Acordo com minha mãe berrando, olho no celular e faltam cinco minutos pro despertador tocar, bufo e cancelo o alarme, então vou tomar meu banho. Quando termino saio e me visto depressa por causa do frio, pego meu celular e tem uma mensagem.
Puta ㅤㅤsz : Acordaaaa
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ: Bora causaaaar!
Euㅤㅤㅤㅤㅤ: Tô arrumando.
Bloqueio o celular e vou arrumar o cabelo, em seguida passo base e rímel, coloco uns cadernos na mochila e vou pro quarto da minha mãe tirar uma foto. Posto no f*******: e marco a best.
Bruna Siqueira: Bom dia! #escolanova #vidanova — com Bárbara Siqueira.
Não somos exatamente primas, a vó dela, Lorena, é tia da minha vó, então não sei exatamente o que somos.
Desço e tomo café, depois escovo os dentes, junto minhas coisas e saio de casa. A Bárbara está saindo com o Lucas, espero eles e vamos juntos.
O Lucas me abraça quando estamos entrando na escola.
— Quero ver quem vai mexer com a minha irmã!
— Pra de verdade ele nem liga — Babi ri.
— Vai achando, meto a porrada em quem chegar.
— Quem vê até pensa.
Três garotas vem em nossa direção e me olham de cima a baixo.
— Menorzinho — a ruiva beija sua bochecha — quem é essa?
— Minha irmãzinha.
Encaro ela.
— Oi cunhadinha, é um prazer.
— O prazer é todo seu.
Sorrio e saio puxando a Bárbara.
— Vamos descobrir qual é minha sala.
Ela está morrendo de rir.
— Bem feito, alguém tinha que dar um se liga na Débora.
— Garotinha nojenta.
Caleb
Lá estava eu, discutindo novamente com a Tainara. Gosto dela mas a mina não saí do pé, não posso fazer nada que esse demônio vem encher meu saco. Mandei ela ir pescar e fui até os muleques, cumprimentei eles e sentei na mesa.
— O que ta pegando?
—Já viu a novata? — Kius beija os dedos juntos e solta no ar.
— Não é pra mexer com minha irmã não caraí — Menor diz bolado.
— Que irmã?
— A best da Babi — JP diz mexendo no celular, então me mostra uma foto.
— c*****o vei, apresenta aí Menor.
— Saí fora que eu vi primeiro — Kius diz.
— Você pega a Babi — respondo.
— E você namora! — Ele retruca.
— Ninguém vai pegar ela não caraí — Menor grita.
Geral que tá por perto começa a olhar pra gente e caímos na gargalhada. O sinal bate e lá vem o supervisor nos lombrar, então levantamos e vamos pra sala de aula. JP e eu somos da mesma sala, enquanto o Menor e o Kius são da sala da Bárbara.
Entramos e vamos pro fundo da sala, e lá está ela, p***a, é bom demais pra ser verdade. Sento atrás dela e o JP ao meu lado.
— E aí Bruna — JP diz.
Ela se vira e o encara.
— Ah, oi! João Pedro, de ontem, né? — Ela sorri.
Ele afirma com a cabeça.
— Não sabia que viria pra cá.
— Fui expulsa ontem — ela dá de ombros.
— O que você aprontou?
— Ah, bati em uma garota, nada demais.
— Nossa, nada demais, não vou nem olhar nos seus olhos de medo — ele brinca.
Que palhaçada vei, começo a tossir pra quebrar a conversa.
— Ah, foi m*l, Bruna esse é o Caleb, meu parça.
— E aí — ela diz.
Quando vou responder a professora entra atrasada mandando todo mundo calar a boca e a mina se vira pra frente.
No terceiro horário o professor de geografia começa a passar um texto gigante, então aquela moreninha se vira pra trás.
— Tu não tem uma caneta sobrando por aí?
Abro a bolsinha e entrego uma caneta pra ela.
— Valeu mané.
Abro um sorriso, gostei dessa mina. O JP me atira uma bolinha de papel, abro e leio: o****o. Olho pra ele e mando meu dedo do meio.
— Está tudo bem senhor Martins?
Olho pro professor.
— Sim.
— Preste atenção no seu caderno.
Afirmo com a cabeça e volto a copiar... Quando o sinal finalmente bate saio que nem louco, e pro dia ficar pior lá está a Tainara. Reviro os olhos.
— O que tu quer?
— Só um beijo, credo seu grosso.
Agarro ela pela cintura.
— E grande também.
