CAPÍTULO 02
MASSIMO D'VACCHIANO
Olho os relatórios com atenção enquanto o contador explica cada parte, entretanto, a única coisa que me vem na cabeça, é a imagem daquela mulher dançando de forma sensual, vestida somente com uma calcinha e sutiã. Aquele rebolado, p***a! Fiquei olhando pra ela e me arrependi de ter interrompido, porém era melhor do que ela me pegasse bisbilhotando.
Nunca me casarei novamente, isso é fato, a única que ocupa esse espaço e sempre vai ocupar é minha Amy, porém faz tempo que não transo, acho que Maria Clara está vindo na minha cabeça por causa da falta de sexo.
— E então Senhor, ficou com alguma dúvida?— saio dos devaneios com a voz do contador.
— Não se não tem mais o que dizer, pode se retirar.— ele da um breve aceno com a cabeça, se levanta e sai da minha sala, porém quando penso que vou ficar sozinho, Mandy entra.
— Deus! Soube hoje cedo o que houve com a Clara, liguei e ela me contou tudo.
— Sua amiga é um desastre em pessoa.
— Mas pelo que sei, Penelope está adorando ela, Clara disse que a menina não saiu do lado dela, foi pra escola, e ao voltar, já está lá com ela.— fico surpreso com isso, sei que minha filha é carinhosa com todo mundo, mas agir assim, é novo.
— Ao menos isso.— Mandy revira os olhos.
— Você é um pé no saco as vezes.— solto uma respiração pesada.
— Trabalhar que é bom, nada.— ela me mostra o dedo do meio, se vira e sai do meu escritório.
Ah, essas mulheres.
MARIA CLARA CAMPOS
— Clarinha, trouxe sorvete.— diz Penelope ao entrar no meu quarto juntamente com Evelyn, a governanta
— Desculpe Clara, ela insistiu pra trazer, disse que ia te deixar feliz.— abro o mais amplo sorriso.
— Não precisava linda.— ela me entrega o sorvete e sobe para a cama para sentar ao meu lado.
— Ta doendo muito?— aponta para meu pé.
— Não muito, daqui uns dias prometo que vamos sair.— ela sorri.
— Precisa de algo, Clara?
— Não Evelyn, não precisa se incomodar.
— O senhor D'Vacchiano deixou ordens para cuidar de você, e no que precisar, fora que mesmo que ele não deixasse ordens, eu iria te ajudar, afinal, está machucada.— abro um sorriso simpático.
— E eu vou cuidar de você também, Clarinha.— murmura Penelope.
— O seu jantar vai ser servido aqui no quarto, e o da Penelope também.
— Não quer comer com seu pai, querida?
— Papai vai chegar muito tarde, antes de você, eu comia sozinha ou com a Evelyn e o Barney, agora tenho você também.— os seus olhinhos azuis brilham e isso me faz sorri novamente.
E novamente penso, ela é pequena demais porém me lembra eu quando era mais nova, sempre vendo o lado bom de tudo.
— Boa noite.— olhamos ao mesmo tempo para a porta do quarto, quando meus olhos se cruzam com aquela imensidão azul, um arrepio passa por meu corpo e coro na mesma hora ao lembra que ele me viu quase nua.
— Senhor D'Vacchiano, boa noite, estava avisando a Clara que vou trazer a comida dela daqui a pouco.— Evelyn engole seco quando Massimo olha pra ela, posso ver seus olhos esverdeados assustados, ela coloca alguns fios do seu cabelo loiro e liso para trás.
É, ele é intimidador.
— Eu vou comer com ela papai.— Penelope diz.
— Você vai comer na mesa, como deve ser.— ele é rispido.
— Senhor D'Vacchiano, não tem nada demais a menina comer comigo, é bom que ela me faz...
— Evelyn, leve Penelope para jantar, vou descer em breve.— Evelyn olha pra mim e logo segura a mão da Penelope.
— Vem querida, depois subimos para você fica com a Clarinha.— a menina com os olhos cheio de lágrimas olha para seu pai, se vira e acompanha Evelyn, logo depois, Massimo fecha a porta e olha para mim.
— Porque foi tão grosso com ela?
— Ela é minha filha, e mãe dela está morta, minha esposa está morta! A única pessoa que deve dizer o que é bom para Penelope, sou eu. Você é só uma simples funcionária que está aqui porque tenho uma grande consideração por sua amiga!— ele diz cada palavra alto e em bom tom.
— Eu...mas senhor...
— Só faça o que foi contratada para fazer!
— Porque está falando essas coisas do nada? Ela só queria comer comigo porque se sente bem ao meu lado.— ele ri em deboche.
— Você chegou agora e acha que tem alguma importância na vida dela?!— fico em choque com suas palavras.
— O senhor perdeu a sua esposa e isso te modificou, isso é visível, mas a sua filha é fruto do seu amor com sua falecida esposa, ser rude comigo, eu tolero, mas com Penelope não!— ele se aproxima.
— Assim que melhorar desse maldito pé, você vai embora da minha casa!— posso ver um misto der emoções nos seus olhos.
— Faça o que quiser, isso não muda o fato de que Penelope precisa de um pai, não do Massimo impiedoso.— me aproximo dele.— Eu nunca conheci meu pai, e perdi meu porto seguro, se eu não tivesse a Mandy iria ser sozinha no mundo. O senhor perdeu uma esposa, mas Penelope perdeu uma mãe, o bem mais precioso que Deus podia nos dar.— minhas palavras de certa forma, parece o atingir.— E se continuar com essa atitude, quando tiver mais velha, ela não vai ter um pai, e sabe porque? Porque ela vai embora e não vai querer saber do homem que ao invés de dar todo o amor e carinho quando ela mais precisou, estava ocupado demais vivendo sua dor sozinho sendo implacável com todos que cruzem seu caminho incluindo com a propria filha.
