Capítulo 3

588 Words
Acendo o cigarro, e vejo o dia passar. Mato o tempo pra ele não me m***r. Neguinho tava fumando ao meu lado, em silêncio, e eu apenas observava o pátio e as pessoas ali, calado também. Daqui a uma hora as visitas acabavam, e tudo iria voltar ao "normal". Eu não via a hora de ir embora dessa desgraça, mas ainda faltava anos pra isso. f**a! Quando o cigarro acabou, eu fui até a mesa próxima a mim, que estava as paradas que o Neguinho trouxe, e peguei os maços de cigarro, enfiando tudo no bolso da calça. - Papai. - ouvi uma voz feminina gritando, e me virei, vendo uma menininha correndo na minha direção. Fiz una careta e eu já fiquei meio cabreiro com isso. Ela estava com um sorrisinho enorme no rosto, e parecia ter uns 11 anos. É, filha minha não era! Ela passou por mim correndo, e eu fiquei vendo pra onde ela iria. A menina abraçou o GH, e o mano apertou ela. Cruzei os braços, e fiquei olhando. O cara nunca tinha mandado o papo que tinha filha. Não demorou nada, ele vir com ela na minha direção. Já me fiz de doido, e comecei a arrumar as paradas ali nas sacolas. GH: Eae Sinistro. - deu um soquinho no meu ombro, e eu fiz toque com ele. - Essa aqui é minha filhota, Jade. Olhei pra menina, e ela sorriu toda tímida. Acenei com a cabeça pra ela, e ela escondeu a cabeça atrás do corpo do pai. Entendi nada não, ala. GH: Ih, qual foi garota? Tá com vergonha por que? - olhou pra ela, e a menina não respondeu. Estendi a mão fechada pra ela, e demorou uma cota até ela dar um soquinho, retribuindo o toque. GH: Onze anos a cria. - sorriu de lado. - Tu tem filhos? Sinistro: Sai dessa ou. - fiz careta, e ele riu. - Sou maluco pra essas coisas não. Sei cuidar nem de mim, quem dirá de uma criança. GH: Também falava isso diretão, mas ai veio essa princesona aqui. - bangunçou os cabelos da criança, e ela deu um tapinha na mão dele. - Não vivo sem. Fiquei mais um tempo trocando uma ideia maneira ali com ele, e depois o menor foi saindo dali com a menina. Ela me olhou dando um sorrisinho, e eu balancei a cabeça outra vez. Neguinho: Ala, até a criança se encantou por tu, véi. - parou ao meu lado, me gastando. Eu nem dei moral pra ele, só acendi outro cigarro, e fiquei na minha até acabar o horário das visitas. Ih pô, foi mó choradeira do povo que veio ver o parente preso. Neguinho só fez um toque comigo, e saiu carregando as sacolas. Na hora de voltar pras celas, fomos tudo revistados, e só depois subimos. Trancaram nós lá, e eu me sentei no chão. Marcão: Ouvi os guardinhas falando que mais tarde tem presidiário novo ai. Sinistro: Que artigo? Marcão: 213. Dei um sorrisinho de lado na hora, negando com a cabeça, já vendo que esse cara não passaria da primeira noite. Homem é homem, mulher é mulher, e********r é diferente né? Toma soco toda hora, ajoelha e beija os pés, e sangra até morrer na rua 10. Os manos daqui odeia os caras que estupram, ou batem nas mães. Os guardinhas sempre avisam os caras antes de jogar o mano na cela, e ai mermão, só Deus pra perdoar o vacilão, e os caras que acabaram com ele.
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