Episódio 3

1705 Words
— Eu sei o que parece, mas não é assim. Ele se virou para mim e me olhou diretamente nos olhos. — Percebi isso recentemente, quando conheci a filha do diretor do hospital. Eu não pude deixar de compará-las e então, eu sabia que você não é a mulher que eu preciso. Ao lado dela você perdeu. Ela me fez ver isso. Soltei metade do ar dos meus pulmões e contei até dez. — Sou o melhor cirurgião da Itália, preciso de uma mulher da minha altura. Que ele possa me acompanhar em reuniões e coquetéis com o pessoal. Jantares de trabalho, uma mulher charmosa e elegante. Uma esposa negligenciada, acima do peso e que não faz nenhum esforço. Eu apenas afundaria para chegar ao nível deles. Todo mundo te trata como te vê, Lena, e você se parece com a minha mãe. Olhei para o rosto dele, ele era tão bonito, alto e atlético. Era realmente minha culpa? Eu balancei a minha cabeça. — A verdade é que não poderia imaginar passar o resto da minha vida com alguém como você. Ele contínua. A minha frequência cardíaca se intensificou quando vi que ele me olhava com uma expressão desdenhosa e carrancuda. — Você é completamente desprezível. Ele nem sequer vacilou, tinha uma frieza clínica. Desgraçado. — Espero que você não consiga dormir à noite. Alex franziu a testa por um momento e imediatamente voltou a ter uma expressão neutra. — Nunca conheci alguém tão miserável e desprezível na minha vida. Cuspi com ódio. Ele se aproximou e eu o empurrei. — Você deveria ter pensado nisso há onze anos. Adiei a por*ra da minha vida inteira para ajudar você a realizar os seus sonhos porque estava apaixonada e confiava numa me*rda como você! Ele pegou os meus braços, quando entrei no apartamento. — Não me toque! Eu te odeio, eu te odeio! — Lena, pare com isso! Tenha dignidade! Para não morrer sufocado, respirei fundo. — Uma verdade incômoda é melhor do que uma mentira confortável. Eu ri friamente e estridentemente. — Foi assim que a va*dia dos vestidos de grife mandou você falar? Ele tentou me segurar pelos pulsos novamente. Por que dia*bos ele estava me tocando? Eu ia arrancar os seus braços. — Eu disse para você não me tocar! Eu explodi. — Desculpe-me por não poder ser uma mulher do seu nível! Desculpe-me por ganhar alguns quilos! Desculpe-me por não usar uma roupa nova toda semana! Desculpe-me por quebrar as minhas costas trabalhando para você! — Jamais esquecerei o que você fez por mim, mas agora preciso que você encontre um lugar para me mudar porque esse é o apartamento que os meus pais me ajudaram a alugar. Abri a boca para dizer alguma coisa, embora sentisse náuseas. Nesse momento. Alex olhou para cima, encontrando o olhar de desaprovação dos seus pais, dos nossos amigos e de Alba. Todos ficaram surpresos com o rumo que as coisas acabaram de tomar. Ele acabou de me expulsar na frente de todos e com a maior cru*eldade. Me dizendo coisas horríveis, me diminuindo como mulher. — Surpresa, seu porco miserável! Alba disse a ele, erguendo o copo. Alex procurou pelos pais e viu a mãe chorando desesperadamente. Ele se virou para mim, os dentes cerrados. — Por que dia*bos você não me avisou? Ele estava quase cuspindo fogo. Ele teve a coragem de se ofender. Ele não tinha ideia de como ele ia receber um soco, embora isso não importasse quando a motivação estava alta. Então fechei a minha mão e o meu punho pousou no seu rosto antes de perceber o que estava fazendo. Alex cambaleou, com sangue escorrendo do nariz. Ele levou as mãos ao rosto sem acreditar que eu tinha batido nele e eu... me senti ótima! Mais uma vez, ataquei ele, mas alguém me agarrou pelas axilas e me arrastou para o outro lado da sala. — Me deixa, vou quebrar a cara dele! Eu balancei e chutei o ar. — Isso é o suficiente, Mike Tyson. Eu estava histérica. — Por mais que eu gostaria de ver você quebrar a cara dele, é melhor irmos para minha casa. Você não merece passar a noite na prisão por um porco como esse. Três meses depois. Lena Professor D'Amico... Eu deveria ter imaginado que era ele, quando li o programa. A voz de Eros atravessou a sala de aula e veio até mim como num sonho, fazendo o meu corpo inteiro formigar. Não pude acreditar que o vi novamente, depois de tanto tempo, e menos ainda poderia imaginar que ele se tornaria o meu novo professor. A vida definitivamente deu muitas voltas. Nunca acreditei que a candidatura à uma bolsa me levaria de volta à universidade onde estudei os dois primeiros anos da minha licenciatura: a Universidade Nacional do Sul. Embora eu nunca tivesse suspeitado que estaria mais uma vez cara a cara com o homem por quem me apaixonei à primeira vista quando tinha apenas dezoito anos. Caramba, cara. Que mulher hormonal no mundo não faria isso? Já Eros sempre me viu como uma amiga e com o passar do semestre