A água foi aos poucos acalmando Kauan e ele permitiu que Eduardo o lavasse de forma superficial, pois ele ainda sentia um leve torpor causado pela bebida, o que tornava custoso ficar em pé sem ajuda. Por isso, Eduardo queria levá-lo logo para a cama. Enxugou-o com delicadeza e sob seu olhar vigilante e sem timidez, ajudou- a se vestir, tendo se vestido antes, de forma improvisada, e o deitou na sala. Ele esperou em silêncio, sem resistir, permitindo que Eduardo cuidasse dele.
Deu-lhe algo para comer e para beber. Aceitou tudo sem reclamar e sem mencionar o jovem sem nome que tanto o atormentava.
— Vem. Agora vamos pro quarto. — Eduardo chamou, pegando em sua mão. E ele foi sem reclamar.
— Deita. — o jornalista disse quando entraram, percebendo uma hesitação de Kauan, que não sabia o que devia fazer e já sentia as primeiras pontadas de culpa e vergonha. Ele se deitou e Eduardo foi em seguida, mas não se deitou por completo, ficou de lado, observando aquele garoto deitado em sua cama, que olhava pra ele com olhos atentos, apreensivos.
— Tá mais calmo? — ele perguntou, fazendo um leve carinho com o dedo no rosto de Kauan.
— Tô... desculpa. — ele já se sentia m*l.
— Shh... — Eduardo colocou os dedos em seus lábios. — Você não tem que pedir desculpa. Você não fez nada... Tô feliz que tá aqui, quentinho e seguro comigo. — sorriu no final, arrancando um sorriso aliviado de Kauan, que soltou junto o ar preso.
— Eu quero te falar uma coisa. E queria que você não estivesse mais bêbado pra ouvir... acho que agora você está um pouco melhor, né? — perguntou, em tom leve.
— Aham... — Kauan sorria.
— Você promete que fica quietinho enquanto eu falo? Que espera eu falar tudo? — perguntou docemente.
— Aham. — ele respirava fundo, ansioso, com medo.
— Eu fiquei empolgado quando soube que o veria. Fiquei mesmo. — ele falava baixo, pausadamente. — Eu não sabia direito o porquê, já que eu sabia que não ia ficar como ele nem nada. E eu nem queria, na verdade. Mas a ideia de encontrar com ele me deixou animado. — ele falava, enquanto Kauan o olhava, já sentindo o coração bater forte, de um jeito r**m, desconfortável.
— A minha outra fonte, a mulher, teve que ir depor na delegacia de crimes digitais, quase foi presa. — Eduardo continuou. — Por isso eu tive que me encontrar com ele, porque de algum modo a polícia conseguiu saber que ela entrou em contato virtual comigo. Por isso também os celulares novos... Acho que para evitar que mais alguém fosse pego, eles me passaram o resto das informações em papel, impressas. Uma mulher me abordou na padaria enquanto eu tomava café e me entregou um papel onde estava escrito o local, o evento, a hora exata que eu tinha que estar no banheiro e com quem. Isso eu já tinha te explicado por cima. Então eu sabia que me encontraria com ele. Mas no papel dizia para eu ir acompanhado, não dizia com quem. Então eu tinha que levar alguém... eu não sabia por que, não sabia se me deixariam entrar sozinho... enfim... eu poderia ter levado qualquer outra pessoa... poderia ter levado a Dri, o Rafa, minha mãe, qualquer um... mas eu quis levar você. Eu escolhi levar você. — lágrimas quiseram brotar nos olhos de Kauan, mas ele se mantinha resistente. Queria ouvir até o fim sem parecer fraco.
— Eu sabia que ele ainda achava que você era meu namorado... todo mundo acha... e eu não me importei. Entende? Se eu quisesse ficar com ele, impressioná-lo, como eu já quis, eu não teria levado você. Eu teria dito pra ele que terminamos. Mas eu não disse. Eu fui com você como meu namorado. Para todos que estava ali, d ded para o mundo, você era o meu namorado. Eu fiquei nervoso quando me encontrei com ele no banheiro. Eu fiquei bem perto dele, cara a cara, e eu posso te garantir, Kauan, por mais ansioso que eu tenha ficado, por mais nervoso que aquilo tenha me deixado, por mais instigante que pudesse ser aquilo tudo, eu não quis beijá-lo. Eu não quis ficar com ele. Eu não me importei de saber que ele saiu dali e foi direto para os braços do namorado, porque eu queria ir pra você... porque eu tinha você me esperando... e era com você que eu queria terminar a noite. — ao dizer aquilo, percebendo que o rapaz embaixo de si tentava controlar uma pequena implosão, Eduardo o beijou na boca, devagar, para acalmá-lo. Para selar o que havia dito e para dizer sem palavras que tudo estava bem. Afastou-se dele, e ficou em silêncio, para que ele pudesse falar se quisesse. Por um tempo ele não quis, não conseguiu. Mas quando as emoções foram dominadas ele balbuciou o que pôde.
