CAPÍTULO QUATRO

2659 Words
A sala era uma arena circular. Bastante parecida com a Eclésia, porém invés de Cortes divididas, havia apenas duas. Obscuras e iluminadas. No lado direito os magistrados de capas vermelhas pertenciam as Cortes iluminadas e no lado esquerdo os magistrados de capas verdes pertenciam as cortes obscuras. No centro havia uma cadeira de ferro, com correntes nas laterais que deixou Lyra um pouca assustada, especialmente quando por dois brutamontes o seu padrinho foi encaminhado para cadeira. Lyra estava do outro lado, sentada ao lado direito de Hermes e seu irmão ao lado esquerdo do bruxo, perto das cortes obscuras estava Devil. O bruxo das trevas não conseguia parar de olhá-la, nem por um segundo. Observava cada detalhe de seu rosto, até mesmo a respiração da menina que subia e descia o seu peito. Ela estava linda ! E somente a presença dela fazia ele desejar limpar o sangue em suas mãos para poder tocá-la. Suas órbitas oculares praticamente a devorava de tanto desejo e por isso ele entendeu quando ela olhou em sua direção assustada. Primeiro ele viu seus traços delicados emitirem confusão, mas depois esses logo em seguida emitiram medo, que Devil compreendeu, estava a olhando como uma maldito obsessivo. De fato era isso que ele havia se tornado. Ela perturbou o seu sono durante todas as férias. Todas as noites, arrastou para fora da cama com sonhos tão obscenos que ele jamais poderia lhe contar, pois tinha certeza que a assustaria. Até mesmo sua alimentação foi testada, toda vez que sangue vinha em seus lábios, Devil ardia de desejo para provar o dela e não conseguia se saciar. Ela estava o enlouquecendo e isso era provado em suas atitudes naquele momento, que contrariava todos seus comportamentos calculados, fazendo até Barbarosa ao lado das agentes vestais, franzi o cenho. Até mesmo os assassinatos que antes tanto o divertia, agora somente entendiavam. Ele havia se tornado devoto e ela era sua religião. Maldito voto que lhe tirou a paz ! Agora sobre a mercê de uma garotinha que mesmo com medo o encarava com seu fino nariz empertigado sequer abaixando o seu rosto, ele se considerava um homem perdido. — A Corte obscura, sobre a ordem de Chaos promete um julgamento justo e íntegro para o réu Gael Le fay, filho de Cronos Le fay e Eriada Le fay, que está sobre a acusação de assassinato de Adam Levine Vandergard e Maia Rowan Vandergard em 1998 — Lyra sentiu vontade de se levantar para contrariar o homem de testa lambida e capa verde que se levantou do lado esquerdo, mas permaneceu em seu lugar. — A Corte iluminada, sobre a ordem de Reyna promete um julgamento justo e íntegro para o réu Gael Le fay, filho de Cronos Le fay e Eriada Le fay, que está sobre a acusação de assassinato de Adam Levine Vandergard e Maia Rowan Vandergard em 1998 — e Ignata repetiu sendo a voz da Corte iluminada. — Senhor Le fay ! — um magistrado esguio com nariz torto se levantou do lado esquerdo. — no outono do ano retrasado o senhor fugiu de Aragoz. E uma prisão excelente ! Pelo oque sei é quase impossível resistir às chamas dos dragões, mesmo dentro de suas celas. Como o senhor fugiu ? Obteve ajuda ? — pergunta o magistrado. — Não ! Eu não obtive ajuda. — Gael pareceu nervoso — Atravessei as grades da minha cela em minha forma elementar e enganei os dragões com o cadáver morto de um colega de cela. Como podem ver, não foi muito difícil. — responde seu padrinho e Lyra não poder deixar de notar o cinismo em sua voz que fez nariz torto do magistrado se contorcer. — E depois de fugir, foi direto para Academia. Quais eram seus propósitos com a escola ? — Ver em meus afilhados ! Eles precisavam saber a verdade. Precisavam saber que eu não era um assassino. — Gael respondeu com os olhos brilhando. — E seu