02

2928 Words
Acordei com o maravilho som dos pássaros cantando... Um cheiro surpreendente encantador de café da manhã e... Sério? Bufei e levantei, sentando-me no sofá. Olhei incredulamente em direção à cozinha. O barulho de louças se chocando e o terrível cheiro de café queimado, expandiam-se terrivelmente por todo o apartamento. ― Que m***a está acontecendo? ― levantei do sofá em um pulo e caminhei até a cozinha, mesmo ainda sonolenta. ― Ei! Você! Está querendo pôr fogo no apartamento? ― esbravejei, furiosa e me aproximei do garoto de pouca massa muscular e cabelos dourados. ― O que está fazendo? Em um ato rápido, peguei as luvas que estavam sobre o balcão e retirei a panela de água ― que agora só havia fumaça ― do fogão, colocando-a sobre a pia, debaixo da torneira. ― Elliot, vamos? ― Kai dizia entrando na cozinha. ― Ei! Como deixou ele fazer isso, huh? Poderia ter posto fogo no apartamento! ― Era só água quente. ― Contestou Elliot. ― Foi a única forma que eu encontrei para te acordar. ― Kai deu de ombros, exalando um sorriso malévolo nos lábios. ― O que? ― enruguei a testa. ― Você não acordou quando eu te chamei. Então... ― move novamente os ombros, em desdém. ― E visto o horário, acho que você já deveria estar pronta para a aula, não? ― lança-me um sorriso cínico. ― O meu celular ainda não despertou. Deve faltar algumas horas... ― Olho para o relógio na parede da cozinha e arregalo automaticamente os olhos. Eu estava totalmente atrasada! ― Ai, não. Ai, não! ― Pois é, o seu celular também já tinha despertado. ― Diz irônico. Ignoro o que diz e corro para fora da cozinha, desesperada, o que arranca risos dos dois caras. (...) Apressando perdidamente os passos a caminho da universidade, eu tentava fazer de tudo para chegar lá o quanto antes. Nem tomar café da manhã eu consegui, de tão atrasada que estava Chegando à universidade, escorei-me nas grades do enorme portão, tentando recuperar o fôlego. Eu não podia me atrasar justo no primeiro dia! Observei o interior do local. O pátio estava bem movimentado, e olhando superficialmente, parecia mesmo que eu era a última a chegar. Que belo primeiro dia, Louise Rivera. Desde mais nova, eu nunca gostei de me atrasar, não era à toa que no primário eu fazia até mesmo o impossível para ser pontual, fora o histórico de pouquíssimas faltas impecável. Desencosto do portão, prestes a entrar, mas antes disso, noto uma garota que corria apressadamente em direção a universidade. Igualmente a mim, ela parecia desesperada em chegar atrasada. ― Odeio... Chegar... Atrasada. ― Diz ofegante e apoia as mãos em seus joelhos, enquanto tentava controlar a sua respiração. ― Eu sei bem como é isso. Eu também odeio chegar atrasada. ― Eu moro um pouco longe da cidade, então, tenho que correr contra o tempo para chegar cedo. E hoje... O ônibus que eu pego, teve um problema. ― Retorna a sua postura ereta. ― Eu sou Melanie. ― Estende a mão, cumprimentando-me. ― Louise. ― Toco em sua mão. ― É o seu primeiro dia? ― questionou e concordei com a cabeça. ― Seja bem-vinda, Louise. ― Obrigada. ― Sorri. ― A gente se vê por aí. ― Retribuiu gentilmente o meu sorriso e seguiu para o interior da universidade. Prossegui com o meu caminho à procura da sala do curso de Economia. A instituição era realmente enorme. Bem maior do que eu esperava. E graças aos céus, eu consegui uma bolsa completa para estudar. Um alivio para o meu bolso. Parei em frente a uma sala, onde seria a minha primeira aula. Economia não havia sido a minha primeira opção de curso, mas medicina fugia completamente do meu orçamento, porque eu precisava de um emprego e a faculdade tomaria completamente o meu tempo, por isso, optei pela segunda opção. Adentrei à sala, e como o esperado pelo meu atraso, o professor já se encontrava no ambiente, pronto para dar as boas-vindas aos novos alunos. O cumprimentei e entrei, procurando alguma carteira para sentar. (...) Como a rotina de todo aluno universitário, assisti às aulas e depois o intervalo chegou. Neste período, os alunos ficavam livres para fazerem o que quisessem, desde “namorar”, a comer algo no refeitório