Acordo com o canto dos pássaros.
— Está se sentindo melhor? — Pergunta me assustando muito!
— Meu Jesus Cristinho! — Grito assustada. — Não faça isso! — Digo m*l-humorada. — Já amanheceu? Estou indo embora. — Me levanto.
— Por mim tudo bem, está cedo e chegaremos a tempo de assistir às aulas, o senhor Rifar é um saco quando faltamos. — Ela se levanta da cadeira onde estava meio que deitada.
— Sério? — Pergunto surpresa. — Você ainda se preocupa com um professor quando tanta coisa está acontecendo?
— É claro que sim e você também deve se preocupar, ninguém merece aquela mala velha! — Briana entra acompanhada de Loren.
— Não falem assim, ele é um homem respeitado no nosso mundo. — Adverte.
— Isso não o torna menos chato! — Afirma fazendo careta e arrumando os belos cabelos castanhos.
— Dormiu bem, querida? — Pergunta já se aproximando.
— Não se aproxime, não conheço você, não quero ter intimidades com um estranho. — Ele para onde está e sinto uma pontada de tristeza ao ver a decepção estampada em sua cara.
— Tudo bem, não te forçarei a nada. — Ele desvia os olhos por breves segundo, quando me encara novamente tem um sorriso estampado no rosto. — Que tal irmos tomar um bom café da manhã, em seguida acompanharei vocês até a faculdade.
— Não! — Falo rapidamente. — Estou sem fome agora, posso comer mais tarde e você não precisa vir junto. — Me afasto da cama.
— Tudo bem. — Novamente vejo seu olhar decepcionado — Mas vou mandar Aidan voltar com vocês, não é seguro ficar andando por aí durante o dia.
— Certo isso é totalmente bizarro, geralmente as pessoas dizem que não é seguro andar sozinha de noite.
— Isso é porque os humanos não sabem que a noite pertence a um excelente rei, enquanto uma rainha malvada comanda o dia. — Percebo como Briana olho para Loren de maneira estranha, só agora percebo a proximidade entre eles.
— Imagino que esteja se referindo a minha amada mãe. — Ignoro a sensação estranha que sinto observando os dois juntos.
— Isso não é assunto para piada, meninas, independente de tudo o que está acontecendo, lembre-se que ela é sua mãe Heloísa, então a trate como tal.
— Ela não é minha mãe e não ousaria exigir isso de mim… — Afirmo com desafio. — E não ouse me dar lições de moral, nenhum de vocês tem esse direito.
— E se encontrar com ela, aconselho a você a correr! — Ela parece assustada.
— Diana não fica andando por aí sua i****a! — Percebo que falar dessa mulher mãe deixa Loren com uma expressão um tanto quanto abatida.
— Vamos deixar isso de lado garotas, ao menos por hora.
— Onde a Cher está? — Ignoro o assunto em pauta.
— Londres, ela nunca esteve aqui, você a observou pelo colar.
— Certo. — Não consigo disfarçar a mágoa por todos os anos de mentira. — Vamos logo, não quero ter que aguentar o tal Rifar no primeiro dia de aula. — Vou até Loren e lhe dou um abraço, acabo pegando nós dois de surpresa, mas ele retribui arduamente. — Até mais coroa! — Saio e me deparo com um corredor cheio de portas e com dois caminhos, escolho o esquerdo, que me leva até uma escadaria para subir.
— Heloísa. — Chama.
— Sim? — Me recuso a ficar constrangida.
— É por aqui querida. — Aponta na direção contrária a que tomei.
Seguimos até uma porta enorme e aqui entre nós, esse lugar tem cara de castelo, desde a escadaria até as infinitas portas misteriosas.
— Aidan está na faculdade especialmente para cuidar de você querida. — Ele me faz sentir como se tivesse 10 anos novamente. — Quero que todas tomem cuidado, não saiam do perímetro da faculdade, apenas lá vão estar seguras.
— Por quê? — Questiono.
— Como assim por quê? — Pergunta sem entender.
— Por que na faculdade vamos estar seguras?
— Pessoas com más intenções não podem entrar no terreno da faculdade, graças a um feitiço que coloquei séculos atrás.
— Certo, é informação demais! — Atravesso a porta.
Assim que ponho o primeiro pé para fora, dou de cara com uma parede de músculos, como sou graciosa igual a um cisne, uma verdadeira dama, quase bato de b***a no chão, o quase se dá ao fato de que a parede musculosa me segura.
— Caramba! Alguém anotou a placa do caminhão? — Faço piada da minha falta de equilíbrio, afinal de contas rir é o melhor remédio.
— Esse é o Aidan, Aidan, essa é a Heloísa. — A i****a se segura para não rir. — Espere, vocês já se conhecem, não é mesmo, agora largue ela, Loren não vai gostar nada de ver você com as mãos na filha dele.
— Oi, Isa, ignore Pandora, ela não consegue superar essa paixão platônica que tem por mim. — Esse é o deus grego com que dancei na festa e não deixo de reparar que ele ainda me segura próximo demais.