Então beijo ela. Tainara e eu somos um caso complicado, sempre fui um vagabundo nato, aí ela apareceu e me colocou na linha, mas agora eu não consigo parar de olhar pra novata, e reparar cada qualidade dela.
Encerro o beijo após o JP tossir.
— Vamos pro refeitório, querem ir?
A Bruna está ao lado dele. Nem encaro muito ela pra Tainara não meter o louco.
— Quer ir? — Pergunto pra ela.
— Pode ser, estou com fome.
— Eu sou Bruna — ela acena pra Tai.
— É um prazer.
Descemos em direção a cantina com a Bruna contando sobre a briga dela com a garota que a fez ser expulsa, por incrível que pareça a Tainara gostou dela e as duas conversam sem deixar o assunto morrer, ela até desgruda de mim e deixa eu conversar em paz com o JP.
A linguaruda da Débora aparece atrás da Tai e já começa a soltar o veneno.
— O que você tá fazendo com essa daí?
— Essa daí tem nome tá fofa — Bruna revida.
— Ela é legal Débora.
— Legal? Te contei como ela me tratou hoje né?
— Ai Débora, f**a-se.
— Daqui a pouco ela vai pegar seu homem, pela cara de p*****a.
— O QUE?
A Bruna ia voar nela quente, a sorte foi que eu segurei ela pela cintura e o JP saiu empurrando a Débora pra sei lá onde.
— Me solta — disse se debatendo — vou quebrar a cara dela.
— Se acalma, acabou de entrar e já vai ser expulsa?
— Pois é, sua mãe vai ficar mais bolada ainda — Tai aconselha.
Solto ela, que respira pesadamente.
— Quem ela pensa que é? Espera só o final da aula, vou parar só quando ela estiver sangrando.
Dou risada.
— Vamos comer, vem — passo o braço ao redor do pescoço da Tai e entramos na cantina. Entramos na fila e compramos alguma coisa, depois nos sentamos na mesa do pessoal.
— Que tumulto foi aquele? — Bárbara pergunta, depois de olhar feio pra Tai, as duas se odeiam.
— Aquela vaca m*l comida me chamando de p*****a. Espera a saída.
— OPA! — O Kius gritou. — Xiou a treta suave.
— Quero ver quem vai por a mão na minha irmã — Menor já tava bolado.
— Sua mulherzinha — Tai responde.
— Minha nada, tá tirando vei? Aquela louca deve achar que vou defender ela, deixa ela na ilusão.
— Amiga vamos comigo no banheiro? — Bárbara chama.
— Vamos — Bruna saí toda inocente. Eu sabia que ela ia envenenar a menina contra a Tai. Ela é difícil mesmo, mas se deu bem com a menina, por quê intrometer?
Japa
Chegamos no banheiro mas eu já imagino o assunto, se ela não se dá com a Débora, também não se dá com suas amigas.
— Por que você tá sendo amiga daquela vaca?
— Porque ela é legal — digo como se fosse óbvio.
— Amiga não se deixe enganar, ela é falsa e paga de virgem maria, mas aquela cara não engana ninguém.
— Deixa de paranoia Bárbara.
— Só estou te avisando, ela usa as pessoas e depois joga fora.
— Vou tomar cuidado, tá legal?
— Tá.
O sinal bate e eu quase não comi meu biscoito, volto pra cantina e pego ele na mão do JP, que já comeu a metade, então vamos pra sala.
Na verdade, estou enérgica, todos já sabem que eu tô arrumando confusão e estão comentando, não me importo, só sei que vou bater naquela garota até ela pedir arrego.
Temos um horário vago e uma educação física, onde eu jogo queimada com as garotas da turma, Isabela e Eduarda (que eu tenho certeza que são lésbicas) são do meu time, o resto não decorei o nome ainda, mas, massacramos o time adversário.
Quando o sinal bate sou a primeira a sair. Deixo minha mochila no chão, amarro o cabelo e os meninos vem pra onde eu estou.
— Olhem minha mochila.
— Eu vou é gravar — JP diz.
Começo a rir e balanço a cabeça negativamente. Todo mundo está por ali, ninguém arredou o pé pra ver no que ia dar. O resto dos meninos, a Bárbara e a Tai já apareceram, a Duda e a Isa estão me contando umas tretas sobre a Débora. Então ela saí, junto com a outra que eu não sei o nome e nem faço questão de saber, saio do canto e vou pro meio da rua, coloco as mãos nas costas, empino o nariz e espero ela.