1º Capítulo

1804 Words
Japa — f**a-se, não tô com saco pra aturar desaforo, não aguento mais essa vaca — digo pra Luana. Minha companheira do colégio. Infelizmente não sou da mesma escola que a Babs, minha mãe cismou que eu tinha que ter um estudo decente e virar delegada. Quem diria, a filha do dono do morro querendo que a filha entre pra lei. — Pensa bem Bruna. Tu vai ser expulsa. E vai valer a pena? Só pra dar uns tapas na Larissa? Pensei por um segundo. — Sim, vai! Ela revira os olhos. — Então vai lá. Dou um sorriso vitorioso e saio da sala, indo em direção ao pátio, mas tenho que passar pela porta da sala da vaca e, pra minha infelicidade, ela foi dar uma voltinha. Passo bufando pelos amigos dela, dou uma volta, tomo água e fico mais calma. Minha treta com a Larissa é desde o ano passado, quando eu fiquei com o namorado dela enquanto eles tinham brigado e terminado. Enfim, eu nem sabia da existência dela até o momento. Então ela resolveu mandar piadinhas pra mim e me irritar mais a cada segundo. Fica jogando aquele cabelo cor de salsicha dela, eu simplesmente não sou obrigada! O sinal bate, encerrando o intervalo, e eu volto pra minha sala. Quando eu volto lá está ela rindo com as amigas e bloqueando a passagem. Fico esperando pra ver se ela desconfia e a garota parece que faz de propósito, então passo trombando nela com tudo, a mesma até cambaleia. — Tá cega ou perdeu a boca pra pedir licença? — Ela grita. — Quem desvia de vaca é caminhoneiro, eu atropelo — respondo e pisco. — A única vaca que tem aqui é você sua folgada! Volto e fico pertinho dela, frente à frente. — Primeiro, vira mulher pra bater de frente comigo. Porque pra bater nessa sua cara lavada eu não troco a roupa que eu tô vestindo, não preciso e nem nunca precisei chamar amigo pra cobrar meu boi. E em segundo, apara seu chifre que tá fazendo sombra e eu gosto de tomar sol. Mano, eu me segurei pra não rir, já a Luana, que surgiu não sei dá onde já estava rachando, assim como aquela enorme rodinha, eu podia ver a Alessandra chegando pra chamar nossos pais em segundos, mas meu serviço eu faço completo. Mandei um beijo provocando ela, que estava cada vez mais p**a, eu podia ver as veias saltando da testa dela. Quando me virei foi o suficiente pro meu cabelo ser puxado e ela começar a falar não sei o quê. Só me lembro da cotovelada que acertou sua boca do estômago que fez ela largar meu cabelo rapidinho. Quando me virei ela puxava o ar ainda, mas como sou um amorzinho esperei ela recupera-lo e vir pra cima de mim mirando um tapa na minha cara. Antes que ela tivesse a oportunidade levantei meu pé e chutei sua barriga, fazendo ela voltar e cair de b***a no chão. — Só sabe fazer isso? — Sussurrei e levantei minha sobrancelha. Os gritos dos meninos ecoavam em meus ouvidos, foi quando a Alessandra chegou dispersando a multidão e correu pra vaca caída.  — Senhorita Siqueira isso é inaceitável, seu responsável já está a caminho. Fico sentada na cadeira com a cabeça encostada no suporte, estou cansada. Dessa escola, dessas pessoas, de tudo. Quando minha mãe finalmente chega ela está com aquele olhar nervoso, nada apreensivo e decepcionado. Eu não queria decepciona-la, eu a amo mais que tudo, mas os planos dela não são os meus. A diretora e ela tem uma longa conversa, depois falam com a mãe da Larissa e eu fico deitada quase dormindo, sei que vou ser expulsa mesmo, tô só no aguarde. Depois de uma hora é oficial, estou fora. Enquanto minha mãe vai buscar meu histórico eu vou buscar minha mochila e me despedir da Luana. Recebo vários elogios, me chamam de lutadora de UFC, nossa nem é pra tanto. Mas pelo menos teve uma briga por aqui, porque se dependesse desse povo... Quando entro no carro minha mãe começa com o sermão e eu sinceramente não estou afim de ouvir, mas finjo prestar atenção. — Tá me ouvindo Bruna? — Tô mãe! — O que eu disse? — Um tanto de baboseira sobre eu fazer merda, tá errada, só dar decepção... — BRUNA! — Desculpa. — Eu só quero o seu melhor, que você tenha um futuro extraordinário. — E você já pensou no que eu quero? Se eu sou feliz? Eu passo minhas noites da semana fazendo trabalhos enormes e estudando pra provas. Quando chega o final de semana eu tô tão cansada que não aguento sair com meus amigos e fico só deitada. — Mas você vai ter um futuro diferente do deles. — E se eu morrer antes? E não tiver aproveitado nada? — Vira essa boca pra lá, você ainda vai viver muito. — Você por acaso é Deus? Você não sabe mãe, eu quero viver cada dia como se fosse o último, quero ser feliz. Não aguento mais. Ela suspira. — Eu desisto, você se decide.   