07 - Eu sou sua avó

1580 Words
Graziella já estava na Itália, com o contrato assinado e toda a sua equipe à disposição. Quando decidiu voltar para sua cidade natal, Carina ficou encarregada de todos os detalhes da mudança, incluindo a moradia. Claro que elas ficariam juntas, era assim desde que foram para Tóquio. Mia já tinha ido ao hospital e resolvido a sua transferência. Matteo já tinha chegado no país com a avó, porém ainda não tinha ido conhecer a sua nova casa devido a rotina de trabalho agitado da mãe, que a fazia ir de uma reunião a outra. Matteo estava na companhia da avó e saltitava alegre passeando pelas grandes passarelas do shopping. O loirinho m*l conseguia conter o sorriso, de tão empolgado que estava de conhecer a cidade natal de sua mãe. Queria ver a sua nova casa, sua nova escola e seus novos amiguinhos. — Vovó, podemos tomar um sorvete? — Sim, meu amor. — disse Patrícia sorrindo para o neto. Matteo saiu correndo, desajeitado e sumiu rapidamente da vista da avó, até o quiosque do sorvete. Ele vestia um macacão jeans e uma camisa laranja polo por dentro, com seus cabelinhos loiros bem penteados. Era um menino doce e brincalhão, que encantava a todos por onde passava. Patrícia saiu atrás do neto, tentando alcançá-lo, mas sorri ao ver o neto caído, de bumbum no chão, na frente de duas mulheres. A avó se aproximou, pegou o garoto no colo, e levantou o olhar para as duas, que encaravam Matteo com surpresa e confusão. Minutos antes…. Carlota e Isabela passeavam no shopping despreocupadas. Era dia de fazer compras, e sempre que tinham oportunidade, estavam juntas. Elas eram inseparáveis, quase como irmãs, e nutriam uma amizade tão forte, que curiosamente também foi passada para seus filhos, Pietro e Luiggi. — Pois é Isabella, eu já não tenho esperanças de que saia algum neto daquele casamento fracassado do Pietro. Aquela mulher é desprezível! Na época do acordo, cheguei a brigar com o Enzo sobre essa união… mas você sabe o que estava em jogo. Enfim, meu filho não é feliz e por mais que tenha tentado pedir divórcio, aquela mulher não dá o braço a torcer. — Falava Carlota vermelha de ódio para Isabella. — Amiga, não estou tão diferente de você. O Luiggi nem namorada tem. Vive em festas noturnas, transando com uma e outra. Concordo com você em relação a Antonella. Nunca gostei dela, e acho que o Pietro mudou muito desde que casou com ela. Uma vez, ouvi o Luiggi dizendo ao Dante, que ele havia se encantado por uma garçonete. Mas parece que era uma boa garota e como você sabe, Pietro já estava noivo e estava prestes a assumir a Cosa Nostra. — Carlota suspirou. — Queria que meu filho fosse feliz, Isabella. Às vezes olho para os seus olhos e não o reconheço mais. Ele se tornou um homem frio. Eu sei que ele deve fazer essa figura impassível e amedrontadora, mas…. É algo mais profundo, não sei explicar. De repente, alguém esbarra nas suas pernas, caindo no chão. Carlota olha com preocupação para a pequena figura loirinha e quando se abaixa para ajudá-la, seus olhos se arregalaram e a surpresa estampa o seu rosto. — Desculpe Vovó! Eu não te vi aqui. — disse o menor sorrindo para a ruiva. Aqueles olhos azuis, aqueles cabelos dourados, aquele sorriso… Deus, não podia ser! Era seu filho que estava diante de seus olhos… o seu Pietro! Isabella, assim como Carlota, fica sem palavras e apenas encara o garoto com curiosidade. Patricia ao se aproximar do local, puxa o neto para próximo de si e observa as mulheres caladas, ambas com os olhos marejados. Matteo olha para a avó sem entender nada e diz: — Vovó Patricia, eu já pedi desculpa para as moças, mas elas não param de me olhar estranho… será que eu machuquei elas, vovó? — Matteo falava fazendo bico nos lábios e com os olhos já marejados, prestes a chorar. Carlota desperta do transe ao ouvir o garotinho e fala: — Não, não meu querido! Você não me machucou. — disse com os olhos marejados fitando o menino. — É que você me lembrou alguém a quem estimo muito… como se chama? — perguntou se aproximando da criança e alisando os seus cabelos loiros. Matteo sorriu para a mulher e levantando os bracinhos falou: — Me chamo Matteo! Matteo Lombardi. Mas pode me chamar de Mat, é assim que a minha mamãe me chama, não é vovó? — disse olhando para a avó com o dedinho na boca. Isabela apenas observava a criança, a semelhança era assustadora. Com certeza aquele garoto era filho de