O lugar para ter homens bonitos!
— Obrigado, eu acho. — Para meu horror, ele diz com um sorriso lindo.
E eu? Estou procurando um buraco para me esconder, eu disse isso em voz alta!
— Já disse para deixá-la em paz, vamos logo! — Grita entrando no belo carro que nos espera.
— Então é isso, vamos voltar para a faculdade.
Minutos depois estamos todos no carro e seguindo viagem.
O caminho é longo, sigo por todo o trajeto em silêncio, estou perdida em meus pensamentos, vez ou outra respondo perguntas com um simples, sim ou não.
Aidan apenas observa pelo espelho às duas matracas falando sem parar. Após cerca de 30 minutos já não aguento mais pensar na minha suposta família, então começo a pensar que deveria existir um superpoder que nos leve onde queremos estar, assim como Cher fez parecer existir, se isso fosse possível faria com que chegássemos a faculdade em um piscar de olhos e economizaríamos muito tempo, não quero começar a faculdade tomando bronca de um professor rabugento.
Ainda estou distraída com esses pensamentos totalmente desconexos quando Aidan freia o carro bruscamente.
— O que você fez Heloísa? — Grita, me assustando ainda mais.
— Nada, não fiz nada! — Fico desesperada.
O que aconteceu dessa vez?
— Pode explicar como chegamos aqui? — Pandora está com os olhos arregalados.
— Oh, meu Deus! — Exclamo perplexa com o que acabou de acontecer.
— Está tudo bem? — Ele segura minha mão.
— Não, não está nada bem. — Retribuo o aperto. — Isso é impossível.
— Ei, se acalme. Respire fundo e olhe para mim. — Obedeço. — Vou ajudar você, sempre que precisar, com o que for preciso.
— Tudo bem. — Fico hipnotizada pela escuridão de seus belos olhos verdes.
— Vamos sair daqui ou vomitarei com toda essa melação… — Já não parece tão abalada com o que acabou de acontecer.
— Vamos, a primeira aula começa em 2 horas e precisamos trocar de roupa.
— Claro. Quero descansar antes da aula. Obrigado Aidan. — Agradeço mais por saber que ele vai estar aqui quando eu precisar do que por qualquer outra coisa.
— Te vejo depois, preciso resolver algumas coisas. — Ganho um beijo no rosto.
Dou um sorriso amarelo, saio do carro fingindo ser normal um homem me beijar.
As meninas se despedem e marcamos de nos encontrar mais tarde na entrada do campus, só quero me jogar em minha cama e acordar daqui a alguns dias. E é exatamente isso que faço. Entro. Jogo-me na cama. Fecho os olhos e respiro fundo.
— Por onde tem andado, garotinha? — Um calafrio percorre meu corpo.
Inferno! Esse povo adora me assustar.
— Saia daqui. — Não me dou ao trabalho de abrir os olhos.
— Pensei ser educada, sabe, para compensar as perninhas curtas. — Debocha.
— Apenas suma daqui, i****a, quero dormir!
— Lamento, mas precisamos terminar nossa conversa, quero te contar… — Falo logo para ele ficar quieto e me deixe dormir.
— Já sei de tudo, e seus belos olhos não fazem de você o mocinho da história.
— Loren. — Afirma. — Me deixe contar nosso lado da história.
— Não, só vá embora! Estou exausta.
— Venha comigo… — Pede conseguindo finalmente me fazer abrir os olhos.
— Não. Para onde eu iria com você? Você não é confiável…
— Passe o dia comigo, me deixe mostrar que posso não ser o mocinho, mas também não sou o vilão. — Estreito os olhos quando ele faz cara de anjo.
— Ninguém disse que você é o vilão, até onde sei você é o lacaio da vilã.
— Venha… — Segura minha mão. — Quero muito que passe o dia comigo.
— Sabe, acho justo ouvir os dois lados da história, mas não ouse tentar me machucar e meu nome é Heloísa!
— Tudo bem, garotinha, vamos! — Me assusto quando seus braços rodeiam minha cintura, ele me pega no colo.
— Que caralhos você pensa que está fazendo? Me coloque no chão! — Ele caminha em direção a janela. — Não, você não vai fazer isso!
— Pode apostar que vou! — Então pula pela janela.
Confesso que vejo Jesus pela greta quando ele pula, já estava esperando o momento em que veria Deus me estendendo a mão, mas pousamos no chão sem qualquer impacto ou barulho.
Permaneço em silêncio, não porque não tenho o que falar, porque não consigo formar as palavras. Não sei como descrever o que acabou de acontecer!
Ben também não diz nada, apenas começa a caminhar em direção a floresta, comigo ainda em seus braços.
— Me coloque no chão, Benjamin. — Estou incomodada pelo contato de nossos corpos e as sensações que isso me causa.
— Supus que estaria aproveitando o passeio. — Debocha e me aperta contra seu peito. — Gosto de como seu corpo se encaixa no meu.
