NICO
O ônibus foi parando lentamente no estacionamento interno da USC enquanto minha ansiedade aumentava.
Eu havia passado duas semanas fora e assumo que senti muitas saudades de uma certa pessoa de olhos amarelados e cabelos escuros.
Nós, do curso de arquitetura, que fomos escolhidos para a viagem, eu e mais uns trinta e quatro pessoas, deveríamos ficar apenas uma semana em Seattle, visitando um centro se desenvolvimento arquitetônico da antiguidade, mas como sempre, coisas aconteceram e acabou que tivemos que ficar longe dela por uma semana e três dias.
Mas, eu estava finalmente de volta, pronto para m***r a saudade da minha garota.
Caleb, meu colega de poltrona e de quarto, já que tivemos que dividir quartos de hotel, dormia relaxado ao lado, nem parece que também tinha ficado tanto tempo longe da sua namorada, como ele me contara nos nosso muito tempo juntos.
Ele estava no último ano de arquitetura, era um ano mais velho que eu e namorava também uma veterana da qual eu não lembrava o nome. Pelo que ele me disse, fazia quase três anos que eles estavam juntos, de forma séria e Caleb, acho que sem querer, acabou soltando que o namoro longo estava esgotado e isso me fez pensar na minha relação com Samantha, no nosso namoro.
Fazia tão pouco tempo, mas eu estava tão apegado a ela que me dava medo. Eu a sentia mais próxima também, a sentia ceder cada vez mais, enchendo-me de esperanças. Acho que na verdade, no fundo, eu tinha medo de nunca ser correspondido, - mesmo que isso nunca tivesse acontecido antes, eu não tinha uma Sabina na minha vida, por isso o medo - , mas eu estava sendo, e pensar que um dia nosso relacionamento que estava só começando a florescer, poderia se esgotar, me causava arrepios e me dava medo, muito medo.
Quando as portas do transporte escolar finalmente se abriram, acordei Caleb - que dormia feito uma pedra a viagem inteirinha - rapidamente e depois de pegar minha mochila debaixo da minha poltrona, desci do ônibus o mais rápido que consigui.
Eu estava em casa e com um sorriso enorme estampado em meu rosto, que só se alargou quando eu vi uma figura feminina se aproximando rapidamente.
Os cabelos escuros e soltos balançavam a medida que ela andava e ela sorria divinamente pra mim. Parecendo uma princesa. Prestei atenção nela por completo, dos pés à cabeça. Na saia jeans curta que ela usava, no mini-moletom amarelo que mostrava boa parte da sua barriga e até no esmalte azul que estava em sua unha.
Quando senti o calor do seu corpo estreito contra o meu, um sentimento bem conhecido o invadiu meu ser por completo. Agora sim, eu estava em casa.
Depois do que pareceu poucos segundos ela se separou de mim. Eu queria mais um abraço, mais que um abraço. Aquele não tinha matado a saudade dela, do seu cheiro, do seu calor.
- Como foi de viagem? - questionou, me olhando curiosa - Correu tudo bem? Foi divertido? Aprendeu muita coisa, senhor arquiteto?
- Foi bem legal, mais cansativa, muito cansativa... - acariciei sua bochecha macia enquanto minha outra mão estava em sua cintura.
- Eu pensei em almoçarmos juntos... - seus braços envolveram meu tronco, em uma espécie de abraço que não me sasseava, porém, era gostoso de sentir. - Mas, se você estiver muito cansado, podemos adiar.
- Não, eu estou mais que descansado. Eu tive tempo para dormir bastante no ônibus.
Ela riu e aproximou seu rosto do meu, iniciando um beijo calmo que me me acendeu. A puxei outra vez para perto e a prendi contra meu corpo.
- Não vai dizer o quanto estava com saudade? - murmurei brincalhão e ouvi sua risada baixa contra meu corpo.
- Sim, eu estava com muita saudade. - assumiu, me fazendo alargar o sorriso que estava quase rasgando meu rosto, mas era inevitável. Ela estava cedendo, se abrindo para mim, aceitando ser de verdade, e por inteiro, a minha garota.
- Pensei em você o tempo todo... - revelei, sentindo um pouco de vergonha. As vezes eu era tão meloso.
- Espero que tenham sido pensamentos puros. - brincou quando eu finalmente a soltei. - Vamos? - ela segurou minhas mãos.
Encarei seus olhos cor de avelã e seu sorriso, mas, eu acabei prevendo algo, tinha algo errado.
- Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - acabei perguntando, vendo seu sorriso falhar.
- Sim. - me exibiu um sorriso fraco.
Não. Não estava. E eu sabia.
- Como eu soube que você estaria cansado, eu comprei umas besteiras que a gente gosta e levei pra sua casa... - mudou de assunto. - E como tá todo mundo na aula, a gente aproveita e conversa, tudo bem? Marquei de encontrar com eles só de noite quando você estivesse mais descansado.
Assenti deixado sobre seus lábios um selinho demorado. Samantha sorriu e desviou o olhar.
- Vamos?
- Vamos.
De mãos dadas, caminhamos em silêncio até minha casa, que por sorte, não era tão longe.
×
Samantha entrou na frente - adorava como ela se adaptava rápido as coisas - e subiu para o meu quarto, enquanto eu me livavra dos meus tênis e da minha mochila. Subi e as escadas e entrei em meu quarto me deparando com a morena também de descalço abrindo as janelas e as cortinas, deixando a luz invadir meu quarto.
- Sobre o que quer conversar, Samy? - perguntei tirando minha blusa.
Caminhei até a cama e me sentei, abrindo a embalagem do McDonald's o cheiro maravilhoso me deixou com água na boca.
- Na sexta passada, eu andei falando com Klaus, na verdade, conversamos bastante.. - a garota se sentou na outra ponta da cama e me observou cautelosamente.
Eu não tinha mais vontade de comer batatas fritas ou tomar refrigerante, minha preocupação não deixou.
- E... sobre o que vocês dois falaram? - perguntei afastando a embalagem e me aproximando de Samantha?
- Sobre nós, Nico. Sobre eu e você. - ela forçou um sorriso olhando para seu colo. Tive que ignorar o quanto eu amava ouvir meu nome sair dos seus lábios e foquei no sentimento r**m que surgia.
- Que... que coisa? Oque você decidiu, Samy?
- Eu decidi ser sincera com você. - ela direcionou seu olhar a mim. - Você me contou as suas coisas, e eu também preciso te contar minhas coisas, foi o que eu pedi, sinceridade.
Eu a olhava atentamente.
- Depois do que eu vou contar, você vai decidir se vai querer que continuemos ou não, eu não vou interferir na sua decisão.
- Samantha, tá me assustando. - afastei as embalagens de comida e fiquei ao seu lado, segurando suas mãos. - Confia em mim. Você pode me contar qualquer coisa.
- Eu gosto de você, eu gosto de verdade de você.
O quê?
- Vem aqui, Samantha.
A puxei para um abraço que logo se transformou em um beijo repleto de saudade.
Parecia tudo resolvido, mas, algo dentro de mim dizia que tinha mais coisa.