Capítulo 12

2242 Words
Ano 2015 Narrador narrando Ultimamente, Lucas vem notando que sua voz está meio grossa e se sente cada vez mais hipnotizado pela lua cheia. O nosso lobinho não consegue explicar a vontade que sente de uivar para a lua e ele também está ficando cada vez mais brincalhão. O bom comportamento é bem comum dos lobos betas, porém Lucas era um pouco infantil na idade dos 13 anos, coisa que seu pai não era. Ele era mais reservado e precisava de atenção, sentia necessidade de ter alguém ao lado dele, era manso e mais responsável e nunca pensou em desafiar seu pai Roberto; já Roberto não se entendia muito bem com seu pai, era irresponsável, relaxado e por causa disso, os dois brigavam muito. Lucas estava ficando magro e um pouco alto enquanto Roberto, nesta idade, estava ficando alto e robusto. Roberto chamava atenção e Lucas passava despercebido. Ryan, ultimamente, tem notado que está muito agitado. Ele tem ganhado corpo e está também relaxado e bagunceiro, o que é bem comum entre os guaxinins nesta idade. Ryan está com preguiça até de escovar os dentes. O único interesse dele é somente aparência física, o resto é um total relaxe. As notas dele estão caindo e ele não para de pensar em s**o. Já Bianca, por outro lado, não conseguia tirar Matheus da cabeça, porém Matheus, que era uma pessoa um pouco alta e forte, não dava a mínima para ela, e foi aí que Raul começou ia dar em cima dela. Ela até tentava não dar muita bola para ele, mas ela ia cedendo aos poucos. Bianca começou a notar que Matheus ficava olhando demais para Lucas, mas não dizia nada. Ela se vê cada vez mais agitada, às vezes tem vontade de arranhar e não podia ver dois casais se beijando que já ficava excitada. Já Raul, atrapalhado como sempre, ficava tentando dar em cima de várias garotas, mas elas não davam a mínima para ele e ele soava patético. Queria ser pegador, mas não pegava ninguém. Elas não viam nada de interessante nele, ele era um lince magro que estava com uma voz rouca e parecia um cachorro caído de mudança. Raul tentava chamar atenção de toda forma mas era massacrado por comentários maldosos sobre sua aparência, principalmente de sua cabeça. À medida que eles vão crescendo, vão surgindo problemas como não aceitar o corpo, problemas de aceitação e até mesmo bullying. Duas hienas ficavam na cola de Lucas, Ryan e Matheus, uma se chamava Paulo e a outra Luís. As duas hienas estudavam na sala ao lado, Lucas e seu grupo estavam no 6º ano A, e as hienas no 7º ano. Elas começaram a implicar com todos os alunos, os seus alvos preferidos eram os alunos desacompanhados. Robert, um gato pequeno e amarelo, passou a ser alvo deles e toda vez que ele passava, as hienas colocavam a perna e ele caia. Ninguém falava nada porque todos tinham medo das duas hienas, e se falassem algo, iriam virar o alvo número 1 deles. Durante as provas, o gatinho era obrigado a passar a cola pra eles, o trancavam no banheiro e, às vezes, colocavam um papel com um “Me chute” escrito nas costas dele e ficavam chutando Robert. Em uma ocasião, colocaram uma cueca na bolsa dele e em outra, o trancaram na biblioteca e colocaram ele para cheirar meias sujas. O gato Robert não queria envolver os seus pais, ele queria resolver seus problemas sozinho. Até que um dia, ele foi abordado pelas duas hienas enquanto pedalava em direção à sua casa. — Deixa eu passar! — disse Robert. — Não. — disse Luís. — Vamos dar uma volta, gatinho. — disse Paulo. — Pra onde vocês tão me levando? — perguntou o gato para as duas hienas que estavam guiando a bicicleta dele para um beco escuro. — O que vocês querem de mim? — perguntou o gato. — Você gosta de homens? — perguntou Paulo. — Não! — disse o gato, meio nervoso. — Se você não gosta, então por que você fica o tempo todo olhando para o Leandro, aquela p***a de raposa imunda? — Nós somos só amigos, só isso — diz Robert. — Você quer é ser o namorado dele — disse Luís. — Não, eu só gosto dele — diz Robert. — p***a — disse Paulo, segurando ele pela camisa. Robert ainda estava