de brincadeira.
- Nossa - ele riu alto - quatro motivos então: os que você citou e mais dois...
- Uhmm - eu o encarei - estou preparada.
- Éllinor está chegando na metade do mês - ele disse - logo depois do nosso dia na praia, ela vem porque quer ir comigo ao Baile de Formatura e...
- ... isso é incrível - eu disse sorrindo - você deve estar super feliz.
- Sim - ele pareceu aliviado com minha reação - ela passou na seleção para intercâmbio - ele disse - vai estudar Artes em New York.
- Nossa - eu bati palmas - é ainda mais incrível, você deve estar tipo super feliz.
- Sim - ele realmente parecia estar feliz - mas tem um pequeno detalhe.
- E esse é o outro motivo? - pergunto.
- Infelizmente sim - ele responde - acho que eu preciso pedir que você não comente...
- ... tudo bem - eu sabia o que ele estava pedindo - você disse à ela que nada tinha acontecido.
- Não - ele riu - ela sabe que eu beijei garotas e tudo mais, mas ela não sabe que a garota é você - ele sorriu - e como eu disse, você é especial demais, e eu não quero perder isso, pode ser que ela não entenda.
- Tudo bem - eu disse - eu não vou falar nada a respeito.
- Certo - ele sorriu - obrigada, Mariah.
- Eu é quem tenho que te agradecer - eu disse.
- Porque? - ele pergunta.
- Por ter me aturado nesse ano - eu disse sorrindo,
- Estarei sempre aqui para te aturar - ele beijou minha mão - sempre que precisar.
Conversamos por mais um tempo e nos despedimos na frente do Impala. Eu não consegui deixar de pensar, que de certa forma, ele estava fazendo o que era certo para manter nossa amizade, mas que ao mesmo tempo, ele estava mentindo para a garota que ele dizia amar, e aquilo foi estranho, porque nesse momento eu pensei que Spencer podia ser o cara mentindo para a garota que ele dizia amar.