Coração Indomável

CAPÍTULO 03

CHRISTIAN

Acho que surpreso está longe de descrever como fiquei ao ver Nathalie. Como o tempo fez bem a ela! Está quase irreconhecível. Como está linda! Como senti saudade dela... Sei que agi como um completo cretino, mas não podia ser diferente. Além de ela ser muito nova na época, eu não queria fazê-la sofrer. Sempre a amei e nunca deixei de amá-la.

No dia seguinte ao seu aniversário de dezesseis anos, Holly, além de me dar uma boa bronca, me deu um tapa na cara que só de lembrar meu rosto dói todo. Eu merecia aquilo e muito mais..., só quando Nathalie foi embora que a minha ficha caiu: eu a tinha perdido. Senti-me um lixo, um completo i*****l por perder a mulher que amava. Por causa de sua partida, me fechei para tudo e todos, até mesmo para a minha família. Tornei-me um homem bem diferente do que eu era. Mesmo com a pouca idade, Nath sempre se destacou entre as mulheres de nossa cidade; sua maturidade e inteligência impressionava a todos, além do fato de que ela sempre foi um doce de menina, e conquistava o coração dos homens com sua meiguice e inocência. Não sei em que momento me apaixonei por ela, só sei que simplesmente me encantei e me apaixonei perdidamente por essa doce pessoa. Quando vi seus olhos cheios de lágrimas ao ouvir aquelas coisas, senti profunda vontade de me chutar.

Jamais poderia imaginar que a veria novamente, ainda mais aqui no Kansas. Será que Deus está me dando uma segunda chance? Se for, eu não vou deixá-la escapar de novo. Como pode ser tão linda? Ela é um pecado de mulher!

Nathalie mudou completamente por fora, mas será que por dentro continua sendo aquela menina por quem me apaixonei há dez anos? E se ela ainda me odiar? É claro que ela me odeia, eu mesmo ainda me odeio pelo que fiz... Será que ela está namorando? Não, não, não, não, não, isso não. Não suporto a ideia de outro homem tocando-a, isso só me dá raiva.

– Christian, meu filho, venha cumprimentar a Nathalie. Olhe como ela está uma mulher linda. – Sou tirado dos meus devaneios por minha mãe.

– Olá, Nathalie. Quanto tempo! – Nossa, nunca me senti tão nervoso como neste momento.

– Dez anos, Christian. Dez longos anos… É um prazer revê-lo. – Ela diz com certo brilho no olhar.

Por que tenho a impressão que esse brilho diferente no olhar dela não é boa coisa?

– Está linda. – Eu coro.

Caralho! Nunca corei por falar com uma mulher. Christian, o que há com você, homem?

– Obrigada, o tempo também lhe fez bem. – Ela sorri maliciosamente.

Maliciosa? É uma coisa que nunca esperava da doce Nathalie.

– Nath, sua louca. Como senti sua falta! – Manifesta-se Holly, a abraçando.

– Eu também. Nunca me senti tão bem em botar os pés aqui e rever vocês, parece até um sonho. – Nath conclui.

– Então, filha? Como vão as coisas em Los Angeles? Sua revista faz muito sucesso por aqui. – Articulou meu tio Adônis.

– Fico muito feliz em saber disso, pai. – Ela começou a explanar sobre o assunto. – Na The World trabalhamos muito duro para isso e minha vida em Los Angeles é ótima. Conheci pessoas incríveis lá, tenho uma boa vida e me orgulho disso, pois tudo que consegui foi com meu esforço e dedicação. Agora entendo, pai, quando o senhor e o tio Ryan falavam que mesmo sendo presidentes da HM Trigos, não era nada fácil. São inúmeras reuniões, papéis para analisar antes de assinar, viagens de negócios, dentre outras coisas.

– Agora vê pelo que eu e seu pai passávamos quando éramos presidentes da empresa de trigo? – Ela olha para o meu pai sem acreditar no que ele acabara de dizer.

Merda!

Nathalie olha para Adônis e depois para meu pai sem entender nada e então pergunta:

– Como assim, éramos? O que vocês estão me escondendo? – O silêncio predomina no lugar; ninguém diz nada, somente se entreolham.

– Dá para alguém me dizer o que está acontecendo? – Ela indagou bastante irritada.

– Bom, querida, há dois meses seu pai passou m*l e o levamos ao médico e… – Sua mãe tenta explicar.

– Como assim há dois meses? Por que não me falou isso, papai? – Era nítida a chateação de Nathalie.

– Calma, meu amor. Não queríamos te preocupar, mas enfim, o médico disse que seu pai sofre do coração e se caso ele tivesse algum tipo de estresse, poderia ter um infarto ou coisa pior. – Concluiu Nicol serenamente.

– Meu pai vai morrer? É isso? – Ela questiona e posso ver as lágrimas escorrerem por seu lindo rosto. Droga! Que vontade de abraçá-la.

– É claro que não, filha. – Seu pai tenta acalmá-la. Só tenho que ter mais cuidado com a minha saúde, e como a empresa me causava muito estresse, tive que me aposentar contra a minha vontade. Não precisa chorar, meu amor. – Explicou por fim Adônis, olhando para Nicol que retribui lhe fazendo uma careta.

– E por que você se aposentou também, tio Ryan? – Perguntou Nathalie mais calma.

– Olhe para mim, querida. Estou velho, preciso aproveitar mais minha vida ou o tempo que me resta. – Olho para meu pai de cara fechada e Holly faz o mesmo. Detesto quando ele fala essas coisas.

– Ryan. – Minha mãe o repreende.

– Desculpe.

– Então, se vocês não são mais presidentes da empresa, quem é agora? – Papai me olha e logo todos ali também. Nathalie segue o olhar de todos e quando ela entende a resposta, fecha a cara para mim e me encara friamente.

– E ele tem responsabilidade suficiente para isso? – Perguntou com desdém.

– Acha mesmo que o seu pai e o meu confiariam aquela empresa nas minhas mãos se eu não tivesse responsabilidade? – Retruco no intuito de me defender.

– Você nunca foi um exemplo de pessoa, Christian, e não sou só eu que penso assim. – Ela responde ironicamente. Parece estar mesmo irritada com a situação.

– Eu mudei, Nathalie. Sou responsável e muito centrado nos meus objetivos. – E nesse exato momento o meu objetivo é beijar essa boca esperta novamente.

– Não acredito muito nisso. – Ela apenas sorri.

– As coisas mudam, Nathalie. O passado é passado e isso deveria ser esquecido. – Ela me fita por um segundo e naquele momento pude ver uma coisa que não queria confirmar.

– Há certas coisas na vida que não podem ser esquecidas, Christian. Existem acontecimentos que ficam marcados na memória para sempre, sendo eles bons ou ruins. – Ela encerrou saindo da sala. Todos me olharam sem entender, menos Holly. Minha irmã entendeu o que houve, tanto que foi logo atrás de Nathalie.

Infelizmente minhas suspeitas estavam certas. Ela me odeia e ainda sente muita mágoa pelo que fiz e, o que é o pior de tudo, acho que ela não me ama mais.