PRÓLOGO 02

1450 Words
PRÓLOGO MARIA CLARA CAMPOS Olho o endereço com atenção e me certifico que estou no lugar certo. Quando Mandy ligou dizendo que havia conseguido uma entrevista de emprego para mim, eu vibrei, faz quase quatro meses que estou sem emprego e com os problemas da outra empresa, empresas de Marketing não me contrataram, ai migrei para qualquer coisa que pudesse me da dinheiro, porém não passava pela minha cabeça algo como babá da filha de um viúvo. Ouço falar muito desse tal Massimo, não só pela minha amiga, mas pela mídia nacional, ele perdeu a esposa em um acidente de carro terrível e deixou uma filha de dois anos na época, dizem que ele se tornou pior do que já era. O restaurante é chique, dou graças a Deus por está com o meu vestido justo de alça fina branco a quatro dedos acima dos joelhos, um pequeno decote atrás e um discreto na frente, cabelo solto com meus cachos castanho claro, e uma maquiagem que se resume a um batom claro, delineado e um rímel, salto escuro como solado vermelho. Adentro as postas de vidro e já vejo um monte de gente vestido com roupas e até mesmo com joias mais caras que a minha vida, caminho até o maitre, me identifico e digo que á uma pessoa me esperando, nem preciso dizer que quando disse o nome Massimo D'Vacchiano, ele ficou nervoso e na mesma hora me levou em direção a uma área mais reservada do restaurante. Ao fundo em um volume baixo, toca Hurts so Good da Astrid S, boa música, a letra dela é linda. Quando me aproximo da mesa, um p**a homem gostoso levanta. — Senhor...a... — Pode sair, quando decidirmos o que vamos pedir, mando chamar.— mais que p***a de voz grossa e rouca é essa? O homem só faltou correr na mesma hora. — Ah...senhor D'Vacchiano, é um prazer conhece-lo.— estendo minha mão para cumprimenta-lo, e quando sinto a sua mão tocar a minha, uma sensação estranha me invade, um arrepio pelo corpo, engulo seco na mesma hora. — Senhorita Campos, digo o mesmo.— ele puxa a cadeira para que me sente e logo em seguida faz o mesmo.— Antes de começarmos, vamos fazer o pedido. — Tudo bem, o senhor decide o que pedir.— ele não diz nada, pega o cardápio e folheia olhando coisa por coisa Nesse curto período de tempo, paro para observa-lo e sim, esse homem é muito mais lindo do que por fotos, trinta e sete anos de muita coisa gostosa, ele é bem alto, peitoral largo, forte, assim como os braços e a roupa que veste deixa evidente isso. Cabelo escuro curto penteado para trás, barba bem feita, olhos bem azuis, queixo quadrado, está sem paleto, blusa branca com as mangas arregaçadas e os três primeiros botões da blusa aberto. Oh sim um belo italiano. — Sabe, uma das coisas que mais faz uma mulher não passar em uma entrevista de emprego, é a cara de boba que ela fica ao me olhar como se fosse me comer vivo. Deus, abra um buraco para que enfie a minha cabeça, e talvez todo o meu corpo junto. — Se...senhor, me desculpe, eu... — Só esqueça.— ele só levanta o dedo e um dos garçons já está ali, ele faz o pedido e com pressa, o garçom se retira. Ele olha para mim e p**a merda, agora entendo porque ficam nervosos na presença dele, o olhar dele parece que consegue ver nossa alma, fora a presença que esse homem tem. — Me desculpe senhor, é que você é um homem bonito e geralmente é normal olha quando se acha alguém bonito.— p***a Clara, você tem que pensar antes de falar merda.— Ah...desculpe, é que eu falo demais né, é que o senhor me deixa um pouco nervosa, quer dizer, quando fico assim acabo falando o que me vem na cabeça e as vezes isso pode ser ruim.— ele continua a me olhar sem por nenhuma expressão no rosto e começo a mexer meus dedos, isso é um tic que tenho quando fico com medo ou nervosa.