MALI NARRANDO
Sabe de tudo aquilo, daquela forma me fez entrar em desespero, eu me tremia e não sabia como lidar com aquela situação, era o advogado falando e eu com minha mente longe, eu estava presa em meu mundo onde ninguém pode me ferir, onde eu posso pensar que o mundo exterior não tem problemas, eu estava com minha cabeça a mil, eu sentia as lágrimas molharem meu rosto, mas eu sabia que as coisas de ruína estavam acontecendo, e eu não sabia como lidar com essa situação, eu não imaginava o quão difícil isso seria, descobrir que meu pai estava preso e que foi injustiçado foi a pior coisa da minha vida, eu não imaginava que teria pessoas tão baixo nível quanto as que fizeram isso, eu não entendo o grau de maldade desses seres humanos. Eu fui criada pelos meus pais e eles me ensinaram a nunca retribuir o m*l com o m*l, sempre retribua o m*l com o bem, o que vai fazer muita diferença na sua vida. Então quando ouvir que o meu pai precisava de pelo menos 50 mil reais para poder se libertar, fora os honorários do advogado. Mas ele falou que com 50 mil tudo fica se resolve.
Sr. Almonte: Eu vou fazer o que puder para poder ajudar vocês, mas vou precisar do dinheiro o quanto antes para iniciamos o processo. - fala com minha mãe.
Mãe: Eu não sei o que vou fazer moço, mas eu vou tentar entrar em contato com uns parentes do nordeste e vejo se eles porém nós empresta esse dinheiro. - fala com lágrimas nos olhos.
Sr. Almonte: Tudo bem, viu iniciar o processo é assim que conseguir, vocês me liguem o quanto antes, se não o seu marido pode ir para o presídio. - fala, e aperta a m*l da minha mãe.
Mali: Senhor, a gente pode ver meu pai? - pergunto abaixando meu olhar.
Sr. Almonte: Vou ver com o senhor delegado, para ver se ele pode receber visitas. - fala e se retira, me abraço a minha mãe, e choramos uma abraçada a outra.
Mãe: Deus está conosco minha menina, não se preocupe, tudo vai dar certo, nós vamos provar que seu pai não fez nada, tenha fé. - diz abraçada comigo.
Mali: Mãezinha, a senhora acha que o papai vai sair logo daqui? - pergunto e ela coloca suas duas mãos no meu rosto me fazendo olhar em seus olhos.
Mãe: Vou falar com nossos parentes do nordeste, ver se eles podem nos ajudar, se não puderem não sei o que fazer minha menina. - fala com os olhos marejados.
Sr. Almonte: Senhora, o delegado falou que só vai permitir 5 minutos para vocês duas. Ele não queria liberar mais acabei insistindo um pouco e ele liberou. - fala e minha mãe segura na minha mão. - Me acompanhem por favor. - diz e vamos acompanhando ele, quando chegamos perto da cela onde meu pai estava, ele estava sentado no chão encolhido com seus olhos vermelhos, por ter chorado. Quando ele nos ver ele se levanta e vem correndo a nosso encontro, a gente se encosta na grade e ele passa seus braços em nossas cinturas.
Pai: Mulheres da minha vida. - fala com a voz embargada.
Mali: Papai. - digo chorando.
Mãe: Meu marido, como foi que isso aconteceu? - ela lhe dá um beijo na boca, então ele abaixa a cabeça.
Pai: Eu estava abastecendo um carro, quando isso aconteceu, porque eu lembro que tinha pegado o envelope com o dinheiro do dia inteiro e coloquei pela fresta da sala do gerente, e quando eu acabei de abastecer o carro, o gerente chegou e foi para sua sala, então ele procurou o dinheiro na sua sala e perguntou se eu havia já feito o depósito, e eu falei que sim, então quando ele foi fazer todas as contas o dinheiro não batia, o combustível estava faltando exatamente o valor que eu tinha feito, e então ele perguntou cada o dinheiro e eu falei que estava lá, que eu não havia pegado, e então aqui estou. - fala com os olhos cheios de lágrimas.
Mali: Papai, não fica assim, a gente vai da um jeito, mas vamos tirar o senhor daí, a mamãe disse que vai falar com nossos parentes do nordeste. - falo colocando uma mão em seu rosto, e acaricio.
Mãe: Sim amor, vou falar com a tia, ver se ela pode nos arrumar o dinheiro. - diz e ele nos olha.
Pai: Quanto é isso aí? - pergunta nos olhando sério.
Mãe: Meu amor, o valor do advogado é 5 mil reais, e para te livrar do presídio é 45 mil. - diz e ele arregala os olhos.
Pai: Você tá falando que tudo é 50 mil? Porque todo esse valor? - pergunta incrédulo.
Mali: Papai, o senhor que vai ficar com seu caso, falou que é o valor da fiança e os seus honorários. - falo e ele fica andando de um lado para o outro.
