MONIQUE
Que sorte... Digo, que azar.
Isso nunca aconteceu comigo.
— Não precisa me levar. Eu sou um pé no saco. Meu marido sempre diz isso. Você não vai me aguentar por 1 hora... — tentei convencer o cara, enquanto ele apontava a direção que eu precisava ir. Fui andando devagarinho e fazendo a péssima propaganda sobre mim. — É o meu sotaque. Você não vai me aguentar falando o tempo todo. O perigoso sempre diz que meu sotaque é insuportável. Imagina você, dono dessa cidade, tendo que me ouvir.
— Você tá no território inimigo. Eu te peguei. Agora tu vai ficar comigo, pra servir de ameaça pra esse tal de Perigoso.
Ele não me ouviu?
— Você não tá me ouvindo?
— Infelizmente. — continuou andando atrás de mim. — Mas não ligo para o que você vai falar.
Esquentadinho.
— Então tá. Depois não vem dizer que eu não avisei.
Eu tô tremendo feito vara verde.
Desnecessário ele me pegar, se o problema é o Douglas.
Por um lado é r**m, mas... Vamos ver como será lá. Ma... pensar que não...
Tinha uma motoca daquelas toda empossada parada no meio fio.
Ele tirou um capacete e antes e quando ia me entregar, olhou para meu casaco e desistiu, devolvendo o capacete ao lugar de antes.
— Tira o casaco.
— Mas tá frio. — me abracei.
— Tira o casaco, gata. Bora. — me apressou.
Ao menos reconhece a minha beleza.
Tirei o casaco e a blusinha que eu usava sem sutiã ficou a mostra. Passei meus braços pela frente do corpo e me apertei.
Ele começou a revirar os bolsos do casaco, com uma cara suspeita.
— Você não anda armada? — veio para perto de mim.
— Não. A única coisa que tem armado em mim são os b***s dos meus p****s. Tô morrendo de frio. Me devolve o casaco, por favor. — implorei com os braços arrepiados.
Ele colocou as mãos em minha b***a e eu fiquei encarando a sua ousadia. Enquanto apalpava, ele olhou para a minha cara.
— Tô vendo se você não tá armada mesmo.
— Tem um alvo na sua testa só porque você fez isso. — avisei.
— Quem ameaça? — tirou as mãos de mim.
— Não sou eu. Meu marido é muito ciumento. Muito ciumento mesmo. — afirmei de um jeito amedrontador.
Ele é ciumento até demais.
Quando ele souber que eu fui pega, com certeza vai querer me estrangular. Vai me chamar de tudo quanto é nome r**m.
Onde foi que eu errei?
Eu fiz o que ele mandou. Passei o bagulho e perguntei se tinha algum traficante na cidade. Só isso.
Acredito que ele tenha feito o mesmo.
Porque esse cara então não procurou logo o Douglas e veio atrás de mim?
Será que ele ainda não sabia que o Douglas também estava fazendo isso?
É muito problema para uma pobre camponesa.
— Eu não tenho medo do seu maridinho. — ele me entregou o casaco e o capacete e colocou o outro.
— Pra onde você vai me levar? — a minha tremedeira dificultou para colocar o casaco e o capacete.
— Para a minha casa. — ele subiu na moto e eu subi logo depois.
Se Douglas aparece nesse momento, estou morta.
— Segura. — ele mandou.
— Tá bom... — passei a mão em sua cintura e seguimos viagem.
Obrigado senhor por esse maluco me dar o capacete. Assim, se o Douglas estiver por aí não vai atirar na gente.
Sou tão nova...
Ele não corre muito não. A moto também é um alarme ambulante.
O que é a sirene da ambulância perto da moto desse macho?
É um sininho de loja de conveniência.
Viajamos até uma mansão bonita que só. Ele parou ali na frente e o portão subiu.
