CHRISTIAN
Já estava cheio do meu irmão buzinar no meu ouvido que eu preciso de alguém para me ajudar, e que eu não posso fazer isso nem aquilo e blá-blá-blá. Sentado no sofá eu observava e andando para lá e para cá enquanto me contava o que tinha feito.
— Você fez o quê? — pergunto com os dentes cerrados em direção a Raphael, ele só podia estar maluco. Acabara de chegar da Flórida e já estava dando ordens como se morasse na casa há anos.
— Ela começa amanhã, não vou deixar você aqui sozinho — ele fala como se o dever de pai estivesse se instalado nele – eu preciso trabalhar e você de alguém que cuida de você, eu sei que se eu te deixar sozinho não se alimentará direito.
— Eu estou bem, você não tá vendo? Para que tudo isso cara, você está viajando na maionese. Não é só por que eu tive um desmaio que eu preciso de babá! E logo ela?
- Então você a conhece? – ele para no centro da sala e me encara. Torci os lábios, eu havia dito de mais, Anna, a mulher que por alguma razão não conseguia tirar da cabeça.
- Mais ou menos. Conheci numa ocorrência.
- Menos m*l, pelo menos você a conhece. – ele dá de ombros e pega a chave do carro – esqueci de avisar, ela vai trazer a filha dela, espero que você não se importe.
— Oh meu Deus Raphael, eu estou morto — levo minhas mãos ao meu rosto, indignado com o que acabei de ouvir.
— Qual o problema de ser ela?
— Nenhum, eu só fiz o parto da filha dela e comecei a sentir coisas que não deveria, tem como isso piorar? — perguntei sarcástico.
— Talvez.
— Raphael...
— Sem querer, eu disse para o tio Jorge que você estava namorando — ele fala como quem não quer nada.
— Oh meu Deus, porque eu não morri naquele acidente! — puxo alguns fios de cabelo frustrado — o que eu vou fazer agora com esse velho chato me fazendo perguntas?
— Se você não tivesse ficado sem se alimentar, não tinha desmaiado no volante. Agora, agüente, ela vai tomar conta de você. Não se preocupe, é só não atender as chamadas dele.
— Some da minha frente!
— Mas...
— Agora Raphael Carter!
Ele agarra as chaves e se retira com um sorriso travesso na face.
ANNA
Acordo mais cedo do que de costume, amamentei a Lara e me arrumei para o meu primeiro dia de serviço. Eu estava nervosa, o homem que me ligara citara o nome de Christian Carter, seria o bombeiro que me socorreu outro dia? Um nervosismo subiu com a hipótese. Peguei Lara no colo e chamei um taxi, mostrei o endereço e o motorista seguiu em silêncio até lá. Parte de mim estava aliviada, conseguir um emprego não era fácil, então eu tinha que fazer o meu melhor para manter nesse. O carro parou e desci, uma casa grande de portão preto me esperava. Toquei o interfone. Um homem apareceu, alto, forte e muito atraente, abriu um sorriso enquanto abria o portão e me dava passagem.
— Você deve ser a Anna, certo? — ele pergunta com um sorriso gentil.
— Sim.
— Entre, fique à vontade, o meu irmão está no quarto já, já ele desce — ele pega uma mochila e enrosca no ombro — sou o Raphael, é um prazer te conhecer Anna, fala para ele que volto à noite para me despedir.
— Pode deixar. – falo e ele sorri.
Raphael se retira e me vejo sozinha na casa, olho em volta, era grande e espaçosa. Acomodo Lara no bebê-conforto e vou para a cozinha preparar o café da manhã.
— Anna — escuto uma voz rouca me chamar e quando me viro me deparo com o bombeiro daquela noite, sério e atraente, só que de moletom e de regata, seus músculos tonificados estavam mais avantajados naquela manhã, e seu cabelo terrivelmente sexy todo penteado com os dedos, típico de quem acabou de acordar.
— Oi — falo tímida — O seu irmão falou que volta à noite para se despedir.
— Tudo bem, essa é sua filha? — ele caminha até o bebê-conforto e se inclina para ver de perto.
— Sim.
— Qual o nome dela? — Ele pergunta pegando na pequena mãozinha dela.
— Lara Sofia.
— Nossa — ele fica com a feição triste — é um nome muito bonito.
— Obrigado, espero que goste de panqueca com mel e cappuccino — falou sorrindo — Não sabia o que você costuma comer no café da manhã...
— Uau, esse é meu café da manhã preferido.
— Sério?
— Sim — ele anda até a mesa e se senta em uma cadeira e começa a se servir — Você já tomou café?
— Sim — vou até Lara que começou a chorar pegando-a no braço.
— O que foi bebê? — balanço ela no braço — Com licença Sr. Carter eu vou amamentar a Lara, já volto.
— Tudo bem, não precisa se preocupar, tudo no seu tempo — fala compreensivo e eu vou até a sala onde sento na poltrona para amamentá-la.
CHRISTIAN
Dizer que estava sendo fácil para mim estou mentindo. Não consigo controlar a vontade de tocar na Anna. Ela é linda e desde a morte da minha esposa, não tinha me interessado por ninguém assim. Levanto-me da mesa, pois já tinha acabado o meu café, e vou até a sala onde vejo a pequena Lara Sophia se alimentando.
“Que menina sortuda” penso com um sorriso no rosto e quando ela sente a minha presença, ajeita a fralda no ombro tirando seu belo peito da minha visão.
— Hum, você vai querer que eu fique com a menina até você terminar? — pergunto sugestivo e ela me olha por alguns segundos.
— O senhor tem mais coisas importantes para fazer — ela se levanta e ajeita a filha no colo, com agilidade e perfeição a coloca novamente no bebê-conforto e eu só consigo admirá-la.
— Não tem problema, posso ficar de olho nela.
Ela me olha indecisa e acaba sorrindo.
— Tudo bem, se ela chorar é só me chamar — ela fala com um sorriso lindo de covinhas no rosto.
Ela se retira e segue para a cozinha onde a ouço mexendo nos utensílios. Sento na poltrona e observo a pequena Lara Sophia admirando e vendo como aquela pequena era muito bonita.