CAPÍTULO 01

2085 Words
MARIA CLARA CAMPOS Observo a enorme sala de estar do apartamento do tal Massimo. Depois da conversa de ontem, foi acordado que Mandy iria me mostrar tudo da cobertura no Upper East Side, um dos bairros mais chiques da Madison Avenue, Nova York, fica na bem perto do Central Park. — Amiga, porque um apartamento tão grande para ele e a filha?— questiono. — Massimo morava aqui com a Amy, tinham planos de ter mais filhos depois da Penelope.— comenta. — Acha que morar onde ele era feliz com a a falecida esposa, é saudável para os dois? Quer dizer, eu sei que desapegar das coisas de pessoas que amávamos é difícil, por isso digo que pode não fazer bem.— demorei um tempo até aceitar que tinha que doar as coisas da minha mãe e fazer isso foi como se mais um pedaço meu estivesse indo junto. — Ele mantém o quarto que era dos dois, intacto.— arregalo os olhos. — Nossa. — Meus pais já tentaram ajudar nessa questão mas ele se recusa, então só deixaram pra lá, Massimo era dependente emocional da Amy, minha mãe dizia que o maior medo de Amy era que, ao acontecer algo a ela, ele fizesse algo a si mesmo, porém, com a chegada de Penelope, isso a aliviou um pouco, pois no fundo ela sabia que se algo a acontecesse, ele ia continuar de pé pela filha. — Mandy!— olho na direção da porta de entrada da sala de estar, e logo uma criança com um enorme sorriso no rosto surge, joga a mochila no chão e corre na direção da minha amiga. — Princesa.— ela se abaixa para pegar a menina no colo e a beija carinhosamente na bochecha. — Senhorita Mandy, o senhor D'Vacchiano, disse que viria e que traria a nova babá, Penelope ficou ansiosa para conhece-la depois que seu pai mencionou isso ontem. — um homem com terno e gravata escuros disse. — Sim, Barney, essa é a minha amiga, Maria Clara, Clara, esse é Barney, um dos motoristas da família D'Vacchiano.— ele estende a mão para me cumprimentar. Barney é um belo homem n***o, alto, forte, olhos esverdeados, lábios carnudos e careca. — Oi.— uma voz doce ecoa pela sala e logo os olhos azuis da pequena Penelope me encaram curiosos. — Olá princesa, é um prazer conhece-la.— me aproximo. — Você vai ser minha nova babá?— essa menina, parece uma boneca de tão linda, cabelo loiro liso, com ondulação, pele branca como a neve e olhos idênticos aos do seu pai. Aqueles olhos intensos e belos, difícil não lembra deles. — Sim, a Mandy está me mostrando a sua casa, e devo confessar, nunca estive em um lugar tão grande e lindo como esse.— ela sorri. — Eu mostro todo o resto.— minha amiga a coloca no chão e a menina me surpreende ao pega a minha mão me puxar para acompanha-la. E foi assim o restante da tarde, ela me mostrou cómodo por cómodo, seu quarto todo cor de rosa e bem grande, onde fica o quarto antigo do seus pais, mostrou a cozinha, sala de jantar, onde ela guarda seus brinquedos e academia do pai, também me apresentou os funcionários, uma cozinheira, duas moças que cuidam da limpeza, um novo motorista e a nova governanta já que os pais de Mandy se aposentaram, por último foi o meu quarto que vai ficar ao lado do dela, nunca tive um quarto tão grande e nunca imaginei que iria ter um. As cores são neutras, cama de casal dorsel, janela que vai do teto e da para uma bela sacada, um closet que sinceramente não sei o que por mais nele, pois quase não tenho roupas pra por, então preferi por na cómoda de madeira envernizada do canto da parede, aproximo a cama. Mandy foi embora e eu fiquei sozinha com a Penelope que ficou o tempo todo comigo aqui no quarto me ajudando a arrumar tudo. — Papai disse que você veio do Brasil junto com a Mandy. — Pelo visto seu pai falou bastante de mim, mas sim, eu a conheci lá quando fazíamos faculdade juntas, eu também fazia trabalhos voluntários, em lares adotivos.