primeiro contato foi com aluna Lyra Rowan Vandergard. Correto ? — pergunta o magistrado lendo uma ficha em mãos e Lyra não poder deixar de perceber alguns olhares m*l encarados em sua direção. Principalmente o de seu soberano que não parava de olhar para ela. — Correto ! Assim que eu vi, sabia que era ela. Tão parecida com Maia. — Gael sorriu com sincero gosto. — Ela o reconheceu ? — pergunta o magistrado e não somente Gael percebeu a presunção da pergunta. Devil notou os propósitos de sua Corte. Eles queriam colocar a menina como cúmplice. — Não ! — Responde Gael direto. — Eu apareci para ela em minha forma elementar e ela acreditou que era epenas mais uma criatura da floresta por isso me ajudou a tratar dos meus ferimentos. — Gael responde. Claro ocultando que a menina havia dado o seu sangue para curá-lo. — E quando ela descobriu que você na verdade era um fugitivo ? — Questiona o magistrado continuando o interrogatório em um tom provocativo. — Quando Rheia a atacou. Eu falei toda a verdade para ela e ela acreditou em mim. Foi a primeira a acreditar. — Declara Gael com um ar agradecido. — Curioso ? Mesmo ela sendo criada com a convicção de que você era responsável pelo assassinato dos pais dela, apenas suas palavras serviram para ela acreditar — o magistrado levanta uma sobrancelha incrédulo e Lyra novamente notar uma atenção de todos em sua direção. Porém estando ainda muitas perguntas com o fato do Círculo ocultar a sua criação, ignorou os olhares de todos. — Lyra é inocente e por isso é outros motivos julgo o crédito nela em minhas palavras. Não sou um homem bom senhores. E por isso tenho total certeza que se fosse outra pessoa eu não estaria aqui agora. — Gael responde sincero e Devil olha diretamente da garota. Inquieto é aborrecido por tal qualidade o preocupar com a mesma intensidade que o provoca. — E ela não acreditou diretamente em mim, ela somente permitiu que eu tivesse voz, Rheia fez todo resto. Ela mesmo se condenou perante a minha afilhada. — Se condenou ? Como a réu Rheia Serafim se condenou ? — e nesse momento Gael umidifica os lábios, vendo que se respondesse com exatidão, poderia colocar sua afilhada em perigo. — Minha afilhada questionou acerca das mentiras de Rheia para o meu afilhado. Sobre ela está presente quando a terceira vítima foi pega pela névoa. — obrigando Gael buscar logo uma resposta cautelosa em sua cabeça, que fez Lyra levantar uma de suas sobrancelhas, não entendendo porque o padrinho estava mentindo. — Então, Rheia caiu em suas próprias mentiras e revelou sobre a lua quem realmente era. Um monstro. — Ministro, meu colega de Corte se excede em perguntas contra o acusado. Eu gostaria de chamar as testemunhas. — E com isso Ignata se levanta a favor de Gael. — E quem seria a próxima testemunha senhora Aesterin ? — pergunta o Ministro que estava entre as duas Cortes. Com uma capa giz verde e óculos garrafa sobre o rosto. — O senhor Arthur Rowan Vandergard. — a mulher de cabelos encaracolados responde e os brutamontes praticamente arrastam seu padrinho para um canto afastado perto de uma estátua de uma mulher segurando uma balança e seu irmão que estava do lado de esquerdo de Hermes se levanta com ajuda de Zoe, que o encaminha para a cadeira. — Senhor Vandergard ! — a magistrada segura a sua mão na frente do corpo. — A quanto tempo conhecia Rheia, ou melhor Madeleine ? — Desde do meu segundo ano na Academia. — responde seu irmão. Uma resposta curta para tantas possibilidades de respostas. A verdade e que seu irmão encontrou Rheia após uma ida na biblioteca. A Wendigo por mera coincidência, estava com um livro importante sobre Cavaleiro do Caos. Livro que Madeleine pegou na biblioteca antes de Arthur. E o garoto precisava do livro para detectar ameaça que o novo