Dançamos até nossas pernas cederem. O som alto, as luzes piscando, tudo parece perfeito para fugir um pouco da realidade. Karen, por outro lado, está ocupada se deixando levar pelo charme de Jake. Eles logo se afastam para um canto, conversando animadamente. Preciso avisá-la sobre ele, mas sinto que ela não vai querer me ouvir agora. Jake troca de mulheres como troca de roupa, e eu não quero vê-la magoada.
Ela acena para mim, chamando. Vou até lá, tentando disfarçar a preocupação.
— Eu já estou indo embora — digo.
— Já? — Karen pergunta, surpresa.
— Está cedo ainda — Jake sorri para mim, aquele sorriso casual que ele sempre usa. — Como dizem, a noite é uma criança.
— Então é uma criança levada — respondo, forçando um sorriso.
Karen franze a testa e comenta:
— Você está sem carro, esqueceu? Eu que te trouxe.
Droga. Esqueci completamente disso. Sinto o olhar de Jake passando de mim para Karen, como se avaliasse a situação.
— Por que não empresta o carro para Kate e eu te levo para casa? — ele sugere, sorrindo daquele jeito sedutor.
Não mesmo! Não antes de eu ter uma conversa com ela.
Respiro fundo, tentando não demonstrar meu desconforto.
— Não, eu bebi. Pensando bem, vou ficar. Vocês têm razão, se eu for agora, vou acabar rolando na cama sem conseguir dormir.
— Ótimo — Karen responde, embora eu note um toque de decepção em sua voz. Ela provavelmente queria ficar sozinha com Jake.
— Karen, me acompanha até o banheiro? — peço.
Ela me lança um olhar confuso, mas concorda:
— Claro.
— Jake, estamos naquela mesa ali. Por que você não pede nossas bebidas enquanto isso? Voltamos já — sugiro, puxando Karen pelo braço antes que ele tenha tempo de questionar.
— Claro, o que vocês querem beber? — ele pergunta, sorrindo.
— Eu quero um refrigerante — diz Karen.
— Água tônica — respondo, sem pensar duas vezes.
— Sério? — Jake arqueia uma sobrancelha.
— Karen é uma motorista responsável, e eu decidi não beber mais hoje — explico.
— Mas você acabou de dizer que bebeu — ele retruca, surpreso.
— Exato, e é por isso que não quero beber mais. Com licença — respondo rapidamente, virando-me e puxando Karen comigo.
No banheiro lotado de mulheres se olhando no espelho e ajeitando o cabelo, puxo Karen para um canto mais reservado, onde podemos falar sem sermos ouvidas.
— Nossa, Kate! O que está acontecendo com você? — ela pergunta, surpresa.
— O que está acontecendo comigo? Karen, você lembra o que eu te falei sobre Jake? — questiono.
— Sei, ele é o famoso "roupa-nova", que troca de mulher como troca de roupa — ela responde, cruzando os braços.
— Exatamente! E você está prestes a cair na dele — insisto.
— Ele pareceu legal — Karen diz, dando de ombros.
— Legal? — questiono, incrédula. — Acorda, Karen! Ele tem alergia a compromisso.
— Então, por que seu pai vive tentando empurrá-lo para você? — ela pergunta, levantando uma sobrancelha.
— Meu pai acredita que sou a mulher ideal para qualquer um. Ele acha que, se eu me esforçar, qualquer homem pode se apaixonar por mim — explico, revirando os olhos.
Karen balança a cabeça, parecendo pensativa.
— Relaxa. Estou indo com calma — ela garante.
— Tudo bem, mas depois não diga que eu não avisei — suspiro, aliviada por ter conseguido falar.
— Vamos voltar para a mesa? Ele deve ter achado estranho você me arrastar para cá assim — ela comenta.
— Não ligo. Quero que fique claro para ele que estou de olho e que te avisei — respondo firme.
— Para você, o único homem é o pobre do Daniel — Karen provoca, rindo.
Respiro fundo, sentindo uma pontada no peito ao lembrar de Daniel.
— Sim. Sabe, Karen, acho que subestimei o que ele fez. Ele poderia ter se aproveitado da situação quando percebeu que eu estava interessada. Mas ele foi digno e me mandou para casa — confesso, um pouco surpresa comigo mesma por admitir isso em voz alta.
— Mesmo depois de ele te chamar de mimada? — ela questiona.
— Acho que ele fez isso de propósito. Talvez quisesse me afastar. Havia uma química intensa entre nós, e acho que ele sentiu isso — admito.
— Mas o que você viu nesse cara? Vocês m*l conversavam! — Karen insiste, tentando entender.
— Talvez tenha sido o mistério dele. Toda vez que eu levava algo para ele, ele me dava um sorriso triste, como se carregasse o peso do mundo. Acho que me senti atraída por essa melancolia, por querer juntar os pedaços de alguém quebrado. Ou talvez eu simplesmente tenha uma queda por homens disfuncionais — respondo, rindo de mim mesma.
— Está vendo? Você se interessa por um cara complicado e enxerga problemas em um cara normal como o Jake — ela ri.
— Se ser mulherengo é ser normal, então eu definitivamente prefiro os anormais. Prefiro quem me respeita e manda para casa, mesmo quando existe uma química forte entre nós — respondo com firmeza.
— Muito respeitoso para o meu gosto — Karen brinca, rindo.
— Daniel não viu futuro em nós, e agiu certo — concluo.
— Ou ele é muito esperto, ou é muito burro — Karen dá de ombros, e rimos juntas.
Abrimos caminho entre a multidão e voltamos para a mesa. Quando chegamos, noto que Jake não está mais sozinho. Ao seu lado, há um homem de uns 30 anos, conversando com ele. Ele se levanta assim que nos vê, e o amigo o segue.
O homem é da mesma altura de Jake, com cabelos castanhos cacheados escondidos sob um chapéu marrom. Está usando uma camisa e jeans com um cinto de fivela grande, de bronze. Parece um cowboy saído de um filme.
— Aí estão vocês — Jake diz, sorrindo.
O homem abre um sorriso charmoso, seus olhos brilhando com curiosidade.
— Meninas, esse é o Jason Montana, meu amigo. Jason, essas são Karen e Kate.
— Prazer em conhecê-lo, Jason — Karen diz, sorrindo.
— Oi — respondo, sentando-me ao lado dele.
Minutos depois, o clima está leve e descontraído. Estamos todos rindo, e Jason conta histórias sobre sua fazenda de gado no Texas. Descubro que ele está hospedado na casa do tio, o pai de Jake, e passa alguns dias na cidade.
Enquanto escuto as histórias dele, sinto que a tensão da noite se dissipa. Por um momento, consigo relaxar e me permitir simplesmente aproveitar a companhia e o riso fácil ao redor da mesa.