— comento forrando a cama, enquanto ela nesse momento está sentada na poltrona próximo a porta. — Esse lugar, é para as crianças que não tem papai e nem mamãe, não é? — Sim. — Eu não lembro da minha mãe, mas meu pai diz que sou idêntica a ela.— olho para ela, que parece pensar.— Ainda bem que tenho o meu papai.— abro um sorriso. — Com certeza princesa, e agora tem a mim também.— o sorriso que ela abre é contagiante. — Amanhã, a gente pode ir tomar sorvete depois da escola? — Claro, vou junto com o Barney te buscar e peço a ele para nos deixar na sorveteria.— depois que minha cama está forrada, me sento nela e faço sinal para que Penelope sente perto de mim e sem questionar, ela faz. — Será que o papai vai querer ir com a gente? — Bom, acho um pouco difícil, seu pai vai está trabalhando, mas podemos falar com ele quando chegar.— eu já imagino a resposta dele, mas para deixa-la feliz, vamos perguntar. — Tomara que o papai não te demita logo, as outras babás, quando não fazia algo que ele gostava, mandava embora. — Eu já fui posta a par disso, mas acho seu pai um pouco ranzinza e exigente.— ela ri. — Papai ranzinza.— faço um sinal de silencio para ela. — Vai ser um segredo nosso. — Maria Clara, o jantar está quase pronto.— uma das funcionárias aparece e avisa. — Ok, vou levar Penelope para tomar banho e descemos. — Será que o papai vai está lá quando a gente descer? — Bom, só vamos saber depois que a gente descer. Porém no fundo eu imagino que não, pelo que a Mandy falou, Massimo trabalha muito e depois da morte esposa, se afunda mais em trabalho e quase não tem tempo pra própria filha. **** Depois de dar banho nela, desci com ela para a sala de jantar e a deixei lá com a companhia de uma das funcionárias enquanto subia para tomar um banho, estava de calcinha e sutiã de renda vermelhos, pego a roupa na comoda, um short jeans e uma blusa regata branca, coloco em cima da cama, vou até uma caixa de som que havia em cima de um criado mudo e ponho um dos funks cariocas, coloco em um volume não muito alto, caminho para frente do espelho enorme do closet e começo a modelar meus cachos enquanto me remexo ao rítimo da música. As vezes sinto falta do Brasil, da comida. Depois que me mudei pra cá, constatei que os brasileiros são bem simpáticos e receptivos, fora que eu sempre achei que a violência e o racismo fosse maior la. Ledo engano, aqui, tem lugares que se eu por os pés, posso ser duramente discriminada, ou até mesmo sofre algum tipo de violência. — Interrompo algo?— me assusto com uma voz grossa e alta, e com o susto, acabo me virando com rapidez e tropeçando nos meus pés. Nossa Maria, que desastre você é. — Droga, você está bem?— Massimo se aproxima, se abaixa para me ajuda me levantar. — Você me assustou, porque não bateu na porta? — Eu bati, chamei, mas pela música, você acabou não ouvindo.— ele tenta me ajudar a me levantar, mas sinto uma dor no tornozelo. Seu olhar dirigido a mim é de preocupação. — Deixa, eu me levanto. — Você machucou o tornozelo, como conseguiu fazer isso tropeçando nos proprios pés? Você é um desastre em pessoa.— semicerro os olhos. — Dá licença.— antes que eu tente me levantar novamente, ele me tira do chão e me coloca em seus braços. Com cuidado, ele me coloca sentada em cima da cama. — Não precisava me carregar.— murmuro. — Não precisava ser tão desastrada, sabe que não ia conseguir levantar.— Massimo coloca meu tornozelo em seu colo com cuidado e olha.