Chego em casa e jogo minha mochila no chão do quarto, me jogo na cama e abro o w******p, que saudade do WiFi sz. As mensagens começam a chegar que nem loucas. Puta sz : Que papo é esse que tu foi expulsa? Euㅤㅤㅤ: As notícias voam em. Puta sz : Sua mãe ligou pra minha reclamando. Minha mãe deu uns conselho bacana. Euㅤㅤㅤ: Minha mãe não me entende. ㅤㅤㅤㅤ: Não aguentava mais aquela escola, aquela rotina. Puta sz : E você vai pra minha!!! Pode chegar causando. Euㅤㅤㅤ: Adoro! Puta sz : Sabia que o Caleb tá de rolo sério? Euㅤㅤㅤ: Eu não. Pra mim aquele ali ia viver na vagabundagem forever. Puta sz : Pra mim também Euㅤㅤㅤ: Marca aí que vou tomar um xuá. Puta sz : Nem é sábado. Euㅤㅤㅤ: _|_ Me levanto da cama e separo uma roupa, ligo o som e coloco o cabo no celular, escolho uma música e deixo bem alto. Tranco a porta do quarto e entro pro banheiro, deixo a porta dele aberta pro som ficar mais alto e ligo chuveiro. Fico por lá uns vinte minutos, lavo meu cabelo pra tirar as digitais da vaca dele e depois saio. Me seco, passo creme de pele e desodorante e me visto. Pego meu celular, respondo a mensagem da Babs, me despeço do grupo da minha antiga sala e saio. Então desligo o som e desço pra almoçar. Minha vó, meu amor tá aqui sz corro pra abraçar ela. — Meu bebê! Como você tá? Que saudade, já comeu? — Vou comer agora vó. — E aquela menina te machucou? — Que nada mãe, essa aí que virou um animal pra cima dela — minha mãe resmunga e minha avó ignora. Nego com a cabeça. — Vai se alimentar, tá muito magrinha. Sorrio e me sento na mesa, começamos a conversar sobre assuntos aleatórios e a comer o strogonoff que minha mãe havia feito.  Meu pai nos abandonou quando eu ainda estava no ventre da minha mãe, ela segurou a barra com a ajuda de minha avó e hoje eu estou aqui. Minha mãe é complicada mas sei que só quer o melhor pra mim. Eu infelizmente não puxei os cabelos ruivos da família do meu avô como minha mãe. Minha vó também não é ruiva, mas sempre quis ser, então usa uma tinta básica. Minha mãe e ela se parecem bastante, já eu, pareço adotada. Depois do almoço minha mãe saí pra achar outra escola pra mim, enquanto eu vou pra casa da Babs. Chego e vou entrando mesmo, sou de casa. O Lucas, que tem o apelido de Menor não sei porque, e é irmão dela, está lá jogando videogame com seus amigos, Kius e JP. — Sabe bater não? — Ele diz rindo. — Sou de casa — respondo lhe dando um beijo na bochecha. — Não vai apresentar a amiga filho da p**a? — Kius diz sorrindo. Já vi os meninos nos bailes quando a Babi me arrastava, foi só umas duas vezes, também já vi eles pelo morro e ouvi várias histórias, mas nunca conversei. — Não desrespeitem minha irmãzinha — ele repreende o amigo com um olhar — j**a, Kius, Kius j**a. j**a, JP, JP j**a. — É um prazer — digo acenando. Por incrível que pareça nunca encontrei eles aqui, e eu não saio da casa da Babi. Subo as escadas em direção ao quarto dela e encontro a Sophia, mãe dela, descendo as escadas. — Oi tia. — Oi querida — ela me abraça — sua mãe está em casa? Nego com a cabeça. — Foi me matricular em outra escola. — Você é fogo em — ela coloca as mãos na cintura — junto com a Babi então, quero nem ver. Dou uma risada. — Minha vó estava lá em casa, e a Lorena? — Ah, viajou com o Gabriel. Resolveram aproveitar caldas novas nessa época de frio. — Eles que tão certos. — Deixa eu ir ali fazer um bolo antes que os meninos morram de fome. — Tá bom — respondo rindo e subo pro quarto da Babi. Entro e ela está deitada mexendo no celular. — Tem serviço não? — Digo me jogando em sua cama. — Aí gorda! — Ela reclama.     — Eu acho que o Kius tava dando em cima de mim — murmuro. — Aquele ali da em cima de todo mundo — ela revira os olhos. — Mas mesmo assim te dá uns pegas — sorrio. — Ah, é gostoso né, fazer o quê. Balanço a cabeça negativamente e meu celular começa a tocar, olho no visor e é minha mãe, atendo: — Alô? — Onde você tá? — Na casa da Babs. — Vem pra casa. — Pra que? — Anda Bruna! Ela desliga na minha cara, filha da mãe. — Tenho que ir, coroa tá na TPM. — Depois cê volta. — Tá. Saio de lá rápido, passo pelos meninos que nem um jato, só mando um beijo pro Lucas e quando dou por mim estou entrando em casa. Procuro minha mãe pela casa e lá está ela na cozinha. — Que foi? — Comprei material novo pra você. Só consegui vaga na escola da Bárbara, mas vê se não apronta pra ser expulsa de novo — Obrigada, obrigada, obrigada — abraço ela. Depois pego a sacola e subo pra ver meu material. Fico namorando ele até tarde, então decido não sair de casa, como alguma coisa doce e vou dormir.  
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