— Não me conhece pra saber disso.— sorrio.
— Mas o pouco que vi, já deu pra saber.— coloco minha mão em seu rosto, ele me olha confuso.— O maior bem que sua esposa te deixou, foi o fruto do que tinham e ninguém pode apagar isso, mas essa menina sente sua falta, porque te ama.
— Não deveria se meter no que não te interessa.— sua voz saiu baixa, rouca.
— Quando á a felicidade de uma criança inocente, é claro que vou me meter, pode me demitir se quiser, mas não vai mudar o fato de que Penélope precisa do pai dela, do homem que a pegou nos braços pela primeira vez e soube naquele momento que sua vida se resumiria a ela.— Massimo parece balançado com minhas palavras.
— A mãe dela, era a minha vida.— sua confissão me pega de surpresa.— Vê-la morta naquele asfalto frio e molhado, toda machucada, com sangue e sem vida, foi como se minha sanidade tivesse ido junto com ela.— fico ainda mais surpresa quando vejo uma única lágrima descer de seu rosto.
— Eu imagino, ver quem amamos dessa forma, é traumatizante.— sinceramente ele me deixou sem falas.
Massimo não diz nada, ele fica quieto, olhando para mim, com os olhos cheios de lágrimas, minha mão ainda pairava em seu rosto sentindo a rigidez da sua mandíbula e a maciez da sua pele branca levemente bronzeada.
O olhar azul desse homem, a intensidade e o cheiro dele, p**a que pariu! É de enlouquecer qualquer mulher, engulo seco sentindo o olhar dele nos meus. Está difícil manter fixa no olhar dessa maravilha de homem das cavernas.
Te aqueta mulher! Ele é teu chefe!
Ele se levanta da cama der repente e antes de sair do meu quarto, olhando para mim, ele diz;
— Obrigado por me ouvir, mas de hoje em diante, do que é melhor para Penélope, cuido eu, e se tirar minha autoridade de ante dela, não só vai ser demitida, como vou ter o prazer de f***r sua vida a ponto de não conseguir emprego em lugar algum.— e depois dessa ameaça, sai.
Que homem filho da p**a!
UM MÊS DEPOIS
Meu pé já estava melhor, ainda bem, já não aguentava mais fica deitada, faz uma semana que o medico me deu alta e tudo que prometi a Penélope nesse período, estou fazendo. Nesse momento estamos sentadas no Madison Square Park, fazendo um piquenique, hoje está um belo sábado de sol e havia algumas crianças com seus familiares fazendo o mesmo.
— Papai disse que não pode vir, estava ocupado com reuniões.— murmura a menina.
Reviro os olhos com mais uma desculpa esfarrapada desse CEO, desde aquele dia, m*l troco palavras com Massimo. Para ser sincera, eu quase não o vejo e assim é bom. Depois daquela noite, onde ele demonstrou um pouco de fraqueza, a pessoa que vi naquele dia não era o Massimo D'Vacchiano que as pessoas costumam ver, de m*l humor, frio e arrogante, e sim um homem quebrado, que parece que só vive porque tem alguém que depende dele, sua filha.
Será que ele já buscou uma ajuda psicológica? As vezes isso pode ser visto como uma dependência emocional.
— Seu pai anda bem ocupado com o evento de lançamento do novo perfume, meu amor.— em partes isso é verdade.
— Eu sei, mas queria ele aqui algum dia desses.— a menina diz de forma murcha, porém ao me olhar, abre um o sorriso e diz.— papai do céu, me viu triste e mandou você, aposto que a minha mamãe também.— meu coração enche de emoção ao ouvir isso.
— Pode aposta que sim, e eu sou bem orgulhosa por ter sido mandada por ele para fica com uma menina maravilhosa.— o brilho no olhar dela, o sorriso dessa menina me contagia de uma maneira inexplicável
— Penélope.— olho na direção da vez e vejo uma moça bem vestida se aproximando segurando a mão de uma criança.
— Sra Taylor, oi Richard.— Penélope acena para o menino que retribue.
Me levanto do chão e estendo a mão para ela.
— Sra Taylor, é um prazer conhece-la, Penélope é...
— Penélope querida, quem é essa moça?— ela me olha com nojo, nem se quer retribuiu a minha mão estendida.
— Minha babá Clarinha.— responde com inocência, a moça ri.
— Não sabia que o Massimo... ele deve está desesperado por uma babá para deixa uma n***a imunda toca na sua filha.— arregalei meus olhos não acreditando no que ouvi.
— O que a senhora disse?!— perguntei sética.
— E pelo sotaque não deve nem ser daqui, talvez da África ou algum país desses onde tem muitas pessoas pretas.— sinto uma raiva terrível.
— Ei, não fala assim Sra Taylor, a Clarinha é boa.— a inocencia da Penélope em tentar me defender, faz meus olhos encherem de agua.
— Barney, me ajude aqui, vamos embora!— digo sem olhar para a dita cuja.
Barney que estava distante nos esperando termina nosso piquenique se aproxima e pela cara dele, parece que ouviu o que ela disse.
— Penélope querida, mande um beijo ao seu pai.— ela olha para mim com nojo, puxa seu filho e sai.
— Clara.— Barney me chama.— Você está bem?
— Clarinha não chora.— levo minhas mãos ao meu rosto e seco minhas lágrimas.
— Eu vou ficar bem, fiquem tranquilos, só vamos pegar tudo e ir embora, vamos termina de comer essa comida maravilhosa em casa.
E por mais que odeie admitir, ouvir cada palavra daquelas me doeu, me doeu tanto que não tive tempo de ter uma reação a altura.
Porque existem pessoas assim?