Isabela Lombardi
Mesmo com tudo o que têm me incomodado, eu ainda preciso colocar um sorriso no rosto e tentar mostrar para todas as pessoas que estamos bem. É quase uma busca por uma perfeição que todos sabem que não existe. Eu e Vicent temos brigas, as vezes, não concordamos em algumas coisas e vivemos brigando sobre coisas muito absurdas e pequenas, mesmo que nos resolvamos depois.
Nós somos extremamente unidos, por outro lado, e somos feliz também, o sexo de reconciliação é ótimo, mas não é só de sexo que uma pessoa vive. É de amor e cuidado também, e é exatamente esse o nosso diferencial, nós nos amamos e nos cuidamos muito.
Nos últimos dois anos eu aprendi a controlar as minhas emoções de maneira completamente diferente. Eu nunca fui uma pessoa descontrolada ou maluca, mas nunca soube lidar com todas as minhas inseguranças e frustrações. Estou aprendendo aos poucos, dando um passo de cada vez, eu não posso e nem devo dar as caras agora e agir como uma pessoa madura e dona de sí — mesmo que eu me considere bastante — e começar a andar por ai.
Eu sei que vão ocorrer delizes, que eu vou ter crises de ciumes e que, muitas vezes, vou virar a cara para Vicent, mas aprender a lidar com as minhas próprias frustrações é o básico para que eu fique bem com os outros e comigo mesma.
Sinto que eu estou muito pensativa nos últimos dias, e sinto que isso pode acabar me deixando paranóica futuramente. Preciso parar de refletir tanto e deixar meu subconsiente tomar conta das coisas. Eu sempre acabo fazendo uma enorme besteira depois que me deixo levar pelos pensamentos que sequer sei de onde vem.
Sentada no escritório de Vicent, encaro o papel amarelado com as informações mais básicas que se pode encontrar sobre a vida de alguém — se eu pesquisasse no google, acharia —, mas, ao menos eu tinha por onde começar. É óbvio que eles manteriam tudo em um sigilo enorme, só me pegunto o motivo.
Vicent me garantiu que não encontraram nada, e que a decisão foi tomada para que não ocorresse alarde entre as outras pessoas. Kade foi assassino de aluguel por muito tempo, andou por entre várias máfias e acabou sendo contratado por inúmeros empresários poderosissímos.
Me pergunto como essas pessoas conseguem acabar com vidas tão facilmente, como não se importam com nada além deles mesmos e sobre como acabam com tudo de maneira tão prática, como se estivessem machucando uma mosquinha que está zumbindo em seu ouvido. Os homens — genéricamente falando — são maus por natureza.
Não passa pela minha cabeça que a sociedade corrompe alguém, a pessoa tem que se má desde sempre para permitir ser corrompida dessa maneira. De qualquer jeito, eu não sei qual foi o cenário de vida dessas pessoas antes e antes de tudo, algumas acabam tendo que ir para o caminho errado e eu reconheço isso, é questão de fome, mas não entra na minha cabeça que todos esses homens endinheirados consigam ser tão ruins a ponto de se matarem, como se nada importasse.
Eu sinto raiva toda vez que penso em como homens ricos conseguem ser tão incosequentes. Sinto nojo e odeio todos os empresários que conheço, grande parte são corruptos, exploram os mais pobres e depois aparecem na tv, alegando ajudar os mais necessitados. Ridiculos, nojentos, não aguento viver um segundo sequer com eles. É cansativo!
— Que saco. — Joguei os papéis para longe de mim, arranquei os sapatos de salto e sai pela casa.
As vozes começaram a ser ouvidas assim que saimos do escritório, franzi a testa. Os meus pés batiam contra o chão gelado com delicadeza e então, cheguei a subida da escada. Observei as três pessoas paradas no meio da sala e franzi a testa quando percebi a mais nova das duas mulheres com a mão sobre o peito do meu marido.
Limpei a minha garganta, chamando a atenção para mim. A garota me encarou e me direcionou um sorriso debochado, o casal não esboçou muitas reações.
— Oi. — Murmurei, enquanto descia as escadas.
— Amor, oi.. — Vicent disse, suspirando cansado. — Esqueci de avisar que teriamos visitas.
Coloquei as mãos juntas na frente do corpo e estudei a garota de cima abaixo, franzindo a testa.
— Hm, percebi. — Me virei para ele, lançando-lhe um olhar que ele entendia bem. — Quem são?
Ele limpou a garganta desconfortável e me virou para as pessoas, me segurando pela cintura.
— Esses são Ronald, Melissa e Anna... — Ele apresentou cada um, apontando para o homem, a mulher mais velha e a mais nova, respectivamente.
— É um prazer recebe-los. — Murmurei.
— O prazer é nosso.. — Ronald murmurou. — Não me disse que tinha uma esposa tão linda.
— É... ela é mesmo. — Ele deu um sorriso fraco, não tinha gostado do elogio direcionado a mim.
— Obrigada. — Disse, educada. — Podia ter avisado, teriamos preparado algo mais elaborado.
— Ficamos felizes em ser recebido, aposto que a comida vai estar divina. — Ronald me cortou, ele parecia simpatico, mas algo nele...
— Bom, de qualquer maneira, vou chamar a empregada para acomodar vocês. — Eu disse, séria.
— Está sem sapatos. — Melissa disse, pela primeira vez.
Um silêncio se instaurou pelo local e eu encarei meus pés. Pelo menos, minhas unhas estava, bonitinhas', delicadamente pintadas de vermelho.
— É, não esperava receber visitas. — Disse, simples.
— Anda assim sempre? — Ela perguntou.
— Sempre que possível... — resmunguei. — O que isso incomoda a senhora? Posso arrumar uma faixa e..
— Isa, chame a empregada, por favor. — Ele me cortou, o fuzilei com os olhos.
Emburrada, pedi um breve com licença e fui atrás das duas mulheres que estavam cuidando de todos os quartos da casa.
— Certifiquem-se de que tudo está limpo e os acomde, bem longe de mim... — grunhi.
— Sim, senhora, — Disseram em coro, antes de sair do meu campo de visão.
Retornei para a sala atrás delas, que pararam na frente da escadaria.
— Quero um quarto perto do de Vicent, eu tenho medo de dormir sozinha e... — ela começou a tagarelar.
Revirei os olhos.
— Estão ocupados, mas não se preocupe, ficará do lado dos seus pais. — Expliquei, lançando-lhe um sorriso falso.
— Qual é o problema de dormir no seu quarto? — Ela perguntou. — Podemos dividir.
Franzi a testa, o que essa garota pensava?
— Dormimos na mesma cama. No mesmo quarto. — Vicent pontuou.
— Pensei que... — ela começou a dizer.
— Está pensando muito. — Ronald murmurou. — Obrigado por nos receberem, vamos!
E eles subiram a escadaria, esperei que eles sumissem do meu campo de visão para me virar para Vicent com os olhos cobertos do mais puro ódio e decepção. Apenas balancei a cabeça e me virei, começando a fazer o mesmo trajeto que os visitantes.
— Amor, posso explicar...
— Só não mando você dormir no sofá pois aquela sirigaita está esperando uma única oportunidade. — Resmunguei. — Não me perturba!
— x —
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