- Eu gosto daqueles - Yeosang apontava para o all star azul no canto do quarto - Porque tenho que usar esse preto hoje? - disse emburrado.
Henri riu, terminando de colocar o macacão no filho - Porque o preto combina mais, você tem de todas as cores Sang, tem que revezar sabia? Se não o azul vai sair andando sozinho.-
Andando sozinho? - O menino arregalou os olhos.- Sim, ai ele vai te amarrar com os cadarços dele durante a noite - Henri disse atacando sua barriga com cócegas, fazendo ele cair na cama.- Não papai, eu sou grande já, não pode...- Pode sim - deu um beijo estalado em sua bochecha - Vem, deixa eu arrumar seu cabelo - Yeosang correu ate o espelho, arrumando os fios.- Eu já sei arrumar - disse pegando a escova e passando na franja.- Mas ta lindo esse menino, tudo isso pra ir na festinha na praça? - a senhora Park disse encostada na porta.- Papai não deixou eu ir com o tênis azul, disse que ele vai andar sozinho se eu não parar de usar, meu eu sei que ele é um objeto inanimado, ele não vai andar sozinho - rolou os olhos e Jimin olhou pra ele e depois pra mãe.
- Ele acabou de falar objeto inanimado? - disse espantado. A senhora Park riu - Você sabe por quem ele puxou. - Henri bufou - To terminando os cupcakes, Jackson já ta na sala.- TIO JACKSOOOOOOOOOOOOON!!! - Yeosang saiu correndo para a sala e Henri suspirou.
- Porque você só não joga esse tênis fora? - sua mãe disse enquanto o ômega olhava fixamente para o calçado no canto do quartinho do filhote.- Ele ama esse tênis mãe, é só que... ele amava também, com pode né? - disse suspirando de novo.
- É só jogar fora, se te lembra ele...- Então eu vou jogar o Sang fora também? Porque o garoto é xerox daquele infeliz... vou terminar de me arrumar, fala pro Jackson que daqui uns cinco minutos eu saio. - disse indo para seu quarto. Entrou e se sentou na cama, respirando fundo.
Não tinha um dia sequer que não lembrava "dele", afinal, tinha uma mini cópia dele 24 horas por dia para o lembrar. Será que nunca passaria? Será que sempre teria esse sentimento por ele? Nem que fosse essa... mágoa? - Talvez eu devesse mesmo ir pra terapia... - disse indo ate o espelho e arrumando os fios de cabelo loiro, passou perfume e então saiu, vendo Jackson e Sang sentados no sofá, conversando muito seriamente.
- Posso saber o motivo do cochicho ou é segredo? - henri foi andando ate eles.- Papai... - Sang chamou em um sussurro e henri se abaixou ate ele falar em seu ouvido - O tio Jackson disse que vai ter jogo de caçar moedas na praça...- Vai sim meu amor...-
Mas eu não quero participar.- Eu tava aqui tentando convencer ele - Jackson disse passando a mão pelos cabelos do menino.- Posso saber porque? - henri disse se ajoelhando para ficar a sua altura
.- As crianças ficam tirando sarro porque tenho olhos de cor diferente, elas não querem brincar comigo... - disse fazendo bico. Henri suspirou, iam ter essa conversa outra vez - Então, o que eu sempre te disse? Hein?- Que quem ta perdendo são elas...- Exatamente! E você vai buscar moedas e vai ganhar de todas elas, sabe porque? - Sang o olhou - Porque você sabe o que significa objeto inanimado, o que te faz ser a criança mais inteligente do mundo!-
Não exagera papai - ele disse se levantando do sofá e indo ate onde a avó tava.- Esse menino é uma comédia - Jackson riu - Ta pronto?- To sim, vamos Sang! - henri chamou e os três saíram até a praça.
Umas duas horas depois, a festa já estava a todo vapor, Henri adorava aquela sensação de cidadezinha pequena e não se arrependia de não ter ido embora dali. Gostava de morar ali e criar seu filhote ali era seguro. Yeosang foi convencido a ir buscar as moedas e estava tudo bem. henri ajudava na barraca de sua mãe com os cupcakes, ate vestiu um avental, tentando acompanhar o filhote com os olhos enquanto ele corria pelos cantos catando as moedas. Ele ia ganhar, certeza.
Foi então que seu coração parou porque tinha uma figura ali que certamente não pertencia aquele lugar, pelo menos não mais, e estava conversando diretamente com seu filho.
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- Ah, ai esta você, tava te procurando - Jackson chegou pegando Yeosang no colo - Quantas moedas pegou.- Algumas - ele disse mostrando a mão - olha, esse moço não é daqui. Cris olhou para o homem que tinha claramente seu filho nos braços e aquilo estava o deixando ainda mais inquieto - Eu... eu... - tirou os óculos de sol e olhou para o filhote que estava entretido com as moedas, mas então ergueu os olhos para o ver.- Tio Jackson... - ele disse esticando a mãozinha e tocando o rosto de Cris
- O olho do moço, é igual o meu... - e abriu um sorriso - é igual o meu! Eu não sou aberração! Cris abriu a boca pra falar mas nada saía, nada.
Ele se viu revivendo os traumas da infância por causa de seus olhos também e então viu Henri de longe outra vez. Ele olhou para o filhote e então para Henri, e então para o filhote de novo -
Você não é uma aberração. Você é especial, nós somos. - Sang abriu um sorriso e cris foi ver onde henri estava e já não viu.
Então saiu correndo atrás de onde ele poderia estar, porque henri certamente fez o que fazia de melhor: fugiu.
💙🖤4 anos e meio atrás💙🖤
Henri chorava, chorava muito, quando o bebê foi colocado em seu colo logo após o parto. Ele chorava alto, sinal de que seus pulmões estavam a todo vapor e ele era um bebê saudável. Ele passou a gravidez inteira em conflito se ficava com o bebê ou não, se continuava sua vida sem ele, porque tinha apenas 18 anos, e já era pai, pai solteiro...E então Henri viu. Um azul, outro preto.
Ele jamais conseguiria viver sem seu filhote. Ele era sua vida afinal.
🖤💙
VERDE MUSGO