magistrado colocado pela a Corte representava para aquele ano específico. Arthur procurou o livro e encontrou Madeleine. Uma bruxa de origem decadente aparentemente gentil e inteligente que acendeu seus olhos e por mera coincidência também suspeitava do magistrado. Era tantas coincidências que o Círculo se culpou por não suspeitar antes. Mas Arthur com tudo isso, apenas culpava a irmã, que fez sua vida virar do avesso desde que colocou seus pés no Círculo. — É muito tempo ! Em nenhum momento suspeitou do comportamento de sua colega ? — Pergunta a magistrada e Arthur por um momento parece pensar no que falar e responde : — Sim ! — Arthur diria não, mas seria vergonhoso para ele como um bruxo. — Quando Madeleine conheceu minha irmã. — mente o bruxo até mesmo surpreendendo Lyra. — Porque quando conheceu sua irmã ? Oque aconteceu que fez você suspeitar de Madeleine ? — Ela não gostava de minha irmã ! Não gostava da atenção que ela recebia e principalmente da nossa aproximação. — revela Arthur acendendo os olhos de Lyra, ao poder sonhar que talvez toda rejeição do irmão, se deva unicamente a Rheia. — E nenhum momento, pensou em falar com alguém de suas suspeitas ? — pergunta Ignata fazendo Arthur se contrair nervoso. Não queria parecer um t**o. — Muitos não acreditaram em minhas suspeitas no ano retrasado e por isso eu preferi por mim mesmo investigar, antes de declara-las. — Lyra franzi o cenho. Seu irmão não parecia está investigando Madeleine quando ele a atacou em defesa dela. — E essa atitude imprudente colocou todos em risco. — O homem de nariz torto se levanta do lado esquerdo ganhando uma expressão feiosa de Ignata. — Quero deixar claro que a atitude irracional do senhor Vandergard foi provocada unicamente por medo da perseguição dessa Corte aos herdeiros da família Vandergard. — contrapõem Ignata. — Perseguição ? Esclareça oque quis dizer com perseguição senhora Aesterin ? O cumprimento de leis e considerado uma perseguição para vossa pessoa ? — E uma discussão entre as duas Cortes parece se iniciar. — Se a lei tivesse relevância para essa Corte, nós não estaríamos aqui. Visto que foi dado mais de uma prova da inocência do réu Le fay, desde do momento que foi colhido o núcleo mágico da senhora Rheia. — Argumenta Ignata levantando a voz agitando a Corte de tal modo que o Ministro teve que intervir... — CHEGA ! — batendo com um pequeno martelo de madeira no palanque a frente, silenciando novamente as Cortes. — As partes querem trazer mais alguma testemunha a frente ? — Pergunta o Ministro arrumando o seu óculos garrafa no rosto. Ignata com seu rosto suado, acena negativamente, mas o senhor de nariz torto a esquerda, dar um sorriso fazendo os seus lábios se tornarem uma linha fina e responde. — Porfavor, venha a frente a senhorita Lyra Rowan Vandergard. — Nesse momento Lyra olha para as próprias mãos nervosa. Sequer consegue sentir suas pernas, mas se obriga a levantar com dois tapinhas nas costas de seu padrinho, Hermes. Devil ver a garota se movimentar com seus rosto escondido entre os seus longos cabelos, sequer ousando levantar os olhos, o bruxo das trevas ao vê-la tão pequena entre todos os olhares, não pode deixar de sentir vontade de arrasta-lá para fora daquela sala. Mas quando viu a garota sentar na cadeira um tanto sem jeito e levantar seus olhos cristalinos para todos como se por um momento tivesse todos em suas mãos, ele se deixou levar pela pequena grandeza da garota e se prestou a ouví-la. — Senhorita Vandergard ! — O homem sibilou seu nome em seus lábios finos. — Como és uma aluna da Academia imagino que tenha tido contato com Madeleine, e imagino pela as palavras de seu irmão não tenha sido um contato bom. — ele parecia brincar com as palavras. Não deixando somente Lyra