2- Farsa

3718 Words
Erica e Andrei já tinham revirado todos aqueles arquivos incontáveis vezes e nada comprometedor além daqueles dois e-mails havia sido encontrado. Talvez se Andrei não tivesse apagado todas as imagens eles teriam mais material, Erica pensava com raiva. Sob a justificativa de preservar a privacidade de inocentes e conhecendo os ímpetos de Erica, ele apagou antes que ela visse. Ele não levou em conta, porém, que apagara também prints que poderiam ser reveladores. Erica ficava enfurecida quando lembrava, porque aquela era, possivelmente, a grande operação de sua vida. Como não tinha mais nada nos arquivos, Andrei já havia desistido de procurar por pistas, mas Erica não. Ela era meticulosa, persistente e sabia que poderiam ter deixado alguma coisa passar. E foi pensando assim que ela resolveu abrir todos os e-mails, mensagens e arquivos mais uma vez, não apenas os de trabalho. E bingo! Um contato salvo como filha era na verdade outra pessoa, ela só precisava descobrir quem. Havia pelo menos dez e-mails trocados entre eles, que indicavam transações entre o partido político e a Emissora X. Algumas conversas eram meio codificadas, mas em outras se entendia com clareza a transação comercial que tinha como intuito vender ideologicamente o país. Ficou numa euforia desesperada quando descobriu, julgou-se demasiadamente por ter sido ingênua e não ter verificado aquilo, afinal, ela não era uma amadora. A primeira pessoa que contou foi para Andrei, na verdade, ela tentou contar, porque ele não atendeu nem respondeu as mensagens. Contou então para sss, seu parceiro de operação e eventualmente de cama. E com a ajuda dele leu e releu aqueles e-mails tantas vezes que chegou a decorar alguns trechos. Andrei estava entretido com o namorado, agora noivo, e com o trabalho. Sua vida seguia tranquila até que ele atendeu ao telefonema de Erica. — c*****o, Andrei! Tô tentando falar com você desde ontem! — Calma, Erica... Que desespero... — Meu, eu achei dez e-mails! Dez, Andrei! Você acredita?! — Como assim? Do que você tá falando? — Da operação, Andrei. Será que o Rodrigo é tão bom de cama que te fez até esquecer que a operação não terminou? — Ah! Ele é, mesmo... mas eu não esqueci... conta. — Então. Eu achei dez e-mails, mas não quero falar por telefone, vem aqui quando der. — Tá... vou hoje mesmo, assim que sair do trabalho. — Vou te esperar. Beijo. — Beijo. Ele enviou mensagem ao noivo dizendo que iria à casa da amiga à noite, que era amiga de ambos, na verdade, para falar sobre novidades na operação. O estômago de Rodrigo deu uma revirada. Ele sabia o que aquilo significava, e sofria só de pensar no Andrei perto daquele jornalista. Já que não conseguia se livrar da imagem do jornalista flertando com o seu namorado. Andrei, por outro lado, pouco se importava com o jornalista. Achou-o bonito, é fato. Talvez se não tivesse ninguém até poderia cogitar alguma coisa, mas estando com Rodrigo, nunca! Andrei o amava e se Rodrigo conseguisse se ver pelos olhos dele, decerto não restaria resquício algum de temor ou insegurança. Mas se, ao contrário, Andrei sempre tão abalável, pudesse por um segundo sequer,  enxergar a si mesmo de dentro de Rodrigo, veria o encanto, a perfeição e a beleza. Mas atração que Eduardo sentiu pelo hacker fora maior. E que mistérios rondam a paixão e o desejo! Ninguém tem resposta cabal e se procura em toda parte os segredos que levam à paixão. A ciência aponta para questões químicas, hormonais, mas até mesmo ela sabe que só isso não dá conta de explicar o que faz uma pessoa se sentir atraída por outra. Questões psicológicas, sociais, culturais, todas elas ajudam a explicar, mas nem todas elas, somadas, chegam a um resultado definitivo. Porque avanços científicos e tecnológicos ainda não conseguiram, e talvez não conseguirão, desvendar as minúcias do labiríntico mistério que envolve a atração e a paixão, terreno oculto, subterrâneo e etéreo, apenas tocado de leve por olhos mortais. Assim, apesar de ainda se interessar pela operação, Andrei não tinha mais a mesma empolgação de antes, possivelmente pela escassez de mais material, por isso os e-mails encontrados por Erica poderiam reacender