— Não acho que que quebrou, mas ele inchou, vou chamar um médico para dar uma olhada ou te levo ao hospital. — Senhor, não precisa disso, se foi só um inchaço, não precisa... — Porque é tão teimosa? De alguma forma, foi minha culpa você se machucar.— olhar dele, por mais que tente, vai para meu corpo e só agora lembro que estou de roupas intimas perto dele. — p**a que... eu tenho que me vestir.— tento me levantar, mas a fisgada no meu tornozelo não deixa. — Vou pedir para alguém trazer seu jantar aqui, não pode andar desse jeito, vou pegar algo confortável pra vestir.— ele se levanta e vai até o closet, depois volta e me olha confuso.— Mas cadê... — Na comoda, eu não tenho muita coisa, esse closet é grande demais, e a comoda deu e sobrou para as minhas roupas.— abro um sorriso sem graça. Ele parece pensar, vai até onde a caixa de som toca, e desliga, logo depois caminha até a comoda e pega uma camisola minha e me entrega. — Obrigada.— sob seu olhar azul, me visto como posso.— Eu sinto muito, meu primeiro dia com a menina, eu já me machucar, como ela está? — Esperando descermos, mas vou avisa-la que não vai poder. — Ela é uma criança maravilhosa, passou o dia me mostrando o apartamento, e depois ficou aqui comigo, me ajudando com as coisas, Penelope estava querendo ir muito tomar sorvete com o senhor amanhã e... — Tenho muito trabalho, não posso.— ele é seco em suas palavras. — Mas pode ser durante o almoço, ela estava... — Já disse que não posso.— a frieza, a forma fala me deixa irritada. — Sua filha sente sua falta, não pode tirar uma hora pra ela? — Quem pensa que é pra dizer o que é melhor para a minha filha? — Uma pessoa que sabe o que é a ausência do pai, e depois perder a única família que resta e acabar sozinha.— ele abre um pequeno sorriso. — Só não te demito agora, por causa do tornozelo, mas se continuar assim, não vou exitar.— olho abismada para ele. — Agora entendi o porque ninguém fica nessa casa, não gosta de ouvir verdades e acaba se desfazendo das pessoas porque não quer ser contrariado. — Acho melhor calar a boca. — Senhor, me desculpe em insistir, mas ela é uma menina tão doce, estava ansiosa para sairmos. — Bom, agora que está com o pé r**m não vai poder sair nem tão cedo com ela. — Sim, mas o senhor poderia... — Não te p**o ou te contratei para opinar sobre minha vida tão pouco, me dizer o que tenho que fazer com a minha filha, então só cale a maldita boca e esqueça! Mas que grande filho da p**a! — Papai.— olhamos ao mesmo tempo para a porta e lá estava ela, nos olhando. — Penelope, o que faz aqui? Mandei ficar lá em baixo. — Vocês estão demorando muito. — Maria Clara não pode descer, machucou o tornozelo.— a menina olha para mim assustada e logo corre até mim. — Você ta com dor? Papai, chama o médico.— murmura preocupada. — Ei querida, fique calma, só estou com o tornozelo inchado, preciso ficar de repouso e logo vou está bem para a gente sair.— o sorriso dela me contagia. — Papai, quando ela melhorar, a gente pode sair?— ele olha para mim e depois voltar a olhar para ela. — Vamos ver até lá, tudo bem, querida?— ela balança a cabeça em afirmação. — Papai, posso comer com a Clara aqui? — Penelope, ela está... — Não tem problema, bom que ela me faz companhia, não é princesa? — Sim!— a animação dela me deixa feliz. — Vou pedir para trazerem a comida de vocês, hoje foi um dia estressante demais, amanhã mando o médico vir. Boa noite.— Como um foguete ele sai do quarto. — Papai está bravo? — Não, ele só está cansado. Tem muita coisa de errado nessa casa, e no final, a mais afetada, é apenas uma criança.
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