Capítulo 8

1396 Words
Sonhando (Lucas) Suspiro. Estou mais uma vez num sonho. Toda noite a mesma coisa. Estou em pé, embaixo de uma árvore. Aurora está no balanço que tem pendurado num dos galhos da árvore. Ela cortou o cabelo, está bem nos ombros, mas continua linda. Não consigo não acha-la linda. — Cortou o cabelo... — Falo chegando mais perto, por trás. Ela para de se balançar e se vira na minha direção. Seu olhar apaixonado não me surpreende, mas amo ver todas as vezes. — Foi uma pergunta ou afirmação? — Pergunta. Ela está um pouco receosa, mas tenta deixar o clima menos tenso. Eu estou tenso. Não tenho boas notícias sobre ela, nem para ela. Me aproximo e fico parado na sua frente, de braços cruzados, e sério. — Você voltou com o b****a do Arthur? — Mudo de assunto e nem a respondo. Ela me encara, talvez esteja pensando no que dizer, qual a melhor desculpa para isso. Mas eu sei a verdade, Luna me ligou pelo Skype para contar que viu a mensagem da Aurora para o Arthur. Luna e Arthur estão ficando há uma semana, o que é um pouco estranho. Mas não ligo. Me importo só com a Aurora. E estou morrendo de ciúmes, mesmo que ela não seja nada minha. É mais forte que eu, maior que o sentimento e vontade de acabar com esses sonhos malditos. — Não que seja da sua conta, mas não. E por que acha isso? Quer dizer, de onde você tirou essa ideia ridícula? Que desculpa esfarrapada! — Não interessa. — Me viro e vou caminhando pelo campo aberto. Demora dois segundos, mas ela acaba me seguindo. Está tensa e confusa, posso sentir. Se continuar desse jeito vamos acordar no meio da madrugada. — Você ficou muito bonita com esse novo corte. — Comento, quando me alcança e anda ao meu lado. Ela me encara por um momento, mas quando vou encara-la de volta, ela desvia o olhar. — Obrigada. Mas não é mudando de assunto que vai me fazer esquecer a pergunta ridícula que fez. Rio, com escárnio. Quero muito acreditar nela, mas está difícil. — Me falaram que você estava dando em cima do b****a. — Quem disse? — Não importa. — Importa sim! — Pra você ir lá, tirar satisfação? — É! Credo, ficam falando mentiras sobre mim, e o pior, falam pra você! — O quê que tem, me falarem sobre você? — Não tem porquê! Não somos nada, nem temos nada! Meu coração dá um salto. Infelizmente ela tem razão. — Isso quer dizer que, o que temos não é nada? — Agora quero saber o que ela pensa. — Aqui é tipo... Como se estivéssemos em um outro planeta e só existisse nós dois. Mas aí chega no mundo real, quando acordamos, é como se a gente não se gostasse mais ou nem fôssemos conhecidos. Isso que quero dizer, Lucas. Não tem porquê alguém ir te contar alguma coisa sobre mim, muito menos mentira. — Então, por que você estava conversando com ele? — Ele que estava me enchendo o saco, pra sair com ele. — Bufa, super nervosa. — Eu tentei cortar, disse um monte de coisas, mas ele não parava. — Bloqueasse. — Não é assim tão fácil, Lucas. Arthur, mesmo sendo quem é, é superimportante para mim. — Você ainda nutre algum sentimento por ele. — Concluo. Ela está nervosa, tentando se explicar, e eu estou morrendo de ciúmes, tentando entender. — Caramba, Lucas. Não! — Grita e para de andar. — Cansei. Sério, você está insuportável hoje. Que nem aquela sua ex i****a. — Pelo menos ela não mente para mim... — Falo comigo mesmo, pensando em como Luna ficou preocupada, achando que eu estava sendo traído. — Como assim...? Vocês ainda se falam?! — Respiro fundo. Acertou, Aura... — Você está aí, falando de mim, mas conversa com sua ex, não é? E ainda acredita nas idiotices dela! Você é um hipócrita! O quê?! É super diferente! Eu não gosto da Luna, e ela não é nem um pouco importante pra mim. Paro de