Capítulo 31

2776 Words
Narra Ryan Estava Matheus e eu na casa dele, ele havia me convidado para entrar e tomar café junto com ele. A casa dele parecia um museu, tinha vários quadros bonitos e alguns vasos lá. Como estava todo melado de ovo e maizena, ele disse que eu poderia ir até o banheiro e me limpar, e foi o que fiz, mas antes de entrar no banheiro, eu tirei a camisa e tive a impressão que Matheus não parava de olhar para minha barriga definida. Ele dava algumas olhadas de leve e depois desviava o olhar. Os olhos dele são tão bonitos e seu rosto também, mas claro, por eu achar um homem bonito não quer dizer que eu seja gay, até porque eu namoro com uma garota. Não sei o que deu em mim que eu simpatizei com ele, eu estava achando ele tão antipático. Ele estava afastando o Lucas de mim, mas é normal a gente sentir ciúmes, até porque o Lucas é meu melhor amigo e eu não quero perder ele não. Quando eu saí do banheiro, ele estava mexendo em um laptop, assistindo mais um daqueles documentários chatos de história sobre Viriato, o líder dos bárbaros portugueses, eu pensei — E se eu mostrar umas paginazinhas pornô pra ele? Ele tem cara de que nunca viu — enquanto dizia pra ele que tinha umas páginas que ele ia se amarrar. A princípio, ele ficou sem entender sobre o que eu estava falando, dava pra ver pela cara de inocente dele. Eu comecei a digitar o nome de um filme e enquanto a página carregava eu sorria com malícia e olhava para ele, quando apareceu “Aqui estão alguns resultados da sua pesquisa” e ele viu aquilo. Ele tentou pegar o mouse da minha mão e nós começamos a brigar por ele, até a hora em que ele escorregou da cadeira e caiu de costas com a barriga para cima, eu tropecei nele e cai em cima dele com meu focinho indo de encontro ao dele. Nós rapidamente nos levantamos e ambos estávamos já duros, eu dava umas olhadas de leve pro volume dele e ele para o meu. Eu volto para a cadeira e coloco o filme para rolar. E ele ficava toda hora querendo tirar, até que o filme acabou e ele estava vermelho de vergonha. Eu percebi que enquanto eu estava lá sem camisa, ele olhava para meu calção e minha barriga definida e suas pupilas dilatavam e a cauda dava leves balançadas. Após o filme, eu me despeço dele e volto para casa. Digo sorrindo que voltarei e ele fica envergonhado. Eu ainda estava só com o calção sujo e levando a camisa na mão. Eu estava bem atento para caso as hienas e José voltassem. Eu estava sozinho este dia, meus pais haviam saído e eu queria chegar logo em casa e me trancar. E agora? — pensei — Os ovos eu joguei neles e a massa de bolo e as outras coisas, eita, se minha mãe souber eu tô perdido. Eu já apanhei por causa de briga, agora vou apanhar de novo. Eu começo a ficar nervoso — Onde vou arranjar dez reais pra comprar tudo que estava na lista de novo? E essa roupa toda suja e fedorenta de ovo e maizena, fora que eles vão chegar mais ou menos em uma hora — enquanto estava distraído pensando eu escuto alguém vindo correndo atrás de mim e quando olho para trás era o Paulo, ele estava me tacando um monte de ovo. Eu comecei a correr também em alta velocidade, chegando na frente de casa, coloquei as mãos nos bolsos para pegar a chave e abrir a porta, mas não tinha nada. Comecei a procurar nos outros e também não tinha nada. Eu escuto uma risadinha e quando olho para trás é José, o gato, rindo de mim enquanto segurava o molho de chaves. Eu faço um movimento brusco para pegar a chave e ele fica sorrindo, olho para um lado e lá vem Paulo correndo com o rosto vermelho de raiva e do outro, Luís com os ovos. Eu estava cercado, de um lado da rua vinha