ou até mesmo dar uma “escapadinha” da faculdade antes que as aulas recomeçassem. Algumas meninas da minha turma me convidaram para sentar com elas no refeitório. ― Vocês já viram o tanto de gato que tem nessa faculdade? ― uma das seis meninas sentadas ao redor da mesa redonda comentou. Coloquei a bandeja de comida sobre a mesa e sentei na última cadeira vazia, tornando-me a sétima garota. ― Eu me sinto no paraíso. ― Comentou outra e a observei deslizar as pontas dos dedos sobre a alça do seu sutiã que estava um pouco desalinhado com a blusa vermelha que usava. ― Ouvi falar que aquela mesa é onde os veteranos mais gatos da universidade se reúnem para comerem juntos e acho que... Para escolher a garota que pegarão também. A minha prima quem disse, antes de pedir transferência para outra universidade, depois que a ex-namorada de um deles expôs um vídeo de s**o dela. Escutei atentamente aquela história chocada e deslizei o olhar em direção a tal mesa que ela tinha se referido. E logo de cara, notei Kai. Então, o meu pressentimento de que ele não era coisa boa, estava realmente certo. E, talvez, fosse sobre aquela “reputação” que ele havia mencionado. ― É errado querer um deles? Mesmo sabendo que... Logo depois será descartada feito um objeto? ― indagou uma das meninas, olhando apaixonadamente em direção à mesa dos “veteranos gostosões” à três mesas de distância da nossa. ― Eu te entendo, Suzana. ― A garota do sutiã tocou em seu braço, dando-a apoio. ― Deveríamos tentar seduzi-los! O que? Quase gargalhei mentalmente. Eu não sabia quem eram os piores, os garotos por terem um comportamento infantil em relação as mulheres, ou as garotas apaixonadas por caras que, de longe, não valiam à pena. ― Kai Walker é meu! ― pronunciou uma das garotas. ― Ei! Isso é injusto! Ele está no topo da lista! Acho que devemos escolher através de uma democracia! ― contestou outra. Acabo deixando escapar um riso anasalado ao ver a disputa das garotas. ― Algum problema, Louise? ― a garota que exigiu uma democracia por Kai indagou, olhando-me com as sobrancelhas arqueadas. ― Não. Claro que não. ― Movo os ombros, tentando repreender a imensa vontade de rir daquela situação. ― Apenas acho que... Eles não valem à pena. Nem são lá essas coisas. ― Como não?! Olha só pra eles! E sou quase obrigada a olhar novamente para eles. Ok, não sejamos hipócritas, realmente eles eram muito bonitos, mas, não era somente beleza que eu procurava em um homem, também procurava inteligência e caráter, por isso, não se tornavam tão interessantes aos meus olhos. ― Normais. ― Movo os ombros novamente. ― Eu apenas gosto de caras mais... “Certinhos”, sabe? Mas, gostos não se discutem. E, se me dão licença, eu preciso ir ao banheiro. Sorri em despedida e peguei a bandeja com o resto de comida. Aquela conversa acabou me deixando um pouco sem fome. Aproximei-me da lata de lixo, no fundo do refeitório, e despejei as sobras. ― E aí, caloura. ― Uma voz desconhecida repercutiu por meus ouvidos. Deslizei os meus olhos para o canto, notando que a mesa ao lado era a “famosa mesa” sobre qual as garotas falavam. Ignorei-os e virei para ir embora. ― Parece que as calouras não gostam da gente. ― Disse o garoto que quase colocava fogo no apartamento mais cedo. ― Duvido que nenhuma caia aos nossos pés. ― Kai lançou debochador. Revirei os olhos e caminhei para fora do refeitório. Eu não queria voltar para a mesa das garotas e ter que lidar com mais longos minutos insistentes de assuntos sobre os gostosões da faculdade. Eu queria apenas um lugar para descansar. Caminhando despercebidamente pelos extensos corredores da universidade, acabo me chocando contra o corpo de uma garota que saia repentinamente do banheiro. ― Desc... ― Mas sou interrompida por quase um grito da maior. ― Você é cega, por acaso? Não olha por onde anda? ― lançou-me um olhar quase amedrontador. ― Eu não a vi... ― Interrompeu-me novamente. ― Deveria usar óculos, então. ― Olhou-me em deboche. Estreitei os meus olhos e a analisei e depois as quatro garotas que saíam do banheiro, colocando-se ao lado dela. As cinco garotas se vestiam