— Eu fiquei com tanto medo, com tanta raiva... com tanto ciúme. —susurrou, bem de perto como estavam.
— Você não precisa ter medo... Ele tendo ou não namorado, Kauan, era só você que eu queria beijar. — Eduardo completou, antes de voltar a unir seus lábios e após secar com os dedos a emoção que Kauan não conseguiu conter e que escorria pela sua pele.
— Eu não queria te dar trabalho. — falou, quando seus lábios se afastaram.
— Você não me deu trabalho...
— Claro que dei... — falava choroso.
— Você acha que te trazer pra cá, te dar banho e te por na cama é algum trabalho? — Eduardo sorria.
— Claro...
— Ah, Kauan, como você é bobo, vem cá, deita aqui pertinho... vem me dar trabalho aqui. — brincou Eduardo, deitando-se de lado de levando Kauan para perto dele. — Quero te encher de beijo...
— É verdade o que você falou? Vocês não se beijaram no banheiro? — perguntou, fazendo charme.
—Claro que não! Eu só quero beijar essa boquinha linda sua... — ele fazia Kauan se derreter ao ouvir o que dizia. E, de súbito, levantou-se e pôs seu corpo sobre o do jornalista, beijando-o com desespero. Não só sua boca, mas também seu pescoço.
— Calma, meu anjo...deita aqui... —ele pediu, já que ele m*l tinha se recuperado da bebida que tinha ingerido.
— Eu não quero... quero ficar aqui... deixa eu ficar aqui? — pediu com jeitinho.
— Deixo... — Eduardo respondeu sorrindo.
— Eu posso ficar aqui sem roupa? — Kauan perguntou.
— Aqui em cima de mim? — ele quis saber com precisão, percebendo o jogo.
— É...— respondeu manhoso.
— Pode... fica peladinho, então... em cima de mim. — ele falou. E Kauan tirou a roupa que tinha sido recém-colocada. Tirou tudo. E se sentou sobre as pernas de Eduardo que já estava duro, vendo-o todo nu, disponível para ele. Curvou- se para beijar a boca do jornalista que permaneceu deitado, apoiado com a cabeça no travesseiro, ficando levemente elevado. Kauan beijou-o com carinho, apaixonadamente, permitindo que suas mãos passeassem livres pelo seu corpo desnudo.
— Eu quero ficar sentadinho em você... eu posso? — pediu em seu ouvido, consciente do efeito que que causaria.
— Pode...mas quero ver você colocando ele pra fora. Você coloca pra mim? — Eduardo perguntou devassamente.
Sorrindo, ele se afastou um pouco, puxou a calça e a cueca do jornalista e liberou seu m****o.
— Quer pôr na boca primeiro?
— Eu posso? — perguntou quase ingênuo, propositalmente inocente.
— Claro... — ele falou, ajeitando-se para vê-lo.
— Olha pra mim... — pediu.
Kauan ainda não estava totalmente recuperado do efeito da bebida, do efeito louco que as palavras de Eduardo tinham causado nele e dos efeitos do ciúme que tinha sentido mais cedo. O resultado era um desejo quase incontrolável de ter o jornalista dentro de seu corpo por muito tempo. Uma vontade quase fisiológica fazia seu corpo implorar pelo dele de maneira telúrica, como se todos aqueles sentimentos e emoções tão diferentes sentidos num único dia fossem parte de um único organismo que pulsasse cônscio de si, ainda que parecesse fortuito, eventual, contraditório. Era como se tudo aquilo fossem partes iguais, mas separadas, de uma mesma coisa que ali, naquele momento, ele via unificada, coesa. Ali, sentado em Eduardo, com ele agora dentro de si, olhando em seus olhos, toda aquela bobagem, aquela estultice pregressa estava pacificada. As coisas faziam sentido, e perdiam o sentido. Ao mesmo tempo. Era o mundo todo posto nos movimento dos seus quadris, enquanto ele se permitia ser penetrado pelo homem que amava.
Inebriado por um perfume de sândalo suave que percorria o quarto, Kauan entrava em transe tal qual um dervixe rodopiante, enquanto era suavemente invadido por Eduardo, sentindo-o tão profundo dentro de si, que sentia como se levitasse, não fosse a dorzinha da posse física se tornar tão presente, tão carnal aquele encontro, dor tão física que se fundia com a sutileza tão tênue e etérea do prazer daquele encaixe, embalado pela sua libidinosa e luxuriante dança luxuriante, que imitava os movimentos do próprio universo. Era como morrer. Como ter uma morte boa e indolor.
Eles não souberam como ou quando aquilo terminou. Talvez tenha levado a noite toda. Talvez o tempo tenha sido percebido de forma diferente por cada um. Talvez ele tenha parado. O que sabiam precisar é que acordaram nos braços um do outro pela manhã, ambos nus e felizes, como tinha de ser.