nele a vibração pela empreitada. Estava ansioso quando chegou e quis logo saber como ela encontrou os e-mails, já que ele também tinha vasculhado e não encontrado mais nada. Quando ela contou os dois riram, porque era i****a demais e às vezes a resposta para os maiores enigmas é tão simplória e evidente que faz com que os olhos não vejam ainda que escancaradas à nossa frente. E foi o que aconteceu, já que o executivo em questão não tinha uma filha. Eles gargalharam juntos e Andrei quis uma cópia para ler em casa. — Vou falar com o jornalista amanhã. Porque já achei uma coisa que quero passar pra ele. — Erica falou. — Sério? — Ou você quer falar com ele? Já que ele gosta tanto de você. — ela disse num tom provocador, com uma risadinha cínica. — Não, Erica. Já tive problema demais com o Rodrigo, agora que a gente tá bem não quero que ele fique inseguro. Aliás, você falou pra ele que eu tenho namorado, né? Como eu te pedi... — Não tive como entrar no assunto... E eu não sabia que o Rodrigo tinha ciúmes do Eduardo. — Morre. Porque no dia que eu fui levar a droga do pen drive ele pegou na minha mão e o Rodrigo viu, aí achou que eu ia trocar ele pelo jornalista... enfim, um absurdo. — Ai, mas vocês são dois tontos mesmo... — ela ria. — Se bem que, ele tem que ficar esperto mesmo, porque o cara te quer... Você precisava ver como ele insistiu pra falar com você... fora que ele é gatinho, né? Mas o Rodrigo é meu xodó. — É, quando falei com ele por mensagem ele meio que me chamou pra sair... e ele é bonito mesmo, mas eu nunca vou trocar o Rodrigo por ninguém. Só se ele quiser me deixar...  — Aquele homem não vai te deixar! Depois de todo trabalho que você deu e da encheção de saco que foi pra você ficar com ele, Andrei. — Ai, ridícula! — ele ria. — Mas é verdade... Esse seu jeitinho de "cute mamma boy misterioso" atrai os caras, né? Eles ficam louquinhos por você, meu bebê. — falou apertando a bochecha do amigo. — Ah, ficam, sim... Aparece um a cada três anos.  — Ai, que exagero! Quem vê pensa... — ela riu do exagero dele. — Mas, então, eu tava pensando... e se a gente procurasse outro jornalista? A gente já deu um material pra ele, pode ser até bom variar, ter outras vozes. — argumentou Andrei. — Eu acho que seria arriscado... e não vejo problema no Eduardo. — persistiu a amiga. — Ah, Erica, olha só... não foi uma imposição do Rodrigo nem nada, nem uma condição. Sou eu mesmo que queria evitar que ele ficasse inseguro, porque eu sou inseguro e sei como é r**m. E também quero evitar dor de cabeça... eu também gostei dele, mas eu queria muito que fosse outro.  — p**a que pariu, Andrei! Você tem ideia de como isso vai atrasar nossa operação? — A gente não tem pressa... e eu te ajudo a pesquisar... por favor, vai... — ele pediu, pois só queria evitar problemas, antevendo uma possível necessidade de se encontrar com Eduardo. — c****e! — reclamou ela. — Tá... vou falar com ele hoje e vou pesquisar alguém. — Eu te amo, sabia?  — Você é um chato, Andrei. Dá mais trabalho que criança... nunca vi... Sua sorte ser f**a e ter feito esse hack, senão eu chutava sua b***a agora daqui. — ela falava num tom entre o sério e o lúdico. — Chutava nada. — ele ria, seguro. Porque se havia alguém no mundo com quem Andrei se sentia seguro era Erica. E a conversa prosseguiu mais leve até que Andrei fosse embora com a garantia de que eles trocariam o jornalista. Erica, por outro lado, já imaginava algum artifício para que o jornalista não precisasse ser trocado. Ela era detalhista, tinha feito uma pesquisa rigorosa e não iria abrir mão dele tão fácil.                                                                                     -----//----- Eduardo estava em casa trabalhando quando recebeu mensagem via Telegram naquela quarta-feira ensolarada.  Erica: Oi, Eduardo, td bem? Eduardo: Quem é? Erica: Sua fonte. Já esqueceu de mim? Eduardo: Ah, oi! Tudo bem comigo, e com você? Erica: Eu tô ótima e tenho novidade pra você. Na verdade tenho duas. Uma boa e uma r**m. A boa é que encontrei mais alguns e-mails comprometedores, alguns estão com nomes codificados. Você como conhece mais os bastidores políticos talvez entenda melhor. Eduardo: Que bom! Me manda e eu vejo o que posso fazer.  