glamourosamente. Respiro profundamente, procurando uma forma passiva de lidar com aquelas garotas, poque eu sentia que elas eram encrenca. ― Você saiu de repente do banheiro. Não teve como evitar. Mas, desculpa, ok? Um sorriso de canto de boca surgiu em seus lábios, olhando-me malevolamente. ― Você é nova por aqui, não é? Então, acho que não deve conhecer as regras. ― Cruzando os braços, ela e mais uma de suas amigas começaram a andar em círculos por volta de mim, como se estivessem analisando-me para dar algum tipo de nota. Pareciam um bando de urubu, para falar a verdade. ― Os calouros sempre são a classe rebaixada da faculdade. E dentro dessa classe, existem os salváveis, os rejeitados e os desprezáveis. As pessoas classificadas como “salváveis”, quer dizer que a reputação dela é boa, que ela pode se juntar aos “veteranos populares” no próximo ano, como por exemplo, nós ― apontou para ela e as cinco amigas ― ou os garotos mais atraentes, ou os queridinhos dos professores. Já os rejeitados, são aqueles que não se encaixam em lugar nenhum, mas são excelentes subordinados para fazerem trabalhos para nós ou... Levar a culpa em nosso lugar, já que querem tanto ser como nós, que acabam fazendo tudo o que queremos. E, por fim, os desprezáveis. E como o próprio nome já diz, são as pessoas que desprezamos. ― Ela parou rente a mim, lançando-me um olhar intrigante. ― E... Eu posso saber quem criou essas regras? ― franzi o cenho, divertindo-me da infantilidade que carregavam. ― Foi um consenso de todos da classe veterana que são populares. Uau. Acho que estou no ensino médio de novo. ― É um pouco ultrapassado, não acha? ― questionei. ― Todo lugar precisa da sua hierarquia. Caso contrário, virará uma baderna. ― Mas acho que essa hierarquia é um pouco prejudicial. A garota ri descaradamente do que eu digo. ― E quem é você para dizer isso, garota? ― estreitou os olhos. ― Pelo seu sotaque e o modo como se veste... Você deve ser do interior. De qual fazenda você vem? ― diz em um ar debochador. Cruzo os braços, sobre a camisa quadriculada que eu usava, um pouco desconfortável pelo seu comentário. Aquela camisa era a minha preferida, e eu havia a usado tantas vezes, que a cor estava um pouco desbotada. ― Não é da sua conta. ― Retruco, frustrada. ― Huh! ― gargalha. ― Que malcriada! Eu achava que no campo as pessoas eram mais dóceis. Reviro os olhos e decido sair dali, era uma perca de tempo discutir com ela. ― Eu ainda não acabei. ― Puxou-me pelo braço. ― Se você não quiser arranjar problemas conosco... Encontre o seu lugar. Quem sabe se você se juntar aos subordinados... Possamos pegar leve com você. Eu encarava friamente aquela garota, na mesma intensidade que o seu sorriso cínico estava estampado em seu rosto. ― Já está arranjando encrenca, Jinah? Disse alguém. Olhei com o canto dos olhos para o cara atraente que havia nos interrompido. Ele estava escorado na parede a poucos centímetros de nós com os braços cruzados, enquanto nos observava divertido. ― Marcus... ― Sussurrou uma das garotas, fazendo com que todas rapidamente ficassem extremamente tímidas com a presença dele. Menos ela. ― O que está fazendo? ― soltou o meu braço, virando-se para ele. ― Não deveria estar com os seus amiguinhos nerds? ― Aqui parece estar mais interessante. ― Disse irônico. Desencostando-se da parede, ele se aproxima de nós. ― Por que está colocando medo em uma caloura? Você não tem mais o que fazer? Com certeza, se aqui fosse um desenho animado, poderíamos vê-la com fumaça saindo de suas orelhas. Jinah não diz mais nada e se retira com as suas “seguidoras”, deixando-me a sós com o tal “Marcus”. ― Parece que justo em seu primeiro dia, você já começou a causar, não é? ― diz brincalhão. ― Desculpe, mas há um engano. ― Balancei a cabeça. ― Eu estava passando e nos esbarramos. E ela, desnecessariamente, aumentou o tom de voz para mim. E começou a falar sobre uma tal hierarquia e regras. ― Eu sinto muito por ela. Ela é um pouco... Temperamental. Só um pouco? ― Mas, não dê ênfase às coisas que ela diz. Só estará alimentando o ego dela. Enfim... O meu nome é Marcus. Marcus