Pietro. — Matteo…. Lindo nome, meu querido. — dizia Carlota limpando os olhos. Patrícia já estava apreensiva com aquela mulher, que olhava o neto de uma forma estranha, quase como se o conhecesse. — Bem, me desculpe… O meu neto é meio agitado e saiu correndo. Não consegui segurá-lo, sinto por ter batido em vocês… Vocês sabem como são as crianças nessa idade! A propósito, me chamo Patricia, sou a avó dele. E vocês são… — Carlota Portinari. E essa é minha irmã Isabela, Isabela Lancellotti. — Vovó…. O meu solvete! — disse Matteo olhando para a avó com o bico no rosto. Carlota sorriu. — Podemos nos juntar a vocês para esse sorvete? perguntou com alegria na voz. Patrícia olhou desconfiada. De alguma forma, ela sentia que aquela mulher granfina poderia ser a avó do seu neto. Se fosse o caso, sabia que sua filha a mataria se a deixasse se aproximar, mas Patrícia sabia que não era justo. A avó sabia da vontade do pequeno de conhecer o pai e sua família, e pensava a todo o momento em como devia ser angustiante estar do outro lado. — Claro, não é, querido? — perguntou encarando o neto com um sorriso no rosto. — Sim vovó! As mulheres se dirigem até o quiosque, compram os sorvetes e vão até uma mesa para conversar. Isabela ficou conversando com o pequeno, enquanto Carlota, retomou sua conversa a Patrícia: — Acho que você deve estar assustada com o meu comportamento, não é? Pergunta Carlota encarando Patrícia, que apenas meneou a cabeça em concordância. — Você deve imaginar o porquê de eu ter reagido assim. — Você deve ser a avó dele, mãe do pai do Matteo… estou certa? — Carlota confirmou com a cabeça. E suspirou dizendo: — Olha só, senhora… — Apenas Carlota, por favor. — Não sei o que aconteceu entre a minha filha e seu filho, mas saiba que eu nunca concordei com a Graziella por não ter o procurado. Independente do que tenha acontecido, ele e a senhora tinham o direito de saber. Mat, vem cá, meu amor! —Matteo saiu de perto de Isabela com a boca toda suja de sorvete e foi até a avó, que sorriu ao vê-lo todo lambuzado. — Eu acredito que sua filha teve seus motivos, mas isso não importa mais. — disse Carlota olhando para Matteo. — Ele precisa saber, ele… Ah, meu deus, eu sou avó! Meu bebê é pai! — Carlota colocou as mãos no rosto e lágrimas começaram a descer dos seus olhos. Não conseguia mais contê-las… — Me desculpe, sempre sonhei com isso, é algo que eu almejava há muito tempo. Ele é a cara do meu menino… não tem como negar que ele é meu neto. — disse sorrindo. — Carlota, apenas gostaria de te pedir uma coisa. Deixa eu conversar com a minha filha sobre esse encontro. Não conte nada ainda para o seu filho. Acho que eles precisam conversar entre eles, você não acha? — Sim, sim… mas… Eu queria tanto poder abraçá-lo! Será que..? Patrícia sorriu para ela e segurou na sua mão. — O que foi vovó? Ele perguntou lambendo os dedinhos. Patrícia pegou um guardanapo, limpando seu rosto e falou: — Essa é a senhora Carlota. Ela gostaria muito de te dar um abraço… tudo bem pra você? — Matteo sorriu e em seguida se atirou nos braços de Carlota, que o acolheu e chorou em seguida. Matteo a olhou confuso e em seguida perguntou: — Machuquei você, vovó? —- disse, tocando o rosto de Carlota com sua mãozinha, que arregalou os olhos em surpresa por ter sido chamada de vovó, e sorriu em seguida. — Não, meu amorzinho… Só fiquei feliz em você ter me chamado de vovó. Ele sorriu para ela e retribuiu o carinho. — Você é lindo, sabia? Lembra muito o meu filho, ele era assim como você quando era pequeno. —- Matteo sorriu e disse: — E ele agora é grande, vovó? — Carlota confirmou com a cabeça. — Eu tenho uma ideia! Já que você tem saudade dele pequeno, Eu posso ser o seu netinho para você ficar feliz. — diz dando um grande sorriso para Carlota, que sente as lágrimas descerem, sem controle, molhando seu rosto — Não posso, vovó Patricia? As mais velhas já estavam com os olhos marejados da doçura do garoto, que não fazia ideia do que estava acontecendo e não entendia a força daquelas palavras. — Pode sim,meu amor… pode sim! Depois disso, elas trocaram os telefones e combinaram de se encontrarem no outro dia, em um parque, deixando o loirinho eufórico. Carlota voltava para casa com Isabella, ambas com um sorriso no rosto. Sabiam que muita coisa ia acontecer e que não seria nada fácil lidar com essa descoberta.
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