sentado na bicicleta dele. — Por que você não senta no nosso colo, hein, gatinho? Aproveita e treina para sentar no Leandro — disse Paulo com um sorriso e colocando a mão na sua cueca. — Eu sei que você gosta de homens, então para quê resistir? — diz Luís. — PARA COM ISSO! — gritou Robert, tentando se soltar. — Puxa a calça dele — disse Paulo a Luis enquanto Luís puxa a cueca de Robert para baixo. — Você gosta sim! — disse Luís. — Olha a cuequinha dele do Ben 10! — disse Paulo. Quando eles se distraíram, Robert arranhou o rosto dos dois ao mesmo tempo. — p***a, que gato do c*****o! — disse Paulo, com o rosto sujo de sangue. — Quase acertou meu olho! — disse Luis. Robert, com medo, pegou a sua bicicleta, subiu e começou a pedalar o mais rápido que conseguia com as duas hienas correndo atrás dele. Ele fazia um esforço enorme com suas pernas curtas, enquanto as duas hienas corriam atrás dele. As duas hienas já estavam o alcançando e Robert sabia que se elas o pegassem, ele seria espancado. O gato pedalava com todas as forças, mas era inútil. — Te peguei, gato do c*****o — disse Luís, segurando as garras dele. — Olha só o que você fez com a gente! — disse Paulo, com muita raiva. Luis ficou segurando as duas garras e encarando-o no fundo dos seus olhos com as presas à mostra. — Eu não fiz nada — disse Robert, trêmulo e lacrimejando. — ISSO É NADA PARA VOCÊ? HEIN? RESPONDE! — disse Paulo, balançando o Robert e se preparando para dar um soco nele. Robert estava chorando quando o seu pai abre a porta de casa e fica encarando as duas hienas. As hienas notaram o gato alto e branco os encarando com um olhar ameaçador e eles decidem fugir para não dar problema para eles. O pai de Robert parecia um fantasma. As duas hienas vão embora e Robert tenta engolir o choro, mas não consegue. — O que tá acontecendo aqui? — perguntou o pai dele. — N-Na-Nada — disse Robert, gaguejando enquanto chorava. — Como assim nada, Robert, por um acaso isso é nada? O que aqueles moleques queriam com você? Por que você não me contou nada antes? — perguntou o pai. — Eu só queria resolver meus problemas sozinho, pai — disse Robert. — E se eu não tivesse aparecido e eles fizessem algo pior com você, hein, filho? — disse o pai — Eu não sei o que eu faria com aquelas hienas miseráveis. — Pai, eu tenho que resolver meus problemas sozinho, não sou mais uma criança — disse Robert. — Você pode até não ser mais uma criança, mas para mim, você sempre será a minha criança — disse o pai, abraçando ele. Nesta hora, Robert tentou segurar o choro, mas ele começou a chorar ainda mais. O pai passou a mão na sua cabeça o acariciando e os dois caminharam até em casa juntos, o pai estava decidido a tirar o seu filho daquela escola. Última semana na escola. Robert estava querendo se vingar das duas hienas, depois de tudo que elas fizeram ele passar. O gatinho tinha um espírito vingativo, ele ficou horas planejando no que fazer, horas e horas, até que resolveu encher duas bexigas com água e acertar ovos nas hienas. Era o último dia dele na escola, todos saíram e o gatinho ficou na sala. As hienas ficaram horas do lado de fora conversando e provocando as outras pessoas que passavam e enquanto isso Robert encheu as duas bexigas, levou-as em uma sacola, com quatro ovos separados na mochila. Ele saiu da escola, fingindo que estava indo para casa, e as duas hienas viram ele e começaram a rir. — Lá vai o viadinho do papai! — disse Paulo. — O pai dele come ele! — disse Luís e os dois ficaram rindo. Robert olhou para trás, sorriu e deu um aceno. — Vai pedalando na sua bicicletinha, seu viadinho, deveria pedalar é na gente — disse Paulo e Luís. Robert deu meia volta pela escola e na mesma hora que Matheus ia saindo, as hienas já pararam ele para provocar. — Uma hiena filhote de um lobo. Que irônico — Luis disse. — Nunca vai conseguir ser igual ao pai — disse Paulo, sorrindo sarcasticamente. Matheus já estava ficando irritado quando do nada, dois balões de água estouraram na cara das duas hienas e quando eles olham para