— Eu sei que não tenho uma experiência como babá, mas amo crianças, por um bom tempo fui voluntária em um orfanato no Rio de Janeiro, nossa, aquelas crianças são um amor, eu sempre botei na cabeça que se eu fosse rica ia ajuda todas que pudesse e adotaria uma.— ele continua sério.— Pelo amor de Deus, diga algo. — Você é o tipo de pessoa que detesto, fala demais.— olho indignada para ele. — Eu sou formada em Marketing, é normal ser bem comunicativa.— ele respira fundo. — Isso não tem nada a ver, entretanto, vejo que está desesperada por um emprego e sua amiga te recomendou bem, Mandy é filha de pessoas que considero bastante, agradeça a ela por essa oportunidade, garanto que o salário de babá paga mais que o seu trabalho anterior. — Eu posso ficar um mês em experiência e nem precisa me pagar por esse mês, só verá que sou boa, na prática.— o tal Massimo me olha por alguns segundos antes de dizer; — Tudo bem, terá que dormi na minha casa durante a semana que ficar lá, um quarto a espera na minha casa amanhã cedo, vou pedir a Mandy que a mostre tudo amanhã, um motorista vai busca-las, já deixe suas coisas prontas e mesmo sendo um mês de experiência, será remunerada ficando ou não. — arregalo meus olhos. — Do...dormi na sua casa? — Sim, algum problema? — Não...quer dizer, não tem como eu voltar para casa a noite e ir para sua casa de manhã cedo, eu tenho um carro que... — É pegar, ou largar.— penso em falar algo, porém, acabo ficando sem argumentos. — Tudo bem. — Ótimo, quero deixar destacado que gosto das coisas do meu jeito, então quero que tudo seja seguido a risca, Mandy vai passar, se descumprir somente uma delas, vai ser demitida na mesma hora.— diz bem sério. Esse homem de boca fechada, fica mais bonito. — Conhece a família da Mandy a muitos anos?— pergunto para quebrar o gelo. — Sim. — A Mandy é como uma irmã pra mim.— a cara que ele está fazendo, me deixa nervosa, no Brasil chamamos isso de cara de "cu". — Bom pra você. — Não precisa ser tão rude, até a comida chegar, vamos ficar olhando um pra cara do outro sem dizer nada?— indago. — Não a conheço para falar de qualquer assunto que não seja sobre seu trabalho.— grosso. — Ok, então falaremos sobre o trabalho. A sua filha ficou afetada pela perda da mãe?— arregalo os olhos na mesma hora com a p***a da pergunta que fiz. Porra, Clara, cala a boca. — Que tipo de pergunta é essa?!— é evidente a irritação em seu tom de voz. — Desculpe, é que eu falo o que me vem a cabeça quando fico nervosa...e...e como sei que ficou viúvo a três anos, e a menina é bem novinha, não sei se a falta da mãe a atinge, quer dizer, quando a minha mãe morreu, eu... — Acho melhor calar a boca, antes que eu me arrependa de te dar essa chance. — Perdão.— engulo seco.— É...eu...eu sei como é se sentir desnorteada por perder uma figura tão importante em nossas vidas, eu não conheci meu pai, ele abandonou minha mãe e eu quando eu ainda nem tinha nascido, se não fosse meu avô, passaríamos fome, embora ouve momentos em que a dificuldade batia em nossa porta.— rio de uma coisa que lembro.— No Brasil, as escolas costumam da café da manhã para os alunos pois tinha alguns alunos que não tinha o que comer, um dia aconteceu comigo e nesse dia, não tinha café, minha mãe voltou comigo pra casa e me deu um corpo de café com leite para acalmar o estômago até meu avô trazer a comida na parte da tarde, a aposentadoria dele caia naquele dia e ele tinha ido sacar cedo para termos comida depois. — Sinto muito pela sua mãe e por essa situação.— ele parece sincero no que diz. — Sem a Mandy, eu não teria ninguém, o senhor tem sorte de ter sua filha.— ele parece pensar em algo. — Ela é o único motivo que me faz querer levantar pelas manhãs para viver.— sua confissão me pega de surpresa. Quando abro a boca para falar, o garçom chega com nosso pedido. É, esse emprego será um desafio.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD