Capítulo 03

1519 Words
Isabela Lombardi | Mais 1 ano depois... As coisas acabaram saindo do meu controle e do de Vicent também. A mais ou menos uma semana todas as informações foram coletadas e arquivadas, acabaram decidindo que não encontrariam nada — e acredito que nem tenham ido tão a fundo assim na vida de Kade — e decidiram que o melhor a se fazer era lhe dar um ''voto de confiança''. Era uma promessa silênciosa de que eles ficariam na cola do meu irmão e sinceramente, não era algo que eu me importava muito, em dois anos meu irmão não fez nada que pudesse me machucar ou machucar outras pessoas, ele foi ele mesmo e isso é o suficiente para mim. Por outro lado, eu ainda me pergunto o que de tão errado pode ter dado a sua vida inteira. Meu pai pode ama-lo, mas nunca foi presente e para falar a verdade, ele passou os últimos dias da sua vida aqui, conosco. Não entendo como um homem que ama tanto o filho consegue ficar longe dele por tanto tempo, a não ser é óbvio, que tenha alguma coisa muito obscura por trás dessa decisão. Eu nunca abriria mão do meu filho, da minha família — a que ele, realmente, amou — para viver com pessoas que eu nunca suportei olhar. Meu pai era estranho e isso me deixava confusa. Eu nunca vou entender seus propósitos e a sua cabeça doentia. O pior é que olhando de outro ângulo, ele foi meu herói enquanto eu era uma criança e me perguntava o motivo de ele nunca ter cuidado tanto de mim e tentava acreditar que ele tinha que cuidar de outras pessoas, muita tola! Conforme eu fui crescendo, observei que ele não era a imagem que eu tinha projetado e meu mundo caiu pela primeira vez. E quando, a um ano, minha mãe fez as coisas mais absurdas e doentias que eu poderia imaginar, eu senti o meu mundo desmoronar pela segunda vez. Agora eu não tinha mais ninguém além de Beatrice, de Vicent e de Mattew e tinha medo de que, algum dia, o meu marido me largasse também, assim como todo o restante das pessoas da minha vida... Only love can hurt like this...Nada destrói mais do que o abandono, a sensação de não ser importante, de ser só mais uma peça em um tabuleiro inventado, de duas torres que queriam ser rei e rainha a qualquer custo, mas diferente do xadrez, o rei e a rainha estavam lado-a-lado, mas lutavam individualmente por sua própria vitória. Quando o rei caiu, a rainha se recolheu e tentou seu último ato, sem sucesso algum. Ela levou a minha alma, e despedaçou, me destruiu e quase arruinou a minha família. Ela e meu pai são os castigos que recebi da vida, penas que paguei — e ainda p**o — por alguma coisa que posso ter feito em outra vida. Não consigo encontrar coisas que eu possa ter feito aqui e agora para que eles tenham sido tão ruins para mim. Eu nunca quis me vitimizar sobre qualquer coisa, nunca faria isso. Eu ergui a minha cabeça, continuei caminhando e enfiei um sorriso no meu rosto. Minha mãe fez tudo o que pôde para chegar onde eu estou, ela queria uma marionete, ela queria um peão... mas, eu sou a rainha aqui, fraquejar não é uma opção, nunca será! Eu preciso me erguer sempre que cair, não existe espaço para decair, nunca existirá. Eu não sou fraca como muita gente pensou que eu fosse, eu sou muito mais do que imaginaram, eu sou muito mais do que esperavam de mim! Eu conquistei pessoas, eu sou respeitada e não é por ser a esposa de Vicent — até porque, se dependesse apenas dele e do seu poder, muita coisa teria sido evitadas — e sim, por ter me mostrado uma pessoa forte, centrada e nunca ter permitido que outras me rebaixassem. Eu posso ter defeitos, posso não ser perfeita, mas eu ainda sou boa e quando aprendi a entender isso, quando entendi que eu era o suficiente e que a vida não é tão r**m e desgastante quanto os meus pais faziam parecer. O fardo é menor quando você têm alguém para ajudar você a carregar e Vicent... Vicent era perfeito, ele era tudo aquilo que eu sonhei em um homem. Ele cuida de mim, ele me ama e protege. Não importa o quão simples seja, ele sempre vai estar ali do meu lado, segurando