Capítulo 4 – Debora

1143 Words
Hoje se inicia uma nova vida para mim, eu sei que tenho que esperar o tempo passar, pois, eu não posso sair desse morro. Caso eu faça isso, eu tenho certeza que o Camilo vai me encontrar e eu preciso esperar a poeira abaixar. Sandy me falou que aqui nesse morro tem lugares que posso trabalhar e estou vendo como faço. Despertei animada para conhecer as coisas. Tomei um banho relaxante e vesti uma camiseta curta branca e um shortinho jeans. Solto meus cabelos e olho-me no espelho. Caminho para a sala e encontro a Sandy, ela estava sentada no sofá tomando café. Ao me ver ela diz. — Nossa! Minha amiga é muito linda. — Diz sorrindo. — É assim que as mulheres daqui se vestem? — Pergunto sorrindo. — Sim, na grande maioria. — Abro um sorriso. — Amiga, eu posso caminhar um pouco? Eu preciso respirar, vou aproveitar para comprar pão. — Abro um sorrindo. — Vá pela sombra e cuidado. O morro tem Dono, eu volto a te avisar. — Diz e eu balanço a cabeça confirmando. Saiu da sua casa e sigo. Enquanto caminho pelas ruas sinuosas e íngremes do morro, sinto o calor do sol tropical no meu rosto. As casas coloridas e vibrantes ao redor formam um cenário pitoresco que sempre me faz sentir em casa. Hoje, estou a caminho da padaria local, uma pequena loja que se tornou um ponto de encontro importante para a comunidade. Ao chegar lá, sinto o cheiro delicioso do pão fresco que acabou de sair do forno. A simpática senhora por trás do balcão me cumprimenta com um sorriso caloroso enquanto escolho um pão bem quentinho. — Bom dia minha linda jovem. — Afirma sorrindo. — Bom dia senhorita, pode escolher. Sua amiga Sandy ama pão de leite. — Pode colocar 5 reais. — Afirmo. Com o pão embrulhado cuidadosamente em um saco de papel, começo a minha jornada de volta para a casa da minha amiga Sandy. Enquanto desço as escadas de pedra do morro, posso ver o oceano reluzindo ao longe. É um belo lugar, eu confesso. Chegando à casa de Sandy, abro a porta e a encontro sentada no sofá do mesmo jeito que a deixei. — Amiga! — Sandy se aproxima de mim. — Oi, minha amiga. — Não precisava se preocupar com o pão. — Ela abre um sorriso. — É o mínimo que posso fazer, pois você me acolheu aqui. — Digo sorrindo. — Você é como uma irmã para mim. — Fala e me abraça. — Eu acho esse morro um lugar tão lindo, as casas coloridas, a vista. É um belo lugar. — Falo e ela confirma. — Eu acho o mesmo, o problema desse lugar tem 1,80, os braços cobertos de tatuagem, corpo escultural e olhar penetrante. — Ele é o chefe? — Pergunto. — Sim, todos chamam ele de Fera. Ele é poderoso, faz parte do Trio do Terror. — Ela diz me assustando. — Trio do Terror? — Indago. — Sim, Fera, Capitão e Playboy. São os irmãos que comandam o CV. Fera está a frente do Vidigal, Capitão comanda a Rosinha e o Playboy comanda o Alemão. Esses três são gostosos e sarados, mas são pessoas ruins, eles não são capazes de amar a nada, nem a ninguém. — Fala me olhando. — Eu quero distância deles três. Eu imagino o quanto devem ser m*l. — Abro um sorriso amarelo. — Os outros dois você não vai ver muito, mas pode se bater com o Fera, por isso eu estou dizendo para andar nas sombras e ter cuidado. — Adverte. — Não se preocupa, vou correr dele. Do jeito que você está falando, eu fico morrendo de medo. — Abro um sorriso. — Não é exagero, aquele homem é o d***o em forma de pessoa. As mulheres do morro se rastejam os pés dele e se envolver com ele é loucura. A Denise se tornou uma drogada, repassada por muitos homens. Acho que ele tem prazer em orgia. — Diz e eu estremeço. — Eu o quero bem longe de mim. Eu sou a garota mais inocente do mundo, não tenho nenhuma experiência e ele é o próprio demônio. — Digo sorrindo e nesse momento a campainha da casa toca. Sandy se levanta para atender e um homem de 1,75, pele escura e rosto m*l-encarado passa por ela e diz. — Bom dia, Sandy! A Ariel está aí? — Pergunta e ao entrar olha nos meus olhos. — Ou Ariel, o chefe está chamando. Suas palavras fizeram eu errar as batidas do meu coração. “O homem m*l quer falar comigo. Eu não vou, tenho medo, só o que faltava na minha vida.” Penso enquanto a Sandy diz. — O que o Fera quer com a minha amiga? — Sandy questiona. — O chefe lhe deve satisfação, Sandy? — Pergunta e ela se cala. — Levanta, Ariel. — Rosna me puxando pelo braço. — Espera, você está me machucando. — Digo nervosa. —Amiga, fica calma, eu vou ligar para o Sombra e ele vais e arrepender. — Sandy afirma. — O chefe é o Fera, eu cumpro ordens e ele fico interessado na ruivinha. — Ele diz me pegando de surpresa. — Amiga, o que eu vou fazer? Eu não vou. — Afirmo. — Ariel, acho bom não desafiar o Fera, ele tem coragem de vir atrás de você. — Diz o homem. — Amiga, o que ele quer comigo? — Digo nervosa. — Não sei, vou ligar para o Sombra. — Ela afirma. — Não precisa ligar para mim, eu estou aqui. — O homem de 1,80 aparece, ele tinha o corpo coberto de tatuagem e o cabelo platinado. — Amor, o que ele quer com ela? — Pergunta. — O Chefe gostou da Ariel. — Diz e eu olho para Sandy. — Meu nome não é Ariel. — Digo abaixando a cabeça. — O chefe te chamou assim, ele quer te ver e eu tentei impedir, mas não conseguir. — Eu não vou. — Afirmo cruzando os braços. — Ou ruivinha, pare com essa marra, não coloque ela com o chefe, pois ele mata por muito pouco. — Diz o homem que veio para me levar. — Cabelinho, eu a levo. — Diz o Sombra. — Não, eu vou levar e chega de papo. Vamos, Ariel. — Diz me puxando pelo braço. — Me solta, eu não vou. — Digo nervosa e ele me dar uma tapa no rosto. — Cala a p***a da boca que eu estou perdendo a paciência. — Rosna e eu toco meu rosto. — Você me bateu. — Digo chorando. — O sistema na favela é bruto, eu não tenho paciência e o Patrão mata. Não tente desafiar ele. — Afirma e segue me arrastando pelo morro a fora.
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