— Porfavor ! Porfavor ! Pare ! Porfavor — a voz soava em um fio lamento. O homem de olhos saltados e terno caro, com sangue escorrendo em sua boca e o manchando não aguentava mais. — Eu juro que não sei ! Eu juro... — E por mais que suplicava pela vida não sendo nenhum momento atendido. Tudo que ele recebia de resposta era olhos vermelhos sanguinários por de trás de uma máscara preta de ferro que somente reluzia em seus detalhes prateados nas laterais. Cravados como espinhos de rosas. Assim com também espinhos era cravados em sua pele, por uma corrente que o amarrava a cadeira de espinheira. — Eles também a temem ! Eles também temem a garota. A Corte Suprema somente quer protege-lá. — e como o silêncio não era uma resposta que garantia a sua vida, ele continuou porém sua resposta parecendo atingir pela primeira vez o homem a sua frente, ele sente um soco, e em seguida outro por luvas de couro que sequer permitiam seu algoz manchar sua mão.
E quando o homem parou, o conselheiro apenas lutava por um mínimo de consciência.
— Sabe, e sempre assim ! As pessoas a beira de sua morte com suas suplicas ! Seus apelos e medos repetem sempre as mesmas palavras. — o seu algoz sibilou parecendo entendiado. — Não é minha culpa ! Não sei onde está ! — a voz grave do homem ressoava no ambiente escuro que sequer conselheiro sabia onde era. — usando seus últimos recursos apenas para voltar para suas vidas miseráveis. Eu entendo — o seu algoz abaixou a sua cabeça se mostrando um pouco na luz o encarando com olhos sanguinarios — Isso não é culpa sua ! O sangue agora em seu corpo somente é o suficiente para lhe dar oxigênio, não para fazer você pensar. — o bruxo se levanta da cadeira e começar passar a sua varinha entre os seus dedos escondidos por sua luva preta de couro. Era as vestes de um assassino com certeza. — E por isso não me deu respostas sensatas que garantiriam a sua vida. — o conselheiro tremeu. — Era isso que estavam fazendo naquela fita com aquela criança portadora de malignus ? A protegendo ? — a cabeça do conselheiro deitou para a frente e ele se esforçou para olhar para o lado, onde uma criança na faixa de doze anos olhava para a câmera assustada.
— O Malignus no corpo dela matou trinta decadentes e três intermediários. Nos... nos tentamos fazer tudo que pudermos para salvá-la. Mas ela não resistiu. Nós tentamos ! Realmente tentamos !
— Tentaram ! — um risada grave soou por trás da máscara que resguardava o rosto do bruxo a sua frente. E apesar da risada, o homem pareceu ter contentamento com as resposta do conselheiro. Como se aquilo fosse o suficiente para matá-lo.
E isso ficou claro para o conselheiro quando o homem levou a mão em seu rosto e retirou sua máscara.
— Você ?! — o homem paralisou pasmo ao encarar figura masculina a sua frente. Com sua capa imponente caida sobre os ombros largos, seus olhos vermelhos escarlate como de um demônio e veias saltadas em todo seu rosto pálido. Devil Domini. — Porfavor senhor Domini ! Porfavor me solte. Você conhece minha família. Eu tenho filhos... eu tenho uma filha. Porfavor. — o homem se debulhou em lágrimas. E desespero desapontou seu rosto. Pois agora sabia que não estava na presença de um mero assasino, mas de um Cavaleiro do Caos.
— Lamento Arlo ! Mas você viu meu rosto. — Devil uniu as sobrancelhas em uma expressão fria. — Mas não se preocupe, darei minhas condolências a sua esposa. — jogou sua varinha no alto, pegou de volta em sua mão e lançou um feitiço contra o homem, tirando no mesmo momento a luz da vida dos olhos do conselheiro.
☆ ~ ★
Lyra olhava seu reflexo no espelho impactada, o vestido havia caído sobre medida. Cada detalhe se encaixava perfeitamente e a cor azul como o luar vez ela agradecer o bom gosto da Sra.Brown. O cardigan que chegava apenas um pouco abaixo de seu peito, tinha um laço preto delicado em seu pescoço, e quase fez ela esquecer para onde estava indo. Mas ela logo se lembrou quando desceu a escada e encontrou seu padrinho que ja esperava no fim.
Ele estava vestindo um terno sem gravata, com sua barba pela primeira vez bem feita e sorriu ao vê-la. Talvez pelo fato de ela estar pela primeira vez com o cabelo tão bem penteado.
— Olha só ! Já temos nossa pequena distração. Quem vai ser o sã juiz que irá dizer não para esse sorrisinho. — Gael brincou apertando suas bochechas em vã tentativa de deixa-la mais animada. Na verdade ela estava preocupada, sequer havia dormindo a noite, só possibilidade de perder aquilo que ela tinha como família lhe atormentava. E ela por algum motivo sabia que ele também estava, mas ele não demonstrava.
