Então, meu último retorno às atividades normais seria aquilo, um grade emaranhado de compromissos e sentimentos que as vezes pareciam me sufocar... Na segunda semana, com uma abrupta queda nas tarefas escolares devido ao fato de já ter a minha aprovação garantida, tive tempo de sobra para visitar Mia, depois do expediente, na noite de terça-feira sem a menor culpa.
- Conversei com o Spencer - ela disse-me enquanto tomávamos café - e eu não vou conseguir não conversar com você sobre isso - ela estava séria.
- Uhm- meu estômago revirou - porque acho que eu não vou gostar dessa conversa?
- Porque não vai - ela pegou minha mão - eu amo você, você é a minha irmã e isso nunca, nunca vai mudar para mim, mas o Spencer, ele não merece você - ela disse decidida.
- Porque está dizendo isso?- perguntei.
- Ele mentiu sobre o encontro da turma, isso nunca aconteceu, e se ele consegue mentir para você, eu em mesmo quero pensar no que mais ele é capaz de fazer, e eu sei o quanto você sofre por que ele está longe, o quanto você perde por se manter fiel ao compromisso de vocês e o quanto se culpa... - ela suspirou - lembra-se quando eu surtei e falei que ele era h******l, lá em Hidden Hills?
- Sim - eu respondi, aquele dia tinha sido bem estranho - eu me lembro.
- A cada dia que passa eu tenho mais certeza disso - ela tinha os olhos marejados - ele pode ser incrível quando está com você, mas quando você não está perto ele é o mesmo i*****l irresponsável e egoísta que ele sempre foi.
- Certo - suspirei, estava um pouco cansada de pensar sobre Spencer ou sobre qualquer coisa - eu vou pensar a respeito, prometo.
Aproveitamos o tempo que nos restava antes de Peter e Daniel subirem para o jantar para conversarmos sobre Amelie e sobre os planos de Mia para o futuro, o que era uma espécie de alívio para mim, porque eu precisava mudar de assunto.
Os dias que se seguiram foram, em sua maior parte, bons. De um jeito estranho eu estava evitando ficar muito tempo com Noah, como se depois de conversar com Mark sobre ele, ele tivesse se tornando um problema para mim, Lindsey reparou nisso e chamou minha atenção durante o intervalo do almoço de sexta feira:
- Está evitando ele - ela disse muito séria.
- Não - respondi - ao menos não de forma intencional...
- O que me parece ainda pior - ela suspirou e deu um gole em seu suco - ele perguntou o que estava acontecendo com você ontem à tarde.
- Ahn? - perguntei intrigada - Como assim?
- Na saída, ele me chamou, disse que estava preocupado... - ela deu ombros - lá vem ele.
- Certo - suspirei - vou esclarecer isso - disse apressada.
- E eu vou resgatar o Justin do laboratório de informática, apenas para ter certeza de que ele vai se alimentar como uma pessoa normal... - ela levantou-se deu um abraço em Noah e disse - aproveitem e conversem.
- Okay - ele riu e largou a bandeja sobre a mesa - tudo bem, Mariah?
- Tudo sim, esquisito - suspirei - e você? Está bem?
- Eu estou bem sim - ele respondeu - conversei com a Lindsey ontem - ele sorriu - acho que está me evitando.
- Achou errado - eu sorri - sinto muito ter pensado isso, eu só estava um pouco atarefada, precisei colocar umas coisas em ordem, a cabeça em ordem, visitar a Mia...
- Sim - ele sorriu de volta - eu te entendo.
- Mas - eu continuei - involuntariamente eu posso ter feito isso, me perdoa?
- É claro que eu te perrdoo - ele disse - só não quero que fique esse clima chato entre nós, Mariah.
- Eu sei disso - peguei a mão dele sobre a mesa - vamos ficar bem, certo?
- Certo - ele sorriu - e a nossa Formatura? O que mais vamos fazer?
