CAPÍTULO 4

1223 Words
ERIC Mas que desgraçado! O meu plano era falar as piores coisas que eu poderia fazer com a boneca, mas ele derrubou tudo o que planejei ao mostrar que não se importa com ela. Peguei o celular do chão e o cara continuou falando. — SUA JUMENTA CAIPIRA! VOCÊ VAI APANHAR TANTO! MAS TANTO! BURRA, i****a!!! A garota só ouvia tudo de olhos fechados. Bem apertados e com uma careta por causa da gritaria. Minha irmã estava estática e eu, é como se estivesse ouvindo o meu pai falando com a minha mãe. — PASSA PRO o****o! — ele gritou e eu puxei o celular.  — O único o****o que tem aqui é você. — tentei manter a calma. — OLHA AQUI. TU NÃO VAI ENCOSTAR NA MINHA MINA. ELA É MINHA, TÁ LIGADO?! ENTÃO VOU TE PASSAR A VISÃO: OU TU ME ENTREGA ESSA DESGRAÇADA, OU EU TE ESCULACHO. TE METO NUMA BALA NA TESTA. Tadinho... Quem iludiu? — Cara... — me mantive calmo. — Tu ainda não entendeu que tá no meu território, não? — E quem é você, Zé Mané? Tu acha que eu tenho medo de traficante de cidade pequena? Eu sou do Rio de Janeiro, tá ligado? Já fui de facção pesada. Não tenho medo de um caipira não.  Eu ri da ousadia. — Você só pode ser comediante. Uma piada melhor que a outra. Mas falando sério, eu te dou uma noite pra tu sumir da minha cidade e, só por causa da sua ignorância e ousadia, sua mina fica. Minha irmã se esticou no sofá. — Como?! — ele indagou. — Essa mulher é minha! Ela vai comigo aonde ou for. — Duvido que ela passe pela porta do inferno junto contigo. Ela fica. — bati o martelo. — E você vá embora, antes que eu mude de ideia. A ligação caiu. — Ele virá me buscar. — a garota começou a respirar fundo e as mãos que tremiam desde a primeira vez que me viu, agora tremem mais ainda. — Eu não tô entendendo nada. — Érica levantou do sofá desorientada. — Me explique Tim Tim por Tim Tim dessa história, Eric. Porque essa garota está aqui? Quem é aquele cara e porque ele estava falando daquele jeito?! — Ele vem me buscar. — a garota ficou tremendo, falando isso toda hora e olhando pro chão sem piscar. Eu acho que ela tá tendo uma crise de ansiedade. — Depois eu conto. Vamos acalma-la, primeiro. — larguei o celular dela encima do sofá e segurei seu braço. Ela puxou no mesmo instante e sentou mais afastado no sofá. Parece que ela também está com muito medo de mim. — Deixa que eu ajudo. — Érica passou na minha frente. — Vem, garota. — ela ofereceu a mão e tremendo, a garota segurou a mão da minha irmã e levantou.  Eu não esperava isso pra hoje à noite. Que espécie de marido é esse? Ele nem finge que não bate nela. O jeito que ele falou... A campainha tocou e eu tomei um susto. Não pode ser ele. Tão rápido? Ele nem deve conhecer a cidade. Fui até a salinha que fica o monitor da câmera externa a fim de verificar quem estaria no portão. Não era o maluco. É a maluca. Ana Clara. Liguei o interfone. — Que é, Ana Clara? — Abre aqui. — Eu já vou dormir. — Abre aqui, caramba! Tem um cachorro me cercando. É um Pitbull. Olhei de novo no monitor e ela parecia mesmo assustada, olhando para o lado. Logo hoje... Suspirei, mantendo a paciência. — Já vou. — coloquei o interfone no gancho. — Érica. — Oi. — ela esticou o pescoço lá na cozinha. A garota estava tomando água com o copo tremendo entre as mãos. — Sobe com ela. A Ana Clara tá aqui. Ela respirou fundo. — Mais outra... Tá bom. Não me importo o que a Ana Clara vai achar sobre ter outra mulher aqui em casa. O problema é que essa garota tá nervosa. Já basta toda essa confusão, se ainda aparecer a Ana Clara tentando brigar com ela por minha causa, é possível que a menina dê um troço no meio da minha sala. Saí na frente da casa e depois abri a porta dos muros. Ela m*l falou comigo, já entrou correndo para dentro do meu quintal. Tinha mesmo um cachorro. É o cachorro do meu vizinho, Bil. Ele tem uns 15 cachorros e não cuida de nenhum. Aí deixa os animais soltos na rua. Nem sei se vacina. Morder alguém, fodeu. Tranquei a porta e o cachorro ficou latindo. Ana Clara estava com a mão no peito e respirando rápido. — Quase que eu morro do coração. — Cão que ladra não morde. — a tranquilizei, passando a mão na sua cabeça e segui para dentro de casa. Ela veio atrás de mim. — Porque você passou a noite inteira sumido? Achei que estava no puteiro da Adaya. Já vem com o ciúmes... — Eu não te devo satisfação, mas, eu estava resolvendo umas paradas. Nada da sua conta. Ela passou seu braço pelo meu e o agarrou. — Tava com saudades. Eu não dou esperança. — Ai, Ana... — olhei para o teto. — Você sabe que não pode ficar criando essas expectativas encima de mim.  — Custa você dizer que também estava com saudades? — ela fez uma carinha de cachorrinho dengoso. Eu não deveria ter sido o primeiro e único dela. Ela se apegou demais.  — Eu senti sim. — toquei nos machucados que ficaram da outra briga. — O que você disse a seus pais? — A verdade, ué. Mas não contei o motivo da briga. — ela soltou meu braço e ficou somente segurando a minha mão. Se esticando para longe. — Tu tem que tomar juízo, Ana Clara. Não dá pra ficar brigando com todo mundo que ver na rua. Muito menos por causa de macho. — Mas é por você. — se encostou em mim com um sorrisinho e me deu um selinho. — Pior ainda. Eu não valho a pena. Nenhum homem vale uma briga. — segurei seu maxilar. — Tu tem que ficar com os pés no chão. Pra não quebrar a cara. Ela desmanchou o sorriso e só ficou me encarando. Soltei seu rosto.  Eu sou sincero. — Porque você tá falando isso? Desse jeito? — Porque você viaja demais. Fica idealizando um futuro que não vai acontecer. Tu é nova. Ainda vai viver muita coisa. Não aposta em mim.  — Mas eu gosto de você. — ela se entristeceu. — Eu sei que gosta. — a abracei. — Mas eu não quero te magoar dando falsas esperanças. Meu objetivo agora é aproveitar tudo ao máximo. Curtir muito. Não quero me apegar a uma só.  — Eu queria você só pra mim. — ela me apertou. — Não tem como, gata. — beijei sua cabeça. Ainda tenho muitas bocas pra beijar e muito problema pra resolver. Não quero ser como o meu pai. Jamais. Se tem uma coisa que eu odeio é concorrência e se tem uma coisa que eu odeio mais ainda é homem que bate em mulher. Não quero ficar com alguém e me arrepender depois.  Nunca machucarei o corpo de uma mulher, muito menos os seus sentimentos.
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