CAPÍTULO 02

1320 Words
NATHALIE Estava tão perdida em meus pensamentos que nem percebi quando Abbey, Teddy e Domitila entraram no meu escritório. – Terra chamando Nathalie. – Falou Abbey, estalando os dedos próximos do meu rosto. – Desculpem-me, eu não vi vocês chegarem, estava pensando. – Falei meio perdida. – Percebemos. Afinal, no que pensava tanto? – Perguntou Teddy. – Tive uma conversa mais cedo com Nona, ela me fez abrir os olhos e tomar uma decisão. – Que decisão? – Perguntou Abbey. – Vou passar uma temporada no Kansas, vou visitar meus pais. – Todos olharam para mim, chocados, quando terminei de falar. – Santa Nona, ela merece ser eleita a mulher dos milagres. – Diz Abbey, fazendo Domitila e Teddy rirem. – Muito engraçado, Abbey. Nona só disse coisas que me fizeram refletir sobre minha família. Além do mais, já faz dez anos que não volto lá e sinto muita falta deles. – Você está certa, tem que aproveitar mesmo a família. – Falou Domitila. – E quando pretende viajar? – Perguntou Teddy. – Sexta-feira de manhã. – Concluí sem rodeios. – Está brincando, não é? Sabe que é impossível! Temos muitas reuniões, entrevistas e outras coisas para fazer. – Abbey diz preocupada. – Eu sei e foi por isso que convoquei esta reunião de última hora. – E o que exatamente você quer com essa reunião? – Olho para minha secretária. – Domitila, preciso que pegue todas as minhas reuniões e as remarque até quinta-feira à noite. Os contratos podem ser avaliados por mim, assim como os textos, quando eu tiver tempo. Caso contrário, a tarefa fica com a Abbey. As entrevistas e reportagens importantes ficarão com o setor jornalístico. – Sim, Nathalie. Mas com certeza teremos contratos perdidos com esta remarcação das reuniões. – Expressou Domitila com notória preocupação. – Não me importa, sabe bem que eles é quem sairão perdendo. Faça o que pedi, doa a quem doer. Teddy, queria que as reuniões com os três novos escritores fossem dirigidas por você. Quanto às três histórias, quero que me envie por e-mail para que eu possa analisá-las. Depois as envio para você mandá-las para a revisão, tudo bem? – Todas as vezes que falo desta forma, dá vontade de rir de mim mesma; não me perguntem porquê, sou maluca mesmo. – Você fica bem sexy quando fala assim, até dá t***o. – Teddy tentou colocar malícia na voz, mas acabou ficando engraçado. – Você é muito tarado, mas enfim, vai fazer o que eu pedi? – Prossegui. – Sim, senhora. – Ele faz continência, arrancando um sorriso meu. – Vou providenciar tudo que me pediu agora, Nathalie. Com licença. – Diz Domitila saindo da sala. – Também está na minha hora. Tenho que resolver algumas coisas antes de voltar para a editora. Tchau, meninas. – Teddy se despede e sai bem rápido da sala. – Ele está estranho, e não é de hoje. – Abbey falou pensativa. – Sim, também reparei, mas se ele não nos falou nada até agora é porque ainda não está pronto para se abrir conosco. Temos que respeitar isso. – Você tem razão, mas enfim, queria te fazer uma pergunta. – Ela se senta na cadeira a minha frente, me encarando. Abbey é linda, é um pouco mais alta que eu, pele clara e olhos azuis, seus cabelos possuem uma tonalidade escura. É dotada de uma cinturinha que me dá inveja. Minha amiga realmente é muito linda. – Faça sua pergunta. – Digo já sabendo o que ela iria indagar. – E o Christian? Como vai ser quando der de cara com ele? Que eu saiba, ele foi o motivo mais forte de você nunca mais botar os pés no Kansas. – Ela tem razão; por mais que odeie admitir, ela tem toda a razão. – Eu não sei. Na verdade, nem sei se ainda mora por lá. Ele pode ter se mudado..., sei lá, Abbey. Eu, na verdade, não sei como será, contudo, não vou deixar que isso estrague meus planos de ver meus pais. Eles estão acima de tudo. – Você está