cima, notam Robert rindo deles. — Seu viadinho do c****e! — gritou Paulo, furioso. As hienas tentaram chegar até ele enquanto o mesmo corria pelas escadas e o mais rápido possível até sua bike, quando Robert notou que eles estavam chegando, ele joga ovos na cara deles e começa a pedalar enquanto, por um momento, eles limpavam os olhos e corriam atrás com ainda mais raiva do gatinho. Robert começou a pedalar na direção de uma ladeira perto da escola, pois ele já havia traçado seu plano de fuga. Irei por aqui porque eles vão cansar — pensou ele, pedalando com todas as forças e as hienas vindo atrás dele. Aí as correntes da bicicleta caem e as hienas começam a chegar perto da bicicleta. — Corre, Robert! — todos começaram a gritar e ele começou a correr, mas era inútil. E quando Luís o alcança ele o pega pelo pescoço. — Vou te ensinar o que acontece quando brincam com a gente — disse Paulo. — Me desculpa, por favor! — disse Robert. — Agora já é tarde — disse Luís. Paulo deu um cascudo no gato e ele começou a chorar, aí eles estavam perto de uma mangueira e Paulo a pega e começa a molhar Robert dos pés à cabeça. — Parem, por favor! — disse Robert, quase se engasgando — Por favor, NÃO! — gritou Robert. E então, Matheus chegou correndo até eles e tirou o gatinho de perto deles, ficando entre o gatinho e as hienas e não deixando eles se aproximarem de Robert. Eles tentaram bater em Matheus, mas ele era forte e empurrou as duas hienas, que caíram sentadas. Matheus pega o gatinho pela mão e o tira dali. Agora, as hienas passaram a implicar com Matheus e não demorou muito para elas começarem a infernizar a vida de seus amigos, como Lucas, que parecia sempre mais vulnerável. Matheus e Lucas agora se tornaram mais próximos um do outro enquanto Ryan, dividido com a sua sexualidade, começa a se aproximar de Micaele. Ryan se torna mais distante e Matheus começa a ocupar o lugar dele. Era 12 de agosto de 2015, já fazia uma semana que Robert tinha deixado a escola. Normalmente, Ryan, Lucas e Matheus iriam até o ponto de ônibus para voltar para casa, mas Ryan ficou com Micaele na escola. Matheus e Lucas foram juntos até o ponto de ônibus e as hienas os acompanhavam. — Olha só o que temos aqui, o lobinho com o namoradinho dele. Onde é que está o guaxinim? Ele te trocou por aquela raposa, é? — disse Luís, que era mais sarcástico. — Para, Matheus, é só não ligar — disse Lucas para Matheus, que já estava ficando zangado. — Eu vi vocês dois juntos — disse Paulo. — Já te disse que esse moleque aí é gay — falou Luís. — Gay! — gritaram as duas hienas, ao mesmo tempo, com Lucas e depois riram. Lucas estava ficando envergonhado, até que o ônibus apareceu e os quatro entraram no ônibus. Ele estava bem cheio, mas havia quatro assentos vazios, dois em uma fileira e dois logo atrás. Lucas e Matheus se sentaram perto da porta e as duas hienas lá atrás, próximo a uma janela. Eles ficaram a viagem toda provocando as pessoas na rua e rindo de piadas tolas. — Aê, Romeu! — gritava Luís quando via os passantes. — Nós somos gays! — os dois gritaram bem alto enquanto o ônibus passava perto de um grupo de pessoas e continuavam rindo. — Aí, vagabundo! — gritavam pra outra pessoa — Teu colesterol tá nas alturas, gordinho! — e rindo. — Eu sei que tu tá pegando aquele guaxinim — sussurrou Luís no ouvido de Lucas, o deixando espantado. — Eu sei que vocês dois são gays, mas ele agora parece que gosta de mulher — disse Luís com sarcasmo. — Agora vai pegar essa outra hiena aí e quando ele te abandonar, vai chorar, Luquinhas. — Ignora eles, Matheus. — disse Lucas. Matheus estava quase entrando em fúria, pois teve uma hora que as hienas puxaram suas orelhas para trás e deram um cascudo nele e no Lucas. As duas hienas já estavam irritadas por não conseguir tirar satisfação com eles e iam dar um soco, mas o ônibus chegou no destino delas. — Até mais, Luquinhas — diz Luís com sarcasmo. — Tô de olho em você, Matheus — diz Paulo, esfregando a mão na sua cabeça.
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