Capitulo 8

1068 Words
Jessy Davis Após aquele final de semana, a vida voltou ao normal. Bom, pelo menos isso era o que queria. Eu ainda conseguia sentir os seus toques, sentir minha pele queimar debaixo do seu olhar de desejo. Mas também não deixo de lembrar daquele envelope com dinheiro com aquele bilhete b****a que aquele cretino deixou para mim após aquela noite. Agora eu entendo o porquê de minha mãe sempre falar para ter cuidado com homens, juro que achei que poderia ser por culpa do meu pai e talvez até seja, mas ela não estava errada. Homens são deprimentes! A faculdade anda tomando muito do meu tempo, e o meu pai tem me cobrado muito as idas à igreja, todos os dias escuto ele dar aquele sermão de que “quem não vai à igreja é gente perdida nesse mundo” e juro que tenho vontade de responder, mas eu respiro fundo e engulo. Faço faculdade de Marketing Digital, gosto de trabalhar com a internet e é isso que eu quero para a minha carreira. Consegui um estágio em uma empresa muito grande aqui no Rio e esse era o meu sonho, mas eu não imaginava que ir de ônibus ou de metrô, que é o que facilita a minha vida, tornaria tudo tão desesperador e cansativo. Ultimamente tenho que escolher entre tomar café da manhã ou pegar o primeiro ônibus para chegar no horário, tenho sobrevivido de pão e suco de caixinha que é o que consigo levar comigo na bolsa, devido ao tempo que levo todos os dias para ir e vir, apesar de morar em Vila Isabel que não é nem longe e nem perto da Zona Sul, porém os moradores aqui se sentem da Zona Sul. Meu estágio fica na Oeste, em uma área nobre da Barra, ainda assim distante demais, próximo da praia e longe de casa. Por isso não tenho conseguido ir aos cultos e tenho chegado cada dia mais tarde em casa e quando chego tudo o que mais quero é descansar, e ainda preciso estudar. Mesmo assim, quase todos os dias tenho que ouvir um baita sermão do meu pai sobre não estar indo à igreja. Hoje foi mais um dia daqueles, a aula já está acabando e resolvo me levantar junto com Hanna e Yanne que estudam na mesma turma que eu desde o início do curso. Elas querem sair mais cedo para aproveitar a carona de Leonardo que está por aqui atrás das menininhas de sempre. - Vamos meninas? – Eu digo ao chegar mais perto de onde elas estão. – Vamos acabar perdendo a carona se não sairmos mais cedo, e tudo o que eu quero nesse momento é ir para casa. - Você está bem amiga? Está parecendo cansada, talvez meio pálida. – Hanna diz e eu respiro fundo. - É, eu tenho me alimentado m*l nos últimos dias e hoje ainda não tive tempo de comer nada. - Você está ficando maluca, Jéssy! Você precisa se alimentar direito. – Elas falam praticamente juntas enquanto saímos da sala para o corredor enorme. - Eu sei, eu sei. Não se preocupem! – Assim que eu termino de falar sinto a sensação de que tudo está rodando e me apoio do braço de Yanne que está bem ao meu lado. - Eiii, está tudo bem? – Elas voltam a falar juntas e eu ainda de olhos fechados e segurando no braço da minha amiga tento respirar fundo e ficar calma. - Está tudo bem, eu só preciso me sentar um pouco e beber água! Eu digo isso me sentindo ainda tonta, respiro fundo mais algumas vezes e a tontura passa totalmente e é nessa hora que escutamos a buzina do carro de Leonardo, me levanto para ir até ele e enfim ir para casa. Quando entramos no carro, as meninas começam a falar um monte sobre várias coisas que eu não consigo prestar atenção. Mesmo com o vento batendo no meu rosto, algumas lágrimas começam a cair e me pergunto o porquê de eu estar chorando e eu não sei responder, eu simplesmente choro e é isso. Graças a Deus hoje já é sexta-feira e vou descansar e dormir um pouco mais amanhã. Depois de uma longa viagem chego em casa, após ouvir as meninas tagarelando dentro do carro e eu não conseguir prestar atenção em nenhuma palavra sequer. - Tchau meninas, tchau Léo obrigada pela carona! – Falo isso antes de descer do carro e assim que abro a porta, sinto Leonardo me puxar. - Jéssy, eu queria conversar com você amanhã, pode ser depois da sua aula? – Ele pergunta ainda segurando o meu braço e eu logo escuto um pigarro alto e eu sei bem quem é. - Sim, tudo bem! – Falo isso e em seguida desço do carro já sabendo que vou enfrentar um meio mundo de perguntas do meu pai. Assim que viro de costas para o carro, meu pai, que há segundos atrás estava de braços cruzados no portão, agora já não está mais lá, então caminho até passar do portão e logo escuto a voz dele. ‘ Tá vendo, eu falei que esse negócio de estudar longe não ia dar certo! Agora está aí, tua filha já não vai mais na igreja e agora esse homem vindo deixar ela em casa, daqui a pouco me aparecerá embuchada.’ ‘Victor eu te proíbo de falar assim da nossa filha, ela não é assim Victor. Ela está estudando para ser alguém na vida, alguém melhor que eu, que sou uma simples costureira.’ Isso me irrita muito, ouvir a minha mãe se rebaixar assim para tentar me defender. Ouvir essas palavras vindas do meu próprio pai não é nada fácil, e quando eu tento ir na direção em que eles estão, Larissa me para. - Você não vai lá, por favor não piore as coisas! Você sabe como ele fica agressivo. Eu paro e penso, e resolvo ouvir o que ela me diz e caminho direto para o meu quarto. Sei que se eu resolver enfrentar ele nesse momento, vai tudo para o ar e minha mãe não merece nada disso e nem nada do que ela já passou para nos defender e cuidar. Mais uma noite de cansaço físico e mental, agora com estresse e falta de apetite. Tomo banho e me deito para dormir pois é tudo o que posso fazer agora.
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