— Deixe de ser ridículo e me coloque no chão. — Tento sair de seus braços.
— Pare de balançar, você não é leve! — Ele me solta de vez e caio de b***a no chão. — Desculpe! — Pede me estendendo a mão.
— Estou tentando acreditar que não me tirou da cama para seu divertimento. — Levanto ignorando a mão estendida.
— Por mim, poderíamos estar nos divertindo muito mais no quarto, na cama. — Olho para ele perplexa. — Foi apenas uma piada, já disse que você não faz meu tipo. E por que seu cabelo parece mais branco a cada vez que te vejo?
— Olha, acredito que não deveríamos estar aqui. — Paro na entrada da floresta ignorando o comentário sobre meu cabelo. — Vou voltar para a faculdade, tenho aula…
— Não fique com medo, eu nunca faria m*l a você. — Ele se aproxima e enrola uma mecha de meu cabelo em seu dedo.
— Não posso acreditar em você, Benjamin… — Me assusto com essa proximidade.
— Vamos, vou te mostrar a parte boa desse nosso mundo maluco! — Sua mão segura a minha e pela terceira vez me sinto segura desde que cheguei aqui.
Me dou conta de que a primeira foi nos braços do meu pai e a segundo a alguns minutos atrás enquanto eu estava ao lado de Aidan.
Melhor pensar nisso mais tarde.
Lembro do aviso de Loren.
— Não posso sair do perímetro da faculdade… — Aviso.
— Confie em mim, vou proteger você! — Sai me arrastando para floresta.
Seguimos em um ritmo mais lento, ele segue me mostrando vários animais, também vejo algumas fadas, gnomos, elfos e várias outras criaturas que nem o nome consigo pronunciar. Segundo Benjamin ainda não vimos a melhor parte, ele segue segurando minha mão e sendo muito atencioso.
As horas passam e nem percebo.
— Agora vem a melhor parte. — Ele se aproxima e cobre meus olhos.
— Ei! Pare com isso! — Peço sorrindo.
— Nada disso, vamos, só mais alguns passos e estaremos lá.
Caminhamos por alguns metros.
— Já chegamos? — Pergunto nervosa.
— Sim, chegamos. — Então tira a mão que cobria meus olhos.
E p**a que pariu!
Estamos diante de uma cachoeira maravilhosa! No alto, no topo!
— É maravilhosa! — Digo extasiada diante de tamanha beleza.
— Sim, perfeita. — Vejo que ele está olhando para mim e não para a paisagem.
Ficamos um tempo observando tudo, posso dizer com toda certeza que passaria o resto da minha vida nesse lugar maravilhoso.
— Que tal descermos? — Pergunta arqueando uma sobrancelha.
— A decida é meio íngreme, não acredito que… — Não tenho tempo para completar a frase, o maluco me pega no colo e pula na água.
E que maravilha de água, é morna e borbulhante, como uma hidromassagem, assim que volto a superfície procuro o i****a, e quando ele emerge não perco tempo, nado até ele e começo a lhe dar socos no peito.
— Você está maluco? Podia ter nos matado, seu i*****l. — Seguro o riso, não posso mostrar que gostei da situação.
— Fique calma, nervosinha! — Pede brincalhão segurando meus pulsos.
Ben me olha de um jeito estranho e de repente fico séria já imaginando o que planeja fazer. Ele aproxima seu rosto, suas mãos soltam meu pulso e vão para minha cintura, quando seu rosto está a poucos centímetros do meu, junto toda minha força e afundo sua cabeça na água, não me seguro e começo a rir!
— O que foi isso? — Parece irritado.
— Você não pode simplesmente me beijar do nada! — Desafio.
— Eu não…
— Crianças. — Alguém chama.
Olhamos, e surgindo no meio da água vejo uma linda mulher, com cabelo dourado e um sorriso perfeito, seu corpo parece ter sido desenhado por um pintor famoso, feito na medida certa.
— Diana, o que faz aqui? — Adota uma postura rígida, seu sorriso some e se coloca entre nós duas.
— Diana? — Ouvi esse nome na casa de Loren.
— Pode me chamar de mãe, Heloísa. — Mantém o sorriso, que já não parece tão agradável.
— Quero sair daqui agora Benjamin. — Digo rígida.
— Só escute o que ela tem a dizer… — Tenta argumentar.
— Agora. — Dessa vez é uma ordem. E bem ríspida. — Eu não deveria ter confiado em você! — Me sinto i****a.
— Você só vai sair daqui quando escutar tudo o que tenho a dizer, criança.
— Como se você mandasse em mim. — Começo a pensar no meu quarto.
— Você deu uma oportunidade a Loren, por que não fazer o mesmo por mim? — Nem me dou ao trabalho de responder, continuo a mentalizar o lugar onde quero estar.
— Isa, isso é perigoso! — É a última coisa que escuto antes de estar novamente na segurança do meu quarto.
Graças a Deus funcionou!