Paulo, do outro Luís e na calçada da outra casa estava José, rindo da minha cara. Eu corri até ele pra pegar a chave e quando cheguei nele foi uma luta para fazê-lo largar, nos embolamos no chão, brigando igual dois gatos. Eu consegui pegar a chave das patas dele e ele me segura pela cauda, enquanto eu tentava correr em direção à minha casa e as hienas só se aproximavam cada vez mais. Paulo já estava perto de mim, ele vinha correndo com tanta raiva que acabou escorregando na grama. José não se aguentou e deu uma risada, foi o momento que eu me libertei e corri para a porta da minha casa. Luís ainda tentou me pegar, mas eu driblei ele e coloquei a chave no trinco. A hiena se desequilibrou e caiu em cima de José. Eu, sorrindo, rapidamente abro a porta e entro dentro de casa, fechando-a logo em seguida. Eu fiquei rindo igual a um doido enquanto do lado de fora, Paulo estava com o rosto sujo de terra e gritava muito. — VOCÊS SÃO MUITO BURRO! Que gato mais incompetente! A chave era pra ter ficado comigo, eu te falei que ele ia pegar a chave. Era pra vocês dois ficarem aqui, eu avisei e isso aconteceu. — RYAN!! — gritou ele bem alto pra todo mundo ouvir — TU VAI ME PAGAR, SEU FILHA DA p**a!! Eu subo as escadas e fico lá de cima de uma janela, rindo da cara deles. Eles tentavam me tacar ovo, mas não acertavam e eu ficava rindo de tudo aquilo. José estava com muito ódio e Luís também. Eu vou até a geladeira, pego três ovos e taco neles. José e Paulo foram acertados na cabeça e ficaram com mais ódio ainda. — MISERÁVEL!! EU TENHO ÓDIO DE VOCÊ, EU TE ODEIO TOTALMENTE, SUA DESGRAÇA DE PESSOA. VAI PARA O INFERNO, EU QUERO QUE VOCÊ MORRA! QUANDO EU TE VER DE NOVO AQUI FORA, VOU TE ALEIJAR DE TANTA p*****a, SEU m***a!! — gritou José com todas as suas forças. Eu digo — Chaninhooo, miau, miau, miau. — Tu não tá levando minha cara a sério. Tu vai ver, um dia eu te pego — dizia José, vermelho de raiva. José estava todo sujo de ovo e com tanta raiva que estava chorando, já Paulo estava com saindo fumaça pelo nariz depois de eu imitar uma hiena rindo. — Nós não vamos sair daqui enquanto a gente não acertar nossas contas — diz Paulo, vermelho de raiva. Eu saio da janela, desço as escadas e abro as portas, dou dois passos e digo sorrindo com os braços abertos — Qual é pessoal, vamos ser amigos. Na mesma hora os três vieram na minha direção a mil, eu rapidamente entrei em casa e fechei a porta, rindo. Tinha uma janela de vidro ao lado da porta e José apareceu praguejando de novo. Eu abro e jogo água no rosto dele, depois fecho a janela e apareço na outra janela. Luís se afobou quando ia jogar o ovo em mim e estourou na pata dele. — Mas que guaxinim mais filho da p**a, a gente aqui todo sujo tentando pegar ele e ele todo limpinho aí, zombando da nossa cara — dizia Luís. — A culpa é sua! — diz Paulo apontando o dedo na direção de José. — Minha!? — pergunta José. — Sim, é sua, você que queria se vingar dele — diz Paulo. — Agora a gente tá todo sujo e fedendo, enquanto ele escapou ileso. Era pra chave ficar na minha mão — dizia Paulo. — Tudo porque o José quis fazer pouco dele — diz Luís. As hienas e José ficaram cercando a casa, enquanto eu fui tomar um banho. Quando saio do banho, olho o relógio e já são onze horas. Meus pais chegam em pouco tempo e eu ainda desperdicei mais coisas da lista, minha mãe se comprometeu de fazer um bolo para a igreja. Onde vou arranjar dez reais? — pensei — Estou perdido, o Paulo e os outros estão cercando minha casa e eu preciso comprar esses itens. O quê que eu posso fazer? — fico tentando bolar um plano de como vou comprar as coisas e o nome