CAPÍTULO 02

2710 Words
ELISABETH BERTOLAZZO   — Edna, não acha que exagerou um pouco? Ir maquiada para o trabalho?— me encaro no espelho me sentindo uma palhaça. — Querida, eu só te ajudo com um rímel, um pouco de blush e um batom claro, quase não dá pra ver. Só está dizendo isso porque não gosta de maquiagem. — Tenho medo de passar uma ideia errada no meu primeiro dia no emprego, meu chefe é um porre, acha que só por causa do meu sobrenome pode ser rude comigo, mas quero mostrar pra esse i*****l que sou muito mais do que um sobrenome. — Fico muito feliz em ouvir isso.— somos interrompidos por batidas na porta do meu quarto. Murmuro um entre e logo meu pai aparece, abre um sorriso largo ao me ver e posso ver seus olhos cinzas brilharem. — Como vai minha bela advogada? — Pai, ainda sou uma secretária, pode demorar até que consiga um cargo assim. — Isso vai ser rápido querida, quando perceberem a maravilha que está na empresa deles, vão implorar para fazer parte do corpo de advogados da empresa. Ainda mais porque, você é uma Bertolazzo!— ele fala com tanta alegria que m*l consigo disfarçar meu nervosismo. — Renner, não fale assim com a menina, ela vai conseguir no ritmo dela, não por causa de um sobrenome.— Edna novamente ao meu socorro. — Sua mãe teria um orgulho enorme da menina dela. Tão crescida e no caminho do sucesso, de elevar ainda mais o nossa família. Quem sabe nesse novo meio, possa encontrar um marido, um neto para ser meu sucessor.— solto uma respiração pesada. — Pai, por favor.— murmuro. — Renner, vamos deixar a menina ir trabalhar, meu marido está esperando ela para levar ao trabalho. — Ah, foi por isso que vim aqui, Elisa.— ele tira uma chave do bolso.— Tirou carteira a mais de dois anos e está mais do que na hora de ter seu próprio carro. Sei que tem medo e se acha desastrada demais, mas uma advogada tem que ser corajosa e principalmente, ter seu próprio carro. Meu pai não sabe, mas o fato de não ter aceitado um carro antes, foi porque eu esperei encontrar um emprego para poder comprar um com meu salário, já disse que quero mais do que tudo, conquistar as minhas coisas com meu suor. — Acho que agora que ela está trabalhando, seria uma boa ideia, mas o que acha da Elisa comprar com o dinheiro dela, deve lembrar como foi incrível para você quando comprou suas coisas com seu esforço e dedicação.— amo demais a Edna. Ela sabe muito bem tudo que sinto e penso e que nunca consegui ter coragem de contar e dizer como me sinto ao meu pai para não magoa-lo. — Mas porque esperar? Fora que talvez o salário só de para comprar um carro bem simples e uma advogada como você, merece muito mais.— olho para Edna sentindo que estou perdendo essa luta. — Eu posso pegar um táxi, pai.— ele nem pode imaginar que ontem voltei pra casa em um. — Nem pensar, imagina o perigo, pegar carro com um desconhecido. Ainda mais sem nenhuma necessidade, esses táxis não tem um pingo de higiene decente, filha minha mão entra em um.— Edna parece querer falar algo, mas com medo do que ela diga, eu tomo a frente. — Pai, tudo bem. Eu pego o carro. Obrigada pelo presente.— ele abre um sorriso enorme e me puxa da cadeira para um abraço. Eu sorrio sem graça sentindo que cada vez mais, eu me afundo em uma situação onde eu não consigo se quer dizer ao meu pai como me sinto, com medo de magoa-lo e ele me odiar. **** O carro é um Audi e-tron GT quattro cinza. Ele é lindo, mas muito exagerado e nem quero imaginar quanto foi ele, isso é péssimo, primeiro dia no trabalho e a secretária chega com um carro igual ou mais caro que o do dono da empresa. Paro o carro em frente a entrada do prédio e logo o manobrista do local chega, ele arregala os olhos. — Que belo caro.— comenta. — Obrigada.— entrego a chave para ele e caminho para dentro do prédio. Jogo meu cabelo para trás, ainda não sei porque Edna insistiu tanto para solta-lo, ajeito a minha saia  que vai até meu joelho, a mesma é apertada e meu terninho. — Shirley, bom dia.— ela me encara e quando lembra quem sou, posso ver nitidamente a mesma ficar nervosa. — Seu crachá está pronto.— ela me entrega o mesmo e eu lhe dou um breve sorriso e caminho para o elevador. Quando o mesmo ameaça se fechar, uma mão surge o segurando, me assustando, logo Arthur e um outro homem entram. — Srta Bertolazzo, tentou se arruma melhor hoje, que bom.— i*****l. — Bom dia, Sr Cavendish. — Esse é o vice presidente, Hunter Perteson.— o tal homem estende a mão para me cumprimentar. — Eu nem acreditei quando o Arthur disse que uma Bertolazzo iria ser a secretária dele.— ele parece me avaliar de cima abaixo. — Me formei em direito em Haverd. Como essa empresa é a melhor no ramo aqui no Canadá, nada mais justo que começar a trabalhar aqui. — Mas com o dinheiro do seu pai, ele podia montar um escritório para... — Eu quero, por favor, pedir para que minha vida pessoal não seja falada na empresa, ainda mais pelos meus chefes, aqui sou só uma secretária que quer subir com seus próprios pés.