Visita desagradavel

2286 Words
Brian achou a residência do seu alfa bem confortável. É uma casa de dois andares um tanto bagunçada, visto que não tiveram tempo de arrumar as coisas. Dessa maneira havia, ainda, inúmeras caixas espalhadas. A sala possuí apenas um sofá próximo à uma mesa montada com 4 cadeiras. Enquanto, na cozinha, estão dispostos alguns eletrodomésticos. Contudo, ainda faltam alguns móveis.   Cooper se sentiu um pouco envergonhado por ter levado o parceiro para sua casa naquele estado. O alfa arrumou, da melhor maneira possível, o primeiro andar, movendo todas as caixas para o segundo, fazendo com que a locomoção ficasse mais fácil. O único problema é que, agora, tinha medo de levá-lo para o andar de cima, o qual estava completamente bagunçado.   ─ Bem, não ligue para a bagunça… Como bem sabe acabamos de nos mudar ─ comentou Olivia com um sorriso gentil.  ─ O importante é que temos comida! ─ riu animada se dirigido à cozinha para preparar um café e uns petiscos.   ─ Nos conte, Brian, como funciona agora que meu filho te marcou? ─ perguntou o sofro se sentando à mesa vendo os dois jovens sentarem-se a sua frente.   ─ Bem, existem dois procedimentos ─ coçando o queixo. - Jack comentou que vocês possuem uma empresa, logo precisarão preencher um monte de papelada para colocá-lo como herdeiro. Devem notificar, também, que ele já possui parceiro. Agora, caso ele vá trabalhar com vocês, é mais papelada ainda. Mas eu anoto tudo o que irão precisar, talvez por serem novos na cidade o atendimento será mais rápido.   -─ Já estou vendo que vai ser um longo dia ─ resmungou a mãe de voltando com pães e bolos, logo voltando à cozinha para pegar o café.   ─ Agora vem a pior parte... Jack vai precisar tirar uma licença, na qual informa que ele já marcou alguém, assim ele poderá arrumar um emprego e ser observado para seguir as regras mais a fundo. É tipo uma carteirinha na qual você tem que atualizar tudo, até mesmo o fato de querer filhos. Caso coloque que ''não'' e tiver um filho sem modificar, será multado e pode ir até preso ─ encarando o parceiro. ─ Sem contar que, ao fazer essa carteirinha, você aceita todos os termos e regras desse lugar. Eu lhe contei na floresta, então, não precisará perder tempo lendo. Você vai precisar levar todos os meus dados, pois eu não posso fazer a carteirinha. Você que fará para mim.   ─ Então o alfa que faz tudo? ─ Olivia perguntou mais novo incomodada. ─ Que folga a de vocês.   ─ Não podemos entrar nesse lugar, nossa presença pode ''incomodar'' os funcionários ─ revirando os olhos e fazendo aspas com as mãos ao dizer a palavra. ─ Nem podemos trabalhar e ganhar um salário! Meu pai na época quando estava vivo ele só me tinha e minha mãe como funcionários para não precisar contratar ninguém. Agora que ele morreu, minha mãe depois de muita briga e luta ela conseguiu ser a dona da loja, mesmo sendo uma ômega. Ela não chegou a contratar ninguém, mas disse que quando eu achasse um parceiro ela o faria.   ─ Opa, quer dizer que meu filho vai ficar te bancando porque essa cidade não aceita nenhum ômega para trabalhar remunerado? ─ a alfa disse irritada.   ─ Bem, eu posso até arrumar um emprego que me pague, mas é bem difícil. Só posso ser p**o se a família do meu parceiro me contratar ─ disse um tanto triste -Nem mesmo minha mãe pode me dar um salário! Isso porque o negócio é dela. Eles meio que querem que fiquemos em casa para cuidar da casa, prefiro ajudar de graça a ficar em casa sem fazer nada.   ─ Qual é o negócio da sua família? E sinto muito por sua perda ─ perguntou Douglas curioso e não deixou de ficar triste em pensar no ômega a sua frente crescendo sem a presença de um alfa.   ─ Bem, na verdade, meu pai era um homem de negócios muito importante ─ com um sorriso nostálgico por se lembrar do passado. ─ Mas ele viu como minha mãe estava infeliz, então, saiu do seu emprego, gastou todo dinheiro que havia ganho e abriu uma enorme floricultura para minha mãe, visto que ela sempre desejou trabalhar em uma, mas ninguém a aceitava, nem mesmo para trabalhar de graça. Logo acabei pegando a paixão da minha mãe pelo local e comecei a trabalhar lá aos 12 anos. Oh, não se preocupe... penso que deve esta se perguntando como deve ter sido difícil crescer sem a presença de um alfa na casa.   ─ Oh, desculpe, não quis transparecer isso ─ disse nervoso.   ─ Não se preocupe, já me acostumei. Só que minha mãe conseguiu um namorado ele é muito gentil. Eu espero que ele vire o novo parceiro da minha mãe..., mas caso eles fiquem juntos... bem vai se mais papelada, afinal minha mãe vai se tornar novamente uma ômega marcada e não vai poder ficar como dona da loja, vai precisar passar para ele... sim é uma coisa ridícula e patética, nossa sorte que ele jamais deixaria eu ou minha mãe de trabalhar no local.     ─ Nossa isso é ridículo, sua mãe é dona por direito, mas precisa passar para seu parceiro só por ser uma ômega?! ─ Olivia rosnou irritada. ─ Essa sociedade é completamente ignorante, não é possível!   ─ Mas não era mais fácil continuar no emprego e abrir a floricultura? Não entendo o motivo do seu pai ter largado o emprego ─  Jack perguntou curioso. Conseguia compreender a raiva de seus pais, pois ele sentiu o mesmo quando Brian lhe conto tudo na floresta.   ─ Um ômega não pode trabalhar se não tiver um chefe, meu pai não podia deixar que minha mãe ficasse como gerente do lugar. Ele precisava estar junto da mesma para que ela pudesse trabalhar ─ vendo o olhar surpresos de todos. -É, eu sei, é bem patético, mas é assim que as coisas funcionam. Eu tive sorte de ter um pai que fez o que fez para que minha mãe ficasse feliz novamente. E sou ainda mais sortudo pelo fato de o atual namorado da minha mãe ter os mesmos pensamentos do meu pai, caso ao contrário caso eles fiquem juntos... ele poderia simplesmente impedir minha mãe de trabalhar.   ─ Realmente essa cidade é um lugar bem desagradável, a única coisa boa que vejo até agora é você ─ Douglas suspirou tristemente. Não podia acreditar que tinha ouvido algo tão arcaico.   ─ Então, quando você acha que é bom fazermos toda essa papelada que comentou? ─ perguntou Jack encarando o parceiro que colocou a mão no queixo.   ─ Se eu fosse vocês, faria isso hoje mesmo. Quanto mais tempo demorar... pior. E como eu disse, podem ter sorte, já que são novos eles vão ter que te atender mais rápido, afinal, você precisa logo virar um cidadão desse lugar.   ─ Tsc, eu não queria ir agora, preferia ficar com você ─ fez um beicinho fazendo com que o ômega risse.   ─ Eu espero aqui, como eu não posso ir junto, e seria um tanto estranho eu voltar sozinho para casa. Antes que pergunte, sim, as pessoas comentariam e isso seria muito r**m para a imagem da sua família ─ balançando a cabeça em negação. ─ Então eu fico aqui na sua casa esperando que retorne.   ─ Não me sinto bem te deixando aqui sozinho, querido ─ Olivia disse desconfortável.   ─ Não faz m*l, quando mais cedo forem, mais cedo irão retornar ─ tranquilizou abrindo um sorriso grande.   A família Cooper resolveu ir então resolver a papelada. Terminaram de comer rapidamente e pegaram a lista de documentos que iriam precisar. Por sorte, a mãe do ômega havia lhe dado um envelope com todos os documentos necessários para a carteirinha, ela sempre os mantinha como filho durante o encontro, afinal, ele poderia arrumar um alfa e, assim, não precisaria ir até em casa pegar todos os documentos necessários. Brian agradeceu sua mãe mentalmente por lhe fazer esse pequeno gesto.   Todos já estavam prontos para ir, o ômega estava na porta vendo os pais do parceiro irem pegar o carro. Sentiu o alfa puxar sua cintura e dar-lhe um selinho demorado. Escutaram a buzina do carro e se separaram, Brian estava um tanto envergonhado pelo ato, mas seu coração estava a milhão.   ─ Prometo voltar o mais rápido possível ─ passando a mão pela lateral do rosto do cônjuge. ─ Nem que eu precise voltar andando, já que não sei o tempo que meus pais vão demorar.   ─Espero que volte logo ─ segurando a mão do alfa.   Jack deu um outro selinho no menor e saiu em direção ao carro, vendo o parceiro lhe acenar enquanto o carro partia. Ele fechou a porta e a trancou. Como não tinha muito o que fazer, resolveu ir ao segundo andar ver como era, mesmo que esse estivesse com pilhas e mais pilhas de caixas.   Nem mesmo o quarto do alfa estava arrumado, só tinham inúmeras caixas espalhadas pelo quarto, uma cama já com um colchão e um guarda-roupa praticamente vazio, apenas algumas poucas peças de roupas. Decidiu, então, ajudar o loiro a arrumar, afinal, acabaria dormindo lá aquela noite e não queria dormir em meio a caixas.   