Capítulo Catorze ( Dylan Neith)

1395 Words
 Minhas mãos estão trémulas e suadas no volante, eu não consigo ligar o carro, sinto minhas emoções a flor da pele. Minha Felícia foi machucada e eu não pude fazer nada, eu não pude estar lá por ela, como pude deixar isso acontecer? Como não percebi que ela estava em perigo. - m***a! m***a! m***a - berro esmurrando o volante do carro, estou com tanta raiva que nem sei do que sou capaz ao descobrir quem machucou minha rainha. Do meu lado, meu primo Khensane continua estático, esperando para ver minha próxima reacção, ele sabe que não deve me interromper quando estou exteriorizando minhas emoções, ele sabe que é um momento só meu e não deve me interromper. - Você está melhor? Ficar batendo no volante do carro não vai nos levar até o hospital - Khensane comenta assim que percebe que não existem riscos a sua integridade física. Meu primo está com uma expressão mansa e sem muito interesse. Quando ele faz essa expressão, se parece muito com o meu tio Max, parece até que estou vendo a personificação dele. - Ah! Só vou ficar melhor assim que encontrar o desgraçado que machucou a minha rainha - falo olhando para ele com uma expressão assassina. Estou tão nervoso que acho que a fúria transparece em cada um dos meus poros, mas eu preciso me manter calmo para que o meu girassol não fique assustado com o meu rosto transfigurado pelo ódio. Assim que me aclamo, eu logo o carro, e ponho em marcha, até a clínica da boa esperança. Do banco do passageiro Khen continua quieto como se estivesse esperando o meu comando para falar comigo ou para ter qualquer reacção. A viagem até a clínica é feita em silêncio e eu agradeço ao meu primo por me conhecer tão bem, a ponto de não invadir o meu espaço. Depois de aproximadamente trinta minutos de carro, nós finalmente chegamos a clínica. - Bom! Chegamos, regras básicas - Khensane finalmente quebra o silêncio no carro - Você não conhece a Fefé, você só está aqui por minha causa, não deixe tão evidente o seu interesse por ela - Khensane menciona as coisas levantando um dedo para cada uma, como se ele fosse o meu mentor ou o meu pai. Eu continuo quieto no meu canto, só rivero os olhos para as loucuras dele, eu não sou descuidado, sei que não posso dar evidente as minhas reais intenções para com ela. Sem dar uma resposta ao primo, saímos do carro ainda em silêncio, não é preciso que eu responda verbalmente para que o meu primo entenda que, eu sei o que devo fazer. A clínica não é muito grande, ela tem dois pisos em um modelo de arquitetura do tempo colonial, é prédio que claramente foi construído durante a ocupação portuguesa, mas que claramente foi renovado, ela foi pintada em dois tons, azul claro nos pilares e branco nos compartimento. Fefé está internada no segundo piso, o primeiro piso está vazio, não tem muitos pacientes ou enfermeiros no corredor, parece que este piso é reservado a fisioterapia e são poucas pessoas que estão fazendo isso. O piso em que Fefé está, é destinado a pacientes com ferimentos leves e moderados, assim sendo é o mais cheio. O rés do chão, é reservado a urgências e a pediatria, como podem imaginar é o lugar mais agitado do hospital. Antes de chegarmos ao corredor de Fefé, escutamos a voz de Sandra reclamando, acho que para as outras amigas dela. Eu e Khen nos escondemos para ouvir melhor a conversa delas. - Aaah minha cabeça, eu juro, se o primo do d***o do Khensane não fosse tão boff, eu acabava com a raça dele - Sandra fala com a mão esquerda em sua testa como se deste modo fosse aliviar a dor que está sentindo. Do meu lado, parece que Khensane não está gostando de ouvir a garota dele me chamando de boff. - Ih amiga! Aquela família é abençoada, dois pedaços de m*l caminho como aqueles não deviam ter o mesmo sangue, coitadas de nós meras mortais que desejamos um pedaço daquele