certa, dou-te todo o meu apoio. Mas, agora tenho que sair. Sabe, a minha “chefa” deixou muito trabalho para mim. – Olha, Abbey, se não quiser eu vou te ente… – Ela me interrompe. – Mas é claro que quero te ajudar. Além disso, essa semana eu não iria fazer nada mesmo. – Levantou-se. – Você é como uma irmã para mim, sabia?! – Expressei meus sentimentos. – Sim, eu sei que você me ama e que não vive sem mim. Eu também não vivo sem mim. Me amo demais também, mas agora me deixa ir. – Debochou. – Você é muito convencida. – Já me disseram isso tantas vezes que nem ligo mais, minha querida Hoffman. – E logo em seguida saiu da minha sala. Bom, então vamos colocar a mão na massa. Dias depois Finalmente, é hoje. Enfim eu irei ver minha família e nunca na minha vida me senti tão feliz por embarcar em um avião como agora. Me aconchego no meu assento e quando a aeromoça diz que podemos tirar o cinto de segurança, pego meus fones e coloco uma música de The Weekend – Earned It, simplesmente amo essa música. Nem percebi quando acabei adormecendo e caindo num sono bom. – Senhorita? – Acordo com a aeromoça me cutucando. – Sim. – Digo ainda sonolenta. – Já chegamos ao Kansas. – Oh sim, obrigada. – Levanto-me e vou pegar as minhas malas. Quando saio do aeroporto trato logo de procurar um táxi e peço para ele me levar até a concessionária mais próxima. Preciso de um carro para chegar até a minha cidade, pois de táxi é inviável. Opto por comprar uma picape grande e preta de cinco portas; me apaixonei por ela assim que a vi, mas pareço uma anã perto do automóvel. Depois de tudo p**o, saio dirigindo de lá mesmo e, antes de seguir viagem, paro em um posto de gasolina para abastecer. Agora é pé na estrada que logo estarei abraçando meus pais. Vou o caminho todo pensando em diversas coisas que passei no Kansas e nas amizades que lá deixei. Lembro-me logo de Holly; faz anos que não a vejo, e raramente falava com ela por telefone por causa do meu trabalho. Uma hora e meia de viagem depois, e estou finalmente parada em frente à fazenda dos meus pais. Sinto que meu coração irá sair pela boca a qualquer momento, de tanta ansiedade. Demorou um pouco para o porteiro liberar a minha entrada; no começo, ele não havia me reconhecido, mas não o culpo, afinal, já são dez anos sem botar os pés aqui. Ao passar pelos portões, avisto a enorme mansão que minha mãe insiste em chamar de casa, mas que para mim sempre pareceu uma mansão. É branca com grandes janelas de borda na cor azul; um pouco mais a frente tem um chafariz enorme com dois anjinhos, um gramado verde e bem aparado. Olho em volta e noto que tudo continua no mesmo lugar, vejo alguns cavalos correndo pelo campo e isso só me faz sentir mais em casa. Ao chegar à porta, percebo que está aberta e resolvo entrar; vou caminhando e observando ao redor, e constato que nada mudou. Os mesmos móveis rústicos, o mesmo piso de madeira, a mesma cor marrom e branca nas paredes. Nossa! Quantas saudades senti daqui! Quando estava prestes a subir as escadas, acabo escutando vozes que suponho virem da sala de visitas. Comprovo que realmente lá ainda é a sala de visitas. Todos estão de costas para mim, conversando, até que minha mãe se vira e me vê. Deus, como mamãe está linda! – Filha! – Ela grita chamando a atenção de todos. Quando o pessoal se vira, eu vejo meu pai, Holly, o senhor e a senhora Mello e por fim, ele. Meu Deus! Como este infeliz pode estar mais bonito do que antes? Seus olhos se arregalaram ao me ver e o vejo abrir e fechar a boca sem saber o que dizer. É isso aí, Christian! É assim que queria te ver, surpreso ao pousar seus olhos sobre mim. m*l sabe ele o que lhe aguarda... Sua sanidade está com os dias contados, senhor Christian Mello!
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