Marina narrando
Suas mãos haviam me puxado me jogando naquele chão coberto por um carpete,de costas para ele,soube que Carlos apertava o cinto em suas mãos,com uma forma de que não o soltasse. Sabia o que viria pela frente, sabia qual a dor que sentiria,pois ele já havia feito isso comigo,mas na época,havia me jurado que não faria novamento,havia me prometido que nunca me castigaria com tamanha brutalidade. Sentindo o cinto se chocar contra minhas costas,deixo um gemido de dor escapar por meus lábios, sentindo a segundo, terceiro e quarta,pode deixar as lágrima caírem com tanta intensidade,que os soluços se fizeram presentes
___ Você nunca levantará a voz para mim,Marina!
Por estante,senti que àquele seu ato tinha tido um fim, porém,ao sentir a fivela daquele cinto se chocar contra minha pele, não me importei com os gritos implorando a ajuda de minha mãe que insistia em bater na porta daquele quarto pedindo para o marido que parasse o que estivessem fazendo.
Minhas costas queimavam, minhas pernas ardiam e minhas forças haviam-se chegado ao fim. Ao vê-lo se afastar colocando o cinto em sua calça novamente,soube que seu castigo havia a acabado.
___ Se me desobedecer,se alterar a voz para mim ou se pronunciar aquelas palavras novamente, juro que o próximo será diferente...___ com a respiração ofegante,Carlos apenas segui em direção a porta daquele quarto e a abre saindo deixando minha mãe estática me observando caída no chão.
Ouvido seus soluços, apenas junto minhas forças e me levanto daquele chão. Deixando minha bolsa e todos meus outros pertences - exceto celular - sobre aquela cama,passo por minha mãe ainda parada naquela porta. Não a deixaria se aproximar, não a permitiria sequer tocar em mim,pois se tudo isso aconteceu,era sua culpa. Ela começou abandonando os filhos,ela abriu mão de mim e de meu irmão,somente para acompanhar o marido. E por mais que ela nos ame,nada apagaria a indiferença que estava transmitindo para mim desde que chegou de viagem.
Descendo aquelas escadas rapidamente,passo pela sala de estar o encontrando sentado em um dos sofás enquanto se mantinha concentrado em seu notebook,como se não tivesse feito nada comigo. Abrindo a porta de saída,saio daquela casa ainda podendo ouvir minha mãe chamar por mim. Apressando meus passos por aquela rua escura devido o horário,sigo em direção a casa de Piter que ficava a duas quadras da minha.
Com a viagem de Derick,a única pessoa que poderia me ajudar,seria meu melhor amigo,o único que me faria desabafar,o único que me deixaria calma. Sabia que isso estava apenas começando,pois ainda teria um ano pela frente,teria que aguentar cada dias, horas e segundos de tortura dentro daquela casa,porém sabia que no final,tudo valeria a pena. Mesmo tendo meu irmão longe de mim,faria o possível e o impossível para seguir a diante,sem nada para me fazer desistir,pois estava acreditando que em breve,estaria ao lado do farol que amo, breve estaria longe desse lugar.
Me aproximando da casa de Piter, sinto meu celular tocar em meu bolso. O pregando,pude ver o nome do meu moreno brilhar na tela daquele aparelho. Engolindo o choro que não parou desde que sair de casa,me sento naquela calçada de frente para a casa de meu melhor amigo.
___ Oi gatinho!___ tentando disfarçar o choro e a dor que estava sentindo, atendo a ligação do meu lindo.
___ Anjo! Você está chorando?___ ao ouvir sua voz preocupado,perco todo meu controle e me permito chorar novamente.
___ Sabe que te amo, não sabe?___ mesmo querendo lhe contar o que havia acabado de acontecer, não queria destruir sua euforia com sua nova vida.
___ Mari,o que aconteceu? Me diz o que te fez ficar assim,amor!___ não ouvindo mais nenhum bagulho,soube que Derick havia se afastado para um lugar mais silencioso.
___ Está tudo bem,amor! Só estou com saudade de você.
___ Mari! Não tem um dia que fiz essa viagem,amor.
Sorrindo fraco por saber que havia o convencido com minha desculpa,olho para Piter que me observava da porta de sua casa. Deixando as lágrimas caírem com mais intensidade,volto a minha atenção para a ligação que estava com meu irmão.
___ Eu te amo tanto Derick!___ sussurrando suspirando cansada, fecho meus olhos ao ouvi-lo suspirar preocupado.
___ Está tudo bem mesmo,amor? Sabe que pode confiar em mim.
___ Está sim, gatinho! Mas agora preciso desligar. Te amo e se cuida!
___ Também te amo, até o fim de semana...
Me despedindo de Derick, levanto-me daquela calçada atravessando a rua correndo em direção ao meu melhor amigo que abre os braços me chamando para um abraço apertado. O abraçando com toda força que tenho em meu corpo,deixo as lágrimas caírem rapidamente e os soluços escaparem por meus lábios com facilidade. Estava com o corpo doendo,meu peito estava apertado, não estava bem e não ficaria,pelo menos não agora e enquanto me lembrar que do que havia acontecido, não ficaria tranquila.
Ainda abraçado a mim,Piter me faz andar até sua casa. Entrando naquele sala de estar, pude me surpreendeu ao encontrar com os pais de Peter,pois desde que ambos se mudaram para esse bairro,era raro os vê-lo na casa do filho. Subindo para seu quarto, Piter me faz se sentar em sua cama enquanto fechava a porta para que pudéssemos conversar com mais tranquilidade.
___ O que houve honey? Você está Horrível!___ tentando me fazer rir,Piter de senta ao meu lado segurando em uma de minhas mãos.
___ Eu odeio meus pais,Piter! Odeio a minha vida,odeio tudo que está acabando, eu me odeio...___ levando sua mão vaga até meu rosto,meu melhor amigo toca no machucado no canto de minha boca.
___ Quem fez isso com você,Mari?___ desviando meu olhar do seu, encaro nossas mãos enquanto a apertava.
___ Carlos! Ele me bateu,Piter!___ em meio ao choro compulsivo,exclamo sentindo minha visão embaçada devido as lágrimas.___ eu o odeio com todas as minha forças,o odeio com todo meu ser.
___ Se acalma,honey! Seu irmão está em Nova York, não é?___ apenas assinto me abraçando em meu melhor amigo.
___ Não conta para ninguém, Peter, principalmente para meu irmão! Não quero atrapalhar a alegria dele___ tentando o convencer, seguro em suas mãos carinhosamente___ não vai acontecer novamente, foi apenas na hora da raiva.
___ Para de justificar, Marina! Seu pai fez uma vez e fará novamente. Não vou dizer para ninguém,pois é uma coisa sua,mas sugiro que diga a seu irmão,pois esse machucado e qualquer outro, não sairá até o final de semana...
Por mais que ele estivesse certo, não me via no direito de estragar a vida de meu irmão e perturbar sua paz e tranquilidade. Quando chegar o fim de semana, estarei com uma desculpa plausível para lhe dar.