— ambos olham um para o outro como uma troca de olhares cúmplices. Prevejo que a pauta sobre a minha vida pessoal, vai ser muito levantada. — Bom, vamos iniciar o trabalho. — murmura Arthur e logo as portas do elevador se abrem, ambos abrem caminho para que eu saia na frente Ao menos são cavalheiros. — Helena, minha querida, como está a minha agenda para hoje?— O tal Hunter caminha até ela. — Vou lhe passar tudo. Ola Elisabeth, seja bem vinda a empresa, qualquer coisa que tiver dúvida, pode me perguntar.— ela abre um sorriso simpático. — Obrigada. — Srta. Bertolazzo, pode me acompanhar até minha sala? Preciso passar a você informações sobre minha rotina profissional e pessoal já que também vai ser minha assistente pessoal. — Claro.— caminhamos juntos para dentro de sua sala. Ele anda até sua cadeira e se senta em sua cadeira, e me sento a sua frente. — Bom, como sabe sou um homem bem pontual sobre tudo, não só no trabalho mas na vida pessoal também. Então meus horários tem que ser certos e impecáveis, que me permitam fazer minhas coisas sem que eu me atrase um segundo se quer. Exemplo, sexta a noite eu tenho um compromisso pessoal  importante logo após a minha saída do trabalho, marquei as sete em ponto, então minha agenda tem que seguir bem para que eu não me atrase, qualquer reunião ou compromisso que parece que vai demorar mais do que esperado e que meu horário vai ser atrapalhado, reagende para o dia seguinte ou quando der para ambas as partes. — E caso seja alguma coisas de urgência? — Nesse caso existe exceções, mas é muito difícil disso acontecer, mas somente nessas circunstâncias pode marca algo, que pode me atrasar no itinerário. — Tudo bem. — Helena vai lhe passar o tablet onde pode fazer essas anotações. Sua mesa fica próximo a minha sala assim como a da secretaria do vice presidente para mais fácil acesso quando solicitarmos a presença de vocês. Também fique ciente que deverá me acompanhar em eventos importantes que podem ocorrer na cidade, no estado, no país e até mesmo, fora dele. Então esteja sempre a disposição para isso, esse cargo é de extrema disputa e pelo seu currículo conseguiu ele, me prove que é merecedora dele, como diz que tanto quer. — E quero muito, provar que sou capaz.—seu olhar escuro parece me avaliar, ele leva suas mãos até seu queixo o que me faz perceber as veias de sua mão juntamente com uma tatuagem e alguns anéis, ele não tem o estilo CEO, está mais pra um gangster bem sucedido, e acho que pela aparência dele, deve por medo em muita gente. O vice presidente também não está muito atrás — Sabe que deverá se vestir bem melhor que isso para me acompanhar em certos locais.— indaga. — Olha, sinceramente não consigo entender essas cisma com minhas roupas, achava que só a minha eficiência fosse importante.— ele ri. — Srta Bertolazzo, no meio corporativo, além da eficiência, a aparência é importante demais para uma apresentação boa, principalmente para uma mulher. — Só porque sou mulher eu deveria andar em roupas mais chamativas? — Não foi isso que eu quis dizer. — Já vi como suas funcionárias se vestem aqui, não preciso ficar como elas para ter uma boa "apresentação"— faço aspas. — Me permite lhe fazer uma pergunta e um comentário? — Sim. — Você é filha de um homem extremamente rico e influente no país, que vive rodeado de gente elegante e rica também, principalmente em eventos. Como  seu pai reage quando te vê vestida assim? Não o acompanha em eventos? — No caso o senhor fez duas perguntas. — Se não quiser responder, é um direito seu. — Meu pai nunca se importou com essa parte, mas para eventos importantes onde vou com ele, que são extremamente raros, tenho a ajuda da minha governanta, estilistas, cabeleireiros e maquiadores.— sua expressão é de extrema curiosidade. — Você não parece como as mulheres da sua posição social. — Como assim? — Digo isso devido a minha ex esposa, ela sempre gostou de andar bem vestida e maquiada, sempre fazendo compras e viajando, frequenta somente lugares caros e etc, você é tão rica quanto eu e parece que isso é irrelevante.— fico surpresa com a sua percepção em pouco tempo de conversa. — Sou muito simples, acho que dinheiro é essencial para sobreviver, mas não algo que deve ser a coisa importante em nossas vidas, cresci rodeada do bom e do melhor, mas isso jamais subiu a minha cabeça e muito menos me fez olhar para pessoas com um olhar superior somente por ser mais afortunada.— ele parece um pouco surpreso com as minhas palavras.— Posso fazer duas perguntas? — Pode. — Pelo que soube na mídia, se divórciou a dois anos e teve dois filhos com essa mulher, porque acabaram de separando?