Episódio 3

1161 Words
5 anos depois Sentindo o vento bater em seus cabelos, Cris desceu no pequeno aeroporto particular da cidadezinha de Kanuon, sua cidade natal, lugar que pensou que jamais voltaria a colocar os pés. Um carro já estava o esperando, e toda a sua vinda tinha sido extremamente calculada para ele ir fazer o que tinha que fazer e voltar para Boston, onde tinha moradia fixa agora. Tinha recém terminado a faculdade, mas já tinha assumido a empresa do pai, e precisava ir até a cidadezinha vender os últimos imóveis que ainda tinham no nome dos Mins, já que seu pai e sua mãe tinha falecido em um grave acidente de carro cerca de um ano atrás. Não era fácil pra ele estar ali. Demandava muitas memórias que ele queria esquecer, rostos que ele não queria lembrar, sentimentos adormecidos no fundo de seu coração que deviam continuar ali. Mas o ressentimento... ah esse estava mais vivo do que nunca. Ele dispensou o motorista, sabia muito bem o caminho do aeroporto a cidade, e queria tempo sozinho pra pensar onde iria e como iria sem chamar atenção. Seu coração batia acelerado, apesar dele achar que estava completamente controlado. Suas mãos tremiam no volante e suavam o fazendo praguejar. Ele tinha se preparado para aquela volta, porque de repente estava tão nervoso? Ele poderia nem estar ali afinal...Ele... Cris não dizia o nome dele. Não desde que percebeu que "ele" tinha desistido de si. Desde que percebeu que "ele" quebrou todas suas promessas e junto seu coração. Desde que "ele" se transformou no mais rancor que cris tinha em vida. Não merecia pelo menos uma explicação?Mas não, não houve nenhuma. Em cinco anos, nenhuma resposta. Nada. E ele tentou, tentou mandar um monte de cartas, emails, mensagens, ligações. Mas nada chegava, nem as suas nem as respostas. Até que desistiu. Se "ele" tinha desistido, porque Cris ainda insistiria? Porque estava pensando "nele" afinal? Como ele proprio concluiu, "ele" nem devia estar ali. Com certeza agora morava em Seul, casado com certeza, porque era seu sonho, quem sabe ate com filhotes. - Argh - ele disse pra si mesmo e bufou pela centésima vez. Chegando perto da cidade ele viu que ela estava decorada. Vários fios com bandeirinhas coloridas enfeitavam as ruas e ele nem tinha lembrado que naquela data eles comemoravam o aniversário da cidade. Péssima época para voltar. Mas agora já estava ali, não podia simplesmente desistir.Foi com o carro ate onde deu, então estacionou e entrou nas fileiras de barraquinhas, no mundaréu de gente indo e vindo, na música que lhe dava uma nostalgia enorme. Ate então ninguém tinha o reconhecido, e isso era ótimo. Eles só teria que passar despercebido ate chegar na prefeitura, no outro lado da praça da pequena vila. Estava tão focado em passar despercebido que nem notou quando trombou com um serzinho pequeno, que quase caiu, mas cris segurou seus braços. - Ei, garotão, tudo bem? - Tudo bem senhor - ele respondeu o olhando - O senhor não é daqui, né? - perguntou. criss sorriu - Não, não sou.- Ah, o senhor não parece mesmo daqui - o garotinho respondeu.- E você parece muito inteligente - cris respondeu vendo o rosto do garoto pela primeira vez. Então seu coração que antes batia acelerado parou de bater. O garoto só não tinha algo de muito comum nele, como também tinha os olhos iguais aos seus. Um azul e outro preto. Cris não acreditava em coincidências. Mas aquela estava forte demais pra ser verdade. Não poderia ser verdade, poderia? Sua heterocromia era tão comum assim? - Eu sou o Park Yeosang, quem é o senhor? - o garotinho disse fazendo uma reverencia.- P-park? Quantos anos você tem? - Cris perguntou com um nó no estomago. - Quase cinco! Sou quase uma criança grande! - ele disse sorrindo e cris abriu a boca pra falar mas nada saiu, levantou os olhos e de longe, em uma barraquinha, com o mesmo olhar assustado que o seu ele o viu. Cris viu "ele". Pela primeira vez em cinco anos. 💙🖤 5 anos antes- Henri, você precisa sair da cama... - a senhora Park entrou no quarto com um copo de suco - dia ta lindo la fora, você precisa tomar sol... vai fazer bem pro bebê...Henri se virou na cama, ficando de frente, pousando a mão na barriga de cinco meses - Você acha que devo tê-lo? Sua mãe o olhou - Do que ta falando? Henri engoliu em seco - Acha que devo tê-lo pra mim? Cris certamente não quer mais saber de mim e usou essa distância como desculpa pra sumir... - ele fungou de leve, os hormonios da gravidez o fazendo ficar mais emotivo - eu podia dar pra adoção, assim poderia ir pra Seul no ano que vem, a matricula ainda vale, e fingir que nada aconteceu... A senhora Park suspirou, sentando na cama ao lado dele - E você acha que consegue viver fingindo que nada aconteceu? henri abraçou a barriga - Não sei o que fazer mãe, ao mesmo tempo esse bebê é tudo que eu quero mas ao mesmo tempo me faz lembrar dele e tudo que ele ta fazendo... nem com a mãe dele eu consigo entrar em contato... sabe... eu não quero que ele volte, que desista nem nada, eu só queria que ele soubesse... - Acho que todos os sinais dizem que você precisa seguir sem ele agora meu amor, ele realmente... - ela suspirou novamente - saiba que o que decidir vou estar ao seu lado, se quiser ter ele e criar vou te ajudar, se quiser dar pra adoção também vou te apoiar, eu só quero que escolha algo que não va se arrepender depois. Porque isso - ela apontou pra barriga dele - isso sim é pra sempre - ela deu beijo em sua testa, deixou o suco na mesinha de cabeceira e saiu do quarto. Henri olhou pra barriga, foi um susto quando soube que estava grávido. Mais susto ainda quando soube tudo que "perdeu" por causa da gravidez, e maior ainda pelo sumiço de Cris. Nenhuma mensagem chegava, nenhuma ligação completava, nenhum email respondido... todas aquelas promessas sendo quebradas e quebrando seu coração no processo... Henri realmente não sabia o que fazer. Foi quando sentiu uma pequena movimentação na barriga. Pela primeira vez. Ele se sentou na cama, assustado, quando sentiu outra vez - Ei - ele disse levantando a camiseta e pousando as duas mãos na barriga redondinha - você ta ai? - a movimentação aconteceu de novo e ele começou a chorar. Era fruto de seu amor com Cris afinal. Não podia simplesmente abrir mão daquilo. Nunca ia conseguir fingir que nada aconteceu. - Eu... eu... - outra movimentação e dessa vez bem em sua mão - eu não to sozinho não é? Nunca mais, nem eu, nem você, seja lá o que for, nós dois sim estar juntos pra sempre. 💙🖤 AMARELO QUEIMADO
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