— Estamos todos prontos ? — Pergunta Hermes ao lado de Zoe, que estava com vestes pretas coladas no corpo e um sobretudo que tinha o brasão de uma águia sobre o sol. Lyra já tinha visto aquilo ! Era o símbolo da Corte suprema. Zoe estava vestida como agente, parecendo pronta para qualquer ataque, que fez Lyra perceber que nem mesmo a ida dela era muito segura.
— Sim ! — Responde Gael. — Senhor Cravon o senhor pode chamar Arthur. — Seu irmão também era uma testemunha, e quando o mesmo desceu trajado de um terno marrom que Lyra não achou nada elegante, uma carruagem parou atrás da casa, e Lyra seguiu para os fundos, onde não somente tinha a carruagem, mas outras mulheres vestidas igualmente a Zoe.
— Nós iremos fazer resguarda em linha de águia. — informa Zoe e Lyra ainda sem atender o porque de haver tanta gente apenas para acompanhar ela e seu padrinho na corte entra na carruagem, onde seu irmão entra logo atrás.
Estando em uma carruagem, Lyra primeiro pensou que era mas segura do que uma vassoura, mas quando Barbarosa se colocou na frente dos cavalos e gritou algo que ela não conseguiu ouvir, Lyra apertou a mão do irmão, ao ver os cavalos como se pisassem em nuvens levantar voou.
— Não se preocupe ! Os decadentes não estão enxergando a gente. Estamos invisíveis. — Fala Arthur. E não era bem com isso que Lyra estava preocupada, mas deu um sorriso sem mostrar dentes e resguardou sua mão na barra de seu vestido.
Tudo que Lyra via era nuvens e raios repartirem sobre elas. Nada era visível na altura que estavam e por isso ela começou a focar um pouco no padrinho ao lado de Hermes. Gael olhava absorto para a janela, parecendo não emitir nenhuma reação ou terror do que estava por vim, a única reação que ele expressou foi quando chamou ela e Arthur e mostrou a ponta da Corte suprema que como agulha furava as nuvens ao indicar a onde todos os intermediários poderiam se proteger do mundo decadente, ou pelo menos assim que devia ser.
Quando a carruagem aterrissou a única coisa que Lyra sentiu foi um leve tremor, que não a surpreendeu da mesma forma que ela se surpreendeu ao se dar conta de onde havia pousado. A carruagem havia aterrissado, ou melhor estacionado em uma rua movimentada e cheia de decadentes que sequer pareceram notar a presença dos cavalos que soltavam fumaças pelos narizes. Havia tanta gente e tanta gente apressada que Lyra ficou tonta sendo acudida pelo padrinho, que colocou o braço em seu ombro a puxando um pouco antes de uma bicicleta passar veloz a onde ela estava e disse :
— Bem vindo a Nova York pestinha. — Lyra deixou cair o queixo não conseguindo acreditar em tudo que estava vendo. Havia carros que buzinavam alto, pessoas correndo apressadas com copos de café e pastas para todos os lados, e prédios tão altos que ela não conseguia enxergar o fim. E no meio disso tudo, havia pessoas com capas bufantes, senhoras de chapéus pontudos que sequer pareciam ser notados pelos decadentes.
— Padrinho, eles não nos veem ? — pergunta a garota curiosa olhando para uma senhora falando no telefone que passou do lado dela sem sequer cumprimenta-lá.
— Não querida ! — Responde Gael. — está vendo aquilo dali. — Gael diz apontando para uma haste no final de um prédio tão grande que subia as alturas no final da rua, que se destacava por ser bastante brilhante. A haste era dourada e Lyra somente lembrou dela, porque viu na carruagem. — Aquela haste dourada e um reflexo, são espelhos mágicos que dividem o nosso mundo do mundo decadente e nos torna invisível até uma certa distância. — Explicou Gael e Lyra sorriu achando tudo incrível. Nunca havia visto tanta coisa mágica em toda sua vida. Tanto no mundo intermediário como no mundo decadente.
Ela estava encantada e por isso Gael precisou segurar a mão da afilhada enquanto seguia pela Empire State em direção ao prédio de grandes vidraças iluminadas.
A garota parecia pequena ao lado de tantas pessoas e por isso o lobo ficou aliviado quando passou na porta giratória com a garota presa em sua mão ainda. Não havia a perdido.
Quando Lyra entrou oque ela viu foi um grande um lustre que fez ela levantar o rosto encantada sequer notando os olhares em sua direção. Na sua frente no final da sala havia dois elevadores, um com uma porta escura e outra clara e em seus pés além de um círculo dourado com uma árvore de raízes amostras, tinha uma grande escadaria que parecia levar para abaixo do prédio, fazendo Lyra olhar curiosa na direção do lugar, ganhando um carranca feiosa de dois brutamontes que pareciam vigiar a entrada. Oque tinha ali ?
