Capítulo 02
Erick -
A uma semana que havia retornado para Londres e minha casa, porém não esperava ter notícias de Lorena no mesmo dia que cheguei.
[...]
Ao entrar com minhas malas na minha preciosa casa, me jogo no sofá da sala de estar. A meses que não voltava nesse maravilhoso conforto do meu lar.
Ainda sentado apoiando a cabeça no encosto do sofá, sinto meu celular vibrar em meu bolso. Ao pegá-lo,fico surpreso ao ver o nome de Lorena brilhar na tela.
Diga Lorena! - Desde o divórcio e as tentativas de me deixar o mais longe possível da minha filha,o que foram bem sucedidas,meus assuntos com essa mulher eram apenas sobre o bem estar de Malha. E às vezes, ligava para Ricardo na intenção de evitar falar com essa mulher insuportável.
Você queria passar um tempo com a garota? Então, você está responsável pela sua tão amada filha - e sem ao menos me dar a oportunidade de questioná-la, Lorena encerra a ligação me deixando com cara de paisagem.
Não que seria um problema ter Malia por perto,mas gostaria ao menos saber o motivo de mandá-la para Londres tão rapidamente, ainda mais sabendo que nem ao menos me organizei em minha casa.
[...]
Como dito, foi feito. Aguardava o desembarque de Malia no aeroporto a uns vinte minutos, pelo que me foi informado,o voo da Califórnia havia se atrasado devido a um problema aéreo, certamente seria uma turbulência por o tempo estar chuvoso.
Sentado a frente ao portão de desembarque,avisto uma garota de cabelos negros e longos,sua jaqueta devido o frio cobria seus braço bronzeados pelo sol da Califórnia, suas roupas em tons escuros a fazia ter semelhança a essas adolescentes góticas,porém ao olhar em seus olhos azuis herdados da mãe - na verdade ela não se parecia nada comigo - tive a mesma sensação que tenho ao olhar nos olhos de diversos jovens que tive o prazer de treinar. Malia parecia o tipo de garota Marrenta que não aceita ordens,sua postura deixava claro o quão difícil de se lidar era, seu porte e sua forma de andar levava a crer que essa garota não estava metida em coisas que prestavam,seu rosto pálido e magro me fez ter a conclusão de que minha doce garotinha não existia mais; e seu corpo magro me fez concluir minha linha de raciocínio: Malia estava envolvida com drogas e entre outras coisas.
Ao se aproximar do banco onde estou sentado, Malia se senta ao meu lado dando um pequeno sorriso em minha direção como se me cumprimentasse.
- Bom dia! - de fato ela não sabe quem sou.
Seus olhos se fecharam ao se encostar no encosto da cadeira, seus braços cruzados sobre o peito e feição séria a deixava com postura de brava. Pelo que deduzi, minha garotinha cresceu e mudou,porém não foi para melhor.
- Não sabia que havia mudado tanto! - seus olhos se abriram me encarando com uma sobrancelha arqueada em sinal de dúvida. Era difícil de decifrar as feições de Malia,porém para mim era coisa fácil; além de ser treinada,a conhecia muito bem por ser minha filha.
- p**a merda! - Bom, não a conheço como pensava.
Seu espanto ao perceber de quem me tratava ser,a fez levantar-se rapidamente do meu lado, parando a minha frente.
— Cuidado com a forma de falar! - meu tom sério a fez gargalhar sarcasmo,o que em minha opinião não havia sido uma boa idéia - Você sabe que comigo as coisas não funcionam como a sua mãe! Exijo respeito que fiz por merecer - lhe olho nos olhos enquanto seguro em seu braço pondo um pouco de força, a fazendo fechar o sorriso de superioridade - Minha forma de agir com você será como ajo com meus ex's soldados, então sugiro que não venha com nenhum tipo de gracinha ou afronta para cima de mim! - a solto ao vê-la engolir em seco junto ao nó que se formou em sua garganta,seus olhos que antes tinham o mais puro sarcasmo estavam repleto de ódio e lágrimas.
— Você não me conhece, não tem o direito de usar força bruta comigo e muito menos me repreender, se quiser agir como o lixo de pessoas que vocês são dentro de um campo de treinamento,está no lugar errado e com a pessoa errada. Quer um conselho? - olhando bem em seus olhos,encontro algo que nunca imaginei encontrar na garotinha doce que corria pela casa nos dias em que eu estava e não participava do seu dia a dia. Se arrependimento matasse, não estaria mais nesse mundo. Se tivesse sido presente e tivesse insistido na guarda dessa garota, certamente não encontraria em seu olhar o que estou vendo agora. O olhar assassino em seus olhos direcionados a mim,me fez ver que consegui vitória em tudo que fiz em minha vida, exceto em ser pai! Falhei na criação da menina ferida a minha frente - não entre em meu caminho e muito menos tente me controlar, sabemos bem o que acontece quando isso acontece, não é tenente Miller?- Pelo que vejo,o motivo de Lorena mandá-la para minha casa era exatamente o que pensei ser ao vê-la se aproximar. Tentar fazê-lo entrar na linha a tirando da vida torta e sem futuro que ela está.
— Eu não sou a sua mãe, Malia! Sou bem pior do que você imagina e, não é só porque te tenho como filha que pouparei seus castigos quando não me obedecer - a deixando encarando o nada, pensativa em minhas palavras, pego suas malas de sua mão indo em direção a saída do aeroporto.
Após guardar todas as malas em meu carro, percebi que Malia não havia me seguido até aqui,mas ao pensar em ir atrás dela,a vejo saindo com uma cara pior que ficou ao me ouvir dizer sobre como seria seus possíveis castigos quando não me obedecer.
Durante o percurso não trocamos nenhuma palavra,seus olhos vidrados em toda a paisagem que se passava diante a janela do carro a fazia ficar pensativa e com um olhar perdido ao meio de seus devaneios. Ao olhar de relance para seus braços,vejo uma pequena tatuagem que chama a minha atenção, certamente seria uma pessoa muito especial para tatuar o nome em seu corpo.
— Quem é " Logan"?- rompo o silêncio ao ter curiosidade sobre aquela tatuagem em seu pulso. Cobrindo a mesma com as mangas da blusa, Malia mantém a atenção sobre a passagem.
— Ninguém que precise saber! Isso não lhe diz respeito, assim como nunca fez para minha mãe - sua voz baixa, enquanto seus olhos se fechavam calmamente, sai em tom de grosseria, porém não quis estabelecer outra discussão como aquela no aeroporto,mas algo me diz que ela não gosta desse assunto.
Estaciono o carro em minha garagem tirando o cinto de segurança a vendo da mesma forma que ficou durante o percurso,mas ao vê-la deixar uma lágrima molhar sua face pálida, deixei a preocupação surgir em meio a minha forma dura de tratar qualquer um.
— Lia? - deixando um soluço escapar por entre seus lábios, vejo que tocar naquele maldito assunto não havia sido algo bom e certo.
Saindo do carro, caminho em sua direção abrindo a porta de seu lado e a tirando do mesmo, enquanto a puxo para um abraço no qual não fui retribuído. Pelo que vejo, Malia se tornou uma pessoa com duas personalidades: uma personalidade forte e bruta onde ninguém consegue lhe afetar; esse seu jeito a deixa bater de frente com qualquer um independente do que possa acontecer. Mas também tem o seu lado ferido, onde qualquer assunto inconveniente pode lhe machucar ainda mais. Pelo que está acontecendo e poderá acontecer, essas serão as férias mais conturbadas que teremos.