nervosa, mas também o bruxo das trevas no lado esquerdo da arena, que percebia com clareza que o intermediário de sua Corte estava tentando conduzir a garota para uma armadilha. — Não sei ! No começo ela me pareceu legal. Me defendeu de uma senhora nariguda e nada elegante em suas palavras na Madame Flu Flu. — Responde a garota e Aracelli ao lado de Georgius encarar a garota indignada e cruzar as pernas, chutando os dois bruxos das trevas ao seu lado que a encararam confusos. — Então a senhorita era próxima de Madeleine ? — e como provando a suspeita de Devil, estava claro para todos que a Corte estava tentando fazer da garota uma cúmplice. Não importava qual dos lados. — Ela era namoradinha do meu irmão. Como eu não poderia ser próxima ? — Responde a menina e Arthur ruboriza. — Então a senhorita está dizendo que tinha uma amizade com Madeleine ? — Sim éramos amigas ideais ! Ela tentou me matar por ter um cabelo mais bonito do que o dela. Mas é claro ! Éramos melhores amigas. — Lyra atacar com seu sarcasmo fazendo o magistrado contorcer a sua face, e Devil da um mínimo sorriso de canto com atrevimento da garota que algumas vezes o divertia. — A senhorita por acaso como seu irmão também desconfiava de Madeleine ? — e mesmo com os foras da menina, ele não deixou de continuar sei interrogatório. — Não tinha sinais que me fizessem suspeitar ! Mas quando eu tive fui a primeira a desconfiar senhor. — Que tipo de sinais ? — O homem estreitou os olhos. — Bem, como o meu irmão falou ela estava junto a terceira vítima da névoa e também teve uma vez que eu toquei a mão dela e tive uma visão. Uma visão que achei bem esquisita, até entender tudo. — Lyra fala com um sorrisinho coçando seus cabelos deixando escapar mais do que o necessário para o terror não somente dos seus padrinhos que queriam que a Corte ficassem bem longe dos poderes da garota, mas também de Devil, que retorceu seu rosto frio com as palavras da garota. — Visão ? — os olhos do homem saltaram. — Está falando do dom da clarividência senhorita Vandergard ? —é uma gargalhada saiu pela sua garganta fazendo Lyra se encolher em seu lugar constrangida quando as gargalhadas começaram aumentar na arena. — Eu não sei senhor ! — Lyra responde sem graça — Era inferno quando eu toquei a mão Madeleine. E desde de então acho que vi ela entregando a cabeça de meus pais. Os traindo. — Lyra diz sincera e Devil ver naquele momento a sua hora de intervir, antes que Corte pedisse provas das palavras da garota. — Senhores como pode ver a senhorita Vandergard tem um talento não tão excepcional para mentiras. Algo que eu como seu soberano é professor posso provar. — Devil se levanta perante a Corte com sua forte imponência trazendo os olhares de todos para si. — Clarividência e um dom elementar que exige anos de experiência de um intermediário e não cabe nas descrições da garota. O mais provável nessa situação é que a garota esteja acobertando alguém em específico. — Devil conclui pesando seu olhar diretamente para Gael, deixando a menina na cadeira furiosa. — NÃO É MENTIRA ! — Senhorita Vandergard, está acobertando alguém ? — pergunta magistrado obscuro aproveitando a oportunidade para levantar dúvidas na arena, que se ativou com muitas vozes. — Não estou acobertando ninguém ! Estou falando a verdade. — Rebate a garota se levantando com suas mãos fechadas ao lado de seu delicado vestido, furiosa. — Senhorita Vandergard, quero deixar claro que acobertar um réu não é uma atitude prudente. — Lembra Ignata apesar da desconfiança em um tom brando. — Chega ! — E novamente o Ministro bate o seu martelinho de madeira fazendo Lyra morder os lábios com o irritante som. — chame a última testemunha ! A senhora Rheia Serafim.

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