PRÓLOGO

2853 Words
Não é fácil herdar um trono tão importante, já nasci com milhões de responsabilidades e na adolescência comecei a cumprir com minhas obrigações, meu treinamento não foi fácil, mas acredito que meu pai tenha feito o melhor possível. Minha mãe sofreu muito na época, por falar em minha mãe, que mulher maravilhosa, linda demais. Meu pai é um cara de muita sorte, Luara é incrível e eu sou completamente apaixonado por ela. Alguns dizem que me pareço com meu pai, outros que me pareço com minha mãe, acho que sou uma misturinha dos dois, mas olhos claros eu e minha irmã herdamos da mamãe, o de Giulia é mais escuro. Giulia é uma boa garota, temos uma conexão muito gostosa entre irmãos, apesar de ela sempre me tirar do sério eu amo minha irmã e faria qualquer coisa para poder defendê-la de tudo e de todos. Sei que vai chegar o dia em que ela terá que se casar, não vai ser fácil, mas teremos que ser fortes, só que antes de chegar o dia dela, chegará o meu. E por falar nisso, o meu está mais próximo do que eu imagino, meu pai nunca foi tão direto comigo, ele disse que já tinha um casamento em vista, mas nada conclusivo, enquanto isso eu vou curtindo a vida, pegando quem eu quero e quando eu quero. Isso era antes, as coisas mudaram um pouco no dia em que conheci Olívia, ela não pertence a máfia, mas sabe quem eu sou, é estudante de medicina e tem um ano mais ou menos que está morando e estudando na Itália, quando eu a vi pela primeira vez fiquei totalmente encantado, estava com pressa voltando de uma missão, cansado e doido para chegar em casa, ela também estava com pressa, estava atrasada para a prova, atravessou a rua e eu quase a atropelei. Quando aquela mulher linda caiu no capo do meu carro, não pude nem reclamar do estrago feito na lataria, fiquei enfeitiçado na hora e desde então estamos nos envolvendo. A trouxe para morar no meu apartamento e vivemos juntos. Meu pai nunca comentou nada comigo, mas eu sei que ele sabe, meu pai sempre sabe de tudo, acho que ele não vê problema algum nisso e que bom, não quero me indispor com ele, meu pai é meu maior ídolo. Gosto de Olívia verdadeiramente e quero ficar com ela, tenho estudado algum meio para isso acontecer, pesquisado, conversado com outras pessoas. Ela sabe de tudo e não se importa, gosta de mim também e quer estar ao meu lado do mesmo jeito que eu quero estar ao lado dela. Minha mãe ainda não conhece Olívia, mas com toda certeza quando conhecer vai se encantar, não tem como não se encantar por essa menina incrível e doce que ela é. Eu ainda não a apresentei para a família por ela ser uma pessoa de fora, não é do nosso mundo e isso pode gerar represálias, não quero que isso aconteça. Meus pais viajaram junto com Giulia e estão programados para voltar hoje, então terei uma conversa com meu pai. — Amor, você volta hoje de noite? — Olívia pergunta ao sair do banheiro. Ela está se arrumando para ir a aula. — Sim, depois de jantar com meus pais eu volto. — Eles chegarão hoje? — Sim. — Seus pais adoram viajar — Diz rindo. E é verdade, desde que assumi grande parte da gestão da máfia, meu pai tem tirado todo o tempo necessário para se dedicar a minha mãe. Meu pai é um cara f**a demais e minha mãe merece tudo isso. — Gostam sim. — E sempre levam Giulia com eles. Giulia é a única que conhece Olívia e elas se dão bem, minha irmã é tinhosa, mas uma pessoa muito boa e de fácil convivência. Meus pais a levam para todo lugar e ela fica com raiva, só sei dar risada do descontentamento dela, sei que ela quer ter liberdade, liberdade essa que é quase impossível ter quando se nasce dentro da máfia. Estamos constantemente sendo vigiados e tendo que prestar conta de todos os passos. A vida na máfia não é fácil, embora eu goste, goste