Capítulo 1 - Luigi

1316 Words
A noite passada foi terrível, eu e Olívia brigamos, conversamos, ela chorou muito ao saber do meu casamento e de que meu pai quer que eu abra mão dela e do nosso relacionamento. Quase não dormi e estou com uma dor de cabeça terrível. Nesse momento estou saindo do galpão depois de torturar e matar um infeliz estuprador, terei que passar em casa, acabou sujando minha camisa branca de sangue. Pego meu terno e entro no carro. — Theo? — Chamo meu chefe de segurança. — Sim chefe? — Retire esse lixo daí e jogue em qualquer lugar. — Pode deixar comigo. Apenas aceno e arranco com o carro. Já é noite e estou sem vontade nenhuma de ir para casa, não quero ter que ver Olívia chorando e ter que ouvir suas lamentações. Sei que ela está sofrendo, também estou, mas neste momento eu não posso fazer nada. Meu pai nem quis conhecê-la, não me deu nem chance de falar e explicar direito a situação. Amo meu coroa, po, meu pai é meu ídolo, mas é difícil demais lidar com ele, cabeça dura. Não quero e não vou abrir mão da Olívia, me casarei, conforme meu pai quer, vou herdar o trono e continuarei com minhas obrigações, como sempre, mas eu não vou conseguir esquecê-la e nem deixar que ela vá embora. É complicado, posso até decepcionar meu pai, coisa que eu não quero, mas não posso largar essa mulher, eu a amo. Estou andando em zigue-zague com o carro, não sei para onde ir, quando me dou conta estou em frente ao escritório da minha mãe, decido estacionar e entro. A secretária não anuncia minha entrada, ela me informa que minha mãe está sozinha e eu aviso que não precisa informar que estou aqui. — Mãe? — A chamo quando entro na sua sala. — Filho, que bom que você veio — Ela se levanta e me abraça. — Está linda mamãe, como sempre. — Coisa linda — Acaricia meu rosto com delicadeza, como sempre faz — O que te trouxe aqui? Senta, vamos conversar um pouco. Quer beber alguma coisa? — Não, obrigado. — Me sento e ela se senta ao meu lado. — O que está te afligindo meu filho? — Me conhece tão bem, né? — Você saiu de mim. Quase não consigo acreditar que fui gerado dentro dessa mulher tão linda, minha mãe é magnífica demais! — Estou com problemas mamãe. — Que problemas? Com seu pai? — Digamos que sim. — O que houve? — Ela parece ansiosa para saber o que está acontecendo. — Terei que me casar… — É, to sabendo. — Papai já havia te falado? E ele falou quem era? — A filha do Tom. — Você já a viu? — Só quando era bebê. — Por que escondem essa garota? — Isso seu pai não me falou, está com medo de que ela seja feia? — Pergunta rindo. — Não mãe, não é isso. Estou apaixonado, apaixonado por outra pessoa. — Deixe-me adivinhar, a menina que mora no seu apartamento? — Como sabe? — Meu filho, eu te conheço. Você se afastou, soube que tinha algo de errado, seu pai também sabia, só estávamos esperando você nos contar. — Por que nunca disseram nada? — Como eu disse, estávamos esperando você nos falar. — Ah mãe, não queria jantar vocês com isso, sabia que papai não ia gostar. — Não me chateia meu bem, mas agora você tem um problema, um enorme problema para resolver. — Eu sei, na verdade eu não sei o que fazer. — Já foi sincero com a garota? — Olívia, o nome dela é Olívia. — Já foi sincero com a Olívia? — Sim. — E ela? — Chorou muito, está sofrendo tanto quanto eu com essa situação, aliás, eu diria que está sofrendo até mais. — Filho, infelizmente não é possível, você será um homem comprometido, essa moça não pode viver com você, que futuro poderá dar a ela? Nenhum. E outra, a moça com quem se casará não pode passar por isso, ela não tem culpa de nada, pensa que sofrimento você trará para essas duas? E até mesmo para você? — Não sei o que fazer mãe — Passo as mãos pelo rosto nervoso — Não consigo abrir mão dela, não consigo. — Filho, me casei com seu pai contra minha vontade, eu tinha pavor dele — Sorri ao lembrar o início do seu relacionamento com meu pai — Eu queria me casar com alguém por amor, queria me apaixonar e escolher com quem fosse me casar, não podia imaginar que meu pai faria isso comigo, me entregaria para um homem tão c***l, mas sabe que hoje eu agradeço por isso? Eu amo seu pai, não consigo imaginar minha vida sem ele e sabe o que eu descobri? — Presto atenção em tudo que ela está falando — Descobri que amor é construção, a gente precisa construir todos os dias, colocar tijolo por tijolo, consegue compreender? Ninguém olha para outra pessoa e fala “eu a amo” assim do nada, é preciso conhecer, é preciso conviver. Agora paixão não, paixão é diferente. Tente diferenciar o que sente por essa menina, a Olívia. — Obrigada mãe, eu te amo! — Beijo o dorso da sua mão. — Eu te amo muito mais meu filho, estarei sempre aqui, estarei sempre ao seu lado. — Vou indo nessa, quer carona para casa? Me levanto e ela se levanta também. — Não, seu pai vai me buscar, vamos sair para jantar. — Tá bom. Beijo sua testa e vou embora.  Minha mãe e meu pai são muito apaixonados e estão sempre fazendo programas de casal românticos. Decido ir para casa, estou cansado.  Passo em frente a loja e vejo a mesma menina sentada, olhando para o céu, como na noite anterior. Estaciono do outro lado da rua e vou até ela. — Boa noite — Me sento ao seu lado e ela sorri. — Boa noite Luigi, sempre por aqui. — Olha, você lembra meu nome — Brinco. — Como esqueceria? Você me disse ontem — Agora ela me olha e seus olhos são tão brilhantes, tem cor de mel/folha seca, não sei explicar — O que faz aqui? — Passei por aqui e te vi sentada, fica aqui todas as noites? — Gosto de olhar a noite, me sinto livre. — Entendo — Olho para o céu como ela está fazendo — Se sente presa? — Bastante. Consigo sair um pouco durante a noite e então gosto de vir pra cá, olhar para o céu, a imensidão deste céu azul me faz acreditar que existe um mundo imenso e lindo. — E existe. — Já viajou muito Luigi? — Sua atenção retorna para mim. — Um pouco. — Muitos lugares bonitos? — Bastante. Nunca viajou? — Não. — Uma pena, o mundo realmente é muito grande e tem lugares muito bonitos. — Um dia irei conhecer — Sorri doce e esperançosa. — Espero que sim — Me levanto — Já está tarde, vou indo nessa, acho melhor você entrar, pode ser perigoso. — Tá bom — Ela se levanta e eu fico encantado, essa garota é muito bonita, olha esse cabelo — Boa noite Luigi! — Abre um sorriso mais iluminado do que a luz que nos ilumina. — Boa noite Jasmine. — Olha, você lembra meu nome — Me imita. — Como esqueceria? Você me disse ontem — A imito também — Estará aqui amanhã? — Não sei porque fiz essa pergunta. — Sim, estarei. — Então até amanhã Jasmine. — Até Luigi. Volto para o carro, a olho mais uma vez antes de sair. Não sei porque disse que iria voltar amanhã, não sei porque me sinto bem quando me sento aqui nesses poucos minutos e converso com ela. Eu m*l a conheço, que coisa estranha.
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