Erica: Então... aí vem a r**m. Meu parceiro não quer mais que a gente seja sua fonte. Eduardo: Nossa! Mas pq? O que eu fiz? Erica: Vc não fez nada. É pq o namorado dele tem ciúmes de vc e ele não quer deixar o namorado inseguro. Essas bobagens. Eduardo: Mas ele nem me conhece... eu nem sabia que ele tinha namorado. Erica: Ele te viu no dia que vc foi pegar o pen drive. Ele ficou no carro esperando e parece que viu vc tocando a mão dele... enfim, ele não é nem um louco. Na verdade, é muito calmo e sensato, mas meu parceiro me pediu para que achássemos outra pessoa. Eduardo: Que triste isso. Erica: É... mas ele não tem nada contra vc, viu? Disse que te achou bem legal. Eduardo: Hum. Que bom. Erica: Nós trabalhamos em equipe, então preciso levar a vontade dele em conta. Porém, eu faço questão que seja você... o material é muito bom, acho vc confiável, é engajado nas mesmas causas que a gente e é mais seguro não trocar de jornalista a essa altura. Então, eu pensei, se vc concordar, claro, que se vc aparecer com um namoradinho em algum lugar, talvez ele não se importe, pq aí o namorado dele não ficará com ciúmes... não precisa nem ser um namorado de verdade. Eduardo: Puts. Que rolo! Erica: É uma merda! Mas vc que sabe... Um p**a preciosismo do c*****o. Nem queria te sugerir uma cretinice dessa, mas foi só o que consegui pensar, cara. Eu sinto muito. Eduardo: Ah..eu topo. Vou tentar arrumar alguém pra ontem... kkk  nem que eu contrate... eu quero muito escrever sobre isso e se seu amigo precisa que eu apareça com um namorado eu vou tentar.  Erica: Que maravilha!! Vc é incrível, cara! Eu sabia que vc era a pessoa certa. Muito obrigada... e me desculpa pedir isso, mas meu parceiro é muito excêntrico, digamos. Eduardo: Que isso. Eu entendo... talvez eu tenha me excedido. Erica: Isso é bobagem... é que aqueles dois são enrolados... vivem se desentendendo. Eduardo: Hum... Erica: Então a gente faz assim, vc dá um jeito de sair na mídia com alguém, sei lá, vai em alguma entrevista e comenta, ou coloca em rede social pra sair em algum site... vc é jornalista, sabe como fazer essas coisas, mas apareça com ele em público... agora que tá saindo sua cara em todo lugar fica mais fácil, aí eu vou enrolando ele... digo que estou pesquisando alguém. Assim que vc aparecer com o namorado eu sugiro pra ele que vc continue. Falo pra mostrar pro namorado dele que você é comprometido. Ele vai topar. Certeza. Porque não terá argumento. Eduardo: Tá bom, então. Erica: Assim que ele concordar eu te passo o que eu tenho. Eu entro em contato de novo por aqui. Talvez com outro número. Eduardo: Combinado. Erica: Valeu, Eduardo! Vc é é demais! Eduardo: Que isso, Maria. Agradeço a confiança. Uma grande decepção invadiu o escritório daquele apartamento e tomou conta de seu dono que, ainda confuso e aturdido, não se movia. Era muita informação para assimilar. A descoberta que ele namorava, o material novo e o pedido do jovem misterioso para que a parceira o tirasse de cena. Ainda que compreendesse e até admirasse a vontade dele de não deixar o namorado inseguro, aquilo doía. Ainda que nem soubesse o seu nome, aquilo machucava.  Mas o lado racional e analítico de sua mente queria aquelas informações, porque elas poderiam ser ainda mais bombásticas. E ele sabia que eram reais. Por isso, aceitou a sugestão de Maria/Erica e agora tinha a árdua tarefa de encontrar rapidamente um namorado. O evento para aparecer com ele já existia. O convite para uma entrevista para um canal de um TV de outra cidade tinha sido recebido por ele, vários convites, na verdade. Como ele ainda não tinha respondido, poderia aceitar se encontrasse alguém para levar consigo. Só não conseguia imaginar onde procurar, já que precisava ser rápido, pois queria aproveitar que a repercussão das informações contidas em seu artigo ainda apareciam nas primeiras capas. Todas as fantasias ruíam, infeliz e lentamente e ele tinha dificuldade para raciocinar. Foi quando se lembrou de um detalhe, pois assim como Erica, ele era meticuloso. "Eles vivem se desentendendo", ela disse, e isso soou como um gatilho para as suas esperanças quase