Eu sou apenas um moleque no morro, um moleque que ver, que vende, e que todos obdecem, o gerente, braço direito do chefe, do coroa, como preferi dizer, magrela que passa despercebido por geral, mas nada entra ou sai do morro, sem passar por mim. Isa já foi marmita do chefe, fez cu doce no começo, bancou a dificil, mas quando pagou de apaixonadinha, ele bagaçou e jogou pra geral, rodou nas mãos de uns aí, p**a tem que ser tratada assim mesmo, falou muitas vezes.
Saio e me divirto com as gúrias do asfalto, as loirinhas, as filhinhas de papai que desce a quebrada pra se divertir, carne nova, carne fresca, por isso quase nunca a mesma mulher roda mais três vezes, é um problema que eu não preciso lidar. Mulher só quer dinheiro, dá dor de cabeça, o que não é o meu lance, sou favelado, mas sou exigente.
Todo o morro foi avisado que ia ter tiroteio, chefes de rua, pastores, donos de comércio foi avisado, por isso as ruas ficaram desertas, aqui na quebrada é tudo organizado, porque bala perdida só acha preto, irmão, pobre, não importa quem seja, todos e qualquer aqui sempre é marginal, criminoso, eu sou das ideias aí, vendo droga, tenho acesso a armas de numeração raspada, nem faço ideia o que é isso, mas é só surgir uma máquina nova que eu tô na ativa, já quero.
Chovia bala na quebrada, começou a troca de tiro entre policia e nós do comando, eles dizem que primeiro tem a investigação, mas quem chega primeiro aqui é a bala, a nossa sorte é ter grana pra bancar alguns desses fila da p**a, que avisa com antecedência, não somos bonzinhos, não acredito que tenha bonzinhos e vilão, do lado de lá também, eles querem manter o deles, e do lado de cá nos quer manter o nosso.
Tudo certo, o certo era não ter ninguém na rua, eles ia chegar fazer os estragos deles e ir embora, nós como sempre ia manter o controle, dá algumas balas de presente, achasse ou presenteasse quem fosse, até de repente enquanto dava alguns disparos, vi uma garota gorda, cabelos de escova, na altura dos ombros, a saia marrom grande, uma blusa colada no corpo, mas nada mostrava, preta mesmo, bem escura.
Negona, agarrada com uma bíblia, dessas que se pega tem que casar, de um tipo que eu nunca pegaria na vida, ela tava com um medo da p***a batendo na porta da igreja, o pastor cagão nem deveria tá lá. — O que essa doida tá fazendo aqui na rua? — Me perguntei, vai saber.
Não importava é moradora, uma dessas que passa de nariz torcido pra gente, se vacilar diz que nós é criminoso, na lata, cospe e joga praga na certa, dei de braço nela, a mão foi direto na cintura, gordinha, cheirosa pra c****e. Tremia pior que vara verde, pegou em minha mão, ajudei a ir pra casa, apesar de achar que agradeceria.
Passou uns dias, o chefe me mandou pra fora, fazer negócios com os grandes, mercadoria nova, inovar na quebrada, precisamos de arma de longa distância, todo morro quer evoluir, porque o nosso não ia? Evidente que sim, fiquei uma paca fora, minha coroa ligando pra saber como eu tô por cá, me surpreendi foi quando os caras me pegou, a policia me cercou na BR, não ia ter como escapar, os farol aceso na minha cara dentro do carro.
Era um momento de sufoco e por mais que fosse, um momento que devia pensar, do nada me veio a doida desesperada agarrada a porta da igreja, só podia tá de brincadeira, o que tinha haver aquela mulher com as minha ideias, esperei a revista, achei que ia conhecer a cadeia, mas não, um policial se aproximou. — Tá tudo bem aí? —Ele perguntou serio, dei os meus documentos pra ele olhar.
Conferiu, olhou pra minha cara, zangado, mas o mais incrível foi não bater a revista do carro. Eu tremia todo, o fundo recheado de arma. — Pra onde tá indo Rafael? — Perguntou zangado. — Niterói doutor. — Os dedos batia no volante, assentiu ao me ouvir, olhou para frente. — Pode liberar a passagem. — Foi um golpe de sorte eu não sei, mas fiquei intrigado, não só com o livramento, mas por ter pensado naquela doida lá, bem naquela hora.
Voltei pra o morro um mês depois, pra não levantar suspeita tive que ficar um tempo de fora, mas eu queria os pontos, fui até a casa dela a rua tava escura, a casa fechada, dia seguinte mandei as flores, o chocolate, esperei a reação, achei que ia perguntar, sei lá, mas nada, fui até a sua casa, pra minha surpresa, ela saia bem na hora, não tava enganado, em pensar que é dessa que se acha melhor que todo mundo, só porque vai na igreja, pensa que Cristo tá na barriga, e nem lembrava que fui eu que salvei ela, por pouco a bala não pegava naquele dia.
Mas irmã de Isa, enquanto uma irmã é da igreja a outra é toda pilantra, me chamou pra entrar no barraco, entrei de fuga bem rapidão, a bandida já queria me dá uns pegas, me sai por ser mercadoria de Márcio, a casa com uns negócios estranhos da p***a, um altar de santo, cheio de vela, e tals. — Tá interessado na minha irmã Jão? — Dei risada, ela também, passei a mão limpando a minha boca. — Ao invéz de conversar devia tá é me chupando p***a. — Disse me saindo, ela me segurou pela blusa, uma morenina, de cabelo escovado com umas mechas, magrinha, no ponto, shortinho curto jeans, todo dentro da b***a, topzinho de chochê. — Te dou um presente se tu dê uns amassos nela.
Dei risada. — Nem pagando fia, tu irmã é um canhão. — Soltei sem pena e sem dó, ela riu, afirmou. — Eu sei, mas paga de santinha dentro de casa, e também, tô ligada que ela anda de olho no meu namorado. — Ergui as sobrancelhas, ela veio querendo me dá um beijo. — Que namorado? — Perguntei com a mão no seu ombro, riu.— Tá interessado não tá? — Balancei nem para sim, tampouco pra não, meio a meio. — Depende do que vai me dá.
Mordeu o lábio me olhando. — Peça o que quiser, posso te dá um noite inteirinha! — Vi o anel do seu dedo, dourado parecendo uma aliança, todo mundo que já foi com ela diz que é boa, gostosa de corpo sei que é, mas é do chefe é só bater o dedo ela vai se arrastando, mas irmã, nem pensar. — Vou pensar no teu caso, mas tá ligada que se eu quiser essa p***a, eu pego né? — Lhe disse mostrando a minha cara, deu risada, sai da casa, as ideias Isa não fazia sentido.
Montei na moto, me sai vendo o povo olhando, parei na igreja ao escutar a garota cantando, gorda pra c****e, mas uma voz boa pra p***a, ela canta pra c*****o, toda certinha. Fiquei olhando pra ela, se achando só porque é crente, não sei porque esse povo pensa que é melhor que nós, só porque vem na igreja? Ia até desembolar as ideias, mas o n***o seguiu ela, eu também, fiquei ligado na conversa, quase não me segurei, ela babando pelo cara e ele só falava em Isa.
Corno, segurei pra não gritar alto, mas isso ele é, a garota prepotente, não tirava os olhos dele, estava checando primeiro o bagulho, se me agradasse até que ia, mas ela não tinha nada pra me agradar, exceto a marra, toda cheia de si, com aquela bíblia debaixo do braço. Tava na biqueira sentado nas contas, os dias que fiquei fora fizeram a maior zona, por aqui. — Te dou o que tu quiser, João! — Isa chegou bolada, sentou no sofá.