— o vejo se remexer um pouco na cadeira. — Se soube dessa informação pela mídia, sabe que foi porque não nós amávamos mais, correto? — Eu quero saber o verdadeiro motivo, porque está bem evidente que não é só esse o motivo, você fala dela com um certo asco o que prova que aconteceu muita coisa nesse meio.— ele leva as mãos até a barba um pouco rala e murmura. — Meu casamento foi arranjado pelo meu pai, não havia amor quando aconteceu então é óbvio que não acabaria bem. Ficamos juntos por onze anos somente por aparências já que para ambas as famílias era conveniente, ela é filha de um governador e eu de uma família de advogados e juizes. Era um casamento perfeito para todos de fora, mas não para quem estava dentro dele.— que droga. — Isso é horrível, casar com uma pessoa sem nenhum amor. — Sim, é uma droga, nosso casamento era só de aparência, na mídia éramos o casal perfeito, mas entre nós, era como se fossemos solteiros, exemplo, eu tinha amantes e ela tinha os dela.— arregalo os os olhos. — Uma total falta de respeito com ambos, mas se estavam de acordo, quem sou eu para julgar, mas isso me leva a minha outra pergunta. — Faça. — Porque tiveram filhos? E ainda por cima dois, acredito que como o casamento era uma droga e havia traições, porque tiveram dois filhos?— essa pergunta parece mexer um pouco com ele, o vejo respirar fundo antes de abri a boca para falar — Essa pergunta não vou responder, meus filhos é algo delicado que não gosto de falar, nem mesmo para meus amigos, porém só posso lhe dizer uma coisa, a morte deles foi algo difícil para nós dois.— posso ver o vislumbre da dor, a tristeza em seu olhar. — Desculpa, eu só... — Tudo bem, não precisa se preocupar, te fiz perguntas pessoais assim como você fez a mim, mas cabia a nós decidir se iria responder ou não.— Ele olha para o seu relógio no pulso.— Bom, agora logo mais temos numa reunião com um cliente, ele quer que sejamos advogados da sua empresa e quer que escolhemos os melhores para atender suas necessidades, é um cliente de Nova York, nos Estados Unidos, antes de entrar na sala de reuniões, vou te passar as últimas informações e depois qualquer dúvida, pergunte a Helena que ela vai lhe esclarecer bem. — Tudo bem, senhor. ARTHUR CAVENDISH — Você arrumou uma secretária que se veste m*l de propósito, não é?— Hanter comenta enquanto almoçamos juntos em um restaurante português próxima a empresa. — Claro que não, o currículo dela é incrível, seria burro se não a contratasse. — Mas uma Bertolazzo? Porque ela quer um trabalho? O pai dela é tão rico que pode montar o próprio escritório dela ou até mesmo uma empresa pra ela, porque ela decidiu ser a sua secretária? — Olha, pelo que ela me disse, quer subir na vida por ela mesmo e eu a entendo, se for mesmo isso, ela só quer conquistar seu espaço com os esforços dela. Foi o que fiz quando deixei de usar o sobrenome do meu pai, Auro Jenkins o famoso Juiz do Canadá que está se candidatando a suprema corte. E consegui, com muito esforço e dedicação. — Isso é bom, mas ainda sim, pra ela é mais difícil ainda, o pai dela tem tanta influencia quanto o primeiro ministro do país e isso é bem incrível, ela consegui uma independência dele, teria que passar a usar o sobrenome da mãe ou sei la. — Isso é verdade, mas cada faz da forma que achar melhor. — Isso não muda o fato dela se vestir m*l, mas mesmo assim, da pra ver que ela é gostosinha por baixo e daquela roupa toda, poderia usar algumas mais justas ou curtas. — Hunter, seu filho da p**a, pare de começar a querer comer as minhas secretárias de novo, e dessa vez, se fizer isso de novo, não só vai se ver comigo, mas com Renner Bertolazzo e isso seria horrível não só para você mas para mim e a empresa também. Já disse que tem que parar de querer f***r as funcionárias da empresa, não consegue segurar o p*u nas calças?— ele ri e coça sua barba grande. — Meu radar fica apitando quando vejo uma gostosa assim, ainda mais quando mostram que querem tanto quanto eu, na hora eu só penso com a cabeça de baixo. — Me surpreende não ter transado com Helena ainda. — Eu já tentei, mas ela me deu um fora tão bem dado que nem insistir mais e ficamos amigos, hoje a vejo como uma irmã e você sabe disso. — Ainda bem que ela te colocou no seu devido lugar. — Vai levar sua secretária ao evento em Los Angeles na semana que vem?— o olho confuso. — Eu achava que você iria com Helena. — Sim, mas é importante que o presidente esteja presente também, estão exigindo sua presença..— solto uma respiração pesada. — Que droga, já tinha marcado outros compromissos, vou ter que reagendar todos e comunicar isso a Elisabeth. — Espero que ela se vista melhor quando estiver lá, ela pode espantar os clientes quando a verem vestida daquele jeito.— Hunter é um exagerado, ela só não tem um jeito elegante de se vestir, ainda mais para uma pessoa da posição dela. — Da minha secretária, cuido eu.
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