manjar dos deuses - Uma das meninas diz se abanando, como se estivesse com calor. Essa menina parece a mais sem vergonha do grupo, foi a mesma que me comeu com os olhos quando ainda estávamos na escola. - Coitadas de vocês que desejam aquilo, eu quero é distância daqueles dois - Sandra fala com uma cara que para muitos parece a verdadeira, mas eu sei reconhecer um mentiroso quando vejo um, está mais do que claro para mim que ela não quer distância de nós, principalmente do meu primo. As palavras dela só estão deixando meu primo triste, ele é um verdadeiro masoquista por estar se sujeitando a aquela situação, o que custa confessar seus sentimentos ou conquistar ela de uma vez. Sem nada a fazer na esquina em que nos escondemos, eu e Khensane nos retiramos e abordamos as meninas. - E aí meninas do meu coração, menos você Nebulosa - Khen provoca Sandy usando o tom de voz debochado, como se há minutos atrás não estivesse se remoendo porque ela me acha um pedaço de m*l caminho. - E quem disse que eu quero estar no seu coração? Tenho cara de desesperada? Está se achando a última bolacha do pacote né? Inseto - Sandra retruca imitando a postura do meu primo. Nós três ficamos assistindo a discussão dos dois, eles estão tão concentrados em sua bolha de amor e ódio que não se importam com mais nada, só estão preocupados em vencer a batalha que os dois criaram. A tensão entre eles é tão grande que chega a ser palpável, o dia em que os dois se aceitarem, acho que nem Chernobyl chegará aos níveis de radiação que eles emitirão. Depois que os dois finalmente decidem declarar um empate, as meninas explicam que Fefé está descansando e não podemos entrar no momento, eu e Khensane saímos da clínica e fomos comer um pequeno lanche e eu aproveitei para comprar um ramo de flores, eu optei em comprar um ramo de lírios cor-de-rosa, ela é tão boa e pura que se parece com um. - Não acha que está exagerando? Você não conhece ela, ela vai achar estranho? - Khensane reclama ao me ver com o ramo de flores nas mãos. Nós dois estamos caminhando rumo ao quarto de Felícia, mas inesperadamente, ele volta um passo atrás assim que vê Sandra com um semblante triste no rosto, não preciso muita coisa para saber que ele vai deixar tudo para ficar junto com a garota dele, mesmo que ele finjar odiar ela, no final do dia, é com ela que ele se vê daqui há dez anos. - Tudo bem, vá falar com ela, eu vou entrar sozinho - informo ao primo que já não está mais do meu lado. Inspiro e expiro, eu preciso ficar calmo, para não deixar ela nervosa também. Com as mãos trémulas, abro a porta do quarto, mas assim que o faço, meu coração dói por ver ela chorando. Ela está com uma mão em seu pescoço e os olhos banhados de lágrimas, ela tenta baixar o choro, mas é impossível não sentir raiva ao ver o meu girassol tão para baixo e triste. - O que aconteceu Fefé, está com dores? - invado o quarto sem mais aguentar ver ela tão triste e não poder fazer nada para aliviar a dor dela. Assim que me vê, ela trata de disfarçar as lágrimas em seu rosto, limpando com as mãos apressadamente. Ela para uns minutos para me analisar, ela olha para mim de cima a baixo, como se estivesse me estudando. - Ah! Sim, estou só com um pouco de dores - retruca distraidamente, ela limpa as lágrimas apressadamente e olha atentamente para mim, esperando que eu fale alguma coisa. Eu me aproximo dela, tiro o meu casaco e dobro, coloco o buquê de lírios no pequeno sofá que tem no quarto, em passos lentos vou me aproximando até chegar na cama, sento-me a cinco centímetros de distância dela, inesperadamente ela inspira o meu perfume. - Você não pode ficar muito preocupada, isso vai aumentar a sua pressão e isso pode te fazer m*l - sussurro e isso parece despertar Fefé, ela fica quieta e acompanha os meus movimentos.
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