Pai: Amanda, não tem como, você sabe que os nossos parentes nunca ligaram muito para nós, e não vão querer nos ajudar. - fala triste.
Mãe: Precisamos tentar, não podemos ficar de braços cruzados. - fala e ele concorda, então um guarda vem em nossa direção.
Guarda: Já deu o tempo, se retirem. - fala todo arrogante.
Mali: Senhor, só mais um pouco por favor. - falo e ele me olha com o olhar feio.
Guarda: Já disse, já deu a hora, agora saiam. - diz todo irritado.
Mãe: Já estamos indo seu guarda. - ela diz e da um beijo no meu pai, e ele me dá um beijo na testa. Então saímos em direção a porta de saída, quando saímos a gente pegou o cartão do advogado, como já estava tarde não dava para nós ligar para a nossa família no nordeste. Então apenas pegamos um táxi e fomos para direto para o morro. Depois de 30 minutos a gente chegou enfrente ao morro.
Taxista: Só vou até aqui. - diz e concordando, então minha mãe pagou a corrida e descemos.
Mãe: Obrigada. - agradece e vamos andando até a barreira, então passamos e fomos subindo para casa, eu estava tão exausta que não percebia as pessoas cochichando entre si. Minha mãe costuma dizer que aqui na comunidade tem muitos “curiosos e fofoqueiros”, que nada passa em branco. Eu não sei muito bem. Sempre preferir me abstrair do mundo, e viver na minha bolha, eu até gosto, só que a Lore diz que por eu viver dentro dessa bolha eu esqueço que existe um mundo no qual tudo é mais real.
Mali: Mamãe, estou com medo, que o papai não saia daquele lugar feio. - digo me recordando de onde eu vi o papai.
Mãe: Minha pequena, não pense nisso agora, seu pai vai sair de lá, tenha fé. - diz e eu concordo. - Agora vá dormir que está tarde e amanhã eu preciso ligar para nossa tia. - fala me dando um beijo na testa, e faz o sinal da cruz me abençoando.
Mali: Tudo bem mamãe, espero que ela consiga nos ajudar. - falo um pouco insegura. Então saiu de perto de minha mãe, e vou direto para meu quarto, assim que entro no mesmo, vou até o guarda roupa e pego um pijama de borboletas, acho tão lindo esses pijamas, então pego um conjunto de lingerie, então saiu do quarto em direção ao banheiro, entro no mesmo e começo a tomar um bom banho, quando acabo, me enxugo, pego um pouco do creme de amora, e passo por todo meu corpo, quando já estou bem cheirosa, visto minha lingerie e depois meu pijama, então saio do banheiro e vou em direção a meu quarto, quando entro no mesmo, vou até minha cama e me deito, fico um pouco pensativa mais logo durmo.
Me acordo no dia seguinte cedo do dia, porque hoje eu tenho que trabalhar, mas acho que vou ligar para lá e dizer que aconteceu um imprevisto com meu pai, e que amanhã eu vou sem falta. Então a primeira coisa que faço é ligar para o meu chefe, quando ele atende ele diz que posso ficar tranquila, que amanhã eu posso ir. Fico muito grata, então desligamos e fui me levantando, estava ansiosa pelo dia de hoje, iríamos saber se nossa tia poderia nos ajudar, então me levantei rápido, fui até o banheiro fiz minha higiene pessoal e depois voltei no quarto, fui ao guarda roupa e procurei um vestido rodado de manga longa, todo estampado com estampas do outono, assim que me visto, faço um coque m*l feito, deixando alguns dos meus cachos solto, quando já estava pronta, sair do quarto e fui até a sala, e minha mãe já estava ao telefone, então não quis incomoda-lá e fui direto para a cozinha, peguei uma xícara de café com leite, e me sentei a mesa. Estava tomando o café com algumas bolachas, então minha mãe chega ali com os olhos cheios de lágrimas.
Mãe: Minha menina, você já acordou. - fala assim que nota minha presença.
Mali: Acordei sim mamãe, mas o que aconteceu que a senhora está com os olhos cheios de lágrimas? - pergunto esperando sua resposta.
Mãe: Oh, minha pequena. Eu acabei de falar com nossa tia do nordeste e ela falou que não tinha o dinheiro, e que não podia nos ajudar. - foi ela falar aquilo para meu desespero crescer, sinto meu rosto molhar com as lágrimas.
Mali: Eu não vou ver mais o papai mãe? - pergunto assim que me levanto da cadeira.
Mãe: Meu amor, a gente vai sim ver seu pai, mas se não arrumamos o dinheiro, a gente só vai poder ver ele por mês. - fala chorando e eu caminho até ela e me jogo em seus braços chorando. Ela tenta me acalmar mais estou destroçada com aquela imagem do meu pai naquele lugar, parecia um passarinho preso em uma gaiola, e aquilo estava acabando comigo. Então assim que me soltei dos braços da minha mãe, eu sair de casa sem rumo, eu não sabia o que fazer, nem o que pensar, então subi o morro até a casa da Lore, quando cheguei na porta da casa dela, bati na porta e a dona Maria veio abrir.