andar e me viro na direção da Aurora. — Não é bem assim, Aura... — Tento me explicar. — Tanto faz! Não quero mais ouvir. Ela dá meia volta e eu a sigo. Droga, Aurora, me ouça pelo menos uma vez! Tenho coisas à falar, mas ela não deixa, já que acordamos graças às suas infelizes tentativas. Vou ter que partir para o plano B. *** (Aurora) Minha mãe teve um treco logo pela manhã, assim que viu meu cabelo (ou a falta dele). — Você só pode estar louca! —  Ela diz, andando pela cozinha super nervosa. — Meninas da sua idade tem que ter cabelo comprido! Como é que arranja homem assim? Homem gosta de cabelo grande, b***a grande e peito grande. E não barriga grande e cabelo pequeno! Arregalo os olhos, chocada, mas não surpresa. Minha mãe já falou várias besteiras, mas parece que a cada dia me incomodo cada vez mais. O pior é que não posso falar demais, afinal, ela é minha mãe, mesmo tendo esse pensamento retrógrado. Ela para de mexer na cozinha e sobe para o segundo andar, talvez esteja indo para seu quarto. Aproveito que ela saiu e solto o grande ar que eu estava segurando. Às vezes acho que sou gorda de tanto engolir o que quero falar. — Eu disse, que ela iria surtar. — Elizabeth comenta. — Mas está maravilhoso, Eliza! Não tem porquê isso tudo! — Eu sei. Assim como sei que, o que ela disse, foi uma grande besteira. E você está maravilhosa, Aura! — Minha irmã sorri, o que faz meu coração se esquentar de tanta felicidade e afeto por essa garota. — Obrigada, Eliza — Me levanto e vou até à poltrona que ela está e a abraço. Ela retribui o abraço, mas logo me solta. — Aura, tenho que sair agora. — Vai aonde? — Volto para meu lugar, no sofá rosa. — Vou fazer um trabalho com a Abby. — a olho desconfiada — É sério. Reviro os olhos e dou de ombros — Azar o seu, hoje é sábado e mamãe está em casa. — Ela vai comigo. — Agora ela quem revira os olhos. — Vai ficar lá com o tio Gab. Rio do jeito que a Eliza chama o namorado da mamãe. Ela começou com isso no Natal, quando ele lhe deu um cartão presente da Google, de duzentos reais. Ele me deu o mesmo tanto, só que da sss, mas nem por isso eu comecei a chama-lo de tio Gab. Parece mais Gabriela que Gabriel, e eu acho isso meio estranho. Mas nada contra. — E eu vou ficar aqui sozinha? — Faço bico, querendo começar a dramatizar. — Vai sair, Aura! Desde quando você não sai com seus amigos? — Meu único amigo era meu namorado. E eu terminei com ele. — Você não fez nenhuma amizade na faculdade? — Ah... Tem um garoto que se aproximou de mim, para um trabalho que estamos fazendo. — Então! Chama ele para tomar um sorvete, sei lá. Talvez até rola um clima e... Quem sabe!? — Ele é gay. — Digo com uma cara de "nem a p*u rola um clima". — Ah! Então vocês podem virar amigos, o que acha? — Pode ser uma boa. — Suspiro, pensando nos prós e contras. — Mas vou mandar a mensagem morrendo de vergonha. Pego o meu celular, que estava jogado no sofá, e mando uma mensagem para o Miguel. Eu: Ei, Miguel, tudo bem? Miguel: Estava! Já disse para me chamar de Migay! Eu: Ah, é! Desculpa, já mudei, Migay! Migay: Ótimo! Agora estou super bem! E você? Eu: Então... É sobre isso mesmo que eu estou te mandando mensagem. Migay: O que aconteceu? Eu: Vou passar o dia sozinha. Não quer passar comigo? Se estiver ocupado, ou não quiser, eu vou super entender. Migay: Imagina! Também estou sozinho. Meu boy viajou, e como você sabe, eu moro só com minha avó, e nos sábados ela vai na casa da prima dela. Migay: Isso quer dizer que... Sim! Vamos logo, porquê já não aguento mais esse apê m*l assombrado. Eu: Podemos nos encontrar no shopping, daqui uma hora? Migay: Pode ser. A gente se vê!
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