Ficou abrindo as caixas e guardando as coisas do parceiro, só esperava que Jack ficasse irritado por mexer em suas coisas sem autorização. Contudo, quando ele voltasse, queria aproveitar mais da companhia do mesmo e não ficar ocupado mexendo com caixas.   O tempo foi passando, escutou um barulho na porta, ele nem havia percebido o tempo passar. Já tinha guardado metade das caixas que estavam no quarto e acelerado bem o processo. Agora, com a ajuda do alfa acabariam bem mais rápido. Foi correndo até a porta animado, esperando encontrar seu alfa.   Porém, quando abriu a porta, sentiu um cheiro que lhe era familiar e logo tentou fechá-la de volta desesperadamente, entretanto, um par de mãos impediu que tivesse êxito. Medo, desespero, pavor, terror, inúmeros sentimentos ruins começaram a rondar Brian. Era bem possível que Jack estivesse sentindo seu estado mental abalado no momento, visto que ele, praticamente, implorava silenciosamente para que seu alfa retornasse.   O ômega, então; conseguiu fechar a porta, trancando-a em seguida. Todavia o sentimento de medo e pavor ainda estavam presentes em seu corpo. Ele queria seu parceiro ali, ao seu lado. Queria a proteção de seu alfa e a sensação de estar em segurança. Escutou, então, um rosnado o deixando ainda mais assustado. Um lobo cinza de pelos um tanto bagunçados entrou pela janela.   ─ Ward  ─  sussurrou tremendo de medo.   Peter Ward é o alfa que lhe deu a cicatriz. Estranhou não o ter achado encontrado na floresta quando aquela brincadeira ridícula começou. Pelo visto ele havia esperado Brian ficar sozinho para lhe atacar. O que ele pretendia? Era contra lei atacar um ômega marcado.   King ficou ainda mais desesperado, as chances de o alfa ter ido até ali para retirar sua marca eram grandes. Levou a mão ao pescoço onde se localizava a marca e tremeu, não queria perdê-la, só de pensar nisso seu coração se apertava. Peter havia lhe dito no último encontro da floresta que faria de tudo para que fosse seu no próximo encontro, só não achou que ele continuaria com aquilo mesmo tendo sido marcado.   ─ Vá embora! ─ tentando conter as lágrimas, as quais já se acumulavam em seus olhos.  ─ Você já atrapalhou demais minha vida, saia daqui!   O lobo rosnou e abaixou o corpo como se fosse atacar. Brian ficou desesperado, estando naquela forma humana não teria como se defender, muito menos fugir. Sem contar que não entendia nada que o lobo a sua frente estava falando. Com certo medo transformou-se em sua forma lupina e rosnou de volta para o alfa.   Precisava ganhar tempo, sua marca indicava que Jack estava furioso e completamente preocupado. Talvez ele já estivesse a caminho, sentia como se o parceiro o tentasse acalmar mesmo que estivesse tão desesperado quanto o ômega. Não queria machucar o alfa, sabia que emoções em grande intensidade poderiam incomodar ou, até mesmo, machucá-lo. A marca era recente, tornando difícil controlar quais emoções que eram passadas diretamente para o alfa.   O lobo acinzentado veio em sua direção, Brian desviou, entretanto, a sala era pequena e acabou ficando com as costas na parede. Isso permitiu que Ward se aproximasse, atacando o ômega novamente. King segurava o lobo, o qual era bem maior que si para que ficasse longe de seu corpo. Ele tentava, de todas as formas, morder seu ombro e Brian fazia de tudo para que ele não conseguisse.   Todavia estava assustado e, acima de tudo, era um ômega. Sentiu os dentes perfurarem sua carne, fazendo-o choramingar, por sorte o lobo havia mordido o ombro errado, sua marca estava no outro. Brian mordeu com toda sua força a pata do outro lobo, que soltou seu ombro devido à dor. Por ter puxado a pata, os dentes rasgaram ainda mais a carne, fazendo com que ficasse uma fratura exposta.   O ombro do ômega pulsava de dor, este sido dilacerado e pingos de sangue começaram a sujar o piso. Já se encontrava ofegante e via o alfa a sua frente não conseguir botar a pata no chão, aquilo havia lhe dado uma certa vantagem. Entretanto, o seu machucado no ombro estava sangrando muito, não aguentaria por muito tempo.   O alfa rosnou e parecia que não iria desistir. Brian ficou em posição para se defender e rosnou de volta. Porém, viu a porta ser brutalmente aberta a ponto de se quebrar, um lobo de cor preta rosnava e encarava o outro alfa com ódio. Jack, finalmente, estava de volta.  
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