Elliot. ― Estica a mão, cumprimentando-me. ― Louise Rivera. ― Cumprimento-o de volta. ― Bem, se não se importa, eu tenho que ir. Até mais. Avisei e finalmente saí dali, deixando o cara de cabelos loiros encaracolados e olhos verdes para trás, levando comigo, a charmosa imagem da sua fisionomia sedutora. (...) Depois de um cansativo dia, consegui voltar para casa. Já era tarde. Eu estava exausta. Tomaria um banho quente e em seguida capotaria. Despi-me no quarto e enrolei-me em uma toalha. Segui caminho ao banheiro e me deparei com uma cena desagradável. ― Como ele é bagunceiro! Não conhece o cesto de roupas sujas? ― franzi o cenho enquanto fitava incredulamente as peças íntimas de Kai espalhadas pelo chão do banheiro. ― Hm... São grandes. ― Um sorriso ladino invadiu os meus lábios. ― Mas é uma pena, um tamanho tão precioso como esse... Vir justamente para quem não tem talento algum para escolher as próprias roupas de baixo. ― Segurei o riso ao ver as boxers com desenhos. Escutei um barulho na sala e logo me dei conta de que ele havia chegado. Eu não iria deixar barato o seu ato descuidado e fazia questão de fazê-lo se colocar em seu lugar. Ele já não morava mais sozinho, então, deveria ficar ciente de algumas coisas. Recolhi as três boxers do chão e segui caminho até a sala. ― Kai... ― Meu tom de voz diminuíra ao ver uma cena um pouco peculiar. ― Eu quero você. ― Disse uma garota, sentada no colo de Kai. As mãos dele percorriam perdidamente e prazerosamente pelo quadril da garota. ― Eu quero sentir você dentro de mim. Os meus olhos automaticamente se arregalaram. Eles farão o que eu estou pensando? Eu continuava a olhar, paralisada, para as fortes pegadas que Kai dava na garota e as sensuais deslizadas das mãos dela pelo corpo dele. Mas, aqui? Aqui?! Mas..., mas eu não quero presenciar uma cena de s**o. O-O que eu faço? Deslizei o meu olhar pelos lados a procura de algo, até que minha visão foca nas peças íntimas em minhas mãos. Vamos, Louise Rivera. Essa é a única forma de evitar um constrangimento. Se eles quiserem fazer algo... Não vai ser aqui! Não sou obrigada a lidar com isto! ― Você tem certeza? ― murmurou ele. ― Sim, eu quero voc... ― Kai! Você não conhece a palavra "organização"? ― perguntei, aproximando-me dos dois. ― Como pode ser tão desorganizado? Não custava nada você ter colocado as suas peças íntimas no cesto de roupa suja! ― ergui as boxers para cima. ― O que está fazendo? ― gesticulou os seus lábios enquanto me olhava assustado. ― Saia daqui! ― rosnou as palavras. ― Por que há outra garota em seu apartamento, Kai? E... Por que ela está apenas de toalha? ― a garota perguntava incrédula e ao mesmo instante aturdida. ― Não é o que você está pensando. ― O seu olhar desviou do dela para o meu. ― Está louca? ― Kai. Eu só saio daqui quando você jogar a sua roupa suja no cesto! ― cruzei os braços. ― Não tenho a noite toda! ― São desenhos nessas boxers? ― a garota parecia segurar o riso ― Não vai fazer o que eu disse? ― lancei-o um olhar persuasivo. Kai ligeiramente se levanta do sofá e caminha ferozmente a caminho de mim. Puxando-me pelo braço, leva-me até o corredor. ― Você é louca? ― deixou-me contra a parede. ― Eu? Apenas quero que você se organize! Você não mora mais sozinho. E você me deixou ficar! Kai revira os olhos, sentindo-se refutado. ― Precisava ser justo agora? ― franziu o cenho. ― Qual o problema? Não vi nada demais com o "agora". ― Sorri debochador. ― Se você fosse mais cuidadoso, nada disso teria acontecido. ― Dei de ombros. ― E se você puder se afastar de mim, eu o agradeceria muito. O seu olhar indiscretamente percorreu por meu corpo. ― Parece não ser só eu que gosta de andar pelo apartamento apenas de toalha. ― Mordiscou o lábio inferior. ― E-Ei! O que está olhando, hein? ― senti minhas bochechas queimarem. ― Dei-me isso! ― pegou as suas peças íntimas de minhas mãos. ― Eu disse para você não ficar me rodeando. ― Afastou-se de mim. ― Mas vou esquecer o que aconteceu hoje, mas só porque achei o seu corpo sexy. ― Quem ele pensa que é? ― resmungo.
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