muito, não n**o, mas para mim que sou homem torna tudo ainda mais fácil, para minha irmã é bem mais complicado. — Vocês tem se falado? — Me refiro a ela e minha irmã. — Pouco. Estou ficando bastante ocupada com as coisas da faculdade. — Entendo, está pronta? — Sim, só vou pegar uns livros. Me levanto e coloco minha camisa, vou deixa-lá na faculdade e depois vou direto para casa esperar meus pais e minha irmãzinha. Deixo Olívia na faculdade e passo na lojinha da esposa do Tom — o chefe de segurança do meu pai —, ela vende vários doces e várias coisas de comer bem gostosas, minha mãe adora o bolo de abacaxi dela. Tom se aposentou e agora é o seu filho Théo quem comanda a guarda, mas sempre que meu pai precisa ele recorre ao seu velho amigo, sei que ele tem uma filha também, mas acho que é criança, não me lembro bem dela. Entro na loja e parece estar vazia, mas não vi nenhuma plaquinha que dissesse estar fechada. — Olá? — Já vai — Escuto alguém responder, mas não reconheço a voz. — Oi, estamos fechados. Uma linda moça aparece, morena, cabelos longos que vai até o quadril, cabelos negros também, liso com as pontas bem cacheadas, olhos cor de mel expressivos e um corpo que, uau, nunca vi coisa igual. — Moço, você ouviu? Estamos fechados — Ela estala os dedos na frente do meu rosto e eu acordo do meu transe. — Não tinha nenhuma plaquinha. — Mas estamos fechados, eu estou limpando — Ela aponta para as cadeiras que estão sobre a mesa e a vassoura no canto — O que você deseja? Talvez tenha algo no estoque. — O bolo de abacaxi. — O bolo de abacaxi não tem, mas temos o de banana, não serve? — Quem come bolo de banana? — O que? É uma delícia! Nunca comeu? — Não, nunca comi. — Deveria experimentar, garanto que é uma maravilha. Ela sorri e put’a merd’a, essa mulher é de outro mundo, que beleza surreal, nunca vi nada igual. — Vou querer, vou querer muito… — O bolo? — Pergunta sorrindo. Esse sorriso é uma arma de tão lindo. — Sim, o bolo, vou querer o bolo. Ela some do meu campo de visão e respiro aliviado, mas que droga é essa? Essa garota embora seja muito linda, ela não deve ter nem dezoito anos, apesar do corpo ser escultural, a juvenilidade do rosto não n**a que é bem nova. — Aqui está seu bolo — Me entrega uma sacola. — Qual o valor? — Ah não, não precisa, é uma cortesia, depois se o senhor gostar, volta para comprar novamente. Senhor? Caramba, pegou pesado. — Não sou tão velho assim. — Oi? — Ela parece não compreender. — Me chamou de senhor. — Ah meu Deus, me perdoe, é só por educação, não chamei para ofendê-lo. — Tudo bem, estou brincando — Abro um sorriso para parecer menos sério — Obrigado pelo bolo. — De nada, bom apetite. Fico um tempo ainda a encarando, vejo que ela fica um pouco desconfortável e suas bochechas tomam um tom avermelhado, me retiro do estabelecimento o mais rápido possível. Quando entro no carro, balanço minha cabeça para reorganizar meus pensamentos. Não sei que drog’a acabou de acontecer lá dentro, mas fiquei curioso em saber quem é a garota, irei perguntar para Theo mais tarde. Vou direto para a casa dos meus pais, chego lá e já os encontro em casa. — Filho, que bom vê-lo — Minha mãe corre para me abraçar, carinhosa como sempre. — Oi mamãe. — Saudades meu amor, está se alimentando direito? — Só ficamos cinco dias sem nos ver mãe e sim, estou me alimentando direito. — Cinco dias é muita coisa meu filho. — Filhinho da mamãe — Giulia aparece e joga uma almofada em mim. — Não comecem crianças — Mamãe repreende. — Papai, cadê? — No escritório, pediu que fosse até lá assim que chegasse, sabe como seu pai é, já chega resolvendo os assuntos. — Vou lá, trouxe bolo de banana da loja da esposa do Tom — Nunca me recordo o nome da esposa dele. — Vou passar um café para comermos — Ela me dá um beijo na bochecha e sai. — E Olívia? — Giulia pergunta do nada. — Por que está perguntando isso do nada? — Papai já sabe de tudo irmãozinho. — Imaginei que soubesse, mas como você sabe que ele sabe? — Digamos que eu ouvi uma conversa. — O que você ouviu Giulia? Escutamos mamãe chamando ela. — Vai lá no escritório que você vai saber. Sai rindo. — Pai? — Chamo assim que entro no escritório. — Oi Luigi, como estão as coisas? — Aponta a cadeira e me sento. — Tudo certo e como foi a viagem? — Foi boa. Ele coloca um copo de uísque na minha frente. — Assunto sério? — Pergunto me referindo à bebida. — Não sei, você quem vai me dizer. — Dizer o que? — Quando ia me contar sobre a menina que colocou dentro do seu apartamento? — Pai, você já sabia disso, não tem nada que o senhor não saiba. — Eu perguntei quando você ia me contar Luigi, falei em ouvir de você e não dos outros. — Ia te contar hoje, estava esperando você voltar de viagem. — Bom, que eu saiba já tem uns cinco meses que estão morando juntos e só agora você ia me contar? — Eu nem sabia se ia dá certo pai, estava esperando para poder te falar. — E não vai dar certo Luigi, já começou sabendo que não vai dar certo. — Por que não pai? Nós dois nos gostamos. — Não me venha com essa conversa. — O senhor diz que eu preciso me casar. — Se casar com alguém da família Luigi e não com uma mulher qualquer. — Ela não é uma qualquer, o senhor não se deu a oportunidade de conhece-la. — Mande-a embora hoje mesmo — Ordena. — Pai — Tento argumentar, mas ele nem deixa. — Obedeça e mande-a embora Luigi. — Pai, porque eu a mandaria embora? Eu a amo! — Ama? — Ele começa a rir — Deixe de besteira Luigi, amor não é algo tão superficial. — Eu me tornarei o Dom, poderei me casar com quem eu quiser pai. — Vou falar uma única vez, termine esse relacionamento. Você só se tornará Dom se eu te achar capacitado para isso. — Mas eu sou capacitado, durante todos esses anos eu fiz tudo que o senhor sempre mandou. — Então faça mais uma vez. — Eu gosto dela pai. — Você irá se casar droga — Soca a mesa. — Casar? Do que está falando? — Eu já fiz negócios Luigi, negócios, dentro da máfia tudo são negócios. Já fiz um acordo de casamento entre você e a filha do Tom, não posso voltar atrás. — O que? Do que está falando? — Desde quando a menina nasceu. Na época em que você nasceu tinham várias e várias pessoas querendo um casamento entre meu herdeiro e suas filhas, recusei todos, mas quando Tom teve uma filha, eu decidi que o casamento seria feito entre vocês dois. — E ia me contar isso quando? — Quando fosse necessário Luigi, quando fosse necessário. — Eu nunca nem vi essa garota e que eu me lembre a filha do Tom é apenas uma criança. — Já tem dezessete anos, vocês logo poderão se casar, o noivado acontecerá daqui uma semana. — Não acredito que só me contou isso agora — Passo as mãos no rosto controlando minha raiva. — Não pensei que fosse tão idiot’a ao ponto de se amarrar tão novo. Está usando camisinha? — Ah pai, não sou mais adolescente. — Responda minha pergunta Luigi. — Estou. — Não invente de engravidar essa garota, não me faça desistir de te passar o título de Dom. — Você não faria isso, faria? — Não me teste para saber. O encaro, não é possível que meu pai esteja falando uma coisa dessa, desde os meus doze anos eu me dedico a isso, me dedico para o dia em que vou receber o seu legado. Não sou velho, tenho vinte e quatro, mas desde muito novo tenho muitas responsabilidades e com isso me sinto mais velho do que realmente sou. Me levanto e vou saindo sem dizer nada, não quero conversar com meu pai nesse momento. — Não esqueça da nossa conversa Luigi. Não respondo, apenas fecho a porta sem dizer nada. — Filho, não vai comer o bolo? — Minha mãe