Maria: Minha menina dos olhos azuis, o que aconteceu? Seus olhinhos estão vermelhos. - fala assim que me ver.
Mali: Dona Maria, a Lore está aí? Eu queria falar com ela. - digo e ela sorri gentilmente.
Maria: Está minha querida, venha entre. - ela abre espaço para que eu possa entrar.
Mali: Obrigada dona Maria. - vou entrando e a Lore aparece ali.
Lorena: Amiga do céu, o que aconteceu? - ela me ver com os olhos avermelhados e vem a meu encontro, ela me abraça e eu retribuo.
Mali: Amiga, meu pai. - falo chorando.
Lorena: O que aconteceu com seu pai? - pergunta.
Mali: Meu pai foi preso, acusaram ele de roubo Lore. - digo chorando e ela me abraça mais forte.
Lorena: Oh amiga, como isso? Seu pai é o homem mais honesto que já conheci em toda minha vida. - fala me apertando em seu abraço, então explico para ela tudo que meu pai disse para mim e minha mãe, e ela fica chocada.
Maria: Esse pessoal minha filha, não tem limites, sabe exatamente no lugar que a pessoa mora, aí faz maldade para que outros inocentes pagem. - ela diz acariciando meu rosto. Então a irmão da Lore aparece ali, junto com outro cara que nunca tinha visto antes.
Biel: Fala tu loira, o que tá pegando? - fala assim que me ver.
Lorena: O pai dela foi injustiçado, e está preso, pegaram a grana que ele depositou para o gerente dele, e quando o gerente foi atrás, tinha sumido, então acusaram ele. - diz para o irmão, e o outro que apenas ouvia se envolve.
XXX: Eles fazem isso porque sabe que seu pai é morador de favela, por isso nós não tem pena desses filhos da p**a, nós toma deles mesmo. - fala todo se achando.
Biel: Tenho que concordar com o JP. - fala e eles fazem um movimento com a mão.
Lorena: Pior que agora ela tá sem saída, e a família do nordeste não ajuda, ela precisa de grana. - diz e eu cutuco ela.
Biel: De quanto? - pergunta curioso.
Lorena: 50 mil, para pagar tudo, incluindo o advogado. - diz e eu olho incrédula.
Mali: Pelo amor de Deus não fala mais nada. - falo em quase um sussurro para ela.
JP: E como vão soltar o coroa sem a grana pô. - diz e ele parece pensativo. - Tem alguém que pode talvez emprestar o dinheiro. - ele fala e eu finalmente o olho.
Lorena: Quem? - ela pergunta.
Biel: Você não tá pensando no Coiote né? - fala olhando sério.
JP: Ele mesmo, talvez ele possa arranjar a grana. - ele diz e eu olho assustada para a Lorena.
Lorena: Ficou maluco JP? Quer jogar a menina na cova do leão? Não saberíamos o que ele poderia pedir em troca. - fala nervosa.
JP: Não tô falando que vou jogar, só dei a opção. - fala e nesse momento eu apenas me vejo sem saída é mesmo sabendo quem ele é, talvez ele possa me arranjar esse dinheiro.
Mali: Como faço para tentar falar com ele? - pergunto curiosa.
JP: Você não vai precisar falar, eu falarei com ele por você, e dependendo do que ele vá pedi em troca, você vai ter que fazer. - diz e eu fico sem saber o que pensar.
Biel: Isso seria loucura, ela não sabe nada da vida JP, não faz essa loucura. - diz e eu sei que é a minha pior escolha, mas só me vejo sem saída.
JP: Qual vai ser mina, tu vai querer? - pergunta sério. - Mas fique sabendo logo que ele pode pedi qualquer coisa, incluindo seu corpo. - diz e eu sinto meu rosto queimar de vergonha, abaixo minha cabeça.
Lorena: Isso é maluquice. - diz e eu não vejo outra saída, apenas concordo com a cabeça.
JP: Então já é, vou fazer as ligações e logo entro em contato contigo, pode ir pra casa, que eu sei onde tu mora. - diz e a Lore me abraça forte.
Lorena: Amiga, pensa direitinho, antes mesmo de você tomar qualquer decisão.
Mali: Não tenho outra opção, ou é isso, ou meu pai vai para o presídio e não verei ele mais. - digo e ela vem comigo até a porta.
Lorena: Amiga, pensa melhor. - diz preocupada. - Quer que eu te acompanhe? - pergunta me olhando.
Mali: Não, obrigada. Eu vou sozinha mesmo. - digo a ela, e ela me abraça mais uma vez, então vou descendo o morro para minha casa, assim que chego, já vou direto para o quarto, me jogo na cama e fico pensando em tudo que aconteceu, então não vejo alternativa, me levanto, vou até o guarda roupa pego meu diário e começo a escrever, quando acabo, guardo novamente e me deito na cama, acabo adormecendo.