Larguei o lápis, olhei pra a magrela bunduda, até bonita, de batom vermelho. — Problema que tu não tem nada que eu não tomar. — Lhe disse botando a real. — A minha irmã, tenho certeza que desse morro aqui, ela é a única que tu não é capaz de levar pra cama, ela prefere morrer a se envolver com alguém como tu. — Franzi as sobrancelhas, é tem ideia, mesmo, isso seria verdade. — Se eu quiser, amanhã mesmo faço a tua irmã se rastejar atrás de mim. — Ela riu quando eu disse.
— DUVIDO DODÔ! — Me desafiou, assenti. — Tá vamo ver então, tu vai fazer tudo que eu quiser, depois que eu botar a tua irmã pra me pagar um bom boquete! — Riu ao me ouvir, peguei a chave me sai do cafofo, deixando ela lá, subi na moto, cheguei na sua casa buzinei, chamei e nada. Desci da moto, era fácil, é só uma preta metida do c*****o, que se acha só porque é crente, nada mais.
Meti a mão na porta, entrei na casa, olhei de cômodo em cômodo, até lhe ver deitada na cama, barriga pra baixo, as pernas pra cima, um fone de um lado a outro nas orelhas as pernas balançava até tocar na cama de cima, um short curto, carne pra p***a. Parecia ler alguma coisa, entrei no quarto, toquei nela na cama, que arregalou os olhos, me olhando. — Quê, quê que tá acontecendo? — Perguntou arrancando o fone, sem saber se cobria o corpo, ou se sentava.
— Chamei aí pô ninguém saiu.. — Expliquei pra ela que negou com a cabeça, puxou a coberta cobrindo as coxas, lisa, roliça, gostosa pra p***a. — E desde quando pode entrar assim na casa dos outros? A Isa não esta, não sei pra... — Não calava a p***a da boca. — Eu não tô aqui por ela, vamos dá um rolé, quero trocar umas ideas contigo. — Riu fraco, como se eu fosse algum palhaço ou se dissesse algo pra ela ri. — Tá louco? Nem pensar, eu não sou como a Isa, e só pra constar, a minha irmã esta namorando.
Odeiei seu jeito logo de cara, se acha e é mandona, dei de ombro, sentei na cama. — Sai daqui, o que o que a minha família vai pensar, não pode fazer isso, garoto, sai, eu sou uma garota de família. — Tentou me empurrar da cama. — Se aceitar sair comigo, a gente ir lá na praça tomar um açaí, o que acha? — Estalou a lingua do meu lado, empurrando o meu corpo com o seu, os pés, fazendo força na parede. — Nem morta, te enxerga menino. — Fui empurrado da cama.
— Tá se não quer, tudo bem, chamo a tua irmã pra ir. — Me olhou de repente. — Você tem algo com a Isa? — Perguntou interessada, eu neguei, evidente que ia negar, se ela souber não vai cair no meu papo. — Não, nós é amigo pô, gosto de outras coisas. — Me olhou de olhos abertos. — Que tipo de coisa? — Dei de ombros, na verdade não, eu não gosto de mulher preta, não gosto de mulher gorda, meu forte é as loiras, as patricinhas, as que chora na sentada.
— Sei lá uma gordinha, uma mulher mais... — Lhe vi ir fechando mais a blusa, como se pudesse fechar mais, era uma de alcinhas verde. — Vai procurar isso pra lá, moço, nessa casa não tem nada que te interesse, tá repreendido em nome de Jesus. — Ri dela, esse jeito. — Se não tem, tô indo. — Disse antes de sair do quarto, só ia dá minutos pra ela brotar na porta, meu negócio não é insistir muito.
Fiquei esperando encostado na moto, mas só vi a porta ser fechada na minha cara, olhei para a porta de aluminio com vidro, ela fez isso mesmo? Não, uma mulher não faria isso comigo, sabendo da grana que posso dá pra ela, não, mas cinco minutos depois não saiu, bati na porta, duas vezes. — Quem é? — Gritou cinica de lá, até que abriu. — Oh, você, eu já disse a Isa não tá. — Fechou na minha cara.