de Lucas veio à cabeça. Eu mando mensagem para ele perguntando se ele poderia comprar os itens para mim e explico a situação em que eu me encontro. Ele disse que ia checar com a mãe dele para conseguir os dez reais e ir comprar as coisas. Lucas confirma que vai, então eu fico esperando ele. Ele mandou uma mensagem dizendo que o mercado estava quase fechando, mas ele conseguiu comprar tudo. Lucas estava demorando — Meu deus, tô perdido, já tá começando a bater o nervosismo. Cadê você, Lucas? — eu estava esperando enquanto olhava pela janela, até que o vejo chegar, mas ele não conseguia se aproximar e se eu abrisse a porta as hienas e José iam me pegar. Lucas ficou do outro lado da rua com a sacola das compras só olhando para mim, que estava na janela. Paulo gritou com ele e que se eu recebesse as compras ele ia apanhar, e como Paulo é maior e mais forte que ele, Lucas ficou intimidado com ele e ficou do outro lado da rua sem saber o que fazer. Eu faço uns sinais, apontando para o fundo da casa, pra ele contornar e ir por trás. Então ele finge que vai embora, enquanto as hienas zombavam dele. — Por que você não escala a árvore como Ryan fez? — pergunta Luís e Lucas ficou irritado com isso, mas continuou caminhando enquanto os três riam com deboche. Eu vou até o quintal e coloco uma escada no muro, sento de perna aberta no muro com uma mão me apoiando nele e outra abaixando o braço para pegar as sacolas, eu as pego agradecendo a Lucas, mas ele pede pra entrar em casa também. Eu pedi para ele esperar, então eu coloco as coisas na geladeira e depois volto para buscar ele. Como o muro não era muito alto, eu estendi a mão para ele e ele conseguiu escalar. Quando ele estava lá em cima, Paulo aparece no final da rua morrendo de raiva e dizendo — De novo não! — enquanto Lucas salta do muro em direção ao quintal. Eu e ele ficamos rindo, olhando um para o outro e escutando Paulo praguejar. Eu sorri — Ah é — falei para Lucas — Estamos aqui só eu e você — enquanto eu colocava os braços ao redor do pescoço dele e ele sorria. Eu levo ele pra dentro de casa, enquanto Paulo praguejava, irritado, do lado de fora. Nós continuamos andando em direção à sala quando tomamos um baita susto. José estava lá, sorrindo, na frente da porta. Eu, nervoso, pergunto: — Como é que você conseguiu entrar aqui!? José — Eu subi pela árvore e entrei pela janela. Esqueceu que gatos sobem em árvores? Lucas estava nervoso e diz: — Por favor, José, não. As duas hienas estavam na janela, José abre a porta e elas entram a mil, quase passando por cima de José. Eu não tive nem tempo de reagir e fui logo pego pelo braço por Paulo, sendo puxado para fora de casa. — Você vai me pagar! — dizia ele, morrendo de raiva, enquanto ele me puxava por um dos braços e José sorria. Ele tentou me chutar, mas eu dei um cascudo nele, ao mesmo tempo que fazia o barulho que os guaxinins fazem quando tão sem saída e tentava me livrar de Paulo. Enquanto ele puxava um dos meus braços, sinto o outro ser puxado também, mas desta vez por Lucas. Paulo — Solta! Lucas — Não!! Eu estava sendo esticado pelos dois e meu braço já estava doendo. Eu não parava de gritar, eu até mordi as patas de Paulo, mas ele parecia não sentir dor alguma. Luís vai até Lucas e fica tentando fazer ele me soltar, enquanto José só assistia tudo sorrindo. — Ajuda aqui José, deixa de ser lerdo. — disse Luís. José tenta fazer Lucas soltar, mas ele não solta. Eu estava gritando, com mais dor ainda, e pedindo desculpa com medo de apanhar. Eu estava falando para Lucas largar e eu tentava encontrar uma saída, mas não havia nenhuma. De repente, Lucas me larga