- Ah - eu encarei ele totalmente perdida - eu não tenho ideia...
- Justin sugeriu um dia na praia - ele deu ombros - não sei se o pessoal iria gostar.
- Talvez - respondi rindo - do jeito que curtiram o acampamento, acho que nada do que fizermos estará à altura.
- Ah - ele riu - verdade, aquilo foi bom - ele suspirou- e você? Gostou do acampamento? De modo geral?
- Sim - respondi com sinceridade - eu adorei o acampamento, e acho que eu precisava daquilo.
- Precisava? - ele pareceu confuso.
- Sim - respondi - eu acho que eu precisava ter a noção de que existem mais coisas, entende? Que vai além de...
- ...Spencer? - ele perguntou.
- Isso - respondi envergonhada, era estranho falar sobre o meu namorado com o cara que eu tinha beijado.
- Entendo você - ele sorriu - estamos todos crescendo e aprendendo...
Conversamos por mais um tempo, até o Diretor Sanderson enviar um rapaz do primeiro ano para me chamar para a sala dele, e o menino chegar quase roxo de vergonha, para ao meu lado e dizer muito rápido "oi, garota que vai para Harvard, o Sanderson te chamou na sala dele agora" e sair correndo logo depois de vomitar essa informação, fazendo com que todos os que ouviram segurassem o riso, pelo menos por alguns segundos, até ele sair do salão.
Despedi-me de Noah com dois sentimentos: um certo alívio por ter acertado as coisas e uma certa culpa por estar feliz de poder sair de perto dele por mais um tempo, era estranho, mas tinha um pouco de medo de perder o controle das coisas quando estava perto dele.
- Mariah Martinez - Sanderson disse sorrindo assim que entrei - que bom ver você.
- Bom ver você também, diretor - respondi educada.
- E como se sente com sua aprovação? - ele perguntou.
- Me sinto ótima - respondi - na verdade, me sinto preocupada ainda, com a entrevista...
- É a parte mais fácil - ele sorriu com bondade - mas te chamei aqui justamente para falar sobre ela.
- Certo - eu sorri - e o que tem para me dizer?
- Que enviaram a carta, sua entrevista está marcada para a primeira semana de fevereiro.
- Mas já? - perguntei - Pensei que fosse mais para o fim...
- Sim - ele respondeu - te chamei aqui para ver o que precisa, algum conselho? Dispensa das aulas?
- Os dois - eu ri nervosa - acho que vou precisar de uns três dias...
- Certo - ele sorriu - é numa terça feira, libero você até quinta.
- Obrigada- respondi - e o conselho?
- Ah, sim - ele sorriu - precisa manter a calma, e saber o que escreveu em sua carta de apresentação - ele fez uma pausa e anotou em um papel "carta de apresentação, discurso inspirador, demonstrar segurança e vontade de mudar o mundo" e entregou-me - precisa falar o porque escolheu o Direito, qual o propósito que enxerga para a sua vida, seu plano de carreira, mesmo que ele venha a mudar, mas precisa falar disso de uma forma inspiradora...
- Certo - peguei o papel e sorri para o homem que já parecia um pouco emocionado - muito obrigada, Diretor, eu não teria conseguido sem o seu apoio.
- Ah, você merece, minha querida -ele sorriu com bondade - sabe, quando você veio para o Highland Hall, o conselho diretivo não colocou muita fé em você, devo dizer que a confusão com Pamela Stone por um momento, me fez acreditar que eles estavam certos - ele riu - mas no fim, quando eu percebi o que havia acontecido e encarei seu histórico escolar mais de perto, eu sabia que você tinha um grande potencial. Trouxe muito orgulho para a nossa instituição neste ano.
- Obrigada, Diretor.
- E nossas portas, estarão sempre abertas para você - aquilo significava bastante.
