Mãe do Lucas narrando
Chego em casa e vejo que Lucas não está na sala, ele geralmente fica a tarde toda jogando lá. O que tá acontecendo? Será que aconteceu alguma coisa?
Eu subo as escadas, chamando o nome dele, mas Lucas não responde.
— Lucas! — eu chamo mais uma vez, mas ele não responde. Eu vejo que a porta do quarto dele está fechada.
Eu abro a porta e quando me aproximo, vejo que Lucas está dormindo. Eu tomo um susto ao ver uma forma que parece que tem alguém deitado do lado dele e vejo que ele estava em um sono profundo. Eu me aproximo devagar e quando puxo o lençol, vejo que eram só dois travesseiros e lençóis empilhados, ele estava acordando.
— Hm? Mãe, o que foi? — pergunta ele com a voz sonolenta.
— Nada não, filho — digo a ele.
— Por que você estava dormindo neste horário?
— Eu acabei ficando com sono e fui dormir, mãe — diz ele, bocejando.
Deve haver algo de errado, digo para mim mesma. Eu vi o calção dele lá embaixo jogado no sofá e vejo marcas de garras na parede. Lucas está trazendo alguma garota aqui para casa talvez? — eu me pergunto, mas não digo nada.
— Quando você quiser jantar é só descer tá, querido? — digo isso, saindo do quarto e fechando a porta.
Lucas e Ryan
— Ryan, ela já foi, sai daí — disse Lucas.
— Ok, vou sair, mas meu calção tá lá embaixo. Não posso sair só de cueca por aí — diz Ryan.
— Eu vou buscá-lo e você fica aí! — diz Lucas.
— Como se eu tivesse escolha — disse Ryan de forma sarcástica.
Lucas se vestiu e foi jantar.
Os pais estavam cansados demais para notar que Ryan tinha deixado seu calção perto do rack. Lucas passou rapidinho perto do rack e chutou o calção de Ryan para baixo para os pais não verem.
— O que é isso daí? — pergunta Roberto, olhando na direção de Lucas.
— Isso o quê? — perguntou Lucas, com medo do pai estar se referindo ao calção no chão.
Roberto estava apontando para uma maquete que estava próxima ao rack de onde Lucas tinha chutado o calção de Ryan.
— Ahh, tá, essa é uma maquete sobre Brasília, a capital do Brasil — disse Lucas tentando disfarçar com um sorriso amarelo.
Roberto se aproximou para analisar a obra de perto, tão perto que ele podia ter visto o calção de Ryan, mas para a sorte de Lucas ele não percebeu o calção.
— Quem fez esta maquete?
— O Ryan e eu — disse Lucas.
— Estou orgulhoso de você, filho — disse Roberto, que depois foi se sentar na mesa, pois estava cansado e ao mesmo tempo, a mãe do Lucas começa a servi-los.
Narra Lucas
Meus pais estão me olhando com um olhar meio malicioso. Meu pai olhou para a minha mãe e passou a mão na minha cabeça, sorrindo.
— Filho, eu sei que você está trazendo uma garota pra casa e dormindo com ela — dizia Roberto enquanto, em pensamento, Lucas dizia que essa garota era o Ryan e se segurava muito para não rir.
Lucas olhou para a sua mãe e ela estava com um sorriso orgulhoso.
— Como assim? — eu pergunto.
— Nós somos seus pais, a gente te conhece, filho — disse a mãe.
— Você anda meio agitado, parece meio aéreo e tem até uns arranhões pelo seu quarto — diz a mãe.
— Não, eu não estou trazendo ninguém aqui — eu digo.
— Os lençóis da sua cama estavam sujos — disse a mãe.
Nesta hora, Lucas ficou vermelho.
— Quem é ela? — perguntou meu pai.
— Ela quem? — perguntou Lucas.
— Não se faça de desentendido, Lucas. Quando você vai nos apresentar a garota? — falou o pai, sorrindo.
— E-E-Eu não sei do que você está falando — disse gaguejando.
— Deixa ele, Roberto. — disse minha mãe.
Eu termino o meu jantar e, meio envergonhado, vou me sentar no sofá como quem não queria nada e fico mexendo no celular.
Até que, teve um momento que minha mãe estava pegando umas roupas no quintal e meu pai entrou no banheiro. Nessa hora, eu peguei o calção de Ryan que estava embaixo do raque e levo para ele. Ryan ainda estava debaixo da cama.
— Por que demorou tanto? — ele perguntou.
— Eu estava jantando — sussurro para ele e peço para ele se vestir rápido.
Na mesma hora, eu escutei alguém subindo as escadas de novo.
— Ryan, sai pela janela! — sussurrei para ele, com medo dele ser visto.
— Não dá! — disse Ryan debaixo da cama, ainda colocando o calção.
E então, alguém bateu na porta e quando eu apareci para abrir, era meu pai.
— O que você tá fazendo aí, Lucas? — perguntou ele.
— Nada, pai, tô só procurando uma chinela — digo a ele.
— Mas você tá calçado. Por um acaso, não estaria escondendo a garota aí não, né? — disse meu pai.
— Não tem ninguém aqui, pai — disse Lucas com medo dele olhar embaixo da cama.
Mas Roberto, ainda assim, entra no quarto, liga a luz e percebe que a cama estava bagunçada. Quando ele se aproximou da cama, sentiu um cheiro de guaxinim e se abaixou para ver se havia alguém debaixo da cama, mas não tinha nada ali.
Meu pai deixa o quarto, me olhando com um olhar desconfiado enquanto Ryan estava no guarda-roupa e eu solto um suspiro de alívio.
Ryan saiu pela janela, trepando em uma árvore próxima à janela. Ele consegue descer, olha para trás e me dá um adeus.
— Adeus, Ryan — eu disse baixinho para que meus pais não escutassem enquanto acenava para ele, admirando aquele lindo guaxinim de pelos listrados indo embora, com o vento balançando seus pelos. Vejo seu sorrisinho malicioso e uma cara mascarada de um ladrãozinho que roubou o meu coração.
Narra Ryan
Cheguei em casa e minha mãe estava preocupada com o porquê de eu ter demorado tanto. Eu digo que estávamos fazendo uma maquete.
Eu entrei no banheiro e comecei a me lavar, quando termino, vou jantar. Depois, escovo os dentes e vou dormir pensando no Lucas.
Aquele lobinho não sai da minha cabeça — pensou Ryan na cama, tentando dormir.
Os pais de Lucas desconfiavam cada vez mais dele. Eles notaram que no peito dele tinha marcas de garras e as roupas dele também.