perdidas. E, agarrado a isso, ele ligou para Adriana, amiga e confidente, a fim de que ela o ajudasse. Não queria, mas infelizmente as circunstâncias o levariam a falar sobre aquilo com alguém. Adriana estava na BW, então Eduardo se trocou e foi até lá. Aquiles estava conversando com ela quando ele chegou e ele os cumprimentou de longe, para não atrapalhar. A sede da empresa era situada num bairro residencial de classe média alta e o prédio era um antigo galpão reformado, que tinha se transformado num lugar com um certo charme rústico. Não havia salas, apenas um espaço aberto onde cada um tinha instalado sua mesa e seu canto de trabalho. A construção tinha sido dividida em duas e a outra metade tinha sido alugada para dois engenheiros. E era nessa metade de galpão antigo, com tetos altos, numa rua pacata que a Brazilian Watch funcionava. Todos podiam se ver, mas como a metade do galpão ainda tinha um tamanho considerável, um não atrapalhava o outro. E ainda podiam se comunicar quando queriam, embora dificilmente todos ficavam lá ao mesmo tempo, já que tinham horários flexíveis. Exceto nas reuniões, que todos participavam. Naquele dia, Aquiles estava lá e Eduardo precisava falar com a amiga, por isso esperou conversando com Rafael até que o papo deles acabasse. Aquiles gostava de Eduardo, eles se davam bem, todos ali se davam bem, mas como em todo lugar, existem pessoas que criam maior afinidade. Eduardo, por exemplo, era amigo íntimo de Adriana e Rafael, mas gostava muito de todos os outros. Aquiles, no entanto, era o mais profissional, mais reservado, focado. Era sempre muito educado com todos, mas de algum modo, todo mundo se sentia um pouco intimidado em sua presença. Menos Eduardo, pois com ele o Editor-chefe era um pouco mais aberto, e era bem pouco mesmo, talvez pelo fato de ambos serem gays. Ninguém sabia ao certo. Nem o próprio Eduardo, pois nem disso Aquiles falava muito, não comentava sobre sua vida pessoal. Não por esconder sua sexualidade, pois ele tinha uma pequena bandeira do arco-íris em sua mesa, mas por ser discreto mesmo, em tudo, menos no tamanho. Aquiles era enorme, beirando os dois metros. E era inegavelmente bonito, embora agisse como se ignorasse essa informação. Enquanto esperava o término da conversa, em sua mesa, Eduardo pensava nas informações recentes e na reviravolta que tudo tinha dado de repente. Sentia-se estranho e levemente tonto, tentava elaborar mentalmente o discurso que faria à amiga, quando deu de cara com Kauan. — Oi. — disse o estagiário, parado à frente de sua mesa. — Oi, Kauan... — Tá tudo bem? — ele perguntou, preocupado. — Você parece não estar muito bem... — Tá tudo bem. Só tive uma tontura... eu acho. Já passou. Obrigado por perguntar. — Por nada... se precisar de alguma coisa...  A conversa não demorou e logo Adriana puxava uma cadeira para se sentar ao lado do amigo. — Então, me diz o que era tão urgente. — falou, sentando-se. — Não sei se dá pra falar aqui. — Quer ir lá fora? — ela perguntou e como ele concordou, eles foram para trás do galpão, onde tinha uma pequena área de convivência, que fazia divisa como a área de convivência dos vizinhos engenheiros.  No geral, eles confraternizavam ou comiam ali e os vizinhos raramente utilizavam aquela área, sendo muito propícia para conversas reservadas. Os dois se sentaram num banco e, próximos, inciaram a conversa que Eduardo não queria ter. — Então, Dri, eu tô com um problema e queria sua ajuda, mas ninguém pode saber o que vou te contar... ninguém mesmo, porque isso envolve a segurança das minhas fontes. — ele dizia, sabendo que ela compreendia a importância de se preservar o anonimato de uma fonte. — Claro, Du. Pode ficar tranquilo. — ela garantiu, curiosa pelo que viria. — Sabe aquele artigo que escrevi sobre a emissora? — Sei, claro... — Então... eu tenho duas fontes que me passam aquelas informações... uma mulher e um homem, ambos jovens, na faixa dos 25 anos, não sei direito... — Hum... — ela indicava que ele podia prosseguir. — Eu, como sou um grande i****a, meio que... meio que me apaixonei pelo cara... — c*****o, Du! Que doideira! Por uma fonte?  — É... o pior foi que eu meio que flertei com o cara e ele tem namorado. — E aí? — ela perguntava, ansiosa. — Aí que o namorado dele ficou com ciúmes e ele pediu para amiga, a outra fonte, que as informações não fossem mais passadas pra mim. — Mas que merda isso! Que coisa b***a! — É... mas, parece que eles são bem unidos... acontece que a garota não quer que eu saia, então me sugeriu, e é aí que você entra, que eu aparecesse em público com um namorado, para que o cara não ficasse com ciúmes e a gente pudesse trabalhar normalmente. — Nossa... mas que imbróglio... Precisa tudo isso? — Eu também acho que não. Mas eu não tenho escolha, ou faço isso ou eles passam o material pra outro, porque eles têm mais coisas... imagina?! — p***a! Eu nunca tive fonte tão nova assim... acho que é por isso que eles têm essa bobeira, porque são novinhos... mas e aí? O que você vai fazer? — Então. Eu não quero perder isso... e queria sua ajuda... como eu arrumo um namorado de mentira? — ele sorriu meio envergonhado. —Poxa... não sei, Du... mas vamos pensar... a gente encontra um jeito. — O que você faria no meu lugar? — Se não tivesse outro jeito, eu acho que tentaria fingir que tenho um namorado também... é uma merda, mas... — Então... foi o que pensei. Também acho uma bosta. — Você poderia pedir pro Aquiles. — ela sugeriu. — Você tá doida? A gente nem sabe se ele namora... nem tenho i********e pra pedir uma coisa dessas. — Bom. Se você não tem, ninguém mais tem. — Eu pensei em pagar alguém, mas logo descobririam e ia ficar chato pra mim, além de perder a fonte do mesmo jeito. — É. Arriscado. — O pior é que eu não tiro o cara da cabeça, acredita? — Que merda, Eduardo! Ele pediu pra ela te tirar. — Eu sei... mas sei lá... tem alguma coisa nele... ele é tão diferente, tão lindo. — Ai, Du. Você é um bobão mesmo, amigo.  — Ainda acho que vou conseguir conhecê-lo melhor, porque não sei nem o nome verdadeiro dele. — Meu Deus! Então você tá apaixonado por uma ideia, né?  — Sei lá... já cheguei a pensar que poderia ser porque eu estou carente ou algo do tipo, mas não sei... sinto algo estranho por ele... desde a primeira vez que o vi. — Bom. Essas coisas podem acontecer... eu acho... nunca aconteceu comigo, mas eu não sou uma romântica como você, amigo.  — Eu não sei pra quem pedir isso... e eu não tenho tempo pra conhecer alguém tão rápido e pedir a pessoa em namoro. — É... — Então... — ele dizia, quando a conversa foi interrompida por Kauan, que pediu licença. — Dri, já terminei o que você me pediu, deixei em cima da sua mesa. — ele falou, sorriu para Eduardo e voltou para dentro. — Obrigada, Kauan! Você é demais! —disse ela antes que ele entrasse.  — Ele! — exclamou alto, como se iluminada por uma ideia brilhante. — Ele quem? — perguntou Eduardo, confuso. — O Kauan! Pede pro Kauan! — ela falou, empolgada. — Não... — Por que não? Você sabe que ele tem uma paixonite por você, né? — Tem nada... é porque eu sou mais velho, jornalista há mais tempo... deve ser admiração profissional só. — Ah, não é, não. — ela falou, séria. — Senão ele teria uma quedinha pelo Aquiles. — ela argumentou. — Mas não posso pedir isso a ele... ainda mais se for verdade isso que você disse. — Claro que pode! Ele vai adorar fingir que é seu namorado... é só deixar claro que é só de mentira pra não iludir o garoto. — Mas você acha que ele aceita? — ele titubeava. — Claro. Aceita e vai amar!  — Ele é muito novo... — O cara lá que você se apaixonou, pelo que você disse, não é tão mais velho... O Kauan tem 23. — É... verdade. Mas é muito novo mesmo assim.. — ele receava ainda. — E aí? Você quer falar com ele ou tem uma ideia melhor?  — Não tenho ideia alguma. — Então você que sabe. Se quiser eu chamo ele aqui agora. — ela se prontificou. — Você acha mesmo que vai dar certo?  — Acho. É uma pessoa conhecida, de confiança. E o que você vai pedir é b***a, mas não é nada de outro mundo. — Tá bom. Chama ele lá... eu espero aqui, pensando em como falar. — disse ele. — E obrigado, Dri! A cabeça de Eduardo rodopiava com aquele emaranhado de eventos em sequência, mas confiou na sugestão da amiga e resolveu tentar. Só precisava saber se Kauan concordaria em protagonizar aquela farsa.
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