Tem alguém lá fora

990 Words
Helena Alguém bateu na porta e eu pensei logo em levantar. — Não! — Érica estendeu a mão. — Deixe que eu atendo. Já sei quem é. — ela levantou revirando os olhos e eu e as meninas nos entreolhamos. — Meu Spotify não está prestando não. Esqueci de pagar a conta desse mês. — Liliana lamentava. — Conectei no meu, mas vai ser no YouTube. — Ah, no YouTube não! — Patrícia torceu o bico. — Toda hora passa propaganda! — Então deixa eu conectar no meu. — arrastei o celular do bolso e logo a Érica voltou. — Era só o meu irmão. Ele achou que eu ia deixá-lo entrar aqui! Olha que absurdo! — Por que não deixou? — estranhei. Eric é como um irmão mais novo. — Ah, Helena, faz favor, né! Ele e os amigos estranhos dele, querendo vir pro seu aniversário. Nem combina. E ela ficou irritada de verdade. — Ele trouxe um amigo? — Patrícia ergueu a sobrancelha e eu sorri. Só na maldade. — Trouxe, mas o cara ficou no carro. Não veio até a porta não. — ela pegou o copo de cerveja e virou. — Cadê o pagodão? — Vou botar funk. — terminei de conectar o celular e abri minha playlist de funk. — Eu vou buscar os petiscos. — Patrícia levantou. A casa é dela e sempre nos reunimos aqui para beber. Coloquei os funks mais recentes e começamos a dançar no meio da sala. Colocamos no último volume e eu nem me importei com vizinho, porque hoje é meu aniversário. Bebemos todas e no meio disso tudo, a minha grande amiga de outra cidade, Monique, me mandou felicitações e me contou que está de mudança para Esmeralda. Ela contou ao marido como era a cidadezinha que eu moro e agora ele quer vir junto com ela, pra morar. Foi mais um motivo pra comemorar. Será ótimo a Monique trabalhando comigo. Ela é muito boa em marketing. Depois de muito álcool, Patrícia abanou a mão, afobada e pediu pra baixar o som. — Junta aqui, rapidinho. — sussurrou e paramos de dançar, diminuímos a música e nos juntamos. — Tem alguém lá fora. — Alguém? — meu coração disparou. — Como assim? Alma penada? — Não. Pior do que isso. Vocês precisam ver. — ela já saiu me arrastando pelo braço. Fomos até a janela e ela puxou um cantinho da cortina. Lá estava o homem, na escuridão da rua, num lugar onde o poste não iluminava. Olhando para a casa da Patrícia. Me afastei da janela assustada e as meninas também foram olhar e ficaram do mesmo jeito que eu. — Eu disse que ele era estranho. — Liliana voltou com o olhar tenebroso. — Ele está obcecado por você, Helena. — Ele me perguntou se eu queria que ele me acompanhasse, mas eu disse "não". — tentei explicar e me decidi. — Eu vou lá fora, falar com ele. Esse comportamento é inaceitável. Saí na frente da casa e ele não estava mais em canto nenhum. Alguém me arrastou pelo braço e me puxou para dentro da casa. Era a Érica. — Sua doida, não vai. E se ele quiser te sequestrar? A sirene da polícia soou alta, se aproximando da rua. Ficamos surpresas por isso estar acontecendo bem neste momento. Será que algum vizinho chamou a polícia? — O que a gente faz? — eu fiquei confusa. Já bebi tanto… — Bora fechar a porta. Se for aqui a gente abre. Mas não vai ser não. Deve ser pra lá. — Patrícia passou a chave e voltamos a nos sentar. — Gente, eu tenho que ir embora. — Liliana olhava o relógio preocupada. — Já tá tarde e eu tenho as crianças. Por isso que eu não arranjei família até hoje. — Amanhã é que dia, hein? — Érica estava mais desorientada do que eu. — Sexta. — a ajuizada do grupo respondeu, levantando do sofá. — Meninas, a noite foi maravilhosa, mas eu tenho que ir. — Liliana parou na minha frente e eu levantei para dar o tal abraço. — Parabéns amiga. Muitos anos de vida e saúde. — Obrigada. — sorri. A sirene da polícia parou, então aproveitamos a saída da Liliana, para verificar o que estava acontecendo. Quando abrimos a porta, um policial vinha na direção da casa. Ele deve perguntar alguma coisa. Paramos todas, assustadas. — Boa noite. — o n***o fortão fardado parou na nossa frente. — Boa noite. — Recebemos uma denúncia de poluição sonora vindo desta casa. — Poluição? — Patrícia riu sem graça. — A gente só estava escutando uma musiquinha. E eu achando que era por causa do Xavier… — De qualquer forma, o horário não permite esse volume. Então, espero que não voltem a fazer, senão vocês terão que comparecer a delegacia. — Você é o delegado? — Érica o encarava dos pés à cabeça. — Não. Com licença. Tenham uma boa noite. — ele foi embora todo sério. — Meu Deus, faltou pouco para sermos presas… — Liliana tenebrosa voltou. — Sair com vocês é colocar a minha vida em risco. — Que risco traz a vida se juntar com as amigas, Liliana?! [•••] Sexta-feira Fui para o meu mini escritório, no quintal da casa e chequei os e-mail de trabalho. Muitos agradecimentos e uma mensagem em nome do hotel-fazenda Bragança. [Bom dia, nosso hotel-fazenda está passando por uma reforma de reabertura. Seu trabalho nos agradou e queremos que você faça o nosso marketing e identidade digital. Se houver interesse, estaremos te esperando hoje mesmo, no escritório Bragança, no próprio hotel, atenciosamente, a direção.] Minhas preces foram ouvidas e eu ri de mim mesma por isso. Mais um trabalho?! Vou sim. Finalmente eu vou conhecer esse tal de Lorenzo. Estou curiosa para vê-lo, pois as meninas pareciam muito empolgadas com ele. Eu não quero ser stalker. Prefiro ver pessoalmente.
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