Jason nos conta sobre a sua fazenda, chamada Caminho do Céu. Achei hilário, porque a primeira coisa que me vem à mente é um cemitério, mas consigo disfarçar e apenas dou uma risadinha.
— Todo mundo tem essa reação — ele comenta, percebendo o meu sorriso contido. — As pessoas sempre acham que parece nome de cemitério.
— E não é para menos — admito, rindo.
Olho ao redor e percebo que Karen não voltou ainda. Parece que ela gostou de estar na companhia de Jake.
— Então, Jake e Jason, o que vocês fazem? — Karen pergunta, assim que retorna à mesa.
Jake toma um gole de sua vodca e responde:
— Sou advogado.
— Hum, linda profissão — Karen comenta, sorrindo. Ela se vira para Jason. — E você, Jason? Pelo visto, é capataz.
Jake gargalha, surpreso com a ingenuidade dela.
— Na verdade, ele é o dono da fazenda, ele administra tudo por lá — explica Jake, rindo e tomando mais um gole.
Jason dá um sorriso modesto.
— Mas sou capataz também, faço de tudo um pouco por lá. Quando você tem uma fazenda, precisa estar preparado para qualquer tarefa — diz ele, lançando um olhar para mim e para Karen. — E vocês, estudam? Trabalham?
— Kate e eu estamos no último ano da faculdade de Administração — Karen responde, empolgada. — Estudamos juntas na mesma turma.
Jake olha para nós duas, um sorriso encantador surgindo em seu rosto.
— Estou organizando uma festa para meu primo aqui, o Jason. Será na minha casa. Gostaria que vocês duas fossem.
Os olhos de Karen brilham de animação.
— Puxa, deve ser divertido! Vamos, Kate?
— Quando será? — pergunto, ainda incerta.
— Neste sábado, às nove da noite — Jake responde, com um olhar que parece um convite tentador.
Olho para Karen, que suplica silenciosamente com os olhos. Sei que ela quer muito ir.
— Tudo bem. Vamos sim — concordo.
A música muda para uma canção lenta de Carly Simon, Coming Around Again, preenchendo o ambiente com uma melodia suave e nostálgica. Karen sorri para Jake.
— Quer dançar? — ele pergunta, oferecendo a mão.
— Eu adoraria — ela responde, quase suspirando de felicidade.
Eu meneio a cabeça. Ferrou! Vou acabar sozinha na mesa.
— Se é para dançar, vamos todos — Jason diz, sorrindo para mim, lendo meus pensamentos.
Olho para ele, que sorri de volta, seus olhos brilhando com um interesse genuíno. Há algo nele, talvez o jeito simples de quem vem do interior, que me agrada.
— Eu aceito — digo, levantando-me.
Jason abre um sorriso largo e me conduz para a pista de dança. Ele me aproxima com delicadeza, e eu repouso a cabeça em seu ombro. O perfume dele é agradável, suave e caro, mas, curiosamente, não me causa o mesmo impacto que o perfume barato de Daniel. Suspiro ao pensar nisso, percebendo como ainda estou presa em lembranças de Daniel, mesmo sem querer.
A música termina e voltamos para nossa mesa. Jason se mostra mais interessado em mim do que eu esperava. Ele começa a fazer perguntas sobre minha vida, sobre o que eu gosto de fazer. Falamos de música, filmes, qualquer coisa que preencha o silêncio entre nós.
Quando o relógio marca duas da manhã, sinto que atingi meu limite. A música alta e as luzes piscantes começam a me irritar. Olho para Karen e comento:
— Acho que está na hora de irmos. Estou cansada.
Para minha surpresa, Karen não discute. Ela deve ter sentido o mesmo. Nos despedimos de Jake e Jason, com a promessa de comparecer à festa no sábado.
— Foi bom conhecer vocês — Jason diz, sorrindo.
— Até sábado, então — Jake acrescenta, piscando para Karen, que devolve o sorriso.
Deixamos o bar, e, enquanto caminhamos em direção ao carro, sinto o frescor da noite aliviar a tensão acumulada. A sensação de liberdade ao sair daquele ambiente barulhento me acalma. Karen, silenciosa ao meu lado, parece perdida em pensamentos. Será que está encantada com Jake? Talvez seja apenas o início de uma noite que terminará de uma forma bem diferente na festa de sábado.