pergunta ao me ver saindo de casa. — Não, não vou mãe. — O que aconteceu, meu filho? — Outra hora mãe, outra hora a gente conversa. Entro no carro e acelero, estou sem paciência para conversar com qualquer pessoa, preciso achar alguma coisa para aplacar minha raiva, alguma coisa ou alguém. Olho o celular e tem algumas mensagens de Olívia, mas não estou com cabeça para poder respondê-la, preciso pensar em alguma coisa, alguma maneira de reverter essa situação. Agora é minha irmã quem está me ligando, mas decido que não vou atendê-la também, não quero falar com ninguém e provavelmente Giulia já sabia dessa história de casamento. Vou para o bordel, não está aberto ainda, mas tenho algumas pendências para resolver, aproveito e bebo um pouco, preciso espairecer. Passo o restante da tarde e o início da noite resolvendo questões de p*******o no bordel, acabei me distraindo e nem tempo para beber eu tive. Já está tarde, já resolvi tudo e nem sei para onde ir agora, não quero ir para casa ter que encarar Olívia, meu celular não parou um minuto, várias mensagens e ligações dela, recusei todas. No caminho eu passo em frente a loja que comprei o bolo mais cedo e vejo a mesma menina sentada na calçada tomando um sorvete, decido parar. — Oi — Me aproximo. — Ah, oi — Sorri simpática. — O que faz aqui fora essa hora? — Pergunto pois já é tarde para uma menina tão nova estar sozinha nesse horário. — Eu gosto de ver a noite — Aponta para o céu. — Uma linda noite mesmo. Você trabalha aqui? — Me refiro ao estabelecimento. — As vezes, só ajudo de vez enquando. — Entendi, conhece a família? — Mais ou menos. E o que você faz aqui? — Estava indo para casa e te vi sentada aqui, achei perigoso por conta do horário. Mora aqui perto? — Só estava tomando um sorvete, já estava indo embora. — Quer que eu a leve em casa? — Não, não precisa. — Qual seu nome? — Jasmine e o seu? — Luigi. Lindo o seu nome — Elogio. Realmente é um nome muito bonito para uma menina linda. — Também gosto do seu — Sorri. Meu celular não para de apitar, olho no retrovisor e é Olívia. — Problemas? — Pergunta apontando para o celular. — Mais ou menos. — Acho melhor atender. — Só um minuto. Me afasto um pouco e atendo. — Luigi? Onde você está? Estou tentando falar com você o dia todo. — Estava resolvendo uns problemas, já estou indo para casa. — Tá bom, vou te esperar. Desligo o telefone e me viro para falar com a moça, mas Jasmine não está mais sentada lá, onde ela foi? Olho para dentro da loja e não tem ninguém está vazio. Acho que ela aproveitou meu momento de distração e foi embora. Decido ir para casa também, amanhã eu passo aqui novamente para saber alguma coisa sobre ela, vou procurar Theo também para saber mais. Entro no apartamento e vejo Olívia sentada na sala me esperando. — Oi amor — Se aproxima assim que me ver. — Oi, estou um pouco cansado, quero deitar. — O que aconteceu? — Não quero conversar sobre isso hoje. — Que cheiro é esse Luigi? — Ela começa a cheirar minha roupa. — Cheiro de que? — Não sei, perfume de mulher, parece cheiro de flores. — Não viaja Olívia, estava trabalhando até agora, sem tempo para essas bobagens. — Você não está me traindo, está? Vou para o quarto e ela vem atrás de mim falando um monte de bobeira. — Não, eu não estou te traindo — Praticamente grito e ela se assusta — Estou cheio de problemas, não fique enchendo minha cabeça com essas bobeiras. — Desculpa, me desculpe amor, só fiquei com ciúmes. — Tá bom, vou tomar um banho. A ignoro e vou direto para o banheiro, ver se consigo relaxar um pouco. Não sei o que vou fazer, eu gosto da Olívia, não quero ter que abrir mão dela, mas também não posso abrir mão de tudo que lutei até hoje para conseguir.
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