"Que ele não seja sadomasoquista, pai"
"Que ele não tente me estuprar"
"Que ele não me deixe com fome"
"Que ele não me mate"
Entramos na mansão e o portão se fechou. Depois disso, ele estacionou a moto e eu desci, já tirando o capacete.
Com muros tão altos, vai ficar difícil do Douglas me resgatar.
Ele tirou o capacete das minhas mãos e eu voltei a atenção a casa.
Portas de vidro. Um luxo.
Deve ser um trabalho da poxa pra limpar.
— Bora. — ele deu um toque nas minhas costas e eu comecei a andar para a porta de entrada.
— Ah, não! — uma garota levantou indignada.
Deve ser a fiel dele.
Estou lascada...
— Mais outra?! Agora é isso todo dia, Eric?!
Buguei.
— Relaxa, aqui é outro bagulho. — ele deixou a chave da moto encima de uma mesa e apontou para o sofá. — Senta aí, boneca.
O medo que eu tinha era passar pela garota e ela me puxar pelos cabelos e tentar me matar.
Eu sou boa de briga, mas faz tempo que não caio no tapa com ninguém.
Se me pegar desprevenida, me quebra todinha.
Mesmo assim, passei por ela e sentei no sofá.
— Quem é essa? — a garota perguntou, me olhando de cima a baixo.
— É isso que eu vou descobrir. — ele desnecessariamente tirou a camisa.
Se ele é bonito sem camisa? Um pedaço de m*l caminho.
Porque homem r**m sempre é tão bonito?
— Tão desnecessário... — a garota falou revirando os olhos.
— Me passa teu celular, boneca. — estendeu a mão, ignorando o comentário da outra.
Entreguei e só aí percebi que ainda estou tremendo.
Me tornei uma covarde depois de passar por tanto.
— Desbloqueia, p***a. — virou o celular para mim, com um olhar feio.
Coloquei a senha mesmo tremendo e a menina ficou me encarando novamente.
— O que você tá aprontando, Eric?
— Essa mina andava me procurando. Quero descobrir quem é o mandante.
— Eu só segui ordens. — expliquei, segurando minhas mãos entre as pernas, para aquece-las e tentar parar com a tremedeira.
Respirei fundo buscando relaxar, mas o meu celular estava no viva-voz, chamando o Douglas.
Isso não vai acabar bem e eu sei muito bem disso.
Ele atendeu. — Qual é, Monique?! Onde p***a tu se meteu?! — estava bravo.
O tal Eric encostou o telefone em mim e me mandou responder.
— Fui pega. — respondi a verdade. — O traficante da cidade me pegou.
— O QUE, MONIQUE?! QUE MERDA DE DESCULPA É ESSA?! — gritou tão forte que eu estremeci e fechei os olhos apertado.
Nesse momento eu não gostaria de voltar pra casa. Ele está tão furioso que vai quebrar a minha cara.
— Desculpa nada. — o tal Eric falou no telefone. — Ela tá comigo.
— E quem é você? Caipira.
Douglas não é de economizar nas ofensas.
— Caipira vai ser você depois de ter que fugir para o interior pra não levar um tiro na testa.
Douglas riu. — O que cê quer com a minha mulher, cara?
— Não é sobre isso. É sobre o que você quer na minha cidade. — ele sentou do meu lado e eu me afastei um pouco. Ainda tremendo.
Eu só queria ficar uns dias na casa da Helena, enquanto o Douglas se acalma.
— Eu quero expandir meu negócio nessa cidadezinha.
Eric riu. — Lamento. Más você não vai não.
— Larga o celular da minha mina, seu fuleiro! Passa pra ela.
Eric riu de um jeito que eu fiquei com medo. Ele encostou o celular em mim.
— Oi.
— MONIQUE, SUA p***a RETARDADA. QUANDO VOCÊ CHEGAR AQUI, VAI APANHAR TANTO QUE VAI DESEJAR NUNCA TER NASCIDO.
Eric deixou o celular cair no chão.