Narra Ryan
Quase fui descoberto pela família do Lucas quando eu estava na casa deles. Eu acordei com o barulho da mãe dele subindo as escadas e chamando o nome dele.
Eu rapidamente me levantei e pensei em me esconder embaixo da cama, mas antes de fazer isso, eu empilhei dois travesseiros na cama e deixei o lençol por cima pra despistá-la. Deu pra ver a cara de espanto dela quando ela viu aquilo e tive que me segurar muito para não rir. Ela puxou o lençol só pra ver que não havia nada ali a não ser os travesseiros empilhados.
Depois, Lucas subiu com meu calção e, novamente, quase fui descoberto pelo pai dele. Eu me esgueirei rapidamente para o guarda-roupa desta vez enquanto Lucas distraía ele na porta. Depois de verificar o quarto, Roberto saiu e ficou olhando Lucas, desconfiado.
Eu saí pela janela, onde tinha uma árvore e eu desci por ela, me despedindo de Lucas logo depois. Aceno para ele e ele fica me observando pela janela. Ele parecia estar bem apaixonado.
Eu vou em frente, e ele continua me observando com aquela carinha boba e infantil dele.
Eu chego em casa meio tarde e a minha mãe estava me esperando.
— Por que você demorou tanto? — ela perguntou, já preocupada com a minha demora.
— Eu estava fazendo uma maquete da capital do Brasil com o Lucas — eu disse a ela.
Eu fui ao banheiro me lavar e depois fui almoçar.
— Você não tava era dando uns pegas não, né? — perguntou minha mãe, e eu n**o.
Ela diz que estou ficando fora de casa tempo demais.
— Quem é ela? — perguntou Nicolas, que era meu irmão de 8 anos enquanto eu tinha 14.
— Ninguém — respondi.
— Meu irmão é muito pegador, um dia vou ser assim também — disse Nicolas, e eu fiquei com o rosto vermelho ainda mais ao me lembrar do que havia feito horas antes.
— Me apresenta ela — diz meu pai que estava na mesa.
Meu pai disse que eu lembrava ele quando tinha a minha idade e que era um come quieto, não falava nada pra ninguém.
— Eu sei que você tá se encontrando com alguém e eu vou descobrir quem é — diz meu pai.
— É uma raposa e ela estuda comigo — digo para despistar.
Meu pai ficou me vendo com uma cara orgulhosa. Eu me senti embaraçado e fiquei me perguntando qual seria a reação dele se descobrisse o que eu tinha feito horas antes.
Eu terminei de jantar, fui escovar os dentes e depois dormir. Eu não parava de pensar no que havia feito e minha mente ficava me condenando com essa memória.
Fui dormir naquela noite pensando em Lucas e no quão bonito ele era. Eu caí no sono e estava tendo um sonho com Lucas, em um destes sonhos ele me beija na frente de toda a minha família. Meus pais enlouqueceram ao ver aquilo, meu pai ficou furioso e me expulsou de casa, já minha mãe estava chorando e meu irmão com raiva de mim. Eu acordei no meio da noite, ofegante e com o coração a mil.
— Foi só um sonho — digo a mim mesmo, me acalmando, e volto a dormir.
Lucas narrando
No dia seguinte, Ryan e eu, como de costume, fomos à escola e eu notei que ele estava meio pensativo e distante. Naquele dia, apresentamos a maquete, era um trabalho de geografia sobre a capital do Brasil. Depois disso, Ryan ainda continuava distante. No final da aula, tento entender o porquê e ele me diz que só quer ficar sozinho. Eu fiquei conversando um pouco com o Matheus e logo em seguida fomos para casa juntos.
Fui direto para a casa do Matheus, ele fritou algumas calabresas e comemos juntos, depois ele teve todo o trabalho de limpar os pratos e a mesa, colocando tudo no seu devido lugar.