Despedi-me de Sanderson e voltei para as minhas aulas que parecia muito, muito chatas e repetitivas, mas que eu precisava prestar atenção para manter as notas altas nas últimas avaliações.
Mamãe estaria fora no fim da semana, então, optei por ir ficar com o meu pai no East Garden em um primeiro fim de semana depois do ano novo com um sol tímido que cortava a neblina na manhã de sábado: cheguei cedo o suficiente para sair para correr e voltei da corrida em tempo de tomar café da manhã:
- E então – meu pai estava orgulhoso – Harvard – ele sorria sem parar.
- Sim – respondi confiante – ainda estou esperando a data da entrevista.
- Claro – meu pai sorriu – então, vai mesmo para Boston?
- Olha, só se alguma coisa der muito errado que eu não vou – ri alto – não se preocupa, pai, vai dar tudo certo.
- Sim, sim – ele suspirou – estou muito orgulhoso de você e bem – ele parecia nervoso – não sei como vou fazer, acho que não estou acostumado com a ideia de você tão longe...
- Vai se acostumar – eu sorri – e bem, vão precisar de mais espaço – eu já havia terminado de comer a pegava Guadalupe no colo para que Lorena pudesse comer em paz – falando nisso – encarei os dois – pretendo liberar o meu quarto no fim da outra semana.
- Não precisa – Lorena disse na hora – vamos acomodar o bebê conosco, no início.
- Sim, precisa – respondi sorrindo – preciso ver o que vou fazer com minhas coisas – revirei os olhos – e bem, tem muitas coisas que eu vou vender no ebay para ajudar com meus custos de mudança.
- Bem – meu pai disse de repente – por falar em custos – ele sorriu e tirou um envelope do bolso – não sei se consegue cobrir todos os custos dos seus estudos – ele esticou o envelope para mim – para ser sincero, acabei retendo uma parte da sua poupança...
- Não precisava, pai – eu não sabia como pagaria, mas abri instintivamente o envelope e olhei o cheque, percebendo que sim, cobria quase todo o valor do curso – não posso aceitar, você precisa ficar com reservas...
- Sim – ele sorriu – e eu fiquei, é o mínimo que eu poderia fazer – ele sorriu – é claro que sua mãe vai ajudar também, mas está certo e justo – ele apertou minhas mãos – precisa aceitar, trabalhei minha vida toda pensando em quando ia chegar a hora de eu poder pagar sua faculdade – ele tinha os olhos marejados – então aceite, e se precisar de mais, podemos dar um jeito.
- Obrigada – abracei meu pai apertado e bem, me senti aliviada, assim, sabia que poderia me dedicar aos estudos, sem precisar trabalhar meio período para pagar
Eu havia desmarcado minha sessão com Mark naquele dia, então, quando sai de East Garden apenas no fim da tarde, sabia que não era mais meu lar. E isso também é estranho, porque de repente, eu não tinha um lar, e aquilo começou a me incomodar. Minha mãe estava cozinhando – o que era realmente anormal, considerando que pensei que ela viajaria durante o fim da semana:
- Pensei que fosse para o Colorado... – disse distraída enquanto mordi uma maçã.
- Desisti – ela disse – eu acho que é por aqui que eu devo estar por uns dias – ela sorriu – nós duas precisamos conversar sobre a sua faculdade.
- Claro – suspirei e sorri – o papai me deu um cheque...
- Sim – ela sorriu – e eu disse a ele que não precisava, eu planejei isso minha vida toda, tenho o dinheiro do seu curso todo e mais um pouco, pensei que ele fosse apenas te ajudar a se manter por lá.
- Bem – sorri – então coloco em uma poupança...
- Não – ela parecia decidida – vou conversar com o seu pai – ela me encarou – o curso tem duração de são cinco anos, pelo menos, se você resolver emendar uma especialização, mais dois ou três... Acho que deveríamos comprar um imóvel.
- Não – eu disse na hora – sem necessidade, vou ficar no alojamento.