Lyra não teve respostas, pois seu padrinho a puxou e seguiu parando na frente do elevador de cores escuras que tinha uma descrição acima que fez Lyra se arrepiar. Inferno.
— Céu ! — Lyra olhou para a porta clara. — Inferno ?! — E concluiu com uma expressão assustada engraçada em seu rosto.
— Vai descobrir com tempo Lyra que intermediários são mais suspertiosos do que imagina. São zombadores suspertiosos. — Gael responde não deixando Lyra muito calma com aquilo, mas mesmo assim a menina entra no elevador ao lado de Gael e Arthur ao lado de Hermes e a frente Barbarosa e Zoe.
Quando Zoe apertou os botões, que Lyra espiou para tentar ver qual, ela apertou a mão do padrinho, se lembrando de que havia tomado seu café, mas quando o elevador começou apenas descer, ela respirou aliviada.
Ótimo ! Esse pelo menos não ia para os lados ou para a todas a direção.
Mas quando as portas do elevador se abriram, Lyra sentiu todo o seu ar ser preso novamente em sua garganta.
Era um corredor extenso com mármore tão branca que reluzia, mas não foi isso que fez Lyra fechar as pálpebras, dezenas de flash's atingiram seu rosto e vozes distantes começaram a gritar o seu nome e de seu irmão.
— Lyra !
— Lyra !
— Lyra !
Ela não sabia para onde olhar, sua cabeça doía e somente conseguiu andar, graças a Gael que começou a puxar sua mão, e Zoe e Barbarosa, que chamando os demais agentes pelo seu brasão começou abrir espaço para ela passar junto com o padrinho. Quando os flash's finalmente cessaram uma porta dourada bateu atrás de si, e Lyra se encontravam em saleta, com intermediários de vestes chiquérrima e homens e mulheres com capas vermelhas.
— Isso é oque ? Estamos comemorando um baile de inferno e não me alertaram. Podia ao menos nos dizer que eu e meus sobrinhos eram os principais convidados. — Gael falou irritado chamando atenção de um senhor careca, com capa vermelha e um livro em mãos que ele fechou assim que viu o lobo.
— Me perdoe Gael ! Mas a Corte não os controla. Estamos vivendo sobre o caos desde de que foi requisitado o testemunho de seus afilhados. — Rebate o homem parecendo até muito cortês.
— Sem dúvida foi a corte obscura que os alertaram. — Uma mulher de cabelo loiro se aproxima — Aqueles tiranos ! Sem dúvida quiseram gerar o caos para desequilibrar as testemunhas.
— Como disse senhora Ignata. — E nesse momento, vindo da porta contrária a que Lyra entrou, um senhor com porte elegante capa esverdeada adentra o local, pressionando um olhar pesado sobre a mulher que não se intimidou. E vindo logo atrás dele, estava alguém que Lyra não esperava.
Vestido de um elegante terno preto, sobre medida, com uma capa esverdeada feita do mais fino linho e um cedro em mãos que apertava com luvas pretas de couro estava Devil Domini. Ao lado de Georgius Villin e a mulher loira esguia que Lyra já havia visto uma duas vezes. Araceli.
Após isso oque preocupou Lyra não foi os olhos do magistrado de capa esverdeada, mas sim o do Devil, que mesmo ela estando atrás de seu padrinho a encontrou e ficou a olhando fixamente. Praticamente tirando todo seu ar.
— Tantas câmeras ? Não é uma incrível coincidência estarem por aqui justamente hoje. Pelo oque me lembro senhor Fignam a audiência de hoje era secreta, para própria segurança das crianças. — Rebate Ignata cruzando os braços e fechando seus lábios muchos.
— Estou curioso ?! Do que as crianças precisam ser protegidas ? — pergunta o intermediário com claro cinismo. — ela estão sobre a proteção da Corte e garanto que enquanto estiverem aqui nenhuma m*l os afligirá. Mas se tiver alguma prova contra essa corte, temos uma audiência agora. Terá a voz devida. — e conclui magistrado desfiando a mulher de lábios secos e por fim adentrando em uma porta escura ao lado que se fechou logo após a entrada de Devil, que quando passou perto de seu padrinho, o encarou com uma irá latente, que garantiram para Lyra que o bruxo das trevas não estava ali para ser apenas um convidado.
— Vocês estão prontos ? Não irei obriga-los a entrar naquele lugar se estiverem prontos. — Gael pergunta se ajoelhando na frente de Lyra e do irmão.
— Eu estou pronta padrinho. — E Lyra fala firme antes que o irmão pudesse anunciar o seu desejo, com tanta certeza nos olhos que Gael se levantou e seguiu com afilhada.