a minha mão, me dizendo que eu posso, que eu sou capaz e que eu vou ir longe. Ele foi o primeiro a acreditar em mim de verdade, em ver um futuro onde mais ninguém via. Eu nunca vou poder abrir a minha boca para dizer que ele nunca foi bom, ele foi! O tempo todo! Vicent foi perfeito e ainda é. Ele nunca joga suas merdas do trabalho em nosso meio, ele nunca tenta me fazer entender que seu dia foi cansativo e que ele só quer dormir — já que, em boa parte do tempo, eu somento o entendo —, ele me escutaria por horas e horas. Vicent viu as minhas maiores fraquezas, me deixou chorar em seu colo, cuidou de mim e da nossa família. Vicent foi tudo o que eu pedi e eu não sei o que eu faria se ele não estivesse aqui. Eu não sei como seria a minha vida se eu não o tivesse. Ele foi a melhor coisa que me aconteceu, meu prêmio. Eu o amo hoje e vou ama-lo até um de nós dar seu último suspiro. Eu vou ama-lo até que estejamos cansados demais para lembrar e quando esse dia chegar, quando nós dois estivermos esquecendo das coisas mais simples, eu vou me lembrar dele. Eu vou me lembrar dos nossos momentos e vou chegar a conclusão de que ele é inesquecível, vou poder olhar para o lado e vou reconhece-lo. Vicent foi o primeiro e único amor que tive, mas foi tão gostoso, avassalador e impactante, que nem em mil anos pode ser esquecido. — x — — Oi, amor. — Ele murmurou, enquanto entrava no quarto. — Chegou tarde. — Disse, fechando o meu livro e o colocando sobre a cabeceira. — Sim, mas vai valer a pena. — Ele se aproximou e me deu um selinho. — Em um mês eu vou ficar em casa o tempo inteiro com você e Matteo. Ele mexeu no meu cabelo e começou a arrancar o blazer do corpo, ao mesmo tempo que empurrava os sapatos para fora dos pés. — Eu preciso de um banho... — ele grunhiu. — Bocê me espera? — Para? — Perguntei, me enfiando embaixo das cobertas, — Quero saber como foi o seu dia... — ele entrou no banheiro e bateu a porta. Era um hábito que tinhamos a algum tempo, mas que fomos perdendo com o tempo. Eu e Vicent não estamos distantes, ele tenta ficas próxima de mim o tempo inteiro, mas seu trabalho tem atrapalhado muito as coisas. O que tem acontecido é que Vicent tem trabalhado dobrado no último ano, primeiro para compensar o fato de que ele sumiu por algum tempo e depois, para que ele pudesse ter mais tempo com a família. Eu ficava orgulhosa que ele estivesse fazendo tanto por nós, mesmo que eu sentisse muita falta dele. Sentir saudades é normal e, no geral, é saúdavel. Temos que aprender a lidar com frustrações e com o fato de que somos seres completamente individuais, com suas vidas e particularidades. Vicent tem o seu emprego e mesmo que cansativo e frustrante, ele ainda o adora e não abriria mão. Além do mais, as pessoas precisam do meu marido, a máfia não funciona sem um De Lucca e ele é muito bom nas coisas que faz. Ele é um ótimo pai, um ótimo marido e deve ter sido um ótimo filho — já que eu nunca tive um contato mais intimo com a sua mãe, não consigo saber como ele era antes. Vicent não é muito de conversar sobre a sua adolescencia e eu também não. Me sinto deslocada sempre que percebo que algumas pessoas tiveram uma vida normal, um dia eu vou terminar de superar tudo isso, um dia, eu vou chegar lá na frente e pensar em tudo isso e conseguir dar risada, mas agora... a Isabela de hoje só consegue pensar em tudo com tristeza. Acho que é o fato de ser tudo muito recente. — Voltei. — Vicent murmurou, me fazendo sair dos meus devaneios. — Não quero conversar sobre o meu dia hoje... — eu murmurei, o puxando para mim. — Eu estou com saudades. Ele deu um sorriso de lado e atacou a minha boca, sem dizer nada. Era incrível a maneira que nós dois conseguiamos nos entender a todo momento, independente do que fosse. Na cama, a nossa conexão era surreal e qualquer um que assistisse de fora, chegaria a conclusão de que nós dois fomos feitos cuidadosamente um para o outro. — x — @aut.may (me sigam no insta)
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