- Sem chance, Mariah – minha mãe parecia determinada – e comer comida de cantina fria e precisar dividir seu espaço com um completo desconhecido? E aqueles banheiros? – ela revirou os olhos – Tenho alguns amigos, Cambridge é cara, mas se pegarmos alguma coisa em Boston, próximo da ponte, você estaria há dez minutos do campus...
- Uhm – murmurei tentando parecer empolgada.
- Mariah? – minha mãe estava séria.
- Oi? - eu disse.
- Vamos gastar menos dinheiro comprando um imóvel, é um investimento, você pode vender ele ao fim do curso e terá um bom valor para adquirir outro quando decidir onde vai viver, minha filha.
- Certo – suspirei – tudo bem.
- Ótimo, então – ela sorriu – tem várias opções legais...
- Você voa comigo para a entrevista então? – perguntei esperançosa.
- Na verdade, eu não vou – ela respondeu-me muito séria – acho que você deve ir sozinha, e fazer suas próprias escolhas.
- Tudo bem – sorri tentando parecer compreensiva, mas na realidade eu me sentia totalmente perdida.
- Já agendara uma data? - ela perguntou.
- Sim - respondi - primeira terça feira de fevereiro...
- Isso é a daqui duas semanas - ela gritou.
- Sim - respondi - mas fica tranquila, vai dar tudo certo.
- Vai sim - ela respondeu e começou a falar sem parar sobre tudo o que eu deveria prestar atenção quando se tratava de um imóvel.
Jantamos juntas e eu escrevi uma interminável lista de coisas para verificar nos imóveis, mamãe ficou orgulhosa do meu empenho e eu fui para o meu quarto bem satisfeita. Spencer me chamou perto das dez horas:
- Oi amor - ele disse assim que atendi a chamada de videio - tudo bem ?
- Tudo sim - respondi - estava conversando com a mamãe sobre a faculdade, sobre tudo...
- Claro - ele sorriu - ela deve estar bem orgulhosa.
- Sim - concordei - e mais ansiosa do que eu - dei ombros - minha entrevista é na terça, dia três...
- Perfeito - ele respondeu - eu levo você.
- Tem certeza? - perguntei.
- Claro que eu tenho - ele respondeu - encontro você em Boston, no aeroporto...
- Vou tentar voar para Boston no sábado.
- Tudo isso é saudade? - ele perguntou irônico.
- Também - respondi - mas preciso olhar alguns imóveis.
- Porque não voa para NYC? E aí me vê jogar no sábado à noite? Domingo vamos para Boston, segunda você olha os imóveis...
- Parece uma boa ideia - respondi com sinceridade - vou conversar com a mamãe.
- Eu ficaria muito feliz de ver você no campo - ele disse sorrindo.
- Você é bem exibido, não é? - debochei
- Sim - ele riu alto - sinto a sua falta.
- Eu também sinto - respondi - mas sinto falta de como éramos antes dessa m***a toda...
- Não entendi - ele disse confuso.
- Sinto falta de como éramos, de quando eu não me preocupava...
- Eu sei - ele suspirou - quer saber, Mariah, eu fui um m***a ultimamente... De verdade. Não tem que se sentir assim, nunca - ele fez uma pausa - vou tentar ser melhor, e voê vai se sentir bem e segura com isso, eu prometo.
- Mas Spencer - eu estava disposta a contar sobre Noah, sobre ter ligado para Murray - eu preciso...
- Não - ele respondeu - não precisa nada. De verdade - ele disse - eu imagino que possa acreditar que tem algo a me dizer, mas não - ele suspirou - estávamos separados, Mariah.
- Ah, eu... - ele sabia? Como ele sabia? - sinto muito.
- Não sinta - ele disse sorrindo - no fim, eu acho que eu precisava que isso acontecesse - ele esfregou o rosto com as mãos - eu não devia ter pedido tempo, nunca e bem, ficar sabendo que você tinha outras opções, me fez perceber que eu não queria perder você, de jeito nenhum.