comecei a aceitar que é assim que seria. Apesar dessa aceitação, isso não mudava o fato de eu fantasiar com ele o tempo todo. O espaço dentro da sala de aula de repente começou a ficar pequeno e eu não conseguia tirar os olhos dele. Eu gostaria que não fosse tão fisicamente opressor. Como alguém conseguiu se concentrar com um professor assim? Eu não tinha ideia do que ele estava dizendo. Eu sabia que era uma introdução para começar com a agenda jurídico-penal. Eu só conseguia me concentrar nos seus lábios definidos e naquela voz levemente rouca. — Não há pragma se o resultado não puder ser atribuído como próprio a um sujeito ativo. Se não tenho autor ou não tenho cúmplice. Ele apoiou o quadril estreito na beirada da mesa e cruzou os braços sobre o peito. A camisa branca grudava no abdômen marcado e no peito musculoso que se contraía sob os braços. Ele desabotoou a gola da camisa com um movimento rápido do pulso e pude ouvir grande parte das alunas suspirar. Ele fez isso de propósito? — Não há pragma se eu não tiver um agente. O resultado deve poder ser atribuído a um sujeito e não podemos nos contentar com a mera causalidade. Ele sorriu arrogantemente. Com mera causalidade não teríamos limites para possíveis culpados. Ele levantou-se de repente e caminhou até a frente da sala. — Então, há autor, quando há domínio do fato. Um sujeito que toma as rédeas do sim e do como do fato. Esse é o nosso autor. Alguém pode me dizer como saberíamos se o sujeito estava nas rédeas da ação criminosa? A sua voz era estrondosa e profunda. Todas as cabeças se curvaram e o silêncio reinou na sala. Eu conhecia Eros D'Amico bem o suficiente para saber que ou ele estava com uma ressaca terrível, ou tinha passado uma noite agitada. Ele parecia exasperado, embora ainda fosse brilhante. Levantar a mão pode significar um interrogatório de meia hora. Não queria que ele me visse balbuciando, nervosa, depois de tantos anos sem nos ver. Eu também eu não estava bem arrumada, sem falar nos quilos extras. Então me encolhi atrás do garoto sentado na minha frente para desaparecer. O rosto de Eros era levemente bronzeado, ele tinha um queixo forte e traços viris. Olhos castanhos. O seu cabelo castanho ainda era espesso e parecia tão sedoso quanto eu me lembrava. O seu cabelo estava levemente desgrenhado, como se ele tivesse acabado de passar os dedos por ele depois de fo*der como um animal. Mais uma vez, perdi a noção do que estava dizendo ao me lembrar de todas as noites em que me toquei pensando naquele abdômen liso e marcado. Seria possível molhar-se com apenas uma careta e um movimento do pulso? Fechei os olhos, segurando a mesa e suspirei pesadamente. Embora possa ter sido um gemido. Então o garoto sentado na minha frente olhou para mim por cima do ombro e começou a rir baixinho. Então, Eros ouviu e pigarreou num tom baixo e imponente que me abalou profundamente. — Senhor... Ele o chamou e ele se virou para encará-lo quando percebeu que havia sido pego em flagrante. — Você poderia me lembrar do seu nome? — Letton. Ele respondeu, recostando-se preguiçosamente na cadeira. — Sr. Letton, o senhor parece estar se divertindo na aula. Então suponho que não será um problema se eu explicar como sabemos se o sujeito tem controle do fato. O cara pensou nisso por um momento, nervoso com o olhar de todos sobre ele. — Acho que antes de saber se houve dominação, tenho que analisar se houve fraude. Ele respondeu e Eros sorriu para a vítima. Então eu inclinei a minha cabeça. — Você não poderia primeiro estabelecer se existe uma tipicidade objetiva e sistemática? Letton, engoli em seco e eu pude ouvir de onde estava. — É algo que um estudante de pós-graduação como você deveria ser capaz de responder facilmente. Ele subiu os degraus e eu cavei as unhas na mesa enquanto o observava se aproximar. Eu ia me ver e podia sentir os meus músculos se transformando em água. Eu parecia horrível, enquanto ele era a personificação de um deus grego esculpido em mármore. Como era possível que a idade o tornasse ainda mais impressionante? — A menos que ele esteja distraído com um assunto mais interessante... Ele parou quando me viu. O silêncio ficou denso na sala de aula e Eros estreitou os olhos, focando em mim com tanta insistência que ninguém perdeu. Logo pude ouvir os murmúrios dos meus companheiros se espalhando na velocidade da luz. As quinze pessoas que estavam lá se viraram para me ver, inclusive Letton, o garoto de ombros largos que acabara de ser atacado por causa daquele gemido inconsciente que fiz. Uma loira sentada na frente deu uma risadinha. Porém, ele continuou a me observar insistentemente até que me senti como um coelho encurralado por uma raposa. ‎‌​​​‌‌​​‌‌​‌​‌​​​‌​‌‌‍
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