Matheus e eu gostávamos muito de Hora de Aventura, ele colocou na Sky TV e ficamos horas assistindo e comentando sobre o desenho, depois mudamos de canal e estava passando Dora, A aventureira. Nós ficamos zoando esse desenho por várias horas.
— É muito engraçado, parece que ela é cega. “Você está vendo o castelo? Você está vendo a ponte?” Dora é muito burra — dizia Matheus.
— E tapada. Esse desenho devia ser banido, ele deixa as crianças autistas hihihihi. — eu disse.
E assim, ficamos várias horas nos divertindo. Depois, eu coloquei Apenas um Show.
— O Rigby tem um irmão mó gostoso — o Lucas disse sem querer e calou a boca na mesma hora, ficando corado. Matheus fica me encarando com um olhar confuso, aí ele começa a rir e eu começo a rir também. Ele ri tanto que começa a rir como uma hiena e eu começo a rir ainda mais.
— Você costuma ficar aqui sozinho? — pergunto a ele.
— Sim — ele me diz, meio triste — Meu pai sai sozinho a semana toda e ele tem uma outra mulher que ele conheceu há um tempo, mas eu não gosto dela. Na verdade, quando minha mãe foi embora, ele teve outras três e não gostei de nenhuma delas. Ele acha melhor eu ficar aqui. A barriga dela está aumentando e acho que ela deve tá esperando um filho dele. Não gosto da família de meu pai e não conheço a família da minha mãe, nem tenho muitos amigos — disse Matheus.
— Você tem a mim — digo a ele e nós sorrimos um para o outro — Você pode ir para minha casa sempre que quiser.
Depois, nós começamos a estudar matemática. Matheus dominava mais essa matéria, já eu estava apanhando muito para equação do segundo grau com uma incógnita. Ele me ajudou muito e eu consegui um sofrido sete na prova bimestral. Enfim, eu tinha juntado 19 pontos para passar na matéria e se quisesse passar direto, precisaria somente de mais 9 pontos. Ele continuou me ajudando naquela matéria e consegui passar de ano graças a ele, eu retribui ajudando ele em língua portuguesa, geografia e literatura, pois eu dominava mais essas áreas.
Narrador narrando
Ryan começa a notar que ultimamente Micaele, a raposa, ficava admirando ele, deixando-o sem jeito, mas havia algo nela que chamava a sua atenção. Eles começaram a trocar olhares e eles foram se aproximando cada vez mais, até o dia em que Ryan resolveu pedir o número dela e ela deu.
Eles ficaram conversando até altas horas. Micaele era muito apaixonada nele, mas era muito possessiva, e aos poucos ela fez o Ryan se afastar de seus amigos. Ela queria que ele fosse só dela.
Lucas ficou com um pouco de ciúmes de Ryan e eles começaram a cobrar ciúmes um do outro. Ryan não ia mais com a cara de Matheus e uma antipatia cresceu entre os dois. Ryan se aproximou mais de Micaele para se vingar de Lucas e Lucas se aproximou de Matheus para se vingar de Ryan.
Narrador narrando
Já era final do ano, dia 12 de dezembro de 2015, o dia da verdade. Naquele dia, os alunos saberiam quem passou direto e quem iria para a recuperação.
Ryan, que era relaxado, ficou de recuperação em cinco e Guilherme, em quatro. Lucas quase foi para a recuperação na matéria de matemática, mas graças a Matheus ele não ficou.
Ryan ficava emburrado sozinho estudando para a recuperação, se recusando a receber ajuda de Lucas ou de Matheus.
Guilherme teve a cara de p*u de implorar pela ajuda de Matheus depois de tudo que tinha feito com ele e Matheus, por bondade, ajudou Guilherme e este, junto com Ryan, conseguiu passar de ano.
Guilherme parou de provocar Matheus. O pai dele começou a permitir visitas, as notas dele melhoraram, ele começou a se enturmar mais e ele tinha Lucas em sua companhia, um amigo fiel que ele gostava muito. Parecia que tudo estava dando certo para o Matheus, pelo menos por enquanto.