e segura José por trás pelos dois braços — Larga ele! — diz Lucas — Se não, eu não largo o José. — Cuidado! Não coloca seu rosto muito perto do dele, ele pode te arranhar. — eu disse para ele. José estava bem agitado, mas Lucas foi firme e não largava ele de jeito nenhum. Então Luis faz uma chave de braço em Lucas, o sufocando e fazendo-o largar o gato. Nós dois fomos arrastados para o lado de fora da casa, nós íamos levar uma surra quando para nossa salvação o carro dos meus pais apareceu no horizonte e eles três vazaram. Eu, suspirando, digo — Essa foi por pouco. Lucas — Sim, mas você procurou tudo isso. — Eeeeeu? Mas o que eu fiz? — perguntei com um sorriso. O carro parou na frente da porta e minha mãe, meu pai e irmãos saíram de dentro dele com algumas sacolas de compra. Minha mãe olhou em volta, viu a bagunça toda e perguntou se havia ocorrido algo, na mesma hora invento uma desculpa e digo que tinha uns moleques brigando e tacando ovo uns nos outros. Ela estava meio cansada, então nem raciocinou direito, ela entrou logo em casa e estava muito cansada. Ela pediu um galeto e colocou para esquentar o arroz e o feijão do dia anterior, enquanto esses esquentavam e o galeto não chegava, ela pediu que eu provasse algumas roupas que tinha comprado. Haveria um encontro na igreja naquele dia, eu queria ir com as roupas da segunda foto, mas ela me repreendeu e decidiu que eu iria com a primeira. Eu tentei insistir, mas acabei sendo cortado pelo meu pai, que reprovou a minha atitude. — Porque você não se veste como o Lucas? Você só gosta destas roupas de malandro. — Malandro!? — ao escutar aquilo, eu ri e Lucas também — São só looks descolados mãe, são roupas da hora! — Da hora?! — diz ela — Quero saber é quando vai ser a hora que você vai deixar de ser tão preguiçoso e procurar ter responsabilidades, como não ser tocado para estudar, por exemplo. — Não demora muito o galeto chega e Lucas volta para a casa dele. Na hora de ir para a igreja Eu estava me arrumando para ir à igreja e coloquei o segundo look. Quando estávamos saindo, meu pai disse pra eu voltar e colocar a outra roupa, ele é muito chato. Tive que fazer o que ele me mandou né, mesmo emburrado. Fomos de carro para a igreja eu, meu irmão Nick, minha mãe e meu pai que estava dirigindo. Minha mãe, que estava na frente, pediu que eu levasse o bolo no meu colo. Nick quase havia derrubado o bolo, parecia estar delicioso, era um bolo de chocolate e morango com uma cobertura branca com morangos em cima. Quando chegamos na igreja, meu pai pega Nick e minha mãe pega o bolo da minha mão. A igreja estava cheia, meus pais se sentam com Nick em um banco e como não havia outros lugares livres, eu me dirijo até um lugar vazio na frente do altar. Enquanto caminhava, percebi que Luís estava na igreja e o assento vazio estava perto de José. Quando eu me aproximei do lugar vazio, ele me vê e seu rosto fica vermelho de raiva, eu me sento perto dele sorrindo enquanto sua cauda balançava de raiva. A missa começa e o padre, que era um cachorro, pediu que todos dessem as mãos para fazer uma oração. Eu seguro uma das patas de José e sentia unhas me furando, as unhas estavam acesas e todos começaram a orar, e eu também enquanto sorria. — Senhor, abençoe este bichano, tire dele todas as más influências, tire todo este m*l olhado de gato. Abençoe, Senhor. — enquanto dizia isto, eu sorria e José morria de raiva. Na hora de abraçar o irmão, dou um abraço bem forte nele e vou até o Paulo e abraço ele também, depois digo sorrindo — Não pode violência na igreja ein, é pecado.
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