- Certo - aquilo era um tanto reconfortante.
- Estamos bem, certo? - ele disse - Estamos bem, porque eu amo você e se você ainda me amar, para mim é o suficiente.
- É claro que eu amo você - eu respondi.
- Então, tudo certo - ele sorriu - queria você comigo agora...
Conversamos por mias um longo tempo. E quando desligamos eu comecei a encarar a realidade de que a mamãe venderia a casa de praia, de que o papai ocuparia o meu quarto e que eu não teria muito o que fazer com todas as minhas coisas, e de algum jeito, eu tinha pouco tempo para pensar sobre aquilo, porque meu último retorno às aulas estava sendo um pouco conturbado.
No domingo eu decidi organizar minhas coisas, separando aquilo que eu julgava necessário e as coisas que eu acreditava que não precisava mais guardar: comecei pelas roupas e logo tirei uma grande quantidade de uniformes escolares que nunca mais eu usaria, deixei algumas camisetas como lembrança e bem, assim que terminassem as aulas, eu fecharia aquela caixa com os últimos que ainda estavam em uso. Separei uma grande quantidade de calçados para doação - mamãe havia falado que eu precisaria repaginar meu guarda-roupas e me vestir mais como uma estudante universitária, futura advogada, e menos como uma garotinha do colegial, aquilo soava estranhamente bom.
Eu não queria abrir mãos dos meus livros, mas minha mãe convenceu-me de que eu deveria livrar-me, ao menos dos infantis e eu os dividi em caixas, juntamente com uma boa parte dos meus brinquedos e ursinhos de pelúcia, ao menos Amélie, Thomas, Guadalupe e Benjamin fariam bom uso daquelas coisas. Encarei minha escrivaninha e pensei nos meus materiais de estudo, o que me fez pensar que os de Murray estavam comigo, pensei em telefonar para saber o que fazer com eles, mas decidi apenas escrever um bilhete e deixar com eles, devolveria para Meredith, e isso me fez lembrar que eu queria ir ao hospital, falar com Dr Collins e com a Dra. Lawrence e com Meredith, agradecer pela oportunidade, pelas cartas e tudo mais.
Anotei em meu planner que eu precisava passar na Wine House, queria escolher um bom vinho para presentear todos os meus apoiadores, aquilo me parecia bem adulto e responsável. Fecharia o ciclo do hospital naquela semana...
As aulas foram normais. Comentei com Lindsey sobre minhas coisas e ela deu a ideia de fazer uma venda de garagem, um mercado de pulgas e disse que era bem comum, e que eu devia divulgar na escola porque bastante gente interessava em pegar livros de segunda mão e até mesmo uniformes... Achei a ideia boa, conversei com minha mãe e ela concordou, e assim, eu me livrava de um tanto de coisas que eu nunca mias usaria para nada e juntaria um pouco de dinheiro para poder enviar para Boston as coisas que eu nunca conseguiria abrir mão.
Lindsey ajudou-me com a separação e precificação dos itens durante a semana, apenas porque não tínhamos muito o que fazer, selecionamos os vestido que eu ainda usaria e preparamos para venda aqueles que estavam um pouco "fora de moda", eu fiquei triste de vender o vestido verde agua do noivado da mamãe, mas sinceramente, ele nem mesmo combinava muito com o meu estilo. Antes que eu divulgasse mesmo, Tom, nosso promissor secundarista, presidente do conselho, fez uma proposta em meus livros do ultimo ano e materiais de estudo, achei correto apenas passar os materiais e vender os livros, ele pareceu satisfeito e eu também, agendei minha venda de garagem para a metade do mês de março e fiquei mais tranquila ao perceber que o volume de coisas a serem despachadas para Boston reduzia consideravelmente a cada "surto de organização" que eu tinha.