Marina narrando
Para me fazer aquele questionamento que fizera meu coração acelera mais que o normal, certamente ela teria uma concepção que pudesse explicar o que realmente aconteceu naquela noite e naquela piscina. Me mexendo desconfortável naquele puff, sustento meu olhar para que não a fizesse desconfiar de uma possível desculpa que tentava formular em minha mente que parecia ter congelado em sua pergunta que me pegara totalmente desprevenida.
— Suponho que tenha formulado um possível motivo para ter encontrado roupas minhas e de meu irmão espalhadas por aquele chão — a tendo sustentando meu olhar,busco conseguir tempo para inventar algo que encoberte o verdadeiro motivo.
— Você está transando com seu irmão Marina? — ignorando minhas palavras,minha mãe me surpreende novamente com aquela pergunta.
Não conseguindo manter o contato visual,me levanto pondo a me andar por aquele quarto enquanto tentava manter um sorriso incrédulo em meu rosto.
— Olha o que você está me perguntando mãe — lhe olhando novamente,pude ver que minhas palavras não surtiram efeito.
— Por que haviam roupas sua e de Derick espalhadas por aquela área?— insisti se pondo de pé a minha frente.
— As minhas roupas estavam lá por decidir dar um mergulho, já as de meu irmão não posso explicar...— embora soubesse que havia sido a pior desculpa que poderia usar,tinha quase certeza que colaria com minha mãe.
— Se seu irmão não estava contigo,quem estava? Pois os gemidos que ouvi não surgiram do nada ou sozinhos —de forma desafiadora, mamãe questiona.
Ela tinha quase certeza de que havia algo entre mim e Derick,a forma que está me olhando e o jeito de buscar uma confirmação não passa despercebido. O primeiro passo foi interrogar meu irmão quando o dito cujo viajou para nova York,agora ela estava tentando me confundir para que entregasse algo que estava cada vez mais difícil esconder.
— Não vou te falar da minha vida íntima,mas se quer algo para que possa te fazer esquecer dessa sua loucura de achar que estou transando com meu irmão,a pessoa com quem estava na piscina comigo é um dos garotos que frequenta o colégio — com um sorriso sarcástico, sento-me em minha cama sob o olhar de minha mãe.
— Por que não consigo acreditar em você? Por que sinto que está me escondendo algo? — cruzando os braços sobre o peito, mamãe sorri demonstrando incredulidade.
— Será por você nunca ter se importado o suficiente comigo, nunca ter estado presente em minha vida ou ao menos parou um segundo para perguntar se estava bem...Sua vida sempre girou em torno de seu marido,sempre ele e nunca seus filhos — percebendo que a abalei com minhas palavras, suspiro profundamente.
— Você sabe que estava apenas tentando dar um vida digna para você e seu irmão,minhas viagens sempre foram a trabalho — justifica se pondo a andar de um lado para o outro naquele quarto.
— Isso não me importa mais, não faz diferença e não faço questão de lhe ter por perto. Aprendi a viver sozinha,cresci sem ter você aqui...— com certa indiferença em minhas palavras, ignoro as lágrimas que se formavam em seus olhos.
Embora nunca tenha sido presente em minha vida,nunca tenha tido um tempo para perguntar se estava bem, mamãe nunca negou me amar ou sentir carinho por mim e Derick,mas o seu problema que lhe faz esquecer da maternidade,é exatamente o homem que mais desprezo em minha vida,o homem que sem pensar duas vezes,ergueu a mão para mim e me agrediu. Carlos sempre teve domínio sobre minha mãe,por ele,ela muda o mundo e esquece dos filhos. Minha mãe é submissa ao marido e jamais deixará de ser.
— Me perdoa filha? — se aproximando tocando em meus cabelos, pede com lágrimas em seus olhos.
— Você quer meu perdão? — mamãe assenti me puxando para um abraço no qual não lhe retribuo — então quero que me dê a emancipação,quero que me deixe sair dessa casa e da presença do seu marido. Se realmente quer meu perdão, você me dará a liberdade de escolher a minha vida — digo me afastando de seus toques.
Olhando para mim de forma surpresa,minha mãe se afasta como se não estivesse acreditando em minha condição para lhe perdoar. Vendo seu olhar mudar para distante,soube que sua respostas dependia de seu marido,sua decisão deveria ser analisada por meu progenitor,o que me fazia ter certeza de que não conseguiria sair desse inferno que estou vivendo e terei de suportar por mais um ano. E por mais que desejasse sair desse lugar, não deixaria que Derick contasse que estamos juntos, não deixaria que corresse o risco de sermos afastados por nossos pais,pois em minha mente,prefiro que saibam quando poder dizer estar livre , quando estiver com tudo pronto para seguir minha vida como o homem que amo.
— Não posso decidir isso sozinha, seu pai também precisa concordar com algo assim — usa a maldita desculpa que sempre fará parte de sua vida decadente.
— Quando você vai ter opinião própria? Quando irá acordar e perceber que tudo ao seu redor está ligado ao i****a do seu marido? — de forma irritada,me levanto daquela cama podo-me de pé a sua frente — Você é a esposa do casamento, é a mãe dos seus filhos, não é uma empregada que deve seguir ordens por ter medo de perder o maldito emprego. A sua decisão também conta,ou prefere agir como uma submissa que não tem direito de falar e de opinar?
Sem ao menos perceber, minhas palavras saíram em um tom de voz elevado. Olhando para minha mãe que parecia surpresa com minhas palavras e forma de agir, suspiro profundamente tentando me acalmar e pensar antes de lhe responder mais uma vez.
— Ele é meu marido e seu pai! — e mais uma vez minha mãe demonstrava que seja o que aquele Verme faça, sempre a teria em suas mãos.
— Mas não é seu dono, não pode mandar em mim como se fosse os malditos funcionários de sua empresa...— aproximando-me de minha mãe,seguro em suas mãos sentindo meus olhos arderem — não quero ter que aguentar as agressões e insultos dele,mas para isso, somente você pode me ajudar!
Olhando em meus olhos deixando suas lágrimas molharem seu rosto,mamãe acaricia meus cabelos fazendo-me engolir o nó que se formara em minha garganta. Naquele quarto,tive um momento somente meu e de minha mãe,uma conversa que poderia ser libertadora ou minha condenação,bastava saber de qual lado a mulher que me deu a vida ficará. Carlos era seu dominador,ele a tinha como uma marionete que possa realizar todos os seus desejos,eram raras as vezes que ela conseguia se expressar ebdefender uma opinião sua. Me perguntava se algum dia mamãe conseguiria ser dona de si própria,se conseguiria assumir as rédeas de sua vida.
— Sinto muito,meu amor — entendendo por meio daquelas palavras,me afasto de seus toques — Não posso fazer isso sem consultar seu pai,pois apesar de não me importar de lhe dar a emancipação,Carlos também é responsável por você.
— Saia do meu quarto. Por favor!
Sem olhar para ela e muito menos desejar dizer outras palavras, sigo em direção a minha sacada sentindo o vento frio bater contra meu corpo. Ouvindo a porta de meu quarto ser fechada, seco com agressividade a lágrima solitária que molha minha bochecha. Não me permitiria chorar pela fraqueza de minha mãe em enfrentar o marido